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Maturidade Vocacional e Gênero: Estudo e Instrumentos de Medida, Esquemas de Psicologia

Este documento aborda a importância da maturidade vocacional e da identidade de gênero na vida de um indivíduo, com foco em adolescentes do terceiro ano do ensino médio. A teoria de desenvolvimento vocacional de super (1957) é apresentada, destacando a relação entre desenvolvimento pessoal e vida profissional. Além disso, é discutido o salience inventory (nevill & calvert, 1996) como instrumento de medida da maturidade vocacional, considerando diferentes papéis de vida. O estudo de super (1955) e o career pattern study são fundamentais para a compreensão da maturidade vocacional e sua avaliação.

O que você vai aprender

  • Como o Career Pattern Study (Super, 1955) contribuiu para o estudo da maturidade vocacional?
  • Quais são os papéis de vida considerados no Salience Inventory (Nevill & Calvert, 1996)?

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Havaianas81
Havaianas81 🇧🇷

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MATURIDADE VOCACIONAL E GÊNERO: ADAPTAÇÃO E USO DE
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
CARMEM REGINA POLI SAYÃO LOBATO
Dissertação apresentada como exigência parcial para
obtenção do Grau de Mestre sob a orientação da
Profª. Drª. Sílvia Helena Koller
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Psicologia
Curso de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento
Junho de 2001
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MATURIDADE VOCACIONAL E GÊNERO: ADAPTAÇÃO E USO DE

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

CARMEM REGINA POLI SAYÃO LOBATO

Dissertação apresentada como exigência parcial para obtenção do Grau de Mestre sob a orientação da Profª. Drª. Sílvia Helena Koller

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Psicologia Curso de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento

Junho de 2001

AGRADECIMENTOS

À Profª. orientadora Dra. Sílvia Helena Koller, pelo estímulo, exemplo, presença constante e amizade confortadora. À Profª. Maria Célia Lassance, exemplo de crença na vida e no trabalho. Ao meu pai, Joaquim, pelo amor, apoio incondicional, respeito e compreensão pelas minhas escolhas pela vida à fora. À minha mãe, Maria, exemplo de vida e modelo que agora posso compreender melhor. À minha filha Júlia, por sua paciência e pelas horas em que não pude estar mais presente em sua vida. Às minhas irmãs, presenças silenciosas a me incentivar e encorajar em todos os momentos. A meus sobrinhos, para que acreditem em suas escolhas e possam contar sempre comigo. Em especial a minha afilhada, Fabiane, amiga, companheira e minha “filha” do coração. À Marinelsa, pela sua dedicação, sem a qual a organização deste trabalho tornar-se-ia um pouco mais complicada. À Maria Enilse Lucatelli, pela leitura acolhedora e pelas inestimáveis sugestões.

LISTA DE TABELAS

  • Tabela 1 - Coeficiente de Fidelidade (Alfa) das escalas........................................
  • Tabela 2 - Correlação linear simples entre as escalas do IDP
  • Tabela 3 - Estatística descritiva do IDP.................................................................
  • Tabela 4 - Estatística descritiva do IDP por gênero
  • Tabela 5 - Estatística descritiva do IDP por sexo
  • Tabela 6 - Análise de variância por gênero
  • Tabela 7 - Análise de variância por sexo...............................................................
  • Figura 1 - Arco-íris da Trajetória Vital.................................................................. LISTA DE FIGURAS
  • Figura 2 - Correlação entre Escala A e Escala B...................................................
  • Figura 3 - Correlação entre Escala A e Escala BW
  • Figura 4 - Correlação entre Escala B e Escala AW
  • Figura 5 - Correlação entre Escala AW e Escala BW
  • Figura 6 - Análise fatorial das Escalas do IDP
  • Figura 7 - Distribuição dos participantes por sexo
  • Figura 8 - Distribuição dos participantes por gênero.............................................
  • Figura 9 - Escala A – Planificação de Carreira......................................................
  • Figura 10 - Escala B – Exploração de Carreira
  • Figura 11 - Escala C – Tomada de Decisão...........................................................
  • Figura 12 - Escala D – Informação sobre o Mundo do Trabalho

ABSTRACT

The aim of this study was to investigate vocational maturity, among High School students, considering the gender and sex. Ninety eight individuals (50 females and 48 males), aged seventeen to nineteen years old, answered to the Professional Development Inventory, adapted to be used in the Brazil, which measures the vocational maturity, and to the Bem Sex Role Inventory, which assess the gender (androgynous, typified and undifferentiated). An ANOVA revealed sex differences [F(1,97)=3,84;p<0,03] and gender [F(2,96)=5,02;p<0,03] in the vocational maturity. Women search for more information about the occupational and the working world, than men. Androgynous showed more decision-making attitudes towards their final career choices. The results revealed that the adapted IDP may be used for research, individual orientation, group assessment and orientation, and for evaluation and planning vocational orientation programs.

