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Mapas conceituais e mentais são então diferenciados para evitar possíveis equívocos entre o que é considerado como mapa mental nesta pesquisa. 4.2. Mapas ...
Tipologia: Notas de estudo
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“...agora não é mais possível entender a linguagem e seus usos sem entender o efeito dos diferentes modos de comunicação que estão copresentes em qualquer texto.^40 ” (Kress, 2000, p.237)
Introdução
Este capítulo aborda o conceito de mapas mentais, seus princípios, leis^41 e suas diferentes manifestações. Os benefícios e limitações dos mapas mentais em suas diversas aplicações também são considerados. Outros métodos de organização visual de informações são mencionados, porém, atenção maior será direcionada aos mapas conceituais, tendo em vista o fato de estes serem frequentemente classificados como mapas mentais e vice-versa. Mapas conceituais e mentais são então diferenciados para evitar possíveis equívocos entre o que é considerado como mapa mental nesta pesquisa.
Mapas Mentais
De acordo com Tony Buzan, psicólogo inglês e consultor educacional, que propôs o conceito de mapas mentais em seu livro Use your head nos anos 70, o cérebro humano é um caldeirão de criatividade e tudo que ele precisa é das ferramentas corretas para que esta criatividade seja liberada, ou melhor aproveitada (Buzan, 2002). O mapa mental se propõe a funcionar como ferramenta com tal potencial.
(^40) “ it is now no longer possible to understand language and its uses without understanding the effect of all modes of communication that are copresent in any text 41 .” Termo utilizado por Buzan & Buzan, 1994, p.91.
Mapas mentais podem ser entendidos como processos gráficos de organização do pensamento e de conteúdos, pois, por meio deles, podemos concatenar várias idéias de um modo visualmente organizado em um mesmo espaço: tela de computador (versão digital) ou folha de papel.
Segundo Buzan (2002), nos anos escolares aprendemos a tomar notas linearmente, da esquerda para a direita, de cima para baixo usando lápis ou caneta, muitas vezes de uma só cor. O autor observa que uma só cor, a monocromia, tende a não estimular o cérebro e a falta de estímulos pode fazer com que ele se desligue. Adicionado a isso, Buzan cita o fato de nem todas as pessoas terem facilidade de lidar com o conhecimento apresentado de forma linear, isto é, um caderno com anotações escritas ou um livro didático, por exemplo. Ele alega que pessoas mais criativas anotam as coisas de forma desordenada, já que as idéias chegam à memória de forma flexível e não-linear.
Buzan (2002) exemplifica a questão pensando nos conteúdos que também são recebidos de forma desordenada. Apesar de o professor ter alguma sequência lógica na apresentação dos conteúdos, em uma aula, o ouvimos, ao mesmo tempo em que tentamos copiar o que está sendo dito e acompanhar tudo pelo livro didático ou Quadro, por exemplo.
Como os aprendizes lidam com tamanha desordem de informações? Geralmente, aprendizes fazem o que lhes ensinaram a fazer para guardar e organizar informações, isto é, tomam notas, fazem resumos, listas, escrevem frases, usam a lógica. Parece não ser comum, entretanto, aprendizes “desenharem” novos conteúdos. Se no caderno houver desenhos ao invés de palavras, a conclusão tende a ser a de que aquele é um caderno de lazer, pois tradicionalmente um caderno de estudos deve conter palavras, muitas palavras.
Retornemos então a sala de aula exemplificada acima onde o professor fala e o aprendiz, simultaneamente, ouve, tenta entender, tenta acompanhar com seu livro didático aberto na página certa e ainda, tomar notas para que possa revisitar aquele conteúdo posteriormente. Em meio a todas essas tarefas, talvez o esforço para reconstruir significativamente o tópico da aula se perca ou se torne secundário. Enquanto o aprendiz hipotético tomava notas, ele pode não ter conseguido perceber o ‘todo’, já que não selecionou o conteúdo; não o analisou
A estrutura radial dos mapas mentais estimula a memória, a recuperação de informações e a criatividade do indivíduo, manifesta na habilidade de estabelecer e perceber conexões por meio das palavras, imagens, cores, códigos e dimensões empregadas no mapa (Buzan & Buzan, 1994, p.60).
