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Análise da Narrativa e do Poder na Literatura: Um Estudo sobre a Revista Querubim, Slides de Eletrônica

Uma análise da estratégia narrativa empregada na revista querubim, que utiliza ideias e palavras transgressoras para destacar a filiação da narradora a discursos pornográficos, explorando as limitações entre o que é moral e socialmente permitido. O texto também discute a importância de obras e autores que consolidaram a inscrição do gênero literário no processo evolutivo, bem como a relação entre política e economia.

O que você vai aprender

  • Qual é a estratégia narrativa utilizada na Revista Querubim?
  • Quais obras e autores consolidaram a inscrição do gênero literário no processo evolutivo?
  • Qual é a importância da identificação da política na análise?
  • Como a Revista Querubim explora as limitações entre o que é moral e socialmente permitido?
  • Como a relação entre política e economia é abordada no texto?

Tipologia: Slides

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Fatima26
Fatima26 🇧🇷

4.6

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N i t erói RJ
2020
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2020
Revista Querubim
Letras Ciências Humanas Ciências Sociais
Coletânea
Letras e etc 2
Aroldo Magno de Oliveira
(Org./Ed.)
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
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N i t e r ó i – R J

Revista Querubim

Letras – Ciências Humanas – Ciências Sociais

Coletânea

Letras e etc 2

Aroldo Magno de Oliveira

(Org./Ed.)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Ciências Sociais–Ano16– Coletânea– Novembro– 2020 – ISSN: 1809-

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Revista Querubim 2020 – Ano 16 – Coletânea Letras e etc. 2 – 106p. (novembro – 2020) Rio de Janeiro: Querubim, 2020 – 1. Linguagem 2. Ciências Humanas 3. Ciências Sociais Periódicos. I - Titulo: Revista Querubim Digital

Conselho Científico Alessio Surian (Universidade de Padova - Itália) Darcília Simoes (UERJ – Brasil) Evarina Deulofeu (Universidade de Havana – Cuba) Madalena Mendes (Universidade de Lisboa - Portugal) Vicente Manzano (Universidade de Sevilla – Espanha) Virginia Fontes (UFF – Brasil)

Conselho Editorial

Presidente e Editor Aroldo Magno de Oliveira

Consultores Alice Akemi Yamasaki Andre Silva Martins Elanir França Carvalho Enéas Farias Tavares Guilherme Wyllie Hugo Carvalho Sobrinho Hugo Norberto Krug Janete Silva dos Santos João Carlos de Carvalho José Carlos de Freitas Jussara Bittencourt de Sá Luiza Helena Oliveira da Silva Marcos Pinheiro Barreto Mayara Ferreira de Farias Paolo Vittoria Pedro Alberice da Rocha Ruth Luz dos Santos Silva Shirley Gomes de Souza Carreira Vânia do Carmo Nóbile Venício da Cunha Fernandes

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Apresentação

A Coletânea Letras e etc constitui uma iniciativa da Revista Querubim que busca promover um diálogo entre os campos de investigação tanto nos estudos linguísticos quanto nos estudos literários. Um espaço onde o leitor poderá acompanhar os resultados de pesquisas e reflexões sobre a linguagem de modo que possibilite estabelecer relações entre os conteúdos referenciais dos textos produzidos pelos autores da área de Letras para compreender a linguagem e seu funcionamento da forma mais abrangente possível.

Os resultados de pesquisas nas áreas de Linguagem e de Literatura apresentaram (e apresentam) um significativo e extraordinário avanço em nosso país, sobretudo em função dos novos e inusitados desafios deste início do século XXI no campo discursivo quando se leva em consideração a economia, a política, a ideologia, a cultura, os meios de comunicação e as redes sociais. O referido avanço processa e expõe os conflitos sociais, políticos e culturais, e suas origens, do século XX.

Espera-se que neste início de século XXI as áreas em questão possam fornecer possibilidades de superação dos conflitos e das contradições detectadas ao longo do século passado tanto no campo específico de investigação quanto na vida social.

Entendemos que as áreas de pesquisa em ciências humanas/sociais/linguagem/educação se integram no processo de compreensão ininterrupta da relação entre os seres humanos na dinâmica da vida social, o que ressignifica, reorienta e reconfigura práticas sociais no sentido de qualificar a vida e o convívio ente os seres humanos.

