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O dublador recebe por hora de dublagem, o tradutor pelo tempo do filme (filme com 90 ou 100 minutos e multiplicar por 5 ou 6 reais). É preciso ter nota fiscal.
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Inglês e Literaturas em Língua Inglesa da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Inglês. Orientadora: Prof. Esp. Georgina Maria Duarte Campos.
Brasília - DF 2012
Aos meus pais, Robson e Fanny, sem os quais eu nunca teria chegado a este dia e que foram a base de todo o meu aprendizado. Às minhas professoras Iete e Kátia que despertaram a paixão dos estudos em minha vida.
Agradeço inicialmente a Deus, a quem devo tudo o que sou.
À minha orientadora, Prof. Esp. Georgina Maria Duarte Campos, pelo encorajamento, pelas sugestões e por ter acreditado em meus ideais.
Ao diretor do Curso de Graduação em Letras, Prof. Esp. Rogério da Silva Sales Pereira, que se mostrou sempre solícito aos seus alunos.
E aos professores e colegas que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão deste trabalho.
Muito obrigada.
CUNHA, Lorena Taynah de Miranda. A modificação das caracterizações de personagens decorrente da tradução para a dublagem em filmes bilíngues. 2012. 122 p. Monografia (Inglês e Literaturas em Língua Inglesa) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2012.
Este trabalho monográfico consiste em uma discussão sobre a tradução para a dublagem de filmes bilíngues, analisando o quão fiel os tradutores se mantiveram em relação às características originais dos personagens. No primeiro capítulo, há a apresentação da base teórica referente à tradução e à dublagem. A teoria é baseada em trabalhos de autores renomados, como Geir Campos (1987) e Paulo Rónai (2012). O segundo capítulo expõe os ideais que regem este trabalho e também a coleta de dados dos três filmes que compõem os objetos de estudo: Bastardos Inglórios (2009), O Poderoso Chefão (1972) e Rio (2011). Por fim, há a discussão dos dados coletados em relação à sua tradução e à sua dublagem. Após a análise, conclui-se que 69% dos personagens mantiveram sua caracterização original; portanto, não sendo modificados pela tradução feita. Desta conclusão, depreende-se também que o trabalho de dublagem no Brasil é muito bem exercido por seus profissionais, mas como se sabe, pouco reconhecido.
Palavras-chave: Tradução. Dublagem. Filmes bilíngues. Caracterização dos personagens.
This monograph consists of a discussion about translating bilingual movies focusing on dubbing. Its aim is the analysis of how accurate translators have been towards maintaining the original features of the characters. In the first chapter, there is the presentation of the theory on translation and dubbing. The theory is based on works of renowned authors such as Geir Campos (1987) and Paulo Rónai (2012). The second chapter displays the main ideas that conduct this monograph, and it also displays the data collection of the three movies integrating the study: Inglourious Basterds (2009), The Godfather (1972) and Rio (2011). Finally, there is the discussion of the collected data concerning their translation and dubbing. After the analysis, it is concluded that 69% of the characters remained with their original features; thus, suffering no changes due to the translation. Along with this conclusion, it is possible to confirm that even though the labor of dubbing is very well executed in Brazil, it is not equally recognized.
Key-words: Translation. Dubbing. Bilingual movies. Features of the characters.
