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Guias e Dicas
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Lingua portuguesa - aula 4, Notas de aula de Administração Empresarial

Aulas de português básico

Tipologia: Notas de aula

2012

Compartilhado em 26/10/2012

elisangela-ribeiro-8
elisangela-ribeiro-8 🇧🇷

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LÍNGUA PORTUGUESA
SECAL VIRTUAL
1
AULA 4
DISCIPLINA DE
NGUA
PORTUGUESA
PROF. RODRIGO A. KOVALSKI
AULA 4
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DISCIPLINA DE

LÍNGUA

PORTUGUESA

PROF. RODRIGO A. KOVALSKI

AULA 4

Nesta quarta aula de Língua Portuguesa você estudará a conceituação da interpretação de textos: como acontece, quais os efeitos e desdobramentos da interpretação, quais os pontos relevantes para uma boa interpretação, bem como a intenção que os textos possuem, os sentidos inerentes ao texto e seus graus de compreensão.

Para iniciar a compreensão a respeito do assunto, acompanhe o texto abaixo, o qual envolverá a interpretação de várias pessoas a respeito de um lago:

O estilo de cada um

O Advogado

Aquelas águas meritíssimas se espraiavam delituosamente pelas margens. O inocente lago defendia-se assim, legitimamente, da floresta, que à revelia, desembargava suas árvores pelos arredores sem nenhuma apelação. No alto, as montanhas, com suas togas de neve revestindo o cimo.

O Médico

Aquele lago me deixou um diagnóstico. Sua beleza era selvagem como uma crise aguda e suas águas viviam permanentemente em estado comatoso. O vento, como um bisturi, cortava a superfície das águas escarlatinadas pelo mercúrio que cobria todo o céu no pôr-do- sol.

O Burocrata

Prezado Sr., quando olhei para o céu, vi nuvens que seguiam anexas atenciosamente por sobre o monte abaixo-assinalado, que, ciente, de sua participação na paisagem, pedia deferimento respeitosamente para a floresta, que nestes termos se estendia por todo o vale, refletindo-se nas respeitosas e desde já agradecidas águas do lago.

O Hippie

Entende... era um negócio legal. Aquele lago muito na sua, curtindo um vale cheio de ervas, sacou? O vento transava pela cuca das árvores no baratino mais legal, mais chuchu beleza da paróquia.

O Intelectual

Não sei se por um fenômeno de aculturação, ou se por um processo de amadurecimento, aquele lago se inseria perfeitamente no contexto da natureza circundante e marginal. Achei muito válida a inserção das árvores, dando uma conotação existencialista ao pluralismo vegetal que ali estava. (MAZZAROTTO, L. F.; LEDO, T. de O.; CAMARGO, D. D., 2009, p. 15,16)

O que podemos deduzir após a leitura do texto acima, que aparentemente cada indivíduo descreveu como sendo um lago? Como, após verem um mesmo lago, é possível tantos entendimentos diferentes a respeito de uma mesma coisa? É exatamente neste contexto que nasce a interpretação. Ela é gerada por inúmeros pontos de vista, os quais formam a identidade de um indivíduo. Assim, embora os indivíduos estejam diante de mesmos fatos, estes gerarão compreensões diferentes a respeito do mesmo acontecimento. Assim é a formação da interpretação. Esta dependerá da formação individual da pessoa, ou seja, quanto maior a informação e formação do indivíduo, automaticamente maior será sua gama de interpretação no mundo. Um possível conceito sobre interpretação pode ser dirigido como: “Explicação, esclarecimento, maneira por que os atores desempenham os papéis, representação;” (Dicionário Silveira Bueno).

Sabendo que com a interpretação buscamos, na verdade, uma explicação, um esclarecimento sobre determinado assunto, a interpretação nos dirigirá uma representação possível a respeito de um fato ou acontecimento; ou até mesmo a representação de uma realidade por meio de uma comunicação oral de indivíduo para indivíduo ou por meio de textos escritos. Leia o texto abaixo e tente buscar uma interpretação:

“O Brasil tem muitos problemas sociais, culturais, educacionais. O padre foi viajar porque meu vizinho matou meu cachorro. Mas o caso de o país se encontrar diante destes fatos pode ser acrescido em consequência a inúmeros fatos. A geladeira está vazia, pois a ida ao mercado só acontece no sábado. A obesidade, hoje, não se constitui mais em um problema individual, mas sim de ordem nacional. Assim, se o padre viajou e

fogueira”. Estes são exemplos dos sentidos simbólicos que as palavras de um texto podem oferecer como entendimento muito maior do que o apenas lido ou apresentado.