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APONTAMENTOS SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NAS ESCOLAS

DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Aroldo Magno de Oliveira^1

Resumo Artigo trata de alguns aspectos teóricos entendidos como significativos no processo de formação/qualificação de professores de língua portuguesa da educação básica. Esses aspectos compõem a fundamentação teórica que muito pode contribuir na formação linguística dos alunos da educação básica. Dentre os referidos aspectos, destaca-se aqui a ciência e seus universos discursivos, as concepções e distinções entre conhecimento e saber e, finalmente, a distinção e origem das ciências naturais e ciências humanas. Palavras – chave: Língua Portuguesa; Ensino/Aprendizagem; Formação de Professores.

Resumen Este artículo trata algunos aspectos teóricos entendidos como significativos en el proceso de formación / cualificación de los profesores portugueses de educación básica.Estos aspectos constituyen la base teórica que puede contribuir en gran medida a la formación lingüística de los estudiantes de educación básica.Entre estos aspectos destacan la ciencia y sus universos discursivos, las concepciones y distinciones entre conocimiento y saber y, finalmente, la distinción y origen de las ciencias naturales y las ciencias humanas. Palabras clave: lengua portuguesa;Enseñanza / Aprendizaje;Formación de profesores.

Introdução

Nossa experiência como professores nas disciplinas de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado proporciona contatos com relatos relevantes para uma significativa compreensão do processo ensino-aprendizagem de língua portuguesa nas escolas de educação básica. Observa-se que alguns aspectos teóricos que consideramos de extrema importância na formação de professores de língua não são de conhecimento de uma parte significativa de professores, sejam aqueles que já atuam há alguns anos sejam aqueles recém-ingressados na atividade de magistério.

Entretanto, podemos apontar com certa margem de segurança que avanços significativos ocorreram ao longo das duas últimas décadas, sobretudo no que tange à metodologia e à concepção teórica de alguns itens do conteúdo e relação necessária com a metodologia adotada. Observa-se também a maior frequência do trabalho com o texto: leitura e produção. Em nossas observações, os trabalhos realizados em sala de aula aproximam-se um pouco mais da interação necessária entre os sujeitos do processo: aluno, professor e conteúdo referencial.

Observa-se ainda na prática de ensino que o trabalho com a gramática está gradativamente se assentando em sintonia com os pressupostos teóricos da Linguística da Enunciação e o sociointeracionismo. A concepção de linguagem como forma de interação, apesar da estrutura burocrática do sistema educacional, está apontando com mais frequência na prática dos professores.

(^1) Professor – Faculdade de Educação – Universidade Federal Fluminense.

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Vale ressalta que entendemos a categorização como um processo no qual o objeto é conhecido/reconhecido em sua forma e função prática. O registro, por sua vez, entendemos como um processo de fixação de utilização do objeto na prática social. Isto quer dizer que o saber (ou saberes) dos sujeitos encontra-se em processo como prática social ininterrupta, onde alguns se fixam e outros não.

No plano mais objetivo, os saberes se constituem nos processos interativos. Os sujeitos na relação com as coisas descobrem modos de fazer e de entender tudo que se apresenta no cotidiano por meio de uma experiência que pode ser chamada de ensino-aprendizagem, ou seja, no fazer as coisas os sujeitos aprendem conforme essa experiência concreta na qual o próprio fazer em si ensina. Nesse sentido, a experiência concreta que o sujeito tem com o objeto desenvolve e qualifica a aprendizagem.

O saber (ou saberes), portanto, se caracterizam pela ausência de uma sistematização e organização que se orientam pelos princípios lógico-científicos. Os sujeitos apenas saber e desenvolvem alguns saberes na prática social, na experiência concreta.

Conhecimento

Enquanto o saber está presente na experiência concreta dos sujeitos em suas práticas sociais, o conhecimento encontra-se em um plano parcialmente distanciado do saber: no plano da ciência constituída com o rigor necessário à delimitação do objeto. Isso quer dizer que há uma distinção pouco ou quase nunca apresentada e compreendida por uma parte significativa dos professores em geral.