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RÉSUMÉ

L’objective de cet étude a été faire recherche et sondage entre adolecents étudiants du troisième degré Enseigmement Moyen ; en considérant le genre et la maturité vocationel. Quatre-vingt-dix-huit individus (cinquante femmes et quarant-huit hommes), avec âges entre dix-sept et dix-neuf anes, ont repondú deux instruments : le premiér, Inventaire de Développment Profissionel adapté pour la réalité de l’instruction Brésílianne que mesure la maturité vocational. Le second, BSRI ( Bem Sex Role Inventory ) qu’évalue le genre. Les résultas ont montré differences, le sexe (F(1,97)=3,84;p<0,03), le genre (F(2,96)=5,02;p<0,03) dans la maturité vocationel, em suggérant qui le IDP adapté peut être utiliser pour orienter perssones sur les objectifs et conditions nécessaires pour faire choix sensées (Alfhas=0,89; 0,82; 0,36; 0,68; 0,91; 0,71 et 0,90 pour chaque échelle du IDP, respectivement. Les femmes cherchent plus informations sur les profissions et le monde du travil ( m= 13; dp =3), pour les hommes est plus important leurs carriéres ( m =70; dp =16). En relation au genre le types s’identificant plus avec les caractéristiques stereotipées des profissions, en conduisant la plupart des participants de cet étude a choisir leurs profissions d’accord avec les règles sociaux et culturels placées comme masculin et feminin ( m =158,11; dp =26,10). Ètudes a posteriori sont proposé surtout la validaction d’Inventaire du Développment Professionnel.

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as pessoas que procuram orientação profissional e, também, através dos dados obtidos quando de sua aplicação, obter informações para pesquisar e planejar processos de orientação, bem como a planificação de carreira. Associado a esses dados, buscou-se também averiguar se haveria diferenças em relação ao gênero e à maturidade vocacional.

A escolha profissional pressupõe um processo de tomada de consciência de si mesmo e a possibilidade de realizar um projeto imaginando-se cumprindo um papel social e ocupacional (Lucchiari, 1994). É necessário, portanto, diferenciar o projeto pessoal e a identidade própria dos projetos que outros fazem para as pessoas analisando, inclusive, as influências recebidas pela mídia sobre profissões notoriamente consideradas “masculinas” e “femininas”.

Para o adolescente, principalmente, tomar uma decisão ocupacional significa desprender-se do que é conhecido e limitado - a família - para explorar um mundo mais amplo. E isso traz o medo: medo de desprender-se do grupo de amigos; medo da “mediocridade”, da “rotina” de “ser adulto”; medo de não ser capaz de trilhar os caminhos escolhidos; medo de errar na escolha, enfim, o medo de “voar pelas próprias asas”. A ansiedade causada pelo medo do fracasso de não conseguir encontrar seu próprio caminho pode levar o jovem à precipitação na escolha de uma carreira.

A escolha profissional não é um momento isolado na vida. Vem sendo construído desde que os pais fazem planos para seus filhos, muito antes de seu nascimento. Durante a infância, a criança forma seu autoconceito através da identificação com pessoas significativas (pais, familiares, amigos); enquanto criança, sua auto-avaliação depende, em grande parte, da avaliação que os pais fazem dela. A criança torna-se, em geral, aquilo que os pais dizem que ela é. Durante a adolescência, as exigências sociais feitas ao indivíduo voltam-se, basicamente, para duas questões: a aquisição de uma identidade própria, independente, e a aquisição de uma identidade vocacional, que culmina numa escolha profissional.

