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Guias e Dicas
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MARIO QUINTANA, Slides de Poesia

Assim, sugerimos que a biografia seja ativamente trabalhada pelos próprios alunos. Você poderá dividir a sala em grupos para que cada um fique responsável por ...

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Vasco_da_Gama
Vasco_da_Gama 🇧🇷

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MARIO QUINTANA
234
De Márcio Vassallo
(Jornalista e escritor)
SUPLEMENTO DIDÁTICO
Elaborado por
Jô Fortarel (Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo, professora de Literatura
em escolas particulares e em cursinhos pré-vestibulares).
POR QUE TRABALHAR COM MARIO QUINTANA?
O auto-retrato
“No retrato que me faço
– traço a traço –
Às vezes me pinto nuvem
Às vezes me pinto árvore...
Às vezes me pinto coisas
De que nem há mais lembrança...
Ou coisas que não existem
Mas que um dia existirão...
E, desta lida, em que busco
– pouco a pouco –
Minha eterna semelhança,
No fi nal, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!”
Mario Quintana
O encontro
“Subitamente
na esquina do poema, duas rimas
olham-se, atônitas, comovidas,
como duas irmãs desconhecidas...”
Mario Quintana
“Jamais compreendereis a terrível simpli-
cidade das minhas palavras porque elas não
são palavras: são rios, pássaros, naves...”
Mario Quintana
Trabalhar com o poeta Mario Quintana
signifi ca entrar em contato com uma poesia
extremamente lírica, que, a partir de uma
forma simples e despretensiosa, alcança tons
universais.
Nos meios acadêmicos criou-se a ima-
gem de que só se devem estudar os poetas
difíceis, herméticos, complexos. Por isso, a
poesia de Mario Quintana fi cou renegada,
por muitos anos, a um segundo plano. Era
considerada fácil e acessível aos olhos dos
doutores em letras.
O tempo provou o contrário. Sua apa-
rente simplicidade formal encobre recursos
poéticos riquíssimos, inúmeras sutilezas ver-
bais, além de apresentar soluções rímicas e
rítmicas surpreendentes.
A obra multifacetada do poeta não está
vinculada a escolas literárias, pois utilizou as
formas clássicas da poesia (como o soneto),
mas também lançou mão do verso livre e da
prosa.
“Meus amigos, na minha opinião Mario
Quintana é hoje em dia um dos cinco maio-
res poetas de todo o Brasil. (...)
Conheço Mario Quintana faz uns bons
quarenta anos. É o sujeito mais ‘diferente’
que tenho encontrado na vida. Antes de
tudo é um poeta, e ser poeta não é apenas
fazer versos, prosa com rima (carvão-cora-
ção... carinho-passarinho... etc.). Ser poeta é
saber ver o mundo como o vêem os anjos, as
fadas, e ao mesmo tempo possuir o dom de
comunicar a quem o lê o que ele vê e sente;
em resumo, é ter olhos para revelar a face
secreta das pessoas e das coisas. (...)
Quintana é também um mágico, só que
suas mágicas são feitas com palavras.
(...) E se alguém um dia perguntar quem
é Mario Quintana, podem responder sem
medo de errar que ele é um dos melhores po-
etas do nosso Brasil. É isto o que pensa quem
gosta dele como de um irmão, um tal de
Erico Verissimo”
POR QUE TRABALHAR COM POESIA E COM POETAS?
(...)
“Que é o Poeta?
um homem
que trabalha o poema
com o suor de seu rosto.
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.”
(Poética, Cassiano Ricardo)
Caro colega professor
Nos dias de hoje, parece-nos que cada vez
mais os jovens afastam-se da poesia. Quais
seriam as razões? Há inúmeras, com certeza,
mas arriscaremos algumas:
mesmo sem conhecer o texto poético
acabam por rotulá-lo como “careta”, coisa
ultrapassada;
ao depararem com as características de
tal texto, estranham desde a forma até o
conteúdo;
durante a escolaridade entram mais em
contato com textos em prosa do que com
textos poéticos;
a prosa, menos hermética do que a
poesia, é mais fácil de ser compreendida;
a poesia, em contrapartida, exige de seu lei-
tor um certo esforço para ser decifrada, um
mergulhar nas ondas metafóricas.
A partir dessas hipóteses, talvez impo-
nha-se uma nova questão: por que o pró-
prio professor de Língua Portuguesa acaba
dando mais ênfase ao estudo da prosa em
detrimento da poesia?
O poeta José Paulo Paes evidencia a di-
ferença entre ensinar prosa, narrativa mais
direta, que motiva a identifi cação dos alu-
nos através das ações de seus personagens,
e poesia, matéria mais apurada, pois a “po-
esia tende a chamar a atenção do leitor para
as surpresas que podem estar escondidas na
língua que ele fala todos os dias sem se dar
conta”.
Esse ir e vir que a poesia exige promove
uma ampliação do ato de ler, desencadeia
novas posturas diante dos textos. Ao leitor
não cabe mais aguardar passivamente os
acontecimentos; ao contrário, ele é cha-