Considerando o saber (os saberes) como atrelado à experiência concreta e dinâmica no cotidiano dos sujeitos, situamos aqui a constituição do conhecimento como um processo no qual extrai da experiência concreta e dinâmica aspectos que são delimitados, sistematizado e organizados com os critérios rigorosos e próprios da ciência. Isto quer dizer que enquanto o saber é dinâmico, o conhecimento é uma espécie de retrato com todos os detalhes pormenorizados do objeto.

A linguagem em si é dinâmica, todos os sujeitos a utilizam no cotidiano para interagir. Esses mesmos sujeitos no dinamismo da interação também formulam um saber correspondente à utilização da linguagem. No momento em que circunscrevemos e delimitamos a sintaxe ou a pragmática ou a ortografia como aspectos circunscritos para estudo, vamos nos dedicar ao levantamento das correntes teóricas que se constituíram na história para realizar esses estudos.

As correntes teóricas e os princípios básicos da ciência irão nortear toda a descrição dos itens aos quais nos referimos no parágrafo anterior. E assim, nos deparamos com o conhecimento como sendo o resultado de estudos registrado por escrito em um compêndio. Vale ressaltar que a ciência delimitou a própria linguagem como objeto de investigação científica.

Tendo em vista que o acesso ao conhecimento científico se dá por meio da medição de registros escritos ou fixados em algum tipo de suporte de registro, esse conhecimento está na instância estática e não dinâmica como ocorre com o saber. O que se costuma chamar de dinamismo no conhecimento (ciência) é a incessante pesquisa que se faz sobre o objeto, ou seja,

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cada vez que um pesquisador se dedica a uma determinada pesquisa, ele lança mão da leitura de pesquisas/registros anteriores para a elaboração de outro registro, e assim por diante.

Em resumo podemos dizer que o saber está no cotidiano, no dinamismo das interações humanas, e o conhecimento está nos registros que são resultados de pesquisas que empregam uma determinada fundamentação teórica (rigor científico) para a descrição e análise.

O conhecimento da distinção entre saber e conhecimento para os professores torna-se importante na medida em que se faz necessário observar e conhecer os saberes dos alunos, sobretudo o linguístico, uma vez que este saber dinâmico revela categorias que podem se tornar fundamentais no processo ensino-aprendizagem. Isto que dizer que o saber linguístico dos alunos está significativamente contemplado na concepção de língua como um conjunto de variedades.

Ciências naturais e ciências humanas

A ciência se desenvolveu ao longo dos séculos de forma sinuosa e não linear, seja por questões políticas seja por questões específicas no interior dos grupos dedicados à demonstração da verdade. Aqui tratamos a questão a partir da ciência moderna que teve seu início nos séculos XVI – XVII, onde foi possível verificar a relação sistemática entre coleta de dados, experimentação, análise de dados e método de análise.

A ciência moderna passou a integrar as instâncias de estudos superiores que se desenvolveram ao longo da consolidação da sociedade burguesa a partir do início do século XIX. Universidades foram disseminadas nos principais países europeus, espalhando-se pelos outros países de outros continentes. Essa ampliação de universidades e pesquisas fazia parte de um projeto de poder e de um programa econômico que visava aumentar as condições não só do lucro mas também de potencialização da ―liberdade‖ econômica nol moldes do liberalismo.

Nesse período consolidou-se a constatação de que os seres humanos se relacionavam (se relacionam) somente com dois ―mundos‖: o mundo natural e o mundo social, ou seja, a vida do ser humano se dá na relação com a natureza e na relação entre os próprios seres humanos.

As grandes áreas da ciência levaram em consideração essas únicas duas relações fundamentais para a manutenção/preservação da vida, de modo que as ciências naturais se ocuparam (se ocupam) dos campos de investigação presentes da relação do ser humano com a natureza, enquanto as ciências humanas/sociais se ocuparam (se ocupam) dos campos de investigação da realçao do seu humano com os outros seres humanos.

Durante os séculos XIX e XX, as grandes instituições de pesquisa no mundo dedicaram-se ao desenvolvimento das pesquisas nessas grandes áreas. Dessa forma, gradativamente foram se estabelecendo os recortes em subáreas dentro de cada grande uma dessas duas grandes áreas. Podemos observar que foi estabelecida uma distinção tênue entre ciências humanas e ciências sociais, quando ambas representam a grande área de humanas. Outra circunscrição ocorreu com a subárea Letras dentro da grande área de Humanas, e assim por diante.