Mapa mental: um recurso multimodal
Conforme descrito acima, os mapas podem utilizar diferentes modos semióticos (imagem, cor, palavra, dimensão) e este fato colabora para torná-lo um recurso visual de valor para o ensino. Ao incluir imagens em sua composição, os mapas quebram um paradigma que Menezes (2001) denomina de visão grafocêntrica , que diz respeito ao privilégio em ambientes escolares e acadêmico- científicos da linguagem escrita (verbal) em detrimento a imagem. Apesar da escrita também ser uma forma de comunicação visual (Kress & Van Leeuwen, 1996, p.17), seu aparato comunicativo é de diferente abrangência e propriedades que o da imagem: “(...) ambas a linguagem e a comunicação visual realizam os mesmos sistemas fundamentais e abrangentes de comunicação que constituem nossas culturas, mas (...) cada um o faz através de suas próprias formas específicas, diferente e independentemente” (Kress & Van Leeuwen, 1996 , p.19).^45
Pode-se concluir então que nenhum modo semiótico, língua escrita, imagem ou qualquer outro, é melhor ou mais efetivo do que o outro. Cada um, simplesmente, se presta melhor, ou pior, a certos tipos de expressão de significado, de modo que, conhecer e compreender estas distinções é fundamental. Este conhecimento permite que se utilize cada modo para o fim ao qual é mais adequado. E ainda, que se utilize dois ou mais modos de forma complementar, conscientemente.
O uso de dois ou mais modos semióticos já é prática bastante comum em nossa sociedade. Quem abre o jornal se depara com fotos e fontes de diferentes
(^45) “ (…) language and visual communication can both realize the ‘same’ fundamental systems of meaning that constitute our cultures, but that each does so by means of its own specific forms, does so differently, and independently.”
tipos, tamanhos e cores para o texto escrito. O mesmo acontece ao se abrir uma revista. O ensino de LE não é imune a conjunção de modos semióticos. Os livros didáticos de LE, geralmente, contêm muitas imagens e cores vivas, além é claro da linguagem escrita. Conectando-nos a internet nos deparamos com o hipertexto que apresenta o texto escrito “de forma bidimensional – vertical e horizontal – o que viabiliza uma interação não sequencial e não linear” coexistindo com o visual que “oferece uma série de recursos de saliência – títulos, parágrafos, tipo de letra, paginação, entre outros” (Braga, 2004, p.147).
Não se sabe até que ponto, porém, essa conjunção de diferentes modos semióticos é feita de forma consciente e crítica. Belmiro (2000), por exemplo, observou, em seu estudo sobre imagens e formas de visualidade em livros didáticos de língua portuguesa do fim da década de 60 até os anos 90, que apesar de ter havido um uso crescente de imagens nos livros no período analisado, este uso era feito de forma amadora e inconsciente, com o objetivo de, apenas, dar uma visualização agradável a página.
Criticamente ou não, é fato inegável que essa conjunção é feita e que estamos expostos a ela o tempo todo. O mundo é multimodal, ou seja, significados são construídos a partir da interação de dois ou mais modos semióticos. Sobre esta questão, Kress (2000, p.337) propunha há doze anos : “Quase todo texto que eu vejo utiliza dois modos de comunicação: (a) linguagem na forma escrita e (b) imagem”^46. Com todos os avanços tecnológicos que se sucederam desde então, talvez hoje fosse possível eliminar a palavra ‘quase’ da colocação acima.
Apesar da constatação de Kress (2000), Rojo (2009) afirma que somos carentes do que ela denomina letramentos multissemióticos, ou seja, a capacidade de perceber, integrar e empregar diferentes meios semióticos, e não só os códigos alfanuméricos na construção de significado. Assim, somos visualmente “iletrados”.
Tal visão é corroborada por Dionísio (2005, p. 161):
(^46) “Nearly every text that I look at uses two modes of communication: (a) language as writing and (b) image”.
Adaptar: buscar a melhor forma, dentro do arcabouço de leis do mapa mental, para a auto-expressão. Algumas diretrizes ou leis gerais para a elaboração dos mapas são propostas, mas, ao mesmo tempo, os usuários são encorajados a adaptarem esses direcionamentos de acordo com suas necessidades, após terem conquistado o domínio dos princípios básicos (Buzan & Buzan, 1994, p.93). Entretanto, os autores ressaltam que
é importante não confundir ordem com rigidez ou liberdade com caos. Com bastante freqüência, a ordem é percebida negativamente como rígida e restritiva. De modo similar, a liberdade é confundida com caos e falta de estrutura. Na verdade, a verdadeira liberdade mental é a habilidade de criar ordem a partir do caos. 48
As leis dos mapas mentais buscam, então, auxiliar no estabelecimento desta ordem e podem ser agrupadas em dois conjuntos: técnicas e estrutura (layout).