O significado do pensamento de Paxton é que, se uma sociedade leva em consideração a importância da educação, esta se torna muito mais forte que sociedades com grandes exércitos e armas, pois a arma pode ser destruída facilmente, mas a união das ideias, não, pois ela possui a força de derrubar exércitos, pois é muito mais forte que eles.

Já a frase de Tolstói, grande exemplo de simbologia na mensagem, leva-nos a refletir o quanto determinados indivíduos são bitolados, com pequena visualização de mundo, fechados e centrados em si. Na verdade, de pequenas coisas pode-se extrair

grandes ensinamentos e abertura para outros entendimentos. Tal como no trecho, onde as pessoas poderiam ver beleza e grandiosidade num bosque, porém não viam nada além daquilo que desejavam: um amontoado de árvores que serviria de lenha para a fogueira.

Imagine quantos textos passam diante dos teus olhos diariamente e são reduzidos a esta pequena forma; quantas imagens lhe são apresentadas e passam igualmente desapercebidas...

Já quando falamos da outra face do sentido, o lógico, este deve passar clara e objetivamente a interpretação da mensagem. Leia a informação abaixo:

Aviso

Caros acadêmicos, haverá avaliação nesta próxima data, 25/01/2009, na sala 204, 2º andar, às 17:00h, referente ao conteúdo do 3º semestre. A referida avaliação de Língua Portuguesa não será de consulta. Os acadêmicos serão passíveis de apenas cinco minutos de atraso; ultrapassando este limite, não realizarão a avaliação.

Como comentado, o sentido lógico das palavras deve transitar dentro de um entendimento nítido e claro, não levando a outras interpretações, não havendo outras intenções e não deixando dúvidas para seus leitores, como o exemplo do aviso acima demonstrou. Ao ler o texto, os acadêmicos obtêm todas as informações necessárias para sua interpretação dentro do contexto referido.

O terceiro nível a ser discutido nesta aula em relação à construção de uma boa interpretação são os graus de compreensão dos textos. Todos os textos existentes são oriundos de um determinado contexto sociocultural e tramitam entre uma determinada intenção de seus sentidos. Para que se realize tal ato de interpretação, deve-se levar em consideração alguns graus de compreensão, os quais variam com:

  • a faixa etária
  • o conhecimento de mundo
  • o grau de instrução do indivíduo
  • o hábito da leitura

O primeiro item a ser analisado é a faixa etária. Ela é fundamental para o entendimento do texto, pois não se pode exigir a mesma compreensão de uma criança de sete anos e de um homem de setenta anos. Há um processo de amadurecimento diante do texto, o qual o leitor vai formando diante das letras. A idade maior vai levar o leitor a um melhor compreensão. Isto quer dizer que temos textos pré-estabelecidos para os leitores, os quais,

ao serem escritos, devem visualizar seu público alvo em relação à idade. É desta forma que temos literatura infantil específica para um público de menor idade e literatura clássica ou científica para um público de mais idade

O segundo fator é o conhecimento de mundo do leitor, o qual anda diretamente ligado à faixa etária do indivíduo. Quanto mais idade ele tiver, maior será sua experiência, vivência, ensino, ou seja, seu conhecimento de mundo. Este fator é ligado à identidade do indivíduo. Quanto maior o nível de formação de experiências da identidade, maior será sua compreensão diante dos fatos. Pense no seguinte: a compreensão da vida e morte das pessoas... Neste fato, apenas o conhecimento adquirido ao longo do tempo levará o indivíduo a uma possível compreensão do ocorrido. Enquanto criança, esta não possui o menor entendimento do que isso seja, pois, enquanto ingênua, necessita de uma longa vida pela frente para edificar o seu entendimento. Este fator será alterado com o decorrer de seu conhecimento em vida, fazendo-a entender os fatos humanos no seu dia a dia.