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necessária que atenda a um determinado objetivo. A argumentação será empregada na defesa de que a caracterização baseada na observação empírica servirá ou não para o atendimento do objetivo.

Portanto, o universo discursivo das ciências naturais estabiliza-se na caracterização dos princípios lógicos adotados na experiência realizada, pois esta fornecerá os elementos necessários à argumentação.

Os procedimentos adotados nas ciências humanas, de forma genérica, não diferem dos das ciências naturais. Entretanto, é preciso atentar para o fato de que as experiências humanas nas relações entre os próprios seres humanos possuem especificidades que não encontramos na relação do ser humano com a natureza, com o seu habitat natural.

Para estabilizar o universo discursivo nas ciências humanas foi necessário observar a relação entre os princpipios lógicos e a argumentação, pois dintiguem-se, sobretudo no processo argumentativo. Enquanto no discurso das ciências naturais os princíos lógicos fornecem os elementos para a argumentação, nas ciências humanas o princípio lógico por ser instável na observação empírica, a argumentação passa a ser o elemento fundamental no processo de estabilização discursiva.

Isto quer dizer que se, por exemplo, observamos um fato social como o comportamento de uma classe social, constatar-se-á que esta é composta por uma diversidade de subclasses que se comportam de uma forma homogênea apenas quando se trata de defender um interesse específico conforme as condições sociais concretas em um determinado período histórico. O comportamento da classse social em si é um conjunto diversificado de ações, e que proporciona uma ou outra argumentação, e é nesta que determinados princípios podem se assentar.

Nesse sentido, a argumentação no discurso das ciências humanas supera a força dos princípios lógicos, pois estes se ajustam ao processo argumentativo, ou seja, este processo configura e reconfigura os princípios lógicos, o implica dizer que a argumentação, inclusive, envolve e recobre a própria concepção de princípios lógicos.

As ciências humanas trabalham com um nível significativo de instabilidade nos planos conceitual e metodológico, o que pode ser verificado nos próprios discursos produzidos que apresentam os resultados das pesquisas.

Decerto que a questão discursiva nas ciências é bastante complexa e não se reduz ao aqui apresentado. Entretanto, esta síntese chama a atenção para o fato de que no processo de formação de professores em geral, e mais especificamente, na área de Letras os formandos e os processores em formação não se deparam de forma substancial com a complexidade do tema discursivo nas duas grandes áreas da ciência.

A nossa tese é a de que a instabilidade no discurso das ciências humanas não configura um universo não substancialmente palpável, mas que está na própria instalibilidade a força e a estabilização necessárias para caracterizar as ciências humanas como uma instância privilegiada da argumentação.

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Considerações finais

Desenvolveu-se aqui um conjunto de aspectos relativos à formação de professores no que tange à relação entre saber e conhecimento; ciências naturais e ciências humanas e ciência e universos discursvos. Considerou-se como importantes aspectos na formação de professores em geral, sobretudo porque situa a área de Letras nas Ciências Humanas: o grande campo de conhecimento e pesquisa que trata da relação entre o ser humano e os seus semelhantes na vida social. Chamou-se a atenção do papel importante do conhecimento linguístico para a qualificação da vida e das relações humanas.

Referências PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso. Campinas: Editora da Uicampo, 2016. PÊCHEUX, Michel. Análise de discurso. SP: Pontes, 2011. GERALDI, J. Wanderley. Portos de passagem. SP: Martins Fontes, 2002. GERALDI. J.Wanderley. Linguagem e Ensino: Exercícios de Militância e Divulgação. SP: Mercado de Letras, 1996. MARX, Karl. A sagrada família. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003. MARX, Karl. Manuscrito econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004. MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. São Paulo: Boitempo Editorial, 2005.