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INTRODUÇÃO
Atualmente a indústria cinematográfica é uma das que mais cresce mundialmente graças ao enorme público consumidor. Porém, sua produção em alta escala não pertenceu sempre a um mesmo local. Oficialmente acredita-se que o cinema surgiu em 1895 em Paris sem fins lucrativos e/ou de entretenimento (SILVEIRA, 1978). Com o passar dos anos, dois franceses, Méliès e Pathé, tiveram papeis importantíssimos que mudaram a ideia inicial do que era cinema fazendo com que esse se tornasse espetáculo de entretenimento com fins lucrativos industriais. Após a explosão da I Guerra Mundial, o foco da grande produção cinematográfica migrou dos ares europeus para onde viria a ser a maior potência industrial mundial, os Estados Unidos. Hoje o Brasil, assim como muitos outros países, é bombardeado com produções cinematográficas hollywoodianas. Para ser possível a chegada de filmes americanos para o público brasileiro, vários processos se fazem necessários, dentre eles estão os de tradução. O tema que norteia este trabalho de pesquisa se baseia em analisar se os aspectos que são levados em consideração quando se traduz para a dublagem filmes bilíngues do inglês e outra língua-alvo para o português brasileiro modificam o resultado final das caracterizações dos personagens. De acordo com os resultados obtidos pela Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,7% da população brasileira continua analfabeta apesar das campanhas e programas que visam acabar com o analfabetismo. A princípio pode-se parecer uma porcentagem pequena, mas como o Brasil é um país de grandes dimensões e, portanto, com grande população, 9,7% representa ainda 14 milhões de analfabetos no país (FOLHA ONLINE). Tendo em vista tais números, como então fazer com que as grandes produções cinematográficas americanas cheguem ao conhecimento desses 14 milhões de brasileiros? A resposta para esta pergunta é simples: por meio da dublagem. Dublagem é uma categoria de tradução que visa “à substituição da voz original de produções audiovisuais (filmes, desenhos animados, telenovelas, documentários) pela interpretação de um dublador, quase sempre em outro idioma.” (UNIVERSIDADE DE DUBLAGEM). A dublagem é de essencial
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importância para a propagação da cultura cinematográfica estrangeira no nosso país devido principalmente ao grande número de analfabetos existente. No entanto, a dublagem não é importante somente por causa da alta taxa de pessoas analfabetas em nosso país. Temos ainda um grande número de semianalfabetos ou analfabetos funcionais, pessoas que conseguem basicamente desenhar seus nomes para assinar documentos e ler sílabas de palavras (leitura silábica), mas não conseguem compreender a leitura que fazem e não conseguem construir um texto de forma clara. Além dos analfabetos e analfabetos funcionais, a dublagem também é importante e muito válida para crianças que ainda não sabem ler e para idosos cujas visões não conseguem mais acompanhar o ritmo e o tamanho das legendas. Ademais, há de se levar em consideração também o hábito de leitura que a sociedade alfabetizada mantém em sua rotina. Em uma tentativa de proporcionar uma melhor forma de visualização desse último aspecto, uma pequena pesquisa quantitativa foi feita e dispõe de uma amostra de 50 pessoas, sendo 12% alfabetizadas até o ensino fundamental, 22% até o médio, 52% com formação em ensino superior e 14% com títulos em pós-graduação. Nota-se que a grande maioria apresenta escolaridade até o ensino superior ou pós. Foram analisadas várias questões sobre o hábito de leitura que os entrevistados mantêm em sua rotina. Em primeiro lugar, questionou-se se a leitura é um hábito prazeroso de lazer: 84% disseram que sim enquanto 16% discordaram. Quando foi questionado sobre que tipo de livros mais compram, a maioria dos entrevistados responderam que, na verdade, não compram livros. À primeira vista, isso parece ser contraditório com a primeira questão já que 84% considera prazerosa a leitura. No entanto, a conclusão subsequente vem da questão seis: 60% dos entrevistados acreditam que o alto preço de livros influencia na não compra dos mesmos. Sobre a frequência de leitura, 36% disseram que a última vez que leram um livro foi esta semana, 32% este mês, 6% mês passado, outros 6% leram há dois meses e 20% marcaram que a última vez que leram um livro foi há mais de dois meses. Outro dado interessante concluído pela pesquisa mostra que a preferência de se ter conhecimento sobre tal estória é assistindo ao filme (72%) em vez de ler o livro (28%). Esse dado deixa extremamente claro que até mesmo as pessoas com alto nível de escolaridade não têm o costume de ler quando outra forma de
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entender minuciosamente o trabalho tão complexo e atribulado que é traduzir. Para os estudiosos da língua inglesa, o idioma sempre gerou curiosidade e, portanto, dedicação nos estudos por parte dos mesmos. Quando se inicia os estudos de tradução, o idioma se torna ainda mais fascinante. A realização desse trabalho almeja o aprofundamento de tais estudos e a compreensão dos graus de dificuldade encontrados na profissão do tradutor para a dublagem com foco em filmes bilíngues. Este tipo de filme, por sua vez, se torna interessante já que sua principal característica é ter duas línguas-fontes a serem traduzidas para uma língua-alvo. O trabalho será divido em dois capítulos que discorrem sobre o processo de tradução até a dublagem e a apresentação da pesquisa qualitativa.
