



Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Um estudo realizado pelo autor arménio ramos sobre a frequência de registro da manobra de ortolani em consultas de saúde infantil no centro de saúde de faro. O objetivo principal do trabalho é verificar a frequência de registro da manobra na primeira consulta e aos dois e quatro meses de idade, e quantificar a possível melhoria após uma intervenção sensibilizadora. O autor utiliza dados de registros clínicos para analisar a presença ou ausência de registros explícitos da manobra em consultas separadas por uma intervenção. O documento discute a importância dos registros na qualidade do serviço prestado e na tomada de decisões em medicina.
Tipologia: Notas de aula
1 / 7
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
s manobras de Ortolani e Barrow (adiante designadas no seu conjunto, por como- didade de exposição, como manobra de Ortolani) representam um exame imprescindível na Consulta de Saúde Infantil, em Cuidados de Saúde Primários. Estas duas provas clínicas visam a detecção das situações de luxa- ção congénita da anca, um defeito em que esta luxa espontaneamente devido a alterações várias na congruência das superfícies articulares 1. Abrange-se, sob aquela designação, um conjunto de situações que vão da instabilidade arti- cular à luxação propriamente dita, pas- sando pela displasia acetabular e sub- luxação.
De acordo com o programa – tipo de actuação em Saúde Infantil e Juvenil (emanado pela Divisão de Saúde Infantil da Direcção – Geral de Saúde), a reali- zação da manobra de Ortolani deve in- tegrar o exame de saúde na primeira consulta e aos dois meses de idade^2. A partir desse momento, a doença luxan- te da anca (designação com que alguns autores preferem englobar aquele con- junto de situações, ao mesmo tempo que a expressão luxação congénita da anca é usada, estritamente, no caso em que há perda de contacto entre as su- perfícies articulares) passa a ser ras- treada pela avaliação dos «sinais clás- sicos», da postura e da marcha. O sinal de Ortolani passa a ser, por norma, sempre negativo a partir do quinto ou sexto meses de vida^1 seja porque hou- ve normalização da anca ou porque, embora subluxada ou luxada, estabili- zou numa posição anómala e já se não consegue a sua redução através desta manobra. Em face destas razões foram apuradas, neste estudo, as consultas de vigilância ocorridas até aos quatro meses de vida, inclusive. Pelo até aqui exposto, a manobra de Ortolani foi eleita como alvo de investi- gação no presente trabalho, na sua exe- cução e, o que deverá ser sinónimo da execução, no seu registo. O referido programa – tipo de actua- ção em Saúde Infantil e Juvenil afirma como uma preocupação a melhoria de qualidade da consulta, a integrar o «crescente rigor científico exigido às acções de vigilância de saúde». No presente trabalho, o autor teve
ARMÉNIO RAMOS
Arménio Ramos Interno do 3o^ ano do Internato Complementar de Clínica Geral Centro de Saúde de Faro
RESUMO Objectivo: Verificar a frequência com que é efectuado registo da manobra de Ortolani, na Consulta de Saúde Infantil do Centro de Saúde de Faro, e eventual melhoria após uma inter- venção correctora. Tipo de Estudo: Estudo de avaliação de qualidade em duas fases. Local: Centro de Saúde de Faro. População: Crianças nascidas e inscritas no Centro de Saúde de Faro entre 1 de Abril e 31 de Dezembro de 1999 (1a^ fase), e em igual período de 2000 (2 a^ fase). Métodos: A dimensão em estudo foi a competência técnico-científica, avaliada com base em dados de processo. Na 1 a^ fase estudaram-se 439 consultas (0, 2 e 4 meses). Após a inter- venção de motivação para a necessidade do registo de execução da manobra, a 2a^ fase de avaliação incidiu sobre 506 consultas. Como fonte dos dados utilizaram-se as fichas clínicas de Saúde Infantil. Como critério, explícito e normativo, assumiu-se que o registo da manobra deve acompanhar a sua execução nas consultas em que é pertinente. Resultados: Na 2a^ fase, houve 55,9% de registos na 1a^ consulta, 32,8% na consulta dos 2 meses e 32,2% na consulta dos 4 meses (em oposição a 30,5%, 13,0% e 9,7% na primeira fase). Conclusão: Considera-se ser de incentivar outras intervenções de melhoria da qualidade assis- tencial.