Escolher, entretanto, não é uma tarefa fácil, pois muitos fatores estão em jogo nesse momento. Escolher o que se quer ser no futuro implica reconhecer quem se foi, quem se é e que influências se sofre desde a mais tenra infância. O que se espera para o futuro está carregado de afetos, esperanças, medos e inseguranças, não somente da própria pessoa, mas também de outros mais próximos: pais, avós, irmãos, etc. Construir um projeto profissional é decidir com que tipo de problemas sociais concretos se quer se defrontar, o que envolve perceber que trabalho é feito no dia-a-dia, todos os dias (Maciel,

Fumagalli & Lassance, 1994). Quando se escolhe uma profissão, talvez não se tenha claro como essa decisão está inserida dentro de um contexto muito maior, que a influencia diretamente. Não se pode pensar no ser humano como separado do seu meio social. Recebe-se, e continua-se recebendo inúmeras influências em todas as atitudes, podendo- se destacar na escolha profissional diversos fatores que são determinantes:

. Fatores políticos: política governamental e seu posicionamento frente à educação; . Fatores econômicos: mercado de trabalho, falta de oportunidade, recessão, etc.; . Fatores sociais: divisão da sociedade em classes sociais, divisão do mundo do trabalho em profissões masculinas e femininas, busca de ascensão social através da educação; . Fatores educacionais: crise pela qual passa a educação, a necessidade do vestibular para ingressar em um curso superior. Fatores familiares: família é parte importante no processo, pois, às vezes, realizam-se as suas expectativas através das escolhas. E as expectativas para os meninos são diferentes daquelas das meninas; . Fatores psicológicos: interesses, motivações, habilidades pessoais, informação sobre as profissões, determinação para ir atrás dos sonhos (Costa, 1997, Lobato, 1999).

Esses, entre outros tantos fatores, determinam as escolhas. É importante pensar sobre eles e tentar entendê-los, porque uma escolha consciente pode ser um dos caminhos para o sucesso profissional. A realização profissional capacita o indivíduo como membro ativo e produtivo na sociedade, capaz de gerar bens, sustentar seus dependentes e ser mais feliz. É através do trabalho que se coloca em prática o que o indivíduo tem de melhor e de mais criativo. É pelo trabalho que se pode estar próximo dos outros seres humanos e construir um mundo melhor. O futuro é construído dia-a-dia, individualmente; o futuro profissional de todo jovem começa a ser construído no instante em que ele faz uma escolha consciente e consistente.

si em relação aos outros, a identificação com pessoas que servem de modelo e o desempenho de papéis, acompanhado de uma avaliação mais consistente dos resultados (teste da realidade);

  1. Exploração : ocorre desde a adolescência (quatorze anos) até o início da vida adulta (vinte e quatro anos). Neste estágio, os indivíduos deparam-se com as tarefas evolutivas de cristalização, especificação e implementação de uma escolha ocupacional. Super e colaboradores (1963) concentraram muito sua pesquisa neste estágio, fixando sua atenção mais especificamente na forma como os indivíduos, nesta fase, crescem em prontidão para fazer escolhas vocacionais. É neste estágio que os indivíduos, através da exploração das ocupações, completam a tarefa de especificar uma opção ocupacional, traduzindo seu autoconceito em escolhas vocacionais;
  2. Estabelecimento : corresponde à primeira etapa da vida adulta (dos vinte e cinco aos quarenta e quatro anos) e envolve as tarefas evolutivas de estabilização, consolidação e progresso em uma posição ocupacional. Acontece quando já se efetuou a escolha profissional, envolvendo a consolidação de uma posição;
  3. Manutenção : inclui as tarefas de assegurar, conservar e inovar. Esta fase estende-se da anterior até, mais ou menos, sessenta e cinco anos, quando a preocupação maior está em sustentar o lugar ocupado ou trocar de organização, cargo ou ocupação. Isso implicaria uma reciclagem através da exploração e do estabelecimento, especificando uma nova escolha para depois evoluir nela;
  4. Retirada : corresponde à velhice (após os sessenta e cinco anos), tendo como característica o desaceleramento das atividades ocupacionais. Envolve as tarefas evolutivas de desaceleração, planejamento para a aposentadoria e a vida de aposentado. Esta última vem com os desafios de organizar uma nova estrutura e um estilo diferente de vida.