No grupo de técnicas (Buzan & Buzan, 1994, p.97), o “designer” do mapa mental é instruído a:
Enfatizar: seja através da utilização de múltiplas cores, imagens como tema central, dimensões variadas entre imagens, palavras e linhas, sinestesia ou ramificações bem concebidas. A ênfase é tida como fator benéfico ao desenvolvimento da memória e da criatividade. O uso de cores é particularmente encorajado, pois estas podem ajudar a delimitar limites entre as diferentes idéias e, num mapa contendo muitas informações podem facilitar a identificação do que se procura. Além de ser uma ferramenta de realce do que se deseja.
Usar associações: a sugestão é que se utilize apenas uma palavra por tópico (Buzan & Buzan, 1994, p. 101). A idéia é quebrar a informação em unidades digeríveis de forma que uma única palavra-chave, conceito ou imagem leve a outra que por sua vez vai levar a outra, sucessivamente, construindo pontes umas com as outras e, como consequência, levando a um melhor entendimento sobre o tema. As
(^48) “It is important not to confuse order with rigidity or freedom with chaos. All too often, order is perceived in negative terms as rigid and restrictive. Similarly, freedom is mistaken for chaos and lack of structure. In fact, true mental freedom is the ability to create order from chaos.”
associações são conseguidas através de tópicos e subtópicos, através de setas identificadoras de conexões entre tópicos; de cores como instrumento codificador; de símbolos, ícones e imagens como metáforas associativas.
Ser claro e direto: utilizar o papel na horizontal; alocar (de preferência) uma palavra por tópico, evitar abreviações; escrita sempre sobre as linhas que devem ser do mesmo tamanho das palavras; conectar as linhas; agrupar tópicos em conjuntos maiores; Desenvolver um estilo próprio. Já do ponto de vista estrutural (Buzan & Buzan, 1994, p. 104), as recomendações são:
Construir e estabelecer relações hierárquicas para que o pensamento flua mais harmoniosamente. Ordenar os tópicos, sinalizando relevância, prioridade, ordem cronológica, etc, isto é, empregar a lógica em conjunto com o visual. Resumidamente, podemos conceber que todo mapa mental inicia-se com um tópico central ou uma imagem no centro do papel ou da tela do computador. A partir deste tópico, subtópicos são adicionados como ramificações sucessivas de forma hierárquica, mas não rígida, gerando uma sub-ramificação que é sempre dependente de um ramo principal. Cada ramificação contém uma palavra ou imagem que colabora para a construção significativa do tópico central (Buzan & Buzan, 1994, p.59).
Os mapas mentais, porém, acabam por resultar em formas bem diversificadas. Algumas são totalmente imagéticas, outras contendo somente palavras e outras mistas. Sem contar é claro com o fato de poderem ser digitais ou manuais. Abaixo, nas Figuras 3, 4 e 5, seguem alguns exemplos:
Figura 5- Mapa mental digital contendo palavras e imagens. Fonte: pesquisadora.
Versões eletrônicas de Mapas Mentais
Com o advento da era digital, há inúmeras opções de softwares para a criação de mapas no mercado, inclusive com versões para iphone e ipad^49. Este modo de se criar mapas encontra-se bastante difundido. E os softwares oferecem inúmeros recursos e atrativos que um mapa feito a mão jamais poderia oferecer.
O software Mindmanager (X5) é utilizado para a confecção de mapas nesta pesquisa pela professora e por um dos aprendizes. O software conta com uma gama de símbolos, ícones e imagens disponíveis para a utilização. Porém, de modo geral, pode-se encontrar a imagem desejada na internet, copiá-la e colá-la no mapa. Cor e imagem estão, desta forma, livremente acessíveis a mapas confeccionados desta maneira. Um exemplo de mapa produzido via software pode ser encontrado na Figura 3 (acima).
(^49) Fonte: artigo entitulado ‘X marks the spot’ publicado na revista PM Network Janeiro, 2011 volume 25, número 1
Um outro recurso dos softwares é permitir que se anexe arquivos de diferentes formatos ao mapa. Em minhas aulas, por exemplo, sempre Anexo o mapa que fiz na aula anterior para revisão, arquivos de powerpoint que eu vá utilizar ou links para videos, arquivos word, entre outros.