mado a descobrir os caminhos, construir e
reconstruir o poema a cada verso e crescer
com ele!
A linguagem poética é gestada e cons-
truída de modo muito intenso, muito
condensado, é carregada de signifi cação.
É preciso ler e reler os poemas, muitas vezes.
É preciso conviver com os seus ritmos, suas
pulsações. Conviver com as suas constela-
ções de imagens. Com as suas redes de sig-
nifi cação. Como diria o mestre Drummond:
“Convive com teus poemas, antes de escre-
vê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se
te provocam”.
É preciso ler de modo atento, conhecen-
do e reconhecendo as dimensões do poema:
a dimensão da sonoridade, a das imagens, a
dos signifi cados.
A linguagem poética não é linear, unívo-
ca, de apenas um signifi cado. Ela tem muitas
vozes, muitos sentidos. Essa plurivocidade é
parte de sua riqueza expressiva.
O leitor de poesia deve desenvolver
sensibilidade para leitura dos símbolos,
das novas relações sugeridas pelas pala-
vras. A cada leitura, o poema se revela
novo.
Da humana condição
“Custa o rico a entrar no Céu
(Afi rma o povo e não erra).
Porém muito mais difícil
É um pobre fi car na terra.”
Provérbio
“O seguro morreu de guarda-chuva.”
Dos nossos males
“A nós nos bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais...”
O MOMENTO DA SENSIBILIZAÇÃO:
O PRIMEIRO CONTATO COM O LIVRO
Sugerimos que instigue seus alunos apre-
sentando alguns textos variados de Mario
Quintana, como os que seguem, e deixe
que eles conversem livremente sobre suas
impressões.
Que haverá no céu?
“Se não houver cadeiras de balanço no
Céu... que será da tia Élida, que foi para o
Céu?”
Mentira?
“A mentira é uma verdade que se esqueceu
de acontecer.”
Carreto
“Amar é mudar a alma de casa.”
Da felicidade
“Quantas vezes a gente, em busca da
ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura,
Tendo-os na ponta do nariz!”
Da discrição
“Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo de teu amigo
Possui amigos também...”
Da infi el companheira
Como um cego, grita a gente;
‘Felicidade, onde estás?’
Ou vai-nos andando à frente...
Ou fi cou lá para trás...”
Do amoroso esquecimento
Esta vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia...”
Horror
“Com os seus OO de espanto, seus RR
guturais, seu hirto H, HORROR é uma pala-
vra de cabelos em pé, assustada da própria
signifi cação.”
Só para si
“Dona Cômoda tem três gavetas. E um
ar confortável de senhora rica. Nas gavetas
guarda coisas de outros tempos, só para si.
Foi sempre assim, dona Cômoda: gorda, fe-
chada, egoísta.”
Trabalhe primeiramente com os dados
biográfi cos e, posteriormente, com os ex-
certos literários e os depoimentos apresen-
tados no livro.
1a etapa do trabalho:
dados biográfi cos
Após essa sensibilização, acreditamos
que os alunos se encontrem bastante
curiosos a respeito da vida desse poeta
tão singelo e verdadeiro. Assim, sugerimos
que a biografi a seja ativamente trabalhada
pelos próprios alunos. Você poderá dividir
a sala em grupos para que cada um fi que
responsável por uma determinada face-
ta do autor. Sugerimos: vida pessoal, perfi l
do poeta, caminho profi ssional, descober-
ta do amor etc. Tal classifi cação fi ca a seu
critério.
Os grupos devem ler atentamente o tex-
to, reconhecer os dados mais importantes
do recorte escolhido e organizá-los de ma-
neira clara e objetiva, expondo-os, depois,
em sala para que os amigos se apropriem
do conteúdo. Eles podem, inclusive, indicar
quais dados os colegas devem grifar no tex-
to, chamar a atenção para as curiosidades
etc.
O MOMENTO DA LEITURA DO LIVRO
2a etapa do trabalho:
excertos poéticos
Continuando a trabalhar com os gru-
pos, distribua os excertos da obra do poeta
citados no livro, cabendo a cada grupo
analisar os textos em sala de aula. Tais poe-
mas devem ser lidos em casa, para que essa
primeira impressão possibilite uma análise
mais apurada em sala de aula. Você poderá,
então, conduzir um debate, visando não
somente reconhecer as principais caracte-
rísticas do autor, tanto na forma emprega-
da como nos conteúdos abordados, como
também estimular nos alunos o gosto e a
curiosidade pela leitura poética!
3a etapa do trabalho: depoimentos
Trabalhando com os mesmos grupos ou
formando novos, peça que os alunos ana-
lisem os depoimentos a respeito de Mario
Quintana incluídos no livro a fi m de levantar
as principais informações que cada um des-
ses depoimentos acrescenta em relação ao
perfi l do poeta. No momento da socializa-
ção, os grupos devem comparar as análises
e acrescentar cada dado novo, de forma
que todos, ao fi nal, tenham somado às suas
listas as informações relevantes obtidas por
meio dos depoimentos.
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MARIO QUINTANA

