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Universidade de Marília - UNIP ... geopolítica e cartografia de maneira lúdica e prazerosa. ... Bases da Educação Nacional, nº 9.394/96.
Tipologia: Notas de aula
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Londrina 2017
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Geografia. Orientadora: Prof. Dra. Léia Aparecida Veiga
Londrina 2017
A todos que acreditam na ação transformadora do ensino.
Gostaria de agradecer especialmente à Professora Léia Aparecida Veiga, que como orientadora, foi essencial para a conclusão deste trabalho, dispondo-se sempre a auxiliar, discutir e orientar bem como pelo pensamento positivo, sempre acreditando na transformação que queremos para o ensino.
Quero agradecer imensamente ao Professor Marcos Antônio Fávaro Martins pelos seus ensinamentos e incrível conhecimento no campo da Geopolítica, que me motivaram e mostraram o caminho que quero seguir.
Quero agradecer a Professora Eloiza Cristiane Torres, por aceitar participar da avaliação deste trabalho, pelas contribuições valiosas durante a banca e pela confiança ao destinar pibidianos para participarem deste projeto.
Gostaria de agradecer a minha família, especialmente minha noiva, por toda sua compreensão e incentivo nesta fase da minha vida.
Gostaria de agradecer aos estagiários do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, pela disposição e colaboração no auxílio do desenvolvimento do trabalho, sendo eles: Adriane Camargo; Ariane Marino; Arthur Aguiar; Caio Bragueto; Caio Silva; Caroline M. Salido; Elda Thainara de Faria; Fabiano Souza; Felipe Dias; Fernando Mazetti; Gabriel Felippe; Gabriela Andrade; Hugo Henrique Cristiano; Ítalo Castanho; Kemily Ferreira; Laura Corrêa; Matheus Barbosa e Rafaela Macedo Seixas.
Agradeço a todos que estiveram envolvidos na construção desse trabalho, as escolas nas quais desenvolvi o trabalho e a todas as pessoas que me deram suporte, orientação e, principalmente, motivação para que fosse concluído.
ROMAGNOLLI, Matheus Di Osti. Geopolitics and the game War: Beyond the didactic book. 2017. 60f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Geografia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2017.
ABSTRACT Within many classrooms, textbooks represent the support of knowledge for students, the place where some of the knowledge that will have contact throughout the school years, will be edited for studies. The use of this resource is considerable in the learning process, since it complements, illustrates, correlates and systematizes the themes addressed. However, the textbook proved to be the only resource available to the student class and some teachers. The various ways of approaching content have been left out and the textbook has become almost exclusively a means of complementing. Based on these verifications and experiences, we sought to expand the possibilities of using instruments that go beyond the textbook, using the War game as a reference in geopolitical classes. The work was developing with the application of War game in elementary school classes two and high school of different schools and social groups, with the aid of theoretical references found in books, as in the works of Harold Mackinder, Nicholas Spykman and Martin Wight, articles Scientists, dissertations and monographs. It was verified during the work that the use of the game War in the classroom contributes significantly to the learning of the students, as well as dialogues and exchanges of ideas. In terms of contribution in the pedagogical field, the War game allows the discussion of contents related to geopolitics and cartography in a playful and pleasurable way.
Key words: Teaching Geography.Geopolitic.Didactic Resource. War Game.
