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Manual de procedimentos para herbários, Notas de aula de Botânica

É prudente fazer o tratamento individual das exsicatas antes de incluí-las na coleção, reduzindo o risco de contaminação e o estabelecimento de colônias de ...

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Pipoqueiro
Pipoqueiro 🇧🇷

4.5

(123)

405 documentos

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Manual de Procedimentos

para Herbários

A

elaboração e divulgação deste Manual de Procedimento para Herbários se constitui em um produto conectado às três ações focais do instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (iNCT) Herbário Virtual da Flora e dos Fungos do Brasil: pesquisa, formação de recursos humanos e transferência de conhecimento à sociedade. A elaboração do Manual tomou impulso com o envolvimento do iNCT Herbário Virtual no projeto Ampliação, integração e disseminação digital de dados Repatriados da Flora Brasileira, no contexto do Reflora, um programa também do CNPq/ MCTi. Neste projeto o iNCT lida com herbários do exterior que enviam dados e imagens ao Global Biodiversity information Facility (GBiF), estabelecendo acordos e capturando imagens

Apresentação

de espécimes coletados no Brasil e os disponibilizando no Herbário Virtual, via specieslink. Envolve também o desenvolvimento de um servidor e de serviço web para as imagens de espécimes de herbários do Brasil e a instalação de uma sala para visitação pública, na Universidade Federal de Pernambuco, mostrando o funcionamento de um herbário tradicional e o herbário virtual. A inauguração desta sala, em abril deste ano, tornou mais evidente a importância da publicação que ora apresentamos e para a qual contamos com o apoio da Universidade Federal de Pernambuco, responsável pela impressão na Editora Universitária e a indispensável parceria de botânicos e micólogos, de diferentes especialidades, que lidam com coleções biológicas.

O Manual de Procedimento para Herbários não se propõe a abranger, de modo aprofundado, todos os aspectos da curadoria de herbários, mas a fornecer instruções básicas

de como proceder nas diversas situações ligadas às coletas, herborização, registro e inclusão de exemplares em coleções, além da organização e manutenção de um herbário.

A intenção é contribuir para divulgação de normas e procedimentos, auxiliando pesquisadores, técnicos e alunos e motivar estudiosos de outros campos da ciência e o público leigo a perceber a importância estratégica dos herbários para a ciência e para a conservação ambiental. Esperamos que o manual ajude a aprimorar as atividades realizadas nos herbários do país; que conquiste novos estudantes, parceiros e outras pessoas interessadas em descobrir, estudar, apoiar este setor da ciência, estratégico para a Botânica e a Micologia e para a conservação de espécies de plantas e fungos do Brasil.

AriAnE LunA PEixoto e LEonor CostA MAiA

H

erbário - do latim herbarium - é o nome empregado para designar uma coleção de plantas ou de fungos, ou de parte desses, técnica e cientificamente preservados. Os herbários são prioritariamente utilizados para estudos da flora ou micota de uma determinada região, país ou continente, enfocando morfologia, taxonomia, biogeografia, história e outros campos do conhecimento.

Em outras palavras, herbário é uma coleção dinâmica de espécimes de fungos ou de plantas, de modo geral

Introdução

desidratados ou preservados em meio líquido, destinada a servir como documentação da diversidade vegetal e fúngica. Entre outras finalidades, os herbários são utilizados para:

(a) identificação de espécimes de plantas e fungos desconhecidos, pela comparação com outros espécimes da coleção herborizada, previamente identificados por especialistas; (b) inventário da flora ou da micota de uma determinada área; (c) reconstituição da vegetação e da micota de uma região; (d) avaliação da ação do homem, da poluição ou do efeito de eventos e perturbações naturais

na vegetação e na micota de uma área específica; (e) reconstituição de caminhos percorridos por naturalistas, botânicos ou coletores, e de parte de suas histórias de vida 1. desta forma, muitos dados podem ser obtidos no manuseio do material herborizado, ou nas consultas às informações contidas nas etiquetas dos exemplares, disponíveis em bancos de dados, muitos dos quais on line^2 ou em fichários nos próprios herbários.