De Márcio Vassallo

(Jornalista e escritor)

SUPLEMENTO DIDÁTICO

Elaborado por

Jô Fortarel

(Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo, professora de Literatura

em escolas particulares e em cursinhos pré-vestibulares).

O auto-retrato “No retrato que me faço– traço a traço –Às vezes me pinto nuvemÀs vezes me pinto árvore...Às vezes me pinto coisasDe que nem há mais lembrança...Ou coisas que não existemMas que um dia existirão...E, desta lida, em que busco– pouco a pouco –Minha eterna semelhança,No fi nal, que restará?Um desenho de criança...Corrigido por um louco!”

Mario Quintana

O encontro “Subitamentena esquina do poema, duas rimasolham-se, atônitas, comovidas,como duas irmãs desconhecidas...”

Mario Quintana

POR QUE TRABALHAR COM MARIO QUINTANA?

“Jamais compreendereis a terrível simpli- cidade das minhas palavras porque elas nãosão palavras: são rios, pássaros, naves...”

Mario Quintana

Trabalhar com o poeta Mario Quintana significa entrar em contato com uma poesiaextremamente lírica, que, a partir de umaforma simples e despretensiosa, alcança tonsuniversais.

Nos meios acadêmicos criou-se a ima- gem de que só se devem estudar os poetasdifíceis, herméticos, complexos. Por isso, apoesia de Mario Quintana ficou renegada,por muitos anos, a um segundo plano. Eraconsiderada fácil e acessível aos olhos dosdoutores em letras.

O tempo provou o contrário. Sua apa- rente simplicidade formal encobre recursospoéticos riquíssimos, inúmeras sutilezas ver-bais, além de apresentar soluções rímicas erítmicas surpreendentes.

A obra multifacetada do poeta não está vinculada a escolas literárias, pois utilizou as

formas clássicas da poesia (como o soneto),mas também lançou mão do verso livre e daprosa.

“Meus amigos, na minha opinião Mario Quintana é hoje em dia um dos cinco maio-res poetas de todo o Brasil. (...)

Conheço Mario Quintana faz uns bons quarenta anos. É o sujeito mais ‘diferente’que tenho encontrado na vida. Antes detudo é um poeta, e ser poeta não é apenasfazer versos, prosa com rima (carvão-cora-ção... carinho-passarinho... etc.). Ser poeta ésaber ver o mundo como o vêem os anjos, asfadas, e ao mesmo tempo possuir o dom decomunicar a quem o lê o que ele vê e sente;em resumo, é ter olhos para revelar a facesecreta das pessoas e das coisas. (...)

Quintana é também um mágico, só que suas mágicas são feitas com palavras.

(...) E se alguém um dia perguntar quem é Mario Quintana, podem responder semmedo de errar que ele é um dos melhores po-etas do nosso Brasil. É isto o que pensa quemgosta dele como de um irmão, um tal de

Erico Verissimo”

POR QUE TRABALHAR COM POESIA E COM POETAS?