Figura 1 Em destaque a divisão continental no mapa mundi................................................................................................................... 18 Figura 2 O coração do planeta segundo Mackinder............................................................................................................ 21 Figura 3 O Mundo segundo Mackinder (1943).................................................................................................................. 23 Figura 4 Rimland – As frimbrias da Área Pivot segundo Spykman......................................................... ..................................................... 26 Figura 5 Pan-regiões de Haushofer................................................................................... 28 Quadro 1 Os conteúdos de Geopolítica em alguns livros didáticos do Ensino Fundamental II e Médio segundo Gomes e Vlach (2007)................................... 35 Quadro 2 Os conteúdos de Geopolítica na coleção de livro didático Projeto Araribá voltada para o Ensino Fundamental II e Médio segundo Araújo (2012).................................................................................................................. 38 Figura 6 Tabuleiro do jogo War representando o mundo a partir de uma projeção cilíndrica............................................................................................................... 41 Figura 7 Tabuleiro do jogo War representando o mundo a partir de uma projeção azimutal/polar...................................................................................................... 42 Figura 8 Tabela de “trocas” e exércitos bônus por continente conquistado.. 44 Figura 9 Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II de um estabelecimento de ensino público jogando com o tabuleiro de War com projeção cilíndrica............................................................................................................... 46 Figura 10 Alunos do 6ºano do Ensino Fundamental II de um estabelecimento de ensino público jogando com o tabuleiro de War com projeção azimutal............................................................................................................... 46 Figura 11 Alunos do 2º ano do Ensino Médio de um estabelecimento de ensino da rede privada jogando War com projeção cilíndrica...............................................................................................................
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Figura 12 Alunos do 2º ano do Ensino Médio de um estabelecimento de ensino da rede privada jogando War com projeção Azimutal...............................................................................................................
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Figura 13 Folhas de transparência sobre o tabuleiro e anotações feitas pelo professor durante a discussão com os alunos..................................................................................................................
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INTRODUÇÃO
O estudo da Geopolítica é fundamental para compreensão da configuração internacional da política, dos cenários mundiais, assim como as disputas e cooperações entre Estados. Dessa forma, verificou-se a necessidade de aproximar esse conteúdo complexo para as faixas etárias do Ensino Básico de maneira atrativa e significativa, atraindo a atenção dos estudantes para o assunto e buscando estratégias que aproximem a teoria de situações que os alunos possam vivenciar ou simular. Mas como trabalhar com conteúdos de geopolítica sem prender-se somente no livro didático? Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo principal discutir as possibilidades de utilização do jogo War nas aulas de geografia, em que pese, para trabalhar conteúdos relacionados a geografia, e principalmente, a geopolítica. Dentre as motivações desse estudo, pode-se destacar a ausência de recursos didáticos variados nas escolas e o fato de conviver cotidianamente com professores que trabalham conteúdos de geopolítica utilizando somente o livro didático enquanto recurso pedagógico. Essa pesquisa, de abordagem qualitativa, foi realizada a partir de levantamentos primários (aplicação do jogo em diferentes séries do Ensino Básico) e secundários (leitura de textos diversos como artigos científicos, livros, trabalhos de conclusão de curso e dissertações). A redação final desse trabalho foi organizada em três partes, onde, inicialmente, realizou-se uma discussão teórica sobre o estudo da geopolítica e os principais autores que contribuíram para a definição desse campo de estudos, e a exposição de obras basilares que fundamentam esse trabalho. Nesse caso, os autores Harold Mackinder (1861-1947) e Nicolas Spykman (1893-1943) são considerados as chaves mestras da discussão. Também utilizou-se ao longo da pesquisa autores como Martin Wight (1913-1972) e Ray Cline (1918-1996). Em seguida, discutiu-se sobre o livro didático enquanto um recurso didático, apontando aspectos negativos e positivos em relação a utilização do mesmo nas aulas de geografia.