1 Vicki Funck, 2004. 100 Uses for an Herbarium. http://www.peabody.yale.edu. 2 veja em http://inct.splink.org.br os dados contidos nas etiquetas dos exemplares dos herbários vinculados ao iNCT Herbário Virtual da Flora e dos Fungos.

que nele trabalham, número de exemplares e outros dados tornam-se disponíveis para consulta. O index Herbariorum é uma publicação dinâmica, cujos dados são periodicamente atualizados. Para ser registrado, é necessário que o herbário:

  1. esteja vinculado a uma instituição, possua no mínimo 5.000 exsicatas^4 , e mantenha a coleção acessível a cientistas, estudantes e comunidade em geral;
  2. possua uma equipe mínima de trabalho, constituída de curador, botânicos e/ou micologistas taxonomistas, técnico/herborizador e mantenha o espaço e as condições de temperatura e umidade adequadas à guarda da coleção.

4 Amostra seca de planta ou fungo incluído na coleção científica de um herbário.

O herbário também pode solicitar ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), o credenciamento da instituição pública nacional de pesquisa e desenvolvimento como fiel depositária de amostra de componente do patrimônio genético. Para solicitar o credenciamento, acesse: http://www.mma.gov.br/patrimonio-genetico/conselho- de-gestao-do-patrimonio-genetico/instituicoes-fieis- depositarias/como-solicitar.

A lista dos herbários brasileiros com registro no index Herbariorum, e de outros que ainda não alcançaram esse status, encontra-se na página da sociedade Botânica do Brasil ( www.botanica.org.br/conteudo.php?id=40 ). A atualização dos dados está a cargo da Rede Brasileira de Herbários (RBH), que tem como missão articular e fomentar o desenvolvimento dos herbários brasileiros e suas coleções associadas.

imagem de exsicata

A maioria dos herbários brasileiros e alguns do exterior também estão vinculados ao instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (iNCT) Herbário Virtual da Flora e dos Fungos, criado em 2008, com apoio do Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para disponibilizar on line dados e informações sobre os herbários da rede, listados em http://inct.florabrasil.net/in/. Esses herbários aderiram à iniciativa de divulgar os dados de seus acervos pelo sistema de informação distribuído para Coleções, o speciesLink/CRiA^5.

5 Centro de Referência em informação Ambiental (http://splink.cria.org.br)

servir como acervo para documentação científica de pesquisas sobre flora, vegetação e comunidades de fungos e, ao mesmo tempo, fornecer material de análise para pesquisas; fornecer dados e informações para subsidiar políticas públicas de preservação ambiental.

Cada herbário deve ter sua missão claramente definida e estabelecer metas, que poderão ser periodicamente reavaliadas. Assim, se a missão é manter a guarda de exemplares da flora e/ou micota da região onde é instalado, as metas deverão ser planejadas para que esta missão possa ser cumprida. Neste caso o herbário terá uma amplitude regional, sendo as exsicatas e outros exemplares coletados predominantemente na região então definida.

O Herbário UEFs, da Universidade Estadual de Feira de santana, Bahia, por exemplo, procurando cumprir as metas estabelecidas por sua equipe de professores e estudantes, detém exemplares de plantas e fungos representativos principalmente do semiárido nordestino. O Herbário RB, do instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por outro lado, é um herbário nacional, com coleções de diferentes regiões do País e de diversos grupos taxonômicos.

Há herbários voltados para grupos específicos, como é o caso do Herbário URM, da Universidade Federal de Pernambuco, que mantém exclusivamente coleções de fungos, e conta hoje com mais de 80.000 registros de coletas realizadas, sobretudo, na Amazônia e no Nordeste.