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O ponto de vista apresentado aqui defende a idéia de que a contribuição do ensino da gramática para o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita em todas as disciplinas, só se dará se todos os professores de todas as disciplinas revisarem conceitos e imagens correntes da disciplina gramática. Portanto, nossa reflexão se pautará nos seguintes conceitos políticos correntes de gramática, tal como foram enfocados por Sírio Possenti - (Possenti, 1983):

1 – gramática – conjunto de regras para quem quer falar e escrever corretamente; (corresponde à gramática normativa) 2 – gramática – conjunto de regras sistematizadas por um teórico a partir da coleta e análise de dados de uma determinada variedade lingüística; (corresponde à gramática teórico-descritiva) 3 – gramática – conjunto de regras utilizadas pelos falantes para atender as necessidades de interação. (corresponde à gramática implícita ou internalizada)

De início, podemos chegar à conclusão de que os discursos sobre o ensino de gramática estão assentados no ―falar e escrever corretamente‖ e nas descrições metalingüísticas da gramática teórico-descritiva. Ensinar a falar e escrever corretamente seriam aprender as regras da gramática normativa e um rol de nomenclaturas. A gramática implícita é considerada um conjunto de desvios, uma vez que não atende às regras pré-estabelecidas nas gramáticas 1 e 2. Nesse sentido, saber português, pois, é saber empregar regras de acentuação e ortografia prescritas na gramática do tipo 1; e reconhecer categorias gramaticais e funções sintáticas, na grammática do tipo 2, etc. Diante dessas considerações, a nossa questão centrará a atenção em duas perspectivas: a científica e a ideológica.

Perspectivas científicas

Do ponto de vista científico, o conceito de gramática normativa – conjunto de regras para o bem falar e escrever – não se sustenta, uma vez que ―bem falar e bem escrever‖ são avaliações subjetivas, em nenhum outro campo de estudo encontramos tal tipo de avaliação, imaginem um biólogo dizendo que as células humanas são boas e as células de uma vaca não são, ou um geógrafo dizendo que um continente é melhor do que outro. No mínimo, a pergunta a ser feita é: o que é falar e escrever bem?

O falar em si atende à necessidade que todo falante tem de interagir com outro, constituindo uma prática social própria de todas as comunidades. Portanto, ―falar e escrever bem‖, mesmo apoiando-se nos ―grandes escritores‖ não é corroborado pelos princípios científicos. Uma atualização do conceito de gramática normativa deveria ser um conjunto de regras de uma variedade lingüística, a culta, para fins pedagógicos.

A gramática descritiva, ainda bastante presente no conteúdo de ensino língua portuguesa nas escolas, é o resultado de uma pesquisa fundamentada em uma determinada corrente de investigação sobre a linguagem: comparativismo, estruturalismo, gerativismo, funcionalismo, etc para descrever/caracterizar uma determinada variedade, normalmente a culta. Todo objeto de investigação é descrito por meio de uma linguagem especializada, uma metalinguagem.

Termos como sujeito, objeto, sintagma, morfema, etc servem para nomear e sistematizar os fatos lingüísticos investigados. Além disso, é possível observar que temos descrições gramaticais da língua portuguesa que se distinguem: descrição tradicional, descrição estruturalista, descrição

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gerativista e assim por diante, cada uma utilizando nomenclaturas e interpretações distintas dos fatos da língua portuguesa.

As pesquisas científicas constituem um componente cultural próprio de toda sociedade letrada e grafocêntrica, cujo objetivo é contribuir para o aprimoramento da sociedade, atendendo às reais necessidades da população, integradas à possível transformação de determinadas estruturas. Um dos equívocos no ensino de língua e gramática se dá a partir do momento que se confunde objeto de investigação científica com objeto de ensino de língua.

A metalinguagem, linguagem especializada para descrever o funcionamento da própria linguagem (língua e sua gramática), tornou-se o próprio objeto de ensino na educação básica. Ensina-se toda uma nomenclatura e uma gama de conceitos provisórios como se fossem perpétuos, inquestionáveis e cristalizados.

A linguagem, como objeto de ensino, é ou deveria ser analisada em seu funcionamento nos textos, entendendo-os como uma das mais importantes práticas sociais, proporcionando ao aluno a observação e o emprego de certos recursos expressivos em contextos situacionais diversos vividos no cotidiano, seja por meio do texto oral, seja por meio do texto escrito. Assim, o objetivo é atingir uma interação mais significativa para os sujeitos envolvidos no processo.