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1 GEOPOLÍTICA: BASES TEÓRICAS
Antes mesmo do conceito de geopolítica existir já era possível encontrar sua influência em obras de autores clássicos. Segundo Tosta (1984, p. 1), “[...] Napoleão Bonaparte sentenciou um dia: a política de um país está na sua geografia”. Ainda segundo Tosta (1984), autores como Maquiavel (1469-1527), Rosseau (1712-1778) e Montesquieu (1689-1755), trataram a influência de fatores geográficos no desenvolvimento e estrutura das nações em suas obras, como o Livro XIV da grande obra de Montesquieu, „Espírito das Leis‟. Inúmeros eventos históricos constituíram fatos geopolíticos, como a assinatura do Tratado de Tordesilhas em 1494, que dividiu o mundo em esferas de influência portuguesa e espanhola, e a compra do território de Louisiana pelos Estados Unidos no início do século XIX, segundo o referido autor. No final do século XIX, de acordo com Moraes (1990), a obra de Friedrich Ratzel (1844-1904) o tornou o grande precursor da geopolítica, mesmo nunca tendo utilizado esse termo. Segundo Moraes (1990), Ratzel introduziu o estudo geográfico dedicado a discussão dos problemas humanos, significando que a relação entre sociedade e condições ambientais deveria ser a principal linha de investigação da geografia. Sua obra tornou-se uma vertente para estudos nos campos geográficos, antropológicos e políticos. Para Ratzel, uma teoria de Estado que não levasse em consideração o território, não poderia ter um fundamento seguro, ou seja, o território se faz necessário para uma análise política. Autores clássicos do ramo em discussão declararam influências ratzelianas em suas obras, sendo, alguns deles, Harold Mackinder (1861-1947), Rudolf Kjellen (1864-1922) e Karl Haushofer (1869-1946). Rudolf Kjellen introduziu o conceito de geopolítica no debate sobre a política de Estado (TOSTA, 1984). Segundo o autor
A geopolítica compreende o estudo do Estado como organismo geográfico, isto é, como fenômeno localizado em certo espaço da Terra como um dos ramos da política. O objeto de estudo não é a Terra, mas a Terra permeada pelo domínio político (TOSTA, 1984, p. 160).
A comparação de Estado como um organismo vivo mostra uma visão de que os Estados podem viver, crescer e decair como seres vivos,
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corroborando a influência ratzeliana em Kjellen. Os autores consideram homem e solo elementos inseparáveis, sendo esse último, o elemento materialmente coerente do Estado. É visível que a proposta de Kjellen estava em inserir a geografia nas ciências políticas (TOSTA, 1984). Foi a partir dessas correlações, entre várias outras realizadas por inúmeros intelectuais, que a concepção de geopolítica como sendo a política feita em decorrência das condições ou fatores geográficos se disseminou. Outro grande renome de destaque foi o geógrafo britânico Harold John Mackinder (1861-1947). Mackinder se destacou por criar um método geográfico de análise da política de poder mundial. Resguardado em sua terra natal, o grande Império Britânico. O geógrafo britânico fez uma análise sobre projeções de poder e como o Reino Unido estava inserido nesse contexto. Em 1904, na eternizada conferência “ The Geographical Pivot of History ”, o autor propôs uma análise das fragilidades do império britânico, a luz de uma interpretação geográfica eurasiana. Segundo ele, a segurança britânica passava em meio ao território russo e estava ameaçada por uma aliança russo-germânica (MELLO, 1999). Mesmo sendo criticado por outros autores, é inegável que a compreensão geopolítica de Mackinder influenciou a política de poder durante o século XX, e ainda, pode ser utilizada de maneira válida para elucidar a postura de determinados Estados na atualidade. A primeira proposta do autor foi divulgada em 1904 e editada algumas vezes até sua morte na década de 1940. De fato, durante grandes eventos do século XX que colocaram sua tese a prova, como as duas Guerras Mundiais e a Guerra Fria, a proposta do poder continental sucumbiu ao poder marítimo. Porém, os percursos da história não tiram o valor explicativo da teoria mackinderiana (MELLO, 1999). A teoria mackinderiana é compreendida a luz da causalidade histórica e geográfica e tem como elementos ordenadores, segundo Mello (1999, p. 27), “[...] a visão compreensiva do mundo como sistema político fechado, a ideia de história universal baseada na causalidade geográfica e o postulado pela supremacia entre poder marítimo e o poder terrestre”. À época de sua obra, Mackinder encontrava-se em um mundo onde praticamente não havia mais terras a serem descobertas após as diversas ondas expansionistas que o autor denominou de era colombiana. Os avanços dos meios de
