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Este documento reflete sobre a importância do trabalho com a língua falada e escrita no ensino fundamental i. Ele discute as diferenças entre ambas as modalidades de comunicação, as recomendações dos conselhos de orientação e o objetivo de desenvolver uma sequência didática aplicável aos estudantes de 4ª série. Palavras-chaves: ensino, língua falada, língua escrita.
O que você vai aprender
Tipologia: Exercícios
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Fernanda Couto Guimarães Casagrande
Podemos perceber que há nas aulas de Língua Portuguesa um maior incentivo para o trabalho com a língua escrita. No entanto, sabemos que é muito importante inserirmos na prática dessa disciplina uma metodologia que contemple a língua falada. Nossos estudantes, desde o início de sua escolarização, precisam compreender as variantes entre língua falada e escrita, saber valorizar o uso de ambas, compreendendo que cada uma delas assumem uma função comunicativa e por isso se dispõem de mecanismos específicos, por exemplo na fala há os gestos, entonação de voz, expressões faciais, o que na escrita é diferente. Assim, o objetivo desse estudo é refletir sobre a importância do trabalho com a língua falada e a língua escrita no ensino fundamental I. Para isso, consideraremos as recomendações dos PCNs e mostraremos a importância desse trabalho na sala de aula propondo uma seqüência didática que possa ser aplicada aos estudantes de 4ª série.
Palavras-chaves: ensino- língua falada- língua escrita
As aulas de Língua Portuguesa não podem priorizar o ensino da língua escrita ou falada, mas realizar um trabalho com ambas. Mostrar ao aluno que a fala exige mecanismos, como gestos, entonação de voz, expressões faciais, enfim recursos não verbais, que a tornem clara, para que seja interativa, enquanto os textos escritos não necessitam desses mecanismos, porque o indivíduo tem mais tempo para refletir a cerca do que vai escrever e ainda poderá revisar seus textos quando necessário, já que os participantes da interação não partilham o mesmo tempo e espaço. Conscientizá-los de que não há uma maneira certa e outra errada de falar ou de escrever, mas uma preocupação em adequar a sua fala/escrita ao contexto e para isso, como afirma Fávero et al 1999, “é importante que o ensino da oralidade tenha relação com a escrita, pois elas mantêm relações entre si”.
Sendo assim o objetivo geral desse estudo é refletir a cerca da importância do trabalho com a língua falada e a língua escrita no ensino fundamental I. Elencamos como objetivos específicos: Evidenciar que a fala e a escrita são duas modalidades de um mesmo sistema linguístico verbal e nortear atividades pedagógicas de retextualização.
Consideraremos as recomendações dos PCNs a cerca de ambas as modalidades linguísticas e mostraremos a importância de um trabalho reflexivo com elas na sala de aula propondo uma sequência didática que possa ser aplicada aos estudantes de 4ª série.
2. Desenvolvimento 2.1 Fala e a escrita
Ao tratarmos da fala e da escrita, não levamos em conta que uma é superior a outra ou que a escrita é derivada e a fala é primária. Consideramos que são duas formas de realização de um mesmo sistema
preocupação de estruturar as frases, o interlocutor se preocupa sempre em preencher vazios, o que resulta na presença de parênteses, correções, paráfrases, truncamentos, repetições, elipses, pausas, anacolutos, marcadores conversacionais, digressões.
A repetição, a paráfrase e a correção são mecanismos de reativação, ou seja, aqueles que nos permitem voltar atrás, retomando e repetindo o que foi dito. A repetição é um traço característico da língua falada. É uma forma de evidenciar, enfatizar o que se disse. A paráfrase é uma retomada do conteúdo, mas com algumas alterações na forma e a correção é uma reformulação. Enquanto a repetição e a paráfrase não anulam o que foi dito, a correção anula pois ela indica a busca por uma melhor formulação. É uma dimensão prospectiva.
As digressões, os parênteses, inserções, elipses, anacolutos, as pausas, hesitações, são processos de desativação, os quais resultam no abandono, ruptura do que está sendo dito. As digressões ocorrem quando o falante abandona o tópico conversacional em andamento e passa a falar de outra coisa. Os parênteses são atos da fala, para dar um esclarecimento, fazer um comentário, uma pergunta, enfim observações rápidas dentro do que está sendo dito. A inserção também surge no ato da fala com objetivos parecidos com o do parênteses, mas sem a preocupação de ser algo rápido, são longas, podemos dizer que acontece, temporariamente, uma suspensão do que está sendo conversado. As pausas normalmente indicam um apagamento da fala que facilita o início de um novo assunto. Já a hesitação, anacolutos levam a compreender que há um esgotamento do tópico conversacional em andamento.