Palavras-Chave: Ortolani; Intervenção; Avaliação de qualidade.
como objectivo verificar a frequência com que era efectuado o registo da exe- cução da manobra de Ortolani e, para além disso, quantificar a eventual me- lhoria que poderia ser observada após uma intervenção sensibilizadora em re- lação à necessidade desse registo. Esta necessidade emerge, precisamente, da noção de qualidade em cuidados de saúde e do papel desempenhado pelos registos médicos na prestação conti- nuada de cuidados. O conceito de qualidade não é de fá- cil definição, embora uma satisfatória aproximação a defina com base na acessibilidade e equidade da prestação de serviços, na sua adequação aos re- cursos disponíveis, e na satisfação atingida junto do utilizador desses serviços3,4. Deste modo, deve surgir co- mo preocupação do profissional presta- dor dos cuidados a tentativa de melho- ria do nível técnico e científico dos mes- mos e a correcção de deficiências detec- tadas3,4,5. É este o porquê da tentativa de medir a qualidade: permitir a sua melhoria dentro de um espectro con- tínuo, com diferentes graus. O ciclo de garantia de qualidade inicia-se pela identificação de um problema ou área a melhorar. Após uma primeira avalia- ção que incidirá sobre a realidade pre- sente, esta é comparada com o padrão assumido como desejável. Segue-se a análise das causas provavelmente im- plicadas na eventual discrepância en- tre a realidade encontrada e o que se as- sumiu como desejável. É então que são propostas medidas correctoras para as quais se tenta a sensibilização dos profissionais, após o que se procede a nova avaliação na tentativa de verificar a eficácia obtida por essas medidas. Neste ciclo, é importante o «feed–back» fornecido aos profissionais após cada processo de avaliação ou monitoriza- ção4,5. O autor procurou, neste traba- lho, fazer uma avaliação da presença ou ausência de registo de execução da manobra de Ortolani, em dois momen-
tos distintos e separados por uma in- tervenção sensibilizadora junto dos Colegas. Diversos autores têm identificado a qualidade dos registos com a qualidade do serviço prestado e, deste modo, do desempenho profissional3,4,5. Dois pres- supostos foram definidos como as si- tuações desejáveis, na concepção deste trabalho: o de que a execução de um ac- to se deve acompanhar do seu registo, e o de que a existência do registo asse- gura a efectiva execução do acto regis- tado (ou seja, o desejável será que não exista acto sem registo, nem registo sem acto). Rui Caeiro, no seu trabalho Registos Clínicos em Medicina Familiar men- ciona, expressamente, «um bom regis- to é um índice da qualidade da activi- dade do médico e é fundamental para uma boa abordagem do utente»^6. Como ponto fulcral da intervenção para me- lhoria de qualidade, foi feita a chama- da de atenção para a desmistificação do preconceito, muito generalizado, de que a execução dos registos interfere na qualidade da tarefa assistencial, deven- do os mesmos ser vistos como integran- tes da própria actividade do Clínico e elementos indispensáveis na tomada de decisões em Medicina4,7.
No presente estudo foram executadas duas avaliações, com um ano de inter- valo, sendo ambas de carácter retros- pectivo. Os componentes de avaliação são, como proposto por R. H. Palmer^3 relativamente ao desenho de uma ava- liação da qualidade assistencial:
Em obediência a este desenho, foram estudadas, na 1a^ fase, um conjunto de 439 consultas, respeitantes a 273 crianças nascidas e inscritas nos 32 Médicos de Família que aceitaram par- ticipar no estudo (e a que se adicio- naram também as referidas como «Sem Médico»), entre 1 de Abril e 31 de De-
zembro de 1999. Na 2a^ fase, foram estudadas 506 con- sultas respeitantes a 462 crianças nas- cidas e inscritas nos mesmos 32 Mé- dicos (novamente incluídas as «Sem Médico»), entre 1 de Abril e 31 de De- zembro de 2000. O Quadro I elucida acerca da dis- tribuição do número de crianças e con- sultas, para cada uma das duas fases. Verificou-se um aumento do número de
QUADRO I DISTRIBUIÇÃO DAS CRIANÇAS E CONSULTAS OCORRIDAS, NAS DUAS FASES DO ESTUDO
1 a^ FASE
1 a^ Consulta 2 a^ Consulta 3 a^ Consulta Total Consultas 190 146 103 439
273 Crianças inscritas
2 a^ FASE
1 a^ Consulta 2 a^ Consulta 3 a^ Consulta Total Consultas 236 180 90 506
462 Crianças inscritas
QUADRO II PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE REGISTOS, EM AMBAS AS FASES, NA 1A^ CONSULTA (1º MÊS DE VIDA)
1 a^ FASE 2 a^ FASE N % N % Presença de registo 58 (30,5) 132 (55,9) _(+25,4)_* Ausência de registo 132 (69,5) 104 (44,1) Total de Consultas observadas 190 (100,0) 236 (100,0)
*O valor entre parêntesis refere-se aos valores percentuais calculados sobre o total de consultas em cada fase. Representa a diferença de percentagens em que houve registo (entre a 1a^ e a 2 a^ fases).
a 1 CONSULTA
QUADRO III PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE REGISTOS, EM AMBAS AS FASES, NA 2A^ CONSULTA (2 MESES)
a 1 CONSULTA
1 a^ FASE 2 a^ FASE N % N % Presença de registo 19 (13,0) 59 (32,8) _(+19,8)_* Ausência de registo 127 (87,0) 121 (67,2) Total de Consultas observadas 146 (100,0) 180 (100,0)
*O valor entre parêntesis refere-se aos valores percentuais calculados sobre o total de consultas em cada fase. Representa a diferença de percentagens em que houve registo (entre a 1a^ e a 2 a^ fases).