Contudo, desenvolver mapas através destes programas significa construí-los respeitando as características do próprio software. Se comparado a um mapa feito à mão livre, respondendo aos comandos do cérebro, que, como já foi dito acima, tem uma enorme capacidade criativa, um mapa desenvolvido via software pode mostrar-se limitado (Chicarino, 2005, p. 48).
Eppler (2006) considera que estudos comparando as vantagens e desvantagens de mapas mentais feitos em versões eletrônicas e feitos à mão são um caminho instigante a se seguir em pesquisas futuras. Comparar mapas eletrônicos e manuais não é, no entanto, o foco desta pesquisa.
Aplicações
Os mapas mentais podem ser utilizados nos mais diversos contextos e para os mais variados fins. No livro The Mind Map Book (Buzan & Buzan, 1994), os autores indicam possíveis usos de mapas para fins pessoais, familiares, educacionais, profissionais e para negócios.
Baseando-se em Buzan & Buzan (1996), Buzan et al. (1999), North (1999a, 1999b), Uhlfelder (2000) e Murkejea (2003b), Chicarino (2005, p.45) assinala as seguintes aplicações:
Aprendizado;
Organização e planejamento (de reuniões, palestras, projetos etc.); Comunicação: comunicar-se com alguém através de um mapa depende do pré-estabelecimento de códigos com esta pessoa para que não ocorram equívocos de interpretação. Tomada de decisão: o mapa aponta as implicações de cada caminho;
Os estudos citados acima são apenas ilustrações do que já foi realizado com mapas mentais. Eles demonstram que áreas científicas das mais diversas podem se beneficiar do uso dos mesmos. Deste modo, podemos concluir que as aplicações dos mapas mentais tendem a ir além do que foi, simplificadamente, listado acima.
Discussão das vantagens e desvantagens do uso de mapas mentais
Apesar de ter se mostrado uma ferramenta valiosa em diversas áreas, Budd (2003) conclui, acertadamente, que o uso de mapas mentais depende da adequação deles ao tópico tratado e aos objetivos do usuário. Assim, mais do que propor o mapa mental como uma solução ótima, especialmente no campo da aprendizagem, meu objetivo é compreender os pontos positivos e problemáticos da utilização deste modo de registro de conteúdos para os meus aprendizes.
Entre as vantagens da utilização do mapa mental, há as que, indiretamente, mencionei anteriormente: visão global (hierárquica e concisa) do conteúdo; registro não linear ou não predominantemente verbal de conteúdos; potencial de promover novas associações; compressão do espaço de registro (várias páginas ou horas de palestra viram uma folha); redução do tempo de revisão (ou estudo) das informações, já que os pontos principais se encontram reunidos no mapa, de modo que não se “perde” tempo com informações secundárias. Esta última vantagem pode ser especialmente interessante para aprendizes adultos que não dispõem de muito tempo para estudar fora da sala de aula.
Não posso deixar de mencionar como vantagem o fato dos mapas serem multimodais. Buzan & Buzan (1994, p.84) entendem que “combinar as duas habilidades corticais de palavras e imagens multiplica seu poder intelectual, especialmente quando você cria suas próprias imagens”. Ao usar cores, imagens, dimensões, linhas, entre outros, estamos utilizando os dois hemisférios do cérebro, segundo os autores, e com isso, expandindo nossas capacidades intelectuais.
Okada (2003 apud Belluzo, 2006) aponta ainda que os mapas mentais tendem a facilitar a memorização e a reorganização de idéias e conteúdos. Eppler (2006) acrescenta que os mapas são fáceis de aprender a fazer, aplicar e de
estender (adicionar novas idéias ao mapa); estimulam a criatividade e a auto- expressão. Budd (2003), por sua vez, vê nos mapas um recurso promotor de uma aprendizagem ativa e colaborativa que atenda aos diferentes estilos de aprendizagem dos aprendizes. Wheeldon & Faubert (2009) ressaltam que os mapas podem influenciar a concentração e garantir uma melhor performance em avaliações, uma vez que promovem interação e engajamento entre o aprendiz e o material. Sugerem também que o conhecimento do aprendiz é mais facilmente comunicado através de mapas do que da redação de textos.
Todos esses benefícios foram, obviamente, pautados por pesquisas e estudos realizados ou lidos pelos autores mencionados acima. Entretanto, não se pode dizer que exista unanimidade em relação às vantagens acima assinaladas. A título de exemplificação, cito o fato de que, indo de encontro às colocações de Eppler (2006), utilizo minha experiência pessoal para afirmar que nem todas as pessoas que desenvolvem mapas mentais os consideram fáceis de aprender, aplicar e estender. Bown & Hyer (2001 apud Chicarino, 2005, p.48 ) relatam que utilizar mapas mentais é mais difícil para pessoas com raciocínio linear mais direcionado para o lado esquerdo do cérebro.