(...) “Que é o Poeta?um homemque trabalha o poemacom o suor de seu rosto.Um homemque tem fomecomo qualquer outrohomem.”

( Poética

, Cassiano Ricardo)

Caro colega professorNos dias de hoje, parece-nos que cada vez mais os jovens afastam-se da poesia. Quaisseriam as razões? Há inúmeras, com certeza,mas arriscaremos algumas:

◗^

mesmo sem conhecer o texto poético

acabam por rotulá-lo como “careta”, coisaultrapassada;

◗^ ao depararem com as características de tal texto, estranham desde a forma até oconteúdo;

◗^ durante a escolaridade entram mais em contato com textos em prosa do que comtextos poéticos;

◗^

a prosa, menos hermética do que a

poesia, é mais fácil de ser compreendida;a poesia, em contrapartida, exige de seu lei-tor um certo esforço para ser decifrada, ummergulhar nas ondas metafóricas.

A partir dessas hipóteses, talvez impo- nha-se uma nova questão: por que o pró-

Da humana condição

“Custa o rico a entrar no Céu(Afirma o povo e não erra).Porém muito mais difícilÉ um pobre ficar na terra.” Provérbio

“O seguro morreu de guarda-chuva.” Dos nossos males

“A nós nos bastem nossos próprios ais,Que a ninguém sua cruz é pequenina.Por pior que seja a situação da China,Os nossos calos doem muito mais...”

Horror

“Com os seus OO de espanto, seus RR guturais, seu hirto H, HORROR é uma pala-vra de cabelos em pé, assustada da própriasignificação.” Só para si

“Dona Cômoda tem três gavetas. E um ar confortável de senhora rica. Nas gavetasguarda coisas de outros tempos, só para si.Foi sempre assim, dona Cômoda: gorda, fe-chada, egoísta.”

Trabalhe primeiramente com os dados biográficos e, posteriormente, com os ex-certos literários e os depoimentos apresen-tados no livro. ✦

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a^

etapa do trabalho:

dados biográfi cos

Após essa sensibilização, acreditamos que os alunos se encontrem bastantecuriosos a respeito da vida desse poetatão singelo e verdadeiro. Assim, sugerimosque a biografia seja ativamente trabalhadapelos próprios alunos. Você poderá dividira sala em grupos para que cada um fiqueresponsável por uma determinada face-ta do autor. Sugerimos: vida pessoal, perfildo poeta, caminho profissional, descober-ta do amor etc. Tal classificação fica a seucritério.

Os grupos devem ler atentamente o tex- to, reconhecer os dados mais importantesdo recorte escolhido e organizá-los de ma-neira clara e objetiva, expondo-os, depois,em sala para que os amigos se apropriemdo conteúdo. Eles podem, inclusive, indicarquais dados os colegas devem grifar no tex-to, chamar a atenção para as curiosidadesetc.

O MOMENTO DA LEITURA DO LIVRO

a^ etapa do trabalho: excertos poéticos

Continuando a trabalhar com os gru- pos, distribua os excertos da obra do poetacitados no livro, cabendo a cada grupoanalisar os textos em sala de aula. Tais poe-mas devem ser lidos em casa, para que essaprimeira impressão possibilite uma análisemais apurada em sala de aula. Você poderá,então, conduzir um debate, visando nãosomente reconhecer as principais caracte-rísticas do autor, tanto na forma emprega-da como nos conteúdos abordados, comotambém estimular nos alunos o gosto e acuriosidade pela leitura poética! ✦

a^ etapa do trabalho: depoimentos Trabalhando com os mesmos grupos ou formando novos, peça que os alunos ana-lisem os depoimentos a respeito de MarioQuintana incluídos no livro a fim de levantaras principais informações que cada um des-ses depoimentos acrescenta em relação aoperfil do poeta. No momento da socializa-ção, os grupos devem comparar as análisese acrescentar cada dado novo, de formaque todos, ao final, tenham somado às suaslistas as informações relevantes obtidas pormeio dos depoimentos.

Proposta 1 Por meio da leitura dos poemas de Mario Quintana (apresentados no livro e neste su-plemento), os alunos devem perceber que opoeta tanto usou o soneto (medida clássica)como versos livres, pequenas estrofes úni-cas, haicais etc. Toda essa diversificação fazde Quintana um poeta gostoso de se ler aqualquer hora e em qualquer situação.