Portanto, o trabalho de análise textual na escola consistiria em uma constante testagem de hipóteses para a produção dos discursos para conseguir os efeitos de sentido esperados pelo autor e, concomitantemente, entendendo que nem sempre os efeitos esperados ocorrem, mesmo quando se atinge um nível satisfatório de compreensão da relação sintático-semântica.

A gramática implícita ou internalizada, considerada como desvio do padrão ou deficiência lingüística (Soares, 1990), é outro fator que merece algumas considerações. Entendendo a gramática como um conjunto de regras que o falante aprendeu desde os primeiros anos de vida para atender a necessidade de interação, é possível dizer que, na pior das hipóteses, que os desvios também constituem um conjunto de regras que chamamos de gramática.

De posse de um conceito de gramática associado à variedade ―padrão‖ da língua, é (seria) lícito dizer que os usuários que não fazem uso dessa variedade não sabem a gramática da língua, portanto não sabem falar e não sabem interagir. Entretanto, se levarmos em conta os princípios científicos, veremos que o objeto de uma pesquisa é considerado no seu todo, e neste caso, o todo é a língua que, por sua vez, constitui-se como um conjunto de variedades, cada qual com regras distintas, cujas bases permitem interações no contexto social mais amplo.

As frases ―os meninos estão aqui‖ e ―os menino tá aqui‖ são elaboradas com regras gramaticais distintas sem prejuízo no processo interativo. Enquanto a primeira utiliza a redundância nas concordâncias nominal e verbal, a segunda utiliza a cumulação, ou seja, o morfema gramatical – s – empregado no determinante assume a função pluralizadora nas referidas concordâncias. Um ensino de gramática produtivo poderia levar em consideração a gramática implícita como ponto de partida, desde que os professores comecem a analisar as diferentes regras gramaticais empregadas pelos alunos nos processos interativos – tão legítimas quanto às legitimadas pela gramática normativa prescritiva.

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capacidade de interagir através da leitura e a produção dos textos, pois foi assim que aprendemos desde crianças, ouvindo e falando. Ler e escrever, portanto, são apenas modalidades de interação numa sociedade grafocêntrica como a nossa.

Semelhante à gramática normativa, o discurso da gramática descritiva tradicional apresenta o resultado de uma pesquisa como algo definitivo e, ainda, sem uma fundamentação teórica explícita. Atrelada aos princípios apontados por Gnerre, a Gramática Tradicional e outras que incorporaram algumas noções do estruturalismo e do gerativismo, vê a língua como estática e imutável, assim como sua descrição: inquestionável. O texto é produzido de tal forma que as hipóteses, as teses e os argumentos inexistem, dessa forma não convidam o leitor a compartilhar opiniões e posicionamentos, caracterizando-se como um discurso único e irrefutável, discurso onde ficam escondidas as complexidades próprias do objeto de investigação científica.

Ideologicamente, o discurso das referidas gramáticas parece objetivar a perpetuação da idéia de que tudo está pronto e não é preciso pensar de forma alternativa. Nas escolas, em sua maioria, ainda encontramos o compêndio gramatical como a melhor solução para se aprender língua. Compêndios esses que apenas apresentam alguns resultados de pesquisas, mas que dimensionam como inquestionáveis e hegemônicos. Não é demais acrescentar que muitos professores de todos os níveis de ensino assumem o mesmo discurso e a mesma postura metodológica como se fossem donos de um saber irrefutável. Aas complexidades, que deveriam ser estudadas e que proporcionam o aprimoramento intelectual do indivíduo, são simplesmente deixadas de lado.

Os discursos sobre a gramática implícita também têm um cunho ideológico. Os alunos das classes menos favorecidas aprendem a variedade não ―padrão‖, conhecendo portanto, uma gramática que não está de acordo com o padrão lingüístico estabelecido. Dessa forma, os conceitos certo e errado passam a prevalecer no espaço escolar, quem não fala como o padrão estabelecido fala errado, ou seja, a grande maioria do nosso povo.

Nesse sentido, essa perspectiva ideológica responde a determinadas necessidades e determinados interesses que perpetuam e dão manutenção ao poder político de uma determinada classe social.

Considerações finais

O discurso escolar, pautado na imutabilidade da língua, articula três pontos centrais da ideologia dominante: 1 – a gramática normativa é a língua portuguesa; 2 – quem não aprende a gramática normativa não aprende a língua portuguesa; 3 – o falar em desacordo com a gramática normativa (falar da maioria do nosso povo) é estigmatizado como desvios.