Cito ainda Chicarino (2005, p.47) que apresenta na lista de benefícios dos mapas mentais o fato dos mesmos serem elementos geradores de motivação e eficiência no treinamento executivo. Na minha opinião, essa consideração é um pouco problemática, já que entendo motivação e eficiência como conceitos amplamente subjetivos.
Divergências à parte, nenhum dos pesquisadores ignorou as limitações observadas ao se lidar com os mapas mentais. Chicarino (2005, p.48) e Eppler (2006, p. 206), por exemplo, pontuam o caráter inerentemente individual (idiossincrático) do mapa como possível dificuldade para as outras pessoas com quem ele é compartilhado, ou seja, quem desenvolveu o mapa o entende, mas nem sempre outra pessoa entenderá os símbolos, imagens e até a escolha de palavras feitas. Outra limitação, apontada pelo primeiro pesquisador, é que para algumas pessoas, principalmente executivos, utilizar elementos gráficos, cores e imagens, os remete à infantilidade e por isso, eles tendem a resistir a isto.
Eppler (2006, p.204) atenta para o fato de que apesar de amplamente conhecidos, mapas conceituais não são a única forma de visualização qualitativa que estimula a aprendizagem. O autor cita métodos de visualização onde os nós (conceitos, imagens, palavras etc.) são interligados ( node-link ), como nos mapas mentais, e outros em que estes não se encontram conectados. No primeiro grupo, encontramos: mapas cognitivos, fluxogramas, modelos entidade-relacionamento, redes semânticas etc. No segundo grupo encontramos: diagramas conceituais, metáforas visuais, diagramas em V ( Vee Diagrams ), diagramas de Venn, diagramas de Euler, entre outros. Essas visualizações são ilustradas abaixo nas Figuras 6 a 13.
Figura 6- Exemplo de mapa cognitivo. Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104530X .
Figura 7- Exemplo de fluxograma. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxograma.
Figura 8- Exemplo de modelo entidade - relacionamento. Fonte:http://chasqueweb.ufrgs.br/~paul.fisher/apostilas/basdad/bd_mod_er.htm
Figura 11- Exemplo de diagrama de Venn e diagrama de Euler. Fonte: http://blog.stevemould.com/venn-vs-euler-diagrams/
Figura 12- Exemplo de diagrama conceitual. Fonte: www.agilemodeling.com
Figura 13- Exemplo de metáfora visual. Fonte: Eppler (2006).
Apesar de no trabalho de Eppler a comparação traçada envolver mapas mentais (figuras 3, 4 e 5, acima), conceituais (figuras 14 e 15), diagramas conceituais (figura 12) e metáforas visuais (figura 13), ou seja, outros métodos de visualização de conteúdos relativamente pouco explorados, na maioria dos estudos aos quais tive acesso (Kress et al, 2001; Budd, 2003; Belluzo, 2006; Eppler, 2006; Wheeldon & Faubert, 2009; Dias, 2011) , a atenção foi particularmente voltada para os mapas conceituais. Por isso, esta seção é dedicada a eles. Segundo Wheeldon & Faubert (2009, p.69), as primeiras referências aos mapas conceituais datam dos anos 70 por Stewart, Van Kirk e Rowell (1979). Seu desenvolvimento, porém, é creditado a Novak e Gowin (1984). Apesar de compartilharem algumas semelhanças, sendo a principal o fato de ambos serem estruturas radiais com raios originando de um centro comum, mapas mentais e conceituais não são equivalentes.
Os mapas conceituais fornecem uma representação visual dos esquemas dinâmicos de entendimentos existentes na mente humana ao demonstrar como as pessoas visualizam a relação entre vários conceitos. Seu objetivo é “representar relações significativas entre os conceitos na forma de proposições, que são dois ou mais termos conceituais ligados por palavras, de modo a formar uma unidade semântica” (Belluzo, 2006, p.84). Uma explicação mais técnica é encontrada em Eppler (2006, p. 203): “Um mapa conceitual é um diagrama conceitual top-down (de cima para baixo) mostrando as relações entre conceitos incluindo conexões cruzadas entre os conceitos e suas manifestações.”^50
(^50) “A concept map is a top-down diagram showing the relationships between concepts, including cross connections among concepts, and their manifestations”.