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central, e um legislativo coercitivo, caracterizava o estado de anarquia internacional entre os Estados soberanos. A desconfiança mútua prevalecia e as potências não podiam ter certeza das intenções de outras potências (WIGHT, 1975). Esse é o estado de natureza descrito por Thomas Hobbes (1588-1679), o estado de medo que constrói uma postura conflituosa para a garantia da segurança. Mackinder possuía uma visão da história universal baseada na causalidade geográfica. Similarmente a Karl Marx, o autor construiu uma visão materialista dela, que no caso do britânico, a história da humanidade era condicionada pelas realidades naturais. Os desafios impostos pela natureza, como o relevo, o clima, os recursos naturais, a localização geográfica, influenciam a história dos povos. Um dos pontos fundamentais da análise geopolítica foi expresso por Mackinder e é essencial para sua compreensão.Segundo ele, “[...] os desafios impostos pelo meio ambiente acabavam por influenciar decisivamente a história dos povos, modelando em larga medida seu caráter nacional e desenvolvendo neles uma vocação marítima ou continental” (MELLO, 1999, p. 35).Países territorialmente insulares ou com litorais extensos teriam maiores propensões de se expandirem maritimamente por meio das atividades navais, como observado no decorrer da história com os portugueses, espanhóis, britânicos, holandeses, entre outros. Já países rodeados por terra ou com acessos desfavoráveis e limitados aos mares e oceanos, teriam tendências a se desenvolverem e expandirem continentalmente, como os russos, os franceses e os alemães (MELLO, 1999). A influência geográfica é um ponto axial para a compreensão da principal contribuição da visão Mackinderiana. Segundo o autor, “[...] é possível analisar os processos históricos a luz da oposição oceanismo versus continentalismo” (MELLO, 1999, p. 36). Vale ressaltar que a proposta de Mackinder fazia parte da análise da realidade do império Britânico, principalmente da ilha da Grã-Bretanha. A disputa secular entre forças terrestres contra forças marinhas foi baseada na tentativa dos poderes continentais em firmar territórios basilares e se expandirem centrifugamente para as margens até as saídas para os mares e oceanos nas margens continentais. Já os poderes marítimos partiriam de suas posições exteriores para dominar as margens sufocando as forças terrestres e impedindo uma ascensão marítima (MELLO, 1999).
16 A história revela inúmeras disputas que podem ser interpretadas dessa maneira, como as disputas entre franceses e britânicos durante os séculos XVIII e XIX, ou como a rivalidade entre russos e britânicos, durante o século XIX. Nesses casos, os britânicos representaram os interesses de uma potência marítima, e franceses e russos interesses de potências continentais (MELLO, 1999). Durante o chamado „ big game ‟^1 entre russos e britânicos, a disputa entre o Estado expansionista russo, em busca da secular saída para águas quentes ao sul de seu gigantesco território, e a „rainha dos mares‟ britânica, materializou o confronto entre terra e água durante o século XIX. Mesmo possuindo o maior litoral do mundo, os russos ainda precisavam de novas saídas para o mar. O fato é que grande parte dessas margens litorâneas se encontram voltadas para o oceano ártico, situação que dificulta a navegação e os colocam distantes dos principais portos do mundo (MELLO, 1999). Em compensação, o Império Russo se transformou na maior massa de território continental do mundo. A saída se encontrava em redirecionar as tendências expansionistas continentais para as margens sul, sudeste e sudoeste do Império, em busca de novos litorais. Foi nesse momento que os interesses russos e britânicos se chocam e a rivalidade entre os dois Estados cresceu. Os britânicos tinham, nas margens do Império Russo, algumas de suas principais colônias, e a possível presença russa em meio as essas bordas continentais significavam uma ameaça ao equilíbrio de poder que beneficiava os britânicos (MELLO, 1999). Ao sul da Rússia encontravam-se territórios Persas e as colônias da União Indiana, além das posses do império Turco-Otomano no Oriente Médio. A sudoeste encontrava-se uma zona de tensão no leste europeu, com a independência de países que pertenciam aos Turcos-Otomanos e interesses Austro- húngaros e Alemães na região, conhecida como Balcãs. A sudeste, o crescente expansionismo japonês disputava as terras chinesas e coreanas, impedindo o avanço da Rússia (MELLO, 1999).