Os marcadores conversacionais atuam como conectivos textuais para que o falante possa verificar se está sendo entendido ou para simplesmente tornar a interlocução mais participativa. Segundo Marcuschi
(1986), marcadores conversacionais podem ser subdivididos em três tipos de evidências: verbais, não verbais e supra-segmentais.
Os verbais formam uma classe de palavras ou expressões altamente estereotipadas, de grande ocorrência e recorrência. Situam-se no contexto sem contribuir com novas informações. Os não verbais referem-se à expressão facial, gesticulação, enfim, posturas físicas que são indispensáveis em toda e qualquer comunicação. E os recursos supra- segmentais são as pausas e o tom de voz.
Outro fator que também deve ser considerado entre a fala e a escrita é o fato de cada pessoa ter uma maneira própria de se expressar. Sabemos que cada região possui marcas linguísticas, cada grupo adquire vocabulários que o caracterizam e cada ambiente sociocultural determina o nível da linguagem a ser empregado O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não fala com uma criança como se estivesse dizendo missa, assim como uma criança não fala como um adulto. Um professor não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível de fala, para colegas e para alunos, assim como nenhum advogado utiliza o mesmo nível de fala com seus familiares e no seu escritório com seus clientes e colegas de trabalho.
Tudo isso influência a fala e a escrita, pois, querendo ou não, deixamos nossas marcas.
2.2 A Fala, a Escrita e o Ensino
Com relação à diferença de abordagem de textos orais e escritos em sala de aula, muito têm sido os questionamentos, principalmente devido à inclusão do tema nos PCN de Língua Portuguesa. Discute-se sobre o assunto, mas o professor continua sem saber o que fazer (e como) para trabalhar oralidade nas aulas.
será o conhecimento linguísticos de que os alunos dispõem a chegar à escola: a conversação. O ponto de chegada será a observação do conhecimento linguístico “do outro”, expresso nos textos escritos de interesse prático.
O aluno chega à escola dominando a gramática adquirida em casa, por isso trabalhar a gramática de um modo absoluto e acabado é inútil. O ponto de partida deve implicar numa reflexão da língua que o aluno aprendeu com seus familiares. Como diz Castilho (1998, p. 22) “Parece-me fundamental a convicção de que a gramática não é senão um debate contínuo, alimentado por dados, hipóteses, perguntas nelas fundamentadas e respostas que abrem novas perspectivas de indagação, e assim por diante.”.
Desse modo o professor conseguirá mostrar que entre a fala e a escrita não há superioridade ou inferioridade, mas uma adaptação às práticas sociais e também que a gramática não é o “monstro” do certo ou errado, mas o lugar que procura examinar com atenção a língua.
2.3 Retextualização
Até então, muito temos dito da importância de se trabalhar a fala e a escrita. Para tanto, no decorrer desse trabalho, sugeriremos uma proposta a partir da prática de retextualização, ou seja, a passagem do texto falado para o texto escrito.
A retextualização não é um processo mecânico, pois a passagem da fala para a escrita não se dá naturalmente, mas constitui um processo complexo que engloba operações complexas que interferem tanto no código como no sentido. No entanto, Marcuschi (2003, p. 47) ressalta “ A passagem da fala para a escrita não pode ser visto como do caos para ordem, mas de uma ordem para outra”.
O gênero oral não apresenta problemas em sua compreensão, mas, para se adaptar ao texto escrito, é preciso interferências como pontuação, a adequação do léxico, retirada de marcas da oralidade. São transformações que visam a atender as necessidades de acordo com o objetivo final da produção escrita.
O aprendizado das operações de transformação do texto falado para o escrito coloca-se como imprescindível para o melhor domínio da produção escrita pelos alunos, a qual se tem mostrado problemática. Marcuschi (2003) salienta algumas operações de produção do texto escrito a partir do texto falado, como por exemplo, a eliminação de marcas estritamente interacionais e inclusão da pontuação; o apagamento de repetições, de redundância e de autocorrecões e introdução de substituições; a substituição de turnos por parágrafos; a diferenciação no encadeamento sintático dos tópicos; tratamento estilístico com seleção do léxico e da estrutura sintática, num percurso do menos para o mais formal.