Como afirma Regina Zilbermann em sua introdução à obra

Poemas em verso:

“É neste sentido que se pode constatar oexperimentalismo vigente na poesia dele:serviu a todos os senhores da forma, semdepender de nenhum. E procurou incor-porar a seus poemas três fatores básicosda modernidade, presentes na literaturabrasileira atual:

humor, coloquialidade da

linguagem

e

brevidade.

Sua visão da realidade pode ser mui- tas vezes nostálgica, porém, quando aapresenta de modo crítico, sua arma pre-dileta é o humor. Com isto, desafia as insti-tuições e os costumes sociais, quando não ocomportamento habitual das pessoas.

Também os temas considerados sérios

  • como a morte ou o transcurso do tema– perdem esta conotação. Pois Quintanasempre tira da cartola uma sentença finalque, ao provocar o riso, suprime a possi-bilidade de uma postura acadêmica oudoutoral perante os acontecimentos ouproblemas retratados”.

Os alunos devem analisar as poesias tentando encontrar nelas as característicasjá citadas:

-^

humor

coloquialidade da linguagem

-^

brevidade

crítica aos costumes sociais

-^

a morte

o tempo

Veja na

Antologia de apoio

alguns poe-

mas que ajudarão nessa atividade.

Proposta 2^ Conforme registrado no livro, Mario Quintana apresentou uma certa paixão pelatambém poeta Cecília Meireles. Releia:

“E o

coração dele também se derretia pelos si-lêncios da Cecília, pelas coisas que ela dizia,pelos versos que ela escrevia, pelo modocomo ela vivia”.

Sugerimos que os alunos façam uma breve pesquisa sobre Cecília Meireles, nosentido de perceberem por que essa mulherchegou a impressionar tanto Quintana.

Tal pesquisa poderia visar a apenas al- guns dados a respeito da poeta, tais como:

-^

onde e quando nasceu

com quem ela

se casou

como era seu jeito de ser

quan-

tos anos ela tinha quando conheceu o poeta •^

de quais temas ela tratava em sua poesia

  • quais afinidades poéticas ela apresentavaem relação à poesia de Mario

quais suas

poesias mais conhecidas ✦

Proposta 3^ “(...) Poeta urbano desde o início, Quin- tana movimenta-se nas pequenas ruas dacidade, surpreendendo-as na inquietaçãodo dia ou no silêncio da noite. Como umhábitat natural, as ruas são o cenário pri-vilegiado dos primeiros versos. (...) Por teruma sintonia interior com o impressionismoé que o poeta adotará, com freqüência,as meias-tintas, as sinestesias, os jogos dealiterações e assonâncias, traços que ca-racterizam os sonetos de Quintana comoformulações que querem captar cor e mu-sicalidade.” (Carvalhal, Tania Franco (1984).“Quintana, entre o sonhado e o vivido.” InInstituto Estadual do Livro (RS).

Mario Quin-

tana

. 3. ed. p.16-17.) A partir dessa forma livre de ser e de escrever, o poeta só poderia mesmo fazer

O MOMENTO POSTERIOR À LEITURA DO LIVRO

Que me importa este quarto, em que

desperto

como se despertasse em quarto alheio?Eu olho é o céu! Imensamente perto,o céu que me descansa como um seio.Pois só o céu é que está perto, sim,tão perto e tão amigo que pareceum grande olhar azul pousando em mim.A morte deveria ser assim:um céu que pouco a pouco anoitecessee a gente nem soubesse que era o fim...”

  1. Após as pesquisas realizadas, seus alu- nos devem ter reparado que Mario Quin-tana trata em seus poemas de inúmerostemas, alguns deles recorrentes. Entre ostemas reincidentes, notamos que o autordiscorre muito sobre o

tempo

.^

Vejamos al-

guns exemplos, mas não se esqueça de quehá muitos outros! ✦

Tema: Tempo Estou sentado sobre a minha mala “Estou sentado sobre a minha malaNo velho bergantim desmantelado...Quanto tempo, meu Deus, malbaratadoEm tanta inútil, misteriosa escala!Joguei a minha bússola quebradaÀs águas fundas... E afinal sem norte,Como o velho Simbad de alma cansadaEu nada mais desejo, nem a morte...Delícia de ficar deitado ao fundoDo barco, a vos olhar, velas paradas!Se em toda parte é sempre o Fim do MundoPra que partir? Sempre se chega, enfim...Pra que seguir empós das alvoradasSe, por si mesmas, elas vêm a mim?”