Ao propor esses estágios para o desenvolvimento vocacional, Super e colaboradores (1957) caracterizaram-nos como um conjunto de tarefas evolutivas, descritas a seguir, com as quais o indivíduo tem de se confrontar, com sucesso, para poder progredir para o seguinte. Essas tarefas, principalmente relacionadas aos estágios de exploração e de estabelecimento, anteriormente descritos, são as seguintes: a) cristalização de uma preferência vocacional; b) especificação de uma preferência vocacional; c) implementação de uma preferência vocacional; d) estabilização em uma

vocação; e) consolidação e progressão em uma vocação.

A cristalização de uma preferência vocacional é uma tarefa evolutiva tipicamente encontrada durante o início e meados da adolescência. Nessa fase, a sociedade espera que o jovem comece a formular idéias gerais sobre áreas de trabalho que lhe agradem. A construção de autoconceitos e de conceitos ocupacionais permitirá que o indivíduo faça tentativas de escolha, comprometendo-se com um tipo de educação que o levará a alguma ocupação, parcialmente especificada (Super e colaboradores, 1963).

A especificação de uma preferência vocacional ocorre no período que vai da metade até o final da adolescência. Espera-se, aqui, que o jovem transforme sua escolha geral em uma escolha específica, comprometendo-se a ingressar no estágio seguinte, num programa educacional, ou num trabalho inicial, como porta de entrada para o campo escolhido.

A implementação ocorre no final da adolescência e início da vida adulta. A implementação de uma preferência é a escolha propriamente dita, ocorrendo quando o jovem faz a transição da escola para o trabalho. Espera-se que o indivíduo converta sua preferência vocacional especificada em uma realidade para implementar sua escolha.

A estabilização em uma vocação é uma tarefa evolutiva da primeira etapa da vida adulta, entre os vinte e cinco e os trinta anos de idade. Espera-se que o indivíduo se estabeleça, descubra a si mesmo em um trabalho que seja compatível com suas habilidades, seus interesses e desejos. É a busca da auto-realização. Finalmente, a consolidação e o progresso em uma vocação são tarefas da vida adulta, iniciando por volta dos trinta anos e continuando à medida que a pessoa avança em sua trajetória vocacional, até que o estágio de manutenção, anteriormente descrito, tenha início.

O desenvolvimento vocacional não pode ser confundido com o amadurecimento físico. A maturidade para a escolha profissional não se acha vinculada à idade, mas à necessidade de tomar um determinado tipo de decisão. Para fazer uma escolha profissional aproximada aos interesses e ao nível de sua escolaridade, o jovem deve ter acumulado informações relativas ao seu meio e a si mesmo para, depois, elaborar uma representação organizada das ocupações e de sua própria pessoa - cristalização. A ativação do desenvolvimento vocacional estipula a necessidade de ser capaz de ver no seu ambiente problemas a resolver e tarefas a realizar. Esse descobrimento implica uma busca de informações sobre si mesmo e sobre o ambiente - exploração (Pelletier, Noiseux &

do self, caracterizando-se pela percepção do indivíduo de ser diferente dos demais, não importando sua idade cronológica. A fase seguinte é a identificação , que ocorre mais ou menos simultaneamente com a fase anterior. A criança, ao perceber, por exemplo, as semelhanças entre si mesma e seu pai, percebe as diferenças existentes com a mãe. Assim, ela identifica-se com o pai, lutando para ser cada vez mais parecida com ele, diferenciando-se da mãe. O desempenho de papéis segue-se ao processo de identificação. Ao se identificar com o pai, o menino age como ele, ou como alguém que o ajudou em determinado período da vida. Quer o desempenho de papel fique só na imaginação, quer ocorra mediante a emissão de um comportamento, pode ser considerado como um parâmetro para verificar quão válido é o conceito de si mesmo. A última fase relativa à formação do autoconceito é o teste da realidade , que emerge rapidamente da fase anterior, a qual, por sua vez, surgiu da fase de identificação. A vida oferece muitas oportunidades para testar a realidade, como os jogos desenvolvidos na infância, ou experiências passadas, que levam o indivíduo a preferir, ou não, determinada ocupação.