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CAPÍTULO 1 – O PROCESSO DE TRADUÇÃO ATÉ A DUBLAGEM
1.1 O que é tradução?
Quando se pensa em tradução logo vem à mente um processo em que um idioma A se faz entender em um idioma B por intermédio de um tradutor, seja esse humano ou computadorizado. No entanto, é necessário compreender que tal entendimento possibilitado por meio da tradução não se faz somente entre palavras, mas principalmente entre culturas. Segundo Geir Campos (1987, p. 26): “Não se traduz afinal de uma língua para a outra, e sim de uma cultura para outra.” Por esse e outros motivos, como conhecimento profundo da linguística e capacidade de compreensão de diferenças culturais, é que o trabalho de tradução se torna árduo e limitado a profissionais da área. Portanto, deve-se tomar cuidado com o pensamento equivocado de que uma pessoa que sabe dois idiomas fluentemente consegue fazer um ótimo trabalho como tradutor. Pode até ser que essa pessoa consiga traduzir uma frase simples como She bought a blouse yesterday, pois esta seria uma tradução literal das palavras para Ela comprou uma blusa ontem. Porém, quando algo um pouco mais complicado aparece, como uma expressão idiomática, é preciso entender que uma tradução literal já não serve mais e então procurar outra saída, uma que provavelmente precisará de no mínimo uma pesquisa linguística. Segue o exemplo com a frase: The new employee did not take long to learn the ropes. Nesse exemplo, é preciso ter em mente os vários significados e possíveis traduções que o verbo take apresenta, e, além disso, é preciso entender e saber o equivalente da expressão learn the ropes na língua-alvo, que, a propósito, é pegar as manhas. A tradução é uma atividade que exige muitas horas de dedicação e exige também certa experiência prática para se tornar mais natural para o tradutor. O profissional da área precisa saber toda a teoria por trás do processo de tradução, mas mais importante do que ter um excelente conhecimento teórico, é saber aplicá-lo em seu trabalho. Mais uma vez Campos (1987, p. 27) discorre sobre a parte prática do trabalho do tradutor: “Mesmo porque, como se diz, tradução se aprende traduzindo.” Entende-se, portanto, que não bastam
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que se dá entre temperaturas. No Brasil, usa-se a unidade de grau Celsius para medir temperaturas, enquanto que nos EUA é usada a unidade de grau Fahrenheit. Os dois representam a exata temperatura do ambiente com a única diferença de que são unidades de medida diversas. Isso que é necessário que aconteça em um trabalho de tradução: a mensagem precisa ser a mesma, mas em diferentes línguas. O próximo dicionário é o Macmillan Essential Dictionary que nos proporciona a seguinte definição: “The activity of changing spoken or written words into a different language.”^2 Nota-se que dentre as definições pesquisadas, essa é a primeira a incluir tanto a tradução oral quanto a tradução escrita. É importante manter esse aspecto em mente, pois diferentes técnicas de tradução são usadas para suas diferentes ramificações, como a oralidade e a escrita. Além disso, o dicionário se limita a apresentar uma definição simples e curta – a mudança para outra língua – , mas sem omitir o princípio básico da tradução. Seguindo com a pesquisa em dicionários, observe o que o site urbandictionary.com diz sobre o que é tradução. Esse é um dicionário bastante informal e qualquer usuário pode editá-lo com suas próprias definições, ou seja, definições que não são oficiais. O conceito encontrado foi: “Translation: turning a thing understandable to one group of people to a thing understandable to another”^3_._ Bastante simples e direta, é uma definição que consegue passar a ideia de o que é tradução em termos práticos de forma que qualquer leitor, independente se é da área de tradução ou não, consegue entender. Note que essa definição traz o termo compreensível , o que é de suma importância para que a tradução não se restrinja somente ao campo da literalidade. O próximo dicionário a ser estudado, Oxford Mini Dictionary & Thesaurus , também apresenta ideia semelhante: “Translate: express the sense of words or text in another language.”^4 Por ser um minidicionário, não há registro do substantivo tradução, mas sim de sua forma verbal. É relevante perceber que aqui também há uma forma bastante clara de dizer que o ato de traduzir não se limita à literalidade do texto, mas abrange o sentido produzido pelas palavras; é esse sentido – e não necessariamente as palavras – que deve ser traduzido.