P

ara coletar espécimes de plantas e fungos, o pesquisador deve ter autorização de instituição competente (MMA, ibama, sisbio). depois de estudado e identificado, o material deve ser depositado em herbário, para ser registrado e conservado. Quando não é possível a identificação de imediato, o material pode ser depositado e, posteriormente, estudado por um especialista do grupo correspondente.

Coletas

além de roupas e sapatos apropriados aos locais de coleta ( FigurAs 1 a 4 ).

Recipientes de vidro com álcool a 70% ou FAA (Formol 40% - 5 ml + Álcool 70% - 90ml + Ácido acético glacial – 5 ml). sacos plásticos com sílica gel para materiais delicados (por exemplo: fungos agaricóides, gasteróides,...).

Para coletas de algas marinhas, utilizam-se recipientes de vidro com formalina comercial diluída a 4% em água do mar ou de torneira. Para algas de água doce são usados vidros com solução de Transeau (6 partes de água

  • 3 partes de álcool etílico 95ºGL + 1 parte de formalina).

FigurA 1 fita métrica, machadinha, pá, garfo e podão;

FigurA 2 lupas de bolso, faca, espátula, caderneta de campo, sacos de papel e caneta; A caderneta de campo pertenceu ao Prof. Geraldo Mariz, fundador do Herbário UFP.

Na coleta de brióFitAs, procurar preferencialmente gametófitos com esporófitos, tendo em vista que estes são, muitas vezes, necessários à identificação. sempre que possível, coletar o material com parte do substrato, como folha, casca de tronco vivo ou em decomposição.

Os bAsidioMAs e AsCoMAs ou outras estruturas reprodutivas dos fungos podem ser coletados em diferentes estágios de desenvolvimento, mas só os maduros serão analisados microscopicamente. O material deve ser trazido ao laboratório em saco de papel ou caixa, individualmente, evitando que fungos diferentes sejam guardados em um mesmo recipiente, o que pode acarretar a mistura dos respectivos esporos, dificultando a identificação.

tALos LiquêniCos devem ser coletados apenas quando maduros.

As MACroALgAs MArinhAs bEntôniCAs podem ser coletadas em costões rochosos e recifes de corais, preferencialmente durante a maré baixa. A coleta pode ser manual, ou com o auxílio de espátula e, no caso de espécies incrustantes, com uso de martelo. É aconselhável colocar o material em balde, saco plástico, ou frasco de vidro contendo água do mar. Por sua vez, a coleta em profundidade exige técnica de mergulho, barco e draga.

A coleta de MiCroALgAs EM AMbiEntE AquátiCo, de água doce ou salgada, pode ser realizada com o emprego de rede de plancton presa na abertura de um frasco de vidro.

A dimensão da malha da rede é escolhida em função do tamanho do(s) grupo(s) a ser(em) investigado(s). A amostragem pode ser horizontal ou vertical na coluna de água.

MiCroALgAs EPíFitAs devem ser coletadas com o forófito inteiro ou com parte dele.

Evitar a coleta em dias chuvosos, bem como a coleta de plantas terrestres molhadas que facilitam a formação de mofo (fungos oportunistas que se instalam quando o substrato/ambiente está úmido). Evitar indivíduos depauperados, com vestígios de ataques por insetos, infestações de fungos e outros sintomas patológicos evidentes. É aconselhável coletar amostras que

preencham ao máximo a área de uma folha de jornal dobrada (42 cm x 29 cm).

sempre que possível, deve-se coletar cinco duplicatas^6 : uma para o herbário do coletor, outra para o herbário do especialista na família, e as demais para serem utilizadas no processo de intercâmbio com outros herbários.

Numeração das amostras

Cada coletor deve manter um CAdErno dE CAMPo, onde são registradas anotações sobre os espécimes coletados, associados a um número correspondente, em ordem

6 Exemplares de uma espécie coletados em uma mesma ocasião e que recebem o mesmo número do coletor.