  1. Tradução do autoconceito em termos ocupacionais : esta ocorre mediante identificações com modelos de adultos ou, ainda, experimentando papéis nos quais aprende que determinados atributos são convenientes a determinadas ocupações (Super, 1969, em Pelletier, Noiseux & Bujolds, 1982). A tradução pode ocorrer de diversas maneiras, tais como: a) a identificação com um adulto, que pode levar ao desejo de desempenhar o mesmo papel ocupacional que ele. Este AC pode ser descartado se submetido ao teste de realidade; b) experienciar papéis, o que pode fazer o indivíduo traduzir seu AC de forma adequada, ou inesperada; c) conhecer os atributos pessoais e ter consciência de que eles são importantes em determinado campo de trabalho. A forma como uma pessoa reagiu no passado, formulando sua concepção de mundo, determina seu futuro e a escolha de uma ocupação, fazendo parte daquele. Como as pessoas são diferentes em termos de seu AC, também diferem na forma que os traduzem em termos ocupacionais. Isso auxilia a entender por que as pessoas escolhem diferentes ocupações e como a mesma pessoa pode ter interesse em várias ocupações (Super e colaboradores, 1963).

O sistema de autoconceito pode ser compreendido como o que uma pessoa percebe ser ela mesma e o que são os outros para ela. Os AC podem ser verbalizados numa série de afirmações nas quais o sujeito da frase é o self ou outra pessoa e o predicado é uma variável psicológica. Por exemplo: “eu sou inteligente”, “João é muito ativo”. Esses

predicados são utilizados pelas pessoas para diferenciar os indivíduos e a si mesmas. Em relação ao autoconceito ocupacional, nas afirmações que as pessoas fazem sobre si mesmas ou sobre os outros, os predicados são ocupações ou seus equivalentes. Quando uma pessoa faz uma afirmação cujo predicado são nomes de ocupações ou seus equivalentes, supõe-se que essa afirmativa possa ser traduzida para afirmações cujos predicados sejam, agora, o próprio self. Por exemplo: quando alguém diz “quero ser médico” pode significar que “tenho preocupação com a saúde das pessoas e quero ajudá- las”; ou “tenho interesse no status social que a profissão pode me dar”. Em certos casos, uma pessoa analisa suas características e pensa em várias ocupações que lhe permitam utilizar esses traços de personalidade. Esse processo de análise e ponderação aumenta com o amadurecimento e o nível de instrução da pessoa. Em idades mais precoces, a criança realiza esse processo pela identificação com alguma figura importante em sua vida. Na adolescência, isso ocorre através da tradução do autoconceito em afirmações ocupacionais.

As pessoas, entretanto, podem diferir ao nível de expressar seu AC em afirmações ocupacionais, ou seja: uma pessoa nunca faz uma afirmação ocupacional que seja incompatível com seus Acs. Assim, numerosas ocupações são aceitas como compatíveis, em graus variados, com o AC de um indivíduo (Super e colaboradores, 1963).

  1. Implementação do autoconceito : a implementação ou realização do AC é o resultado de todos os processos anteriormente descritos, ocorrendo quando o indivíduo ingressa no mundo do trabalho. Quando ocorrem experiências negativas na formação do AC, é necessária uma reeducação para auxiliar o indivíduo a desenvolver um AC mais positivo e, só assim, implementá-lo através de uma imagem mais favorável de si mesmo. Os AC mudam com o tempo e a experiência. Porém, são cada vez mais estáveis a partir do final da adolescência até o final da maturidade, com continuidade na escolha de uma ocupação e seu ajustamento vocacional. O grau de satisfação que a pessoa obtém do trabalho é proporcional à capacidade de implementar seu autoconceito (Super, Savickas & Super, 1996). A implementação do autoconceito refere-se à entrada no mundo do trabalho. Se essa for satisfatória, a escolha pode resultar em estabilidade laboral, ou seja, em ajustamento vocacional.

fizessem. Dessa forma, nasceu a estrutura de carreira ou maturidade vocacional, que são agora termos consagrados na Educação e na Psicologia Vocacional.

A teoria de Desenvolvimento Vocacional (Super, 1957) examina o desenvolvimento da vida de trabalho de um indivíduo como paralelo ao desenvolvimento pessoal e individual. Como tal, esta teoria não é uma Psicologia das Ocupações, ela é, mais propriamente, uma estrutura compreensiva que explica as variedades das mudanças e compromissos ocupacionais durante os estágios de vida. Para um melhor entendimento, faz-se necessário estabelecer a natureza geral do processo de desenvolvimento vocacional e da tomada de decisão ocupacional (Super e colaboradores, 1957):