Tema: Morte O morto “Eu

estava

dormindo

e^

me

acordaram

E me encontrei, assim, num mundo estranho

e louco...

E quando eu começava a compreendê-loUm pouco,Já eram horas de dormir de novo!” Quando eu morrer “Quando eu morrer e no frescor de luaDa casa nova me quedar a sós,Deixai-me em paz na minha quieta rua...Nada mais quero com nenhum de vós!Quero é ficar com alguns poemas tortosQue andei tentando endireitar em vão...Que linda a Eternidade, amigos mortos,Para as torturas lentas da Expressão!...Eu levarei comigo as madrugadas,Pôr-de-sóis, algum luar, asas em bando,Mais o rir das primeiras namoradas...E um dia a morte há de fitar com espantoOs fios de vida que eu urdi, cantando,Na orla negra do seu negro manto...” Da viuvez “Ele está morto. Ela, aos ais.Mas, neste lúgubre assunto,Quem fica viúvo é o defunto...Porque esse não casa mais.” Da morte “Um dia... pronto!... me acabo.Pois seja o que tem de ser.Morrer, que me importa?... O diaboÉ deixar de viver!”

Temas variados: Humor / Ironia Clarividência O poema é uma bola de cristal. Se apenasenxergares nele o teu nariz, não culpes omágico.” Simultaneidade “– Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eucreio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou mematar! Eu quero viver!– Você é louco?– Não, sou poeta.”

A coisa

“A gente pensa uma coisa, acaba escre- vendo outra e o leitor entende uma terceiracoisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisapropriamente dita começa a desconfiar quenão foi propriamente dita.” Da preguiça “A preguiça é a mãe do progresso. Se o ho-mem não tivesse preguiça de caminhar, nãoteria inventado a roda.”

Tique-taque “Mera ilusão auditiva graças à qual a genteouve sempre ‘tique-taque’ e nunca ‘taque-ti-que’... Depois disso, como acreditar nos reló-gios? Ou na gente?” O incorrigível “O fantasma é um exibicionista póstumo.” Cartaz para uma feira de livro “Os verdadeiros analfabetos são os que apren-deram a ler e não lêem.”

GLOSSÁRIO

Modernismo

Calcado no clima nacionalis-

ta de mudanças sociais e no projeto estéticodas Vanguardas Européias, o Modernismobrasileiro surgiu, em 1922, devido ao esfor-ço de um grupo de intelectuais brasileirosque idealizou e realizou a Semana de ArteModerna, evento que tornou pública essanova maneira de pensar o passado, o pre-sente e o futuro da política, da sociedade,da economia e, sobretudo, da cultura bra-sileira.

Modernismo (primeira fase: 1922 a 1930

Chamada fase heróica, seria caracterizadacomo um “período de destruição” preocu-pado em difundir as novas idéias e criticarde forma violenta a literatura tradicionalis-ta. Principais representantes: Oswald de An-drade, Mário de Andrade, Manuel Bandeirae Antonio de Alcântara Machado.

Modernismo (segunda fase: 1930 a 1945

“Período de construção” em que se consoli-dam os ideais modernistas da fase anterior.Os escritores dessa fase apresentam emsuas obras uma grande preocupação com os

problemas sociais de seu tempo. Principaisrepresentantes: Jorge Amado, GracilianoRamos, Rachel de Queiroz, José Lins do Regoe Erico Verissimo.^ INDICAÇÕES PARA APROFUNDAR OSTEMAS TRABALHADOS

JORDÃO, Rose e OLIVEIRA, Clenir Bellezi de.

Linguagens: estrutura e arte

. São Paulo:

Moderna, 1999.

MEIRELES, Cecília.

As palavras voam

(antologia poética com organização de Bar-tolomeu Campos de Queirós). São Paulo:Moderna, 2005.

QUINTANA, Mario.

Antologia Poética.

Rio de Janeiro: Ediouro, 1998.

_________.

Nariz de vidro

. São Paulo: Mo-

derna, 2003.

_________.

Os melhores poemas de Mario

Quintana.

São Paulo: Global, 1996.

_________.

Pé de pilão.

São Paulo: Ática,

_________.

Poesias.

Porto Alegre/Rio de Ja-

neiro: Globo, 1983.

_________.

Prosa & verso.

São Paulo: Globo,