(^2) A atividade de mudar palavras faladas ou escritas para outra língua. (^3) Tradução: tornar algo compreensível para um grupo de pessoas em algo compreensível para outro grupo. 4 Traduzir: Expressar o sentido das palavras ou do texto em outra língua.
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O Dicionário Online de Português apresenta definição de tradução semelhante ao Novo Dicionário Aurélio. Segundo aquele, tradução é “ação de traduzir, de transpor para outra língua.” Para um leigo da área que procurasse o significado de tradução nesse dicionário, seria possível entender o que é basicamente feito no trabalho do tradutor, ou seja, entender somente que é passar algo de uma língua para a outra sem observações mais aprofundadas. O dicionário subsequente a ser analisado é o Michaelis também em sua versão online. O conceito apresentado é bastante longo com cinco definições seguidas de conceitos de diferentes ramos da tradução. Abaixo estão as definições:
1 Ato ou efeito de traduzir. 2 Ato de trasladar palavras, frases ou obras escritas de uma língua para a outra. 3 Obra assim transladada. 4 Imagem, reflexo, repercussão. 5 Explicação, interpretação.
Passando de uma a uma, é importante tecer alguns comentários sobre essas definições. A primeira não explica o que seja tradução significativamente, pois a partir desta definição é possível entender principalmente seu aspecto gramatical: se x é ato ou efeito de y , sendo y um verbo, logo x é um substantivo. A segunda definição apresenta um aspecto interessante que é limitar a tradução para obras escritas. De acordo com o Macmillan Essential Dictionary , a tradução pode ser tanto escrita como oral. A definição seguinte somente reitera o que foi conceituado anteriormente. A quarta definição é, de certa forma, curiosa. Pensar que tradução possa ser imagem, reflexo ou repercussão de uma língua é no mínimo bastante subjetivo. Se a obra traduzida é o reflexo e a imagem da obra original, quer dizer que ambos os trabalhos são exatamente iguais. Portanto, falta especificar que elas são exatamente iguais, mas em línguas diferentes. Não seria uma definição absoluta, mas seria mais compreensível. Já quanto ao aspecto de repercussão, parece ser desnecessária a apresentação desse termo na definição, uma vez que tradução pode vir a gerar repercussão, mas não a é. Em relação à última definição, tradução significa interpretação, explicação. Esses significados ficam um pouco vagos, pois se tradução é interpretação será então que o tradutor pode escrever o que ele/ela interpretou da obra em sua língua original? O que acontece com a ideia do autor? Será que se ele/ela escrever a sua interpretação não modificará a obra original? Além desse fato, nota-se também o segundo significado, tradução é explicação. Se isso for verdade para todas
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família linguística. Como exemplo, podemos citar o português e o espanhol, ou o inglês e o alemão. Então a frase La chica és muy guapa em espanhol pode ser traduzida para o português literalmente para A garota é muito bonita. Assim tem-se a seguinte tradução literal: la = a; chica = garota; és = é; muy = muito; guapa = bonita. Já a tradução oblíqua é usada principalmente quando a língua fonte e a língua alvo provêm de diferentes troncos linguísticos, como o caso do português e inglês. Como essas línguas têm diferentes origens, suas palavras não costumam se assemelhar e por isso a tradução palavra por palavra pode apresentar um resultado sem sentido. Observa-se a seguinte frase: After lunch I attended a lecture given by the mayor, who is an expert in tax legislation and has a graduate degree in political science. No momento de traduzir essa sentença, é preciso tomar cuidado com os falsos cognatos:
Palavras semelhantes em duas línguas, mas de sentidos totalmente diversos (...). Os falsos amigos muitas vezes são palavras de origem comum cujo sentido se distanciou por efeito da evolução semântica diferente (...). Outras vezes a semelhança é mera coincidência, resultado da evolução convergente de duas palavras totalmente diversas na origem. (RÓNAI, 2012, p. 45-46).
Por causa dos falsos cognatos e por causa do fato de as línguas fonte e alvo apresentarem diferentes origens linguísticas, é necessário fazer uso da tradução oblíqua. Assim, a tradução fica como Após o almoço, assisti a uma palestra do prefeito, que é especialista em legislação de impostos e tem pós- graduação em ciências políticas. Para que a versão traduzida da frase seja bem escrita e bem formulada na língua-alvo, a tradução oblíqua permite que o tradutor faça pequenas mudanças, como omissão de palavras ( I, given, has ) ou acréscimo de partículas gramaticais (a preposição a após o verbo assistir ). De acordo com Campos, a tradução oblíqua vale-se de alguns procedimentos técnicos por ela não seguir paralelamente a forma do texto original. Esses são vários procedimentos que serão discutidos mais adiante. A segunda vertente dentro dos tipos de tradução diz respeito à natureza do texto trabalhado pelo tradutor. Quando o profissional traduz um texto de seu idioma original para qualquer outra língua, diz-se que essa é uma tradução direta, pois ela foi diretamente traduzida de uma língua A para outra língua B.
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No entanto, quando o tradutor trabalha com um texto que já é a tradução de um texto original, diz-se que este texto é uma tradução indireta. Ou seja, o texto em um idioma A foi traduzido para o idioma B. O tradutor usa então o texto no idioma B para traduzir para um idioma C. Exemplos de tradução indireta são obras de autores russos, como Tolstói, que foram traduzidos do francês para o português. As traduções indiretas, apesar de possibilitarem maior dispersão de obras literárias, têm um aspecto preocupante: as perdas. De acordo com Campos (1987, p. 50), “sabendo-se como se sabe que em toda comunicação ocorre sempre inevitavelmente alguma perda de informação, a perda de algum tipo de informação na tradução passa a ser também inevitável”. De forma inevitável, portanto, uma tradução direta já apresentará perdas. Uma tradução indireta então sofrerá ainda mais perdas e essas podem vir a prejudicar a compreensão da leitura, seja por perda de sentido ou até mesmo por mudança de sentido. Conclui-se, por conseguinte, que é preferível uma tradução direta a uma indireta. De volta ao exemplo do idioma A que foi traduzido para o B e desse foi traduzido para o C, a tradução no idioma B que serviu como mediadora para a tradução no idioma C chama-se tradução intermediária. Logo, com esse conceito, é finalizada a segunda vertente aqui trabalhada: tradução direta, indireta e intermediária. A terceira e última vertente deste tópico está relacionada a dois tipos de tradução. A primeira é a tradução integral, na qual todos os termos da língua- fonte são traduzidos para a língua-alvo. A segunda chama-se tradução parcial, na qual alguns termos não são traduzidos por diferentes razões. Quem normalmente decide qual estilo adotar é o próprio tradutor. Rónai (2012) cita como exemplo o poema Tragédia Brasileira de Manuel Bandeira. Em certo momento do poema, Bandeira enumera vários nomes de bairros e ruas cariocas. Para a tradução do poema voltada ao público norte-americano, a poetisa Elizabeth Bishop optou por traduzir os nomes enumerados por Bandeira, enquanto que o tradutor Manuel Cardoso optou por não traduzi-los deixando-os como no original. Cada teórico e cada leitor tem sua opinião sobre termos como esses serem traduzidos ou não. Cabe ao tradutor tomar esta decisão. Claro que qualquer que seja a escolha do tradutor, ela terá, com certeza, impacto na percepção que o leitor tem da obra traduzida.