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O texto aborda o desafio enfrentado por professores de português em tornar a leitura e a escrita significativas para os jovens, rompendo as barreiras entre a sala de aula e a realidade. Discute-se como a leitura e a escrita podem se tornar atividades artificiais e descontextualizadas quando realizadas apenas como tarefas escolares, sem conexão com as necessidades e motivações reais dos alunos. O texto propõe que o professor de português reconfigure a sala de aula, transformando-a em um ambiente mais propício à leitura e à escrita significativas, por meio de atividades como sessões de cinema, publicação de resenhas em plataformas reais e uso de recursos tecnológicos. A ideia é que a escola se torne uma extensão do mundo de textos que cerca os alunos, tornando a leitura e a escrita condutas da vida em sociedade.
Tipologia: Provas
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Enunciado 01 Ler e escrever o mundo Tornar a leitura e a escrita significativas para os jovens é um desafio para professores de Português, que precisam romper as barreiras entre as salas de aula e a realidade. Quem nunca teve que ler uma bula de remédio? Onde encontrá-las, em caso de necessidade? [...] A maioria de nós encarou aquele texto em letras miúdas à procura de um esclarecimento sobre dose, efeitos colaterais, contraindicações ou frequência com que o produto deve ser tomado. [...] Embora a linguagem em que o texto da bula era escrito não fosse lá muito amigável, os usuários faziam o possível para obter ao menos as informações mais importantes para não matar o paciente envenenado nem deixá-lo sem tratamento. Há alguns meses, a agência nacional reguladora da saúde no Brasil, a