Esta articulação cria uma situação artificial, na qual o aluno se vê em um espaço onde o seu código lingüístico que o permite interagir em todas as situações, é desprezado. Desprezada a sua linguagem, desprezado o seu ser sujeito.

Estas sucintas considerações possuem como objetivo chamar a atenção para a importância da gramática na formação de habilidades de leitura e escrita. Entendendo a nossa disciplina –

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gramática – nas perspectivas aqui apresentadas, acredito que será significativo dar mais um passo adiante para formar leitores e produtores de textos de uma maneira mais adequada e coerente. A tarefa não é fácil, pois será preciso ultrapassar os limites de um sistema de referência constituído no curso de nossa história. Todavia, se foi a linguagem que o constituiu, é essa mesma linguagem que há de proporcionar as condições alternativas, e necessárias, para a constituição de um outro sistema de referência.

Referências Abaurre, Maria Bernadete Marques;Raquel Salek Fiad; Maria Laura Trindade Mayrink-Sabinson. Cenas de aquisição da escrita: o sujeito e o trabalho com o texto. Campinas, SP: Mercado de Letras,

Bakhtin, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 8ª ed., 1997. _____________. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997 Benveniste, E. Problemas de lingüística geral. Vol.I. Campinas: Pontes, 2000. _____________. ______________________. Vol.II. Campinas:Pontes, 2000. Bowman, Alan K. e Woolf, Greg (org.) Cultura escrita e poder no mundo antigo. São Paulo: Ática,

Britto, Luiz Percival Leme. A sombra do caos: ensino de língua x tradição gramatical. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1997. Chomsky, Noam. Linguagem e pensamento. Petrópolis, RJ: Vozes, s.d. Desbordes, Françoise. Concepções sobre a escrita na Roma Antiga. São Paulo: Ática,1995. Eco, Umberto. Semiótica e filosofia da linguagem. São Paulo: Ática,1991. Franchi, Carlos. Linguagem: atividade constitutiva. Cadernos de estudos lingüísticos 22: IEL/Unicamp. Geraldi, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 3ª ed., 1995. ___________________. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1996. Gnerre, Maurizzio. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 3ª ed., 1991. Manacorda, Mario A. História da educação: da antigüidade aos nossos dias. São Paulo: Cortez, 7ª ed., 1999. Orlandi, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas, SP: Pontes, 4ª ed., 1996. __________________. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez, 4a ed., 1999. Osakabe, Haquira. Argumentação e discurso político. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Pêcheux, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Campinas: Pontes, 2ª ed., 1997. Possenti, Sírio. Discurso, estilo e subjetividade. São Paulo: Martins Fontes, 1988. Saussure, F. Curso de lingüística geral. São Paulo:Cultrix, 1974. Searle, John R. Expressão e significado: estudo da teoria dos atos de fala. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

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Our methodology is of the documentary type, since we understand that song as a semiotizing document of an anachronistic social position in relation to the time when it was materialized. For this, in the scope of applied social studies, this type of research helps us to understand the corpus that were created from very specific social behaviors, being, therefore, a good opportunity to investigate human behavior. (cf. SÁ-SILVA, 2009)

In addition to this Introduction, Final Considerations and References, this article consists of the following sections: Dialogues between applied linguistics and systemic-functional linguistics; Women in the 21st century: detachment from the fragile sex, A little bit of the history of the music in question and Analyzing the discursive representation of women.

Dialogues Between Applied Linguistics and Systemic-Functional Linguistics

The SFL has an Australian origin and was born, basically, for the teaching of the english language (FUZER, CABRAL, 2010; PEREIRA, 2015a; SILVA, 2014). In this sense, we can affirm that this current of functionalist studies was born as a result of the need for innovation in language teaching, based on new perspectives on the already latent problems. Over time, systemic-functional linguistics has been used for linguistic analysis materialized in other social contexts, not just those aimed at teaching. (Cf. PEREIRA, 2015b; MUNIZ DA SILVA, 2014)