(^1) O Big Game fez parte das disputas relacionadas ao “Concerto Europeu” do século XIX e XX, onde nesse caso, reunia as disputas de interesses entre britânicos e russos. O foco das disputas por territórios entre os dois países mudou de rumo no início do século XX, com o surgimento de outra potência no continente europeu, a Alemanha. Após a reunificação da Alemanha em 1872, havia surgido no centro da Europa uma potência descontente e com fortes condições econômicas e militares, capaz de confrontar a supremacia britânica (MELLO, 1999). É nesse momento que o modelo geopolítico de Mackinder interfere na conduta britânica desviando os interesses ingleses para a estratégia Alemã.
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Figura 1 – Em destaque a divisão continental no Mapa Mundi
Destaque para a Eurásia, massa continental contínua que agrupa os continentes: europeu (roxo) e asiático (amarelo). Fonte: IBGE – Atlas Escolar
A proposta do geógrafo britânico revela uma reorganização da forma de se observar o espaço geográfico.Para Mackinder, a divisão dos oceanos em Pacífico, Atlântico e Índico e mares abertos como o Mediterrâneo, Caribenho, da China, entre outros pelo mundo,constituem uma única massa de água contínua e interligada. Para ele só existe o chamado Great Ocean , o grande oceano. O restante da superfície, cobrindo aproximadamente 25% da superfície, corresponde as terras emersas divididas em continentes como a América, Europa, Ásia, África, Oceania e Antártica (MELLO, 1999). Para Mackinder, essa divisão continental poderia ser interpretada de outra maneira. O continente Europeu e o Asiático, na verdade, constituem um corpo contínuo, delimitados pelos Montes Urais na Rússia. A Ásia e África também estão conectadas pelo istmo de Suez. Isso significa que 17% da superfície emersa do planeta se encontra continuamente ligada. Para Mackinder, esses três continentes
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formam uma única ilha, denominada de World Island , a Ilha Mundial. Como aponta Mello:
Em resumo, a tradicional e oficialmente aceita divisão do planeta em diversos oceanos e mares, continentes e arquipélagos cedeu lugar a uma inovadora e arrojada concepção sintética de um oceano único envolvente, com uma grande ilha central e três ilhas periféricas menores. Quanto à distribuição demográfica, cerca de 85% da população mundial, segundo o geógrafo britânico, estavam concentrados na grande ilha eurásico-africana (MELLO,1999, p. 42).
As concepções cartográficas baseadas nas visões eurocêntricas, disseminadas pelo mundo desde as grandes navegações, centralizavam a superfície do globo no continente europeu. Mackinder quebra isso, readequando sua cartografia a partir da Área Pivot mundial (MELLO, 1999). Dentro da Ilha da Mundial mackinderiana, existe uma área estratégica para a emanação do poder terrestre. Foi nesse momento que surgiu a ideia da Área Pivot , também conhecida como Heartland , o coração do mundo. A época de elaboração da teoria, essa região enquadrava-se aos limites territoriais da Rússia e posteriormente da União Soviética. Ela encontra-sena parte norte e interior da eurásia e é rodeada por quatro regiões marginais, a Europa a oeste, o Oriente Médio a sudoeste, o subcontinente indiano ao sul e a China ao leste. Configura-se como a maior área de planícies ou terras baixas do mundo, facilitando a mobilidade. Além, de possuir uma rede hidrográfica, que se divide em rios exorréicos que deságuam no Ártico, dificultando os acessos fluviais ao interior, e rios endorréicos, que deságuam em mares fechados como o Cáspio (MACKINDER, 1954).A condição de enclausuramento forneceria uma proteção natural ao poder marítimo, diferentemente das margens da Área Pivot , que estão dentro dos limites de ações oceânicas. A Primeira Guerra Mundial foi um dos prenúncios a respeito das oportunidades estratégicas do poderio terrestre em relação ao marítimo, mesmo a Alemanha, potência terrestre em vigência, sucumbindo ao final do conflito. Uma suposta vitória alemã poderia ter colocado sobre os domínios germânicos uma parte da ilha mundial, tornando-se uma base para a disputa com as potencias marítimas britânica e estadunidense (WIGHT, 1985, p. 58). A intervenção dos Estados Unidos