Ao aplicar as operações de retextualização, estamos permitindo que nossos alunos cheguem à percepção de como realmente os textos falados e os escritos se constituem. Por isso, a atividade que iremos propor é de extrema importância, pois ressalta a diferença entre ambas as modalidades de uso da língua, sem deixar de levar em consideração as observações feitas acima, além de mostrar que a língua escrita não é mera transcrição da língua falada.
3. Sequência Didática
Muito se discute quanto à relação de teoria/prática já que a dificuldade está em perceber que estes não são componentes opostos. Eles se complementam. Como afirma Pereira (2000) „A prática deve ser
Por fim, ver qual aluno se dispõe em registrar no gravador uma história que leu e gostou.
2ª Etapa
Junto com os alunos, ouvir a gravação. Eles deverão transcrevê- la no caderno. É importante que registrem exatamente o que ouvem, inclusive, as hesitações e as repetições, importantes marcas da oralidade. Então para isso, antes, devem ser criado com os estudantes códigos para cada ocorrência.
3ª Etapa
No coletivo, refletir a transcrição feita e iniciar uma retextualização eliminando as passagens que cumprem uma função na fala, mas são desnecessárias na escrita, como por exemplo, as repetições de expressões ou de ideias e as hesitações. Se ao longo do depoimento houver alguma pergunta para desenvolver o assunto com o narrador, ela também deve ser eliminada.
4ª Etapa
Continuar a desenvolver um estudo no coletivo com os estudantes, agora substituindo os termos vagos por outros mais precisos, invertendo as passagens do texto para torná-lo mais claro e insirindo sinais de pontuação para tentar transmitir as emoções expressas oralmente pelo narrador. Com todas as alterações já feitas, orientar os estudantes a redigir a versão final considerando todas as mudanças.
5ª Etapa
Comparar a gravação com a versão escrita, refletir a cerca do texto final, verificando se a história transcrita manteve a emoção original, senão discutir quais palavras poderiam ser utilizadas. Conversar se os passos da retextualização foram bem feitos ou faltou algum deles e o que poderia ser alterado para que o texto ficasse mais adequado à proposta sugerida.
Após a aplicação dessa sequencia didática, é indispensável um momento para que o aluno possa dizer o que compreendeu ou não, se teve ou não uma aprendizagem significativa. Cremos ser esse um bom caminho a ser percorrido no trabalho com a língua falada e escrita nas aulas de Língua Portuguesa, como também somos conscientes de como esse objeto dá margem a outros tantos procedimentos didáticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer desse trabalho vimos a importância de inserir nas aulas de Língua Portuguesa uma reflexão em torno da língua falada e da língua escrita.
Cabe ao ensino de Língua Portuguesa valorizar ambas as possibilidades de produção textual, enfatizando os efeitos de sentido e as estruturas linguísticas usadas. Sendo assim, sugerimos uma proposta de trabalho a partir de atividades de retextualização. O objetivo foi demonstrar uma possível forma de levar os alunos à compreensão dos aspectos diferenciadores da língua falada em relação à língua escrita para que se tornem capacitados a distinguir conectivos e elementos coesivos próprios de textos orais e dos textos escritos, e, também, reconheçam as diferenças entre o uso da pontuação própria da escrita e as marcas de entoação e pausas inerentes à fala.
FÁVERO, Lopes Leonor; ANDRADE, Maria Lucia C. V. O; AQUINO, Zilda G. O. Oralidade e escrita perspectivas par ao ensino de língua materna. 5ªed. São Paulo: Cortez, 2005.
KOCH, I. V. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1992. CASTILHO, Ataliba T. A língua falada no ensino de português. São Paulo: Contexto, 1998.
BARROS, Diana L. P. de. Procedimentos de reformulação: a correção. In.PRETI, Dino. Análise de textos orais. São Paulo: FFLCH/USP, 1993.
JUBRAN, Clélia Cândida Abreu Spinardi. Parênteses: Propriedades Identificadoras. In. CASTILHO, Ataliba T; BASILIO, Margarida. Gramática do Português Falado. Campinas:Unicamp/FAPESP, 1997.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 4ªed. São Paulo: Cortez, 2003.
OLIVEIRA, Maria Bernadete Fernandes de. Revistando a formação de professores de língua materna: teoria, prática e construção de identidades. Linguagem em (Dis) curso, Tubarão, v.6,n.1,jan./abr.2006.disponível em: http://WWW3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linugagem/0601/06.htm.