  1. Desenvolvimento vocacional é um processo em andamento, contínuo e, geralmente, irreversível : competências e preferências vocacionais, situações que as pessoas vivem e nas quais trabalham mudam com o tempo e a experiência, ocorrendo escolhas e ajustamentos num continuum. Este processo pode ser descrito como a série de estágios de vida, nos quais se espera que um indivíduo manifeste tipos específicos de comportamento, para cada estágio. Estes estágios mostram como ocorre, regularmente, o desenvolvimento vocacional normal. Todos os estágios de desenvolvimento vocacional - crescimento, exploração, estabelecimento, manutenção e retirada - são subdivididos em períodos, caracterizados por tarefas evolutivas. Estes períodos podem ocorrer durante transições na carreira; na transição de um estágio a outro, ou cada vez que a carreira de um indivíduo se desestabiliza, quer seja por doenças, quer seja por desemprego ou mudanças socioeconômicas. Cada desestabilização envolve novo crescimento, reexploração e reestabelecimento (Super, 1980).
  2. Desenvolvimento vocacional é um processo moldado ordenadamente, porém, previsível: espera-se de todo indivíduo, numa cultura relativamente homogênea, que possa controlar todas as mesmas séries de tarefas evolutivas se seu desenvolvimento não for impedido. Desenvolvimento físico é, basicamente, determinado pelo crescimento; seu curso é similar para todos os indivíduos de um mesmo sexo, e as mudanças ocorrem no mesmo estágio de vida individual. Além disso, a cultura espera que o desenvolvimento vocacional possa, eventualmente, resultar num ajustamento vocacional. O critério para esse último é, aparentemente, o mesmo para todos os indivíduos, incluindo satisfação com o comportamento vocacional e, também, o sucesso vocacional, compreendido pelo próprio indivíduo e por outras pessoas importantes para ele.
  1. Desenvolvimento vocacional é um processo dinâmico em direção ao compromisso ou à síntese : está envolvida no desenvolvimento vocacional a interação entre o repertório comportamental e as tarefas evolutivas que devem ser dominadas; entre respostas já existentes e nova estimulação. Isso também envolve o processo de compreensão da síntese de fatores pessoais e sociais, do autoconceito e da realidade, de respostas recentemente aprendidas e padrões de reação já existentes. Desse modo, desenvolvimento vocacional pode ser descrito como um processo dinâmico, que engloba a interação e a integração de muitos fatores psicológicos e sociais. Padrões de comportamento tornam-se diferenciados e integrados ao repertório de hábitos e habilidades que, na infância e na adolescência, manifestavam-se em sala de aula, em atividades de grupo de pares, em esportes, em organizações comunitárias e trabalhos de meio-período. Sucessos e fracassos são experimentados. De modo crescente, papéis reais são testados e modificados, enquanto o AC se revela e é efetuada a integração de aspectos da personalidade aparentemente não relacionados. Os papéis que são experenciados na infância e na adolescência são cruciais para o desenvolvimento, tanto quanto o são as mudanças que tomam lugar nesses papéis e sua organização até o conceito consistente do self. O adolescente deve começar a fazer, então, a síntese entre o self -ideal e o self -real, entre o mundo da fantasia e o mundo do trabalho, entre ele e a sociedade, enfim, deve buscar sua autonomia.
  2. O autoconceito inicia sua estruturação anterior à adolescência, fica mais claro e é traduzido em termos ocupacionais nesta fase: o desenvolvimento básico do autoconceito ocorre na infância. Na adolescência sucede um período de experiências exploratórias, nas quais o conceito de self é elaborado e clarificado. Os interesses, valores e capacidades são integrados e alcançam um significado vocacional, através do desenvolvimento do autoconceito e do teste deste com a realidade.

Cabe aqui salientar que Super (1980) procurou expandir o termo carreira , originalmente usado para referir-se à seqüência de trabalho relacionada à vida de uma pessoa, desde o operário até o profissional liberal, para incluir outros papéis de vida, como aqueles relacionados ao trabalho. Uma melhor definição de carreira seria, então, “a combinação e a seqüência de papéis vividos pela pessoa durante sua vida” (Super, 1980, p. 282). O Work Importance Study (WIS) (Super, Šverko & Super, 1995) utiliza essa definição para análise de seus dados. O WIS foi desenvolvido como uma rede de projetos nacionais, cujos objetivos principais eram: a) avaliar a importância relativa do papel do