a 2 CONSULTA
crianças observadas na segunda fase. Nos quadros II, III e IV são apresen- tados os valores absolutos (e percen- tuais) referentes à ausência e presença de registo de execução da manobra, res- pectivamente, na primeira consulta, aos 2 e aos 4 meses. Verificou-se um au- mento percentual entre 19,8% e 25,4% no registo da manobra de Ortolani da primeira fase para a segunda. Finalmente, o quadro V põe em evi- dência a mesma comparação de valores mas para o conjunto das três consul- tas, correspondendo a um aumento de 23,7% do registo da manobra após a in- tervenção.
Uma primeira consideração deve ser tecida relativamente ao observado no quadro I. De facto, encontra-se um con- siderável aumento do número de crian-
ças entre a 1a^ e a 2a^ fases. Este aumento surgiu, sobretudo, à custa das que ficaram registadas como «Sem Médico». Tal não significará, necessariamente, que tenha ocorrido um aumento de na- talidade no período de 1 de Abril a 31 de Dezembro de 2000 relativamente a igual período do ano anterior. Estes números foram obtidos por consulta do sistema informático do Centro de Saúde, o qual assenta no pedido de Cartão de Utente. Dado que a consulta que forneceu os elementos para a 1a^ fa- se decorreu num período em que esta- va em curso a atribuição do Cartão poderá ter resultado que, no ano se- guinte, o número de crianças inscritas tivesse aumentado e este excesso ficas- se inscrito como «Sem Médico», por não obter lugar na lista dos Médicos exis- tentes. Pode ser verificado que, relativamen- te ao número de crianças inscritas, o número de consultas se afigura pe-
QUADRO IV PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE REGISTOS, EM AMBAS AS FASES, NA 3A^ CONSULTA (4 MESES)
a 1 CONSULTA
1 a^ FASE 2 a^ FASE N % N % Presença de registo 10 (9,7) 29 (32,2) _(+22,5)_* Ausência de registo 93 (90,3) 61 (67,8) Total de Consultas observadas 103 (100,0) 90 (100,0)
*O valor entre parêntesis refere-se aos valores percentuais calculados sobre o total de consultas em cada fase. Representa a diferença de percentagens em que houve registo (entre a 1a^ e a 2 a^ fases).
a 3 CONSULTA
QUADRO V PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE REGISTOS, EM AMBAS AS FASES, NO CONJUNTO DAS 3 CONSULTAS
a 1 CONSULTA
1 a^ FASE 2 a^ FASE N % N % Presença de registo 87 (19,8) 220 (43,5) _(+23,7)_* Ausência de registo 352 (80,2) 286 (56,5) TOTAL DE CONSULTAS 439 (100,0) 506 (100,0)
*O valor entre parêntesis refere-se aos valores percentuais calculados sobre o total de consultas em cada fase. Representa a diferença de percentagens em que houve registo (entre a 1a^ e a 2 a^ fases).
CONSULTAS
Recebido em: 23/07/ Aceite reformulado para publicação em: 10/04/
PERFORMANCE AND RECORDING OF THE ORTOLANI MANOUVER
Objective: To assess the frequency of recording of the Ortolani manouver results at the Child Health Consultation at the Faro Health Center and the improvement on that recording after a motivational intervention. Type of study: Two-phase quality assessment study. Setting: Faro Health Center. Population: Children born between 1 April – 31 December 1999 (first phase) and at the same period in 2000 (sencond phase), registered at the Faro Health Center. Methods: The dimension studied was the technical-scientific competence, evaluated on the basis of the medical records. In the first phase 439 appointments were studied (at 0, 2 and 4 months after birth). After an inter- vention motivating the participating doctors for the need to record the results of the manouver, 506 appoint- ments were studied. Clinical records of Child Health consultations were used as data source. The explicit, nor- mative, criterium used was that the record of the result of the manouver must always follow its performance in the consultations where it is deemed appropriate. MÉTODOS: A dimensão em estudo foi a competência técnico-científica, avaliada com base em dados de proces- so. Na 1a^ fase estudaram-se 439 consultas ( 0, 2 e 4 meses). Após a intervenção de motivação para a neces- sidade do registo de execução da manobra, a 2a^ fase de avaliação incidiu sobre 506 consultas. Como fonte dos dados utilizaram-se as fichas clínicas de Saúde Infantil. Como critério, explícito e normativo, assumiu-se que o registo da manobra deve acompanhar a sua execução nas consultas em que é pertinente. Results: At the second phase the manouver was recorded in 55.9% of first consultations, 32.8% at the 2 months consultation and 32.2% at the 4 months consultations, as opposed to 30.5 %, 13.0 % and 9.7 % at the first phase. Conclusion: This manouver should be encouraged as a way of improving the quality of care to children.
Key-words: Ortolani; Intervention; Quality Assessment.