This is very close to the concepts of applied linguistics, theoretical and methodological concepts of language research, based on concrete social issues. Originating in the context of World War II (cf. PEREIRA, 2014), Applied Linguistics has undergone several modifications within its own core. Many controversies have been established about applied linguistics as a discipline or as an emerging and different way of doing research. (cf. SIGNORINI, 1998; MOITA LOPES, 2006; 2013; MELO, 2015; PEREIRA 2016a)

However, what makes applied linguistics very close to SFL is the imminently interdisciplinary character. Therefore, the fact that they recognize themselves as possibilities of analysis open to dialogues with other sources causes the approximation that we seek, with the aim of making the analysis of the data more palpable. The idea of interdisciplinarity that we deal with here is part of the contributions of Fazenda (2009), when the author lists different levels of interdisciplinarity, placing it as something natural to social and cultural studies, with language as an example.

In his work, Orlando Vian Jr. (2013) unfolds in an attempt to establish a harmonious dialogue between Applied Linguistics and SFL. For the author, this relationship occurs in a very natural way, considering that the phenomena of language are always of a social nature, that is, what is written is nothing more than a representation of a larger social context. In this case, it is necessary to understand the dialogic movements established in a two-way order, because, with that, the idea of linguistic simultaneity and interdisciplinarity of knowledge arises.

Women in the 21st Century: Detachment from the weaker sex

The female figure has already gone through several moments in the social structure. Women, secularly known as the weaker sex, have increasingly sought equality of social rights and expression. However, it is still possible to find strong remnants of a predominantly macho culture. However, let us not now go into the merits of this issue. Let‘s leave it for another moment.

Ciências Sociais–Ano16– Coletânea– Novembro– 2020 – ISSN: 1809-

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In their most recent work on this subject, Pereira, Reis and Brito (2017) make a kind of timeline, in which they map the main feminist developments and achievements along a historical outline they propose. This chronology is crucial to understand the construction of a paradigm in which the male figure overlaps the female, and, therefore, some woman's attitudes, even in the 21st century, still shock and cause furor. Even because breaking paradigms is a difficult, arduous and, mainly, procedural task.

Regarding the role of women in the labor market, Priore (2007) emphasizes that there was a greater participation in the 1950s, especially with regard to works of a collective nature. However, women were seen as assistants, those who would not be able to carry out any activity in a protagonist manner with the same effectiveness as men.

Perhaps this was what most troubled the most feminist and revolutionary women of soul. Over time, the woman started to occupy social positions hitherto unimaginable. Reis and Brito (2012) problematized this issue when analyzing how the 21st century woman is seen in beer advertisements. The authors understood that the cult of form and the exaggeration of sensuality in advertisements exposed women to an unfavorable condition to the original idea of equal rights.

One of the answers to this was to understand this manifestation of language as a kind of self-defense mechanism, since, historically, women, in various parts of the world, use beauty to assume a commanding position in relation to the influence that this exercise on the male figure. This is very close to what is possible to see in the song that we will analyze in one of the sections of this article.

In a dialogical perspective between semiotics and discourse analysis, Silva, Oliveira and Delbianco (2015) argue that, often, the way women are exposed in the media is something more of a capitalist rather than a social nature. In other words, according to the authors, the text in which the image of the woman is conveyed often uses stereotypes to encourage consumption. What happens a lot in advertising, more specifically in beauty products, as is also discussed in Pereira (2016b).

A Little History of the Song in Question

Lady Marmalade is a song of american origin, released in 1974 by the american group LaBelle , composed only by women, with singer Patti LaBelle as vocalist. It became the main song on the album Nightbirds, which earned the group many awards. However, it was in the voice of the vocalist, Patti Labelle, that it became a song immortalized in the memory and in the hearts of people spread all over the world.

To this day, Lady Marmalade is re-recorded by several singers, and is also the most anticipated song at Patti Labelle‘s concerts, even in her solo career, and is always the most applauded song in the shows.

The song revived its peak when it was re-released in the feature film Moulin Rouge, in 2001, having been re-recorded by singers Christina Aguilera, Lil 'Kim, Mýa and Pink. The resounding success of the film, starring Nicole Kidman, is also due to the apotheosis caused by the music just mentioned, which proves its timelessness. At the time, the song‘s success was so resounding that it paid homage to him during the Grammy Hall of Fame ceremony in 2002.