O terceiro grau de compreensão do texto é formado pelo grau de instrução do indivíduo, o qual, como os outros dois fatores, é dependente da faixa etária e de seu conhecimento de mundo. Quando falamos “grau de instrução”, podemos dialogar dentro de dois princípios: a educação formal e a informal.

O grau formal segue um sistema, o qual possui um planejamento, uma ordem de ensino, uma programação, um

ciclo. A escola é um exemplo clássico, pois ali o indivíduo segue um padrão de estudos que o levará a um grau de interpretação dependendo do nível em que esteja. O grau de instrução formal inicia no primário, nas séries iniciais, passando para o ensino fundamental e médio, até chegar ao ensino superior. Em seguida vem os ensinos lato e scripto senso, os quais abrangem pós- graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado, MBA, PHD.

O grau de instrução informal é a educação espontânea, voluntária; depende do contexto para que aconteça; não segue padrões nem sistemas. Acontece, por exemplo, no meio familiar, social e cultural. Tudo que somos e aprendemos que não seja através do meio educacional, é oriundo da instrução informal. O simples ato de saber comer, lavar um carro ou cortar a grama não foi aprendido em um banco escolar, mas em sua vivência cotidiana no meio social.

O quarto grau de compreensão do texto — que irá gerar uma interpretação ainda maior — está diretamente ligado aos fatores antes mencionados: o hábito da leitura. Note que falamos do hábito da leitura e não o ato da leitura. O hábito apreende uma rotina à qual o ato está ligado, como tomar banho e escovar os dentes. Para que aconteça a interpretação efetiva, o hábito não deve ser resumido a apenas um ato voluntário ou involuntário, isto é, que dependa da circunstância à qual o leitor esteja envolvido, mas sim, um hábito de leitura incutido na vida do indivíduo, o qual deve circundar sua vida diariamente, em grandes ou em pequenos espaços temporais.

O que toda a sociedade imagina é que a leitura é ligada automaticamente ao processo escolar: se se está na escola, acontece a leitura; se se está fora dela, grande parte da sociedade não lê. Esta é a visão a ser modificada, dado que o hábito de leitura não inicia na escola, mas sim no meio familiar, onde os pais, enquanto leitores, dão o exemplo, fazendo de seu filho um leitor.

O processo escolar vem melhorar os índices de leitura do indivíduo em todos os seus níveis: primário, fundamental e médio. A sociedade, assim como o Estado, também é responsável por tal formação de hábito. Incentivando o uso de Instituições Públicas, como as bibliotecas, elas seriam realmente mundos paralelos diante da realidade e não apenas um lugar onde poucos leitores buscam muito mais pesquisas do que necessariamente leituras para sua formação de identidade. É nítido que este processo de leitura não acontece por osmose, mas sim por direção e dedicação — processo que levará o indivíduo leitor a níveis indiscutíveis de análise interpretativa, não apenas diante de textos, mas do mundo à sua volta. Concluindo, notamos que todos os quatro fatores estão diretamente ligados e não podem ser separados, uma vez que são todos resultados da formação da identidade individual e grupal dos indivíduos. A faixa etária é a relação de formação do conhecimento no indivíduo, delineada pelos graus de instrução formais ou informais; e o hábito da leitura, durante a formação da pessoa, um difusor de conhecimento no processo interpretativo.

A quarta aula de Língua Portuguesa tentou demonstrar como o processo de interpretação de textos acontece, a qual não é simples resultado de formação escolar, mas de vários fatores que, culminados, formam ou não um indivíduo com grande capacidade interpretativa de textos. Assim, ao invés de ele alegar culpa que o processo educacional forma indivíduos acríticos na sociedade, esta concepção deve ser revista e levada a pontos mais fundamentais, onde não apenas um determinado tempo escolar vai formar um indivíduo para ser interpretativo, mas sim todo um processo social que se faz ao longo de determinado tempo e espaço, diretamente ligado ao hábito da leitura e não apenas ao ato da mesma.

Nesta quarta aula, você não possui atividades, apenas a leitura do referido material. Assim sendo, busque entendê-lo, pois o mesmo é conteúdo de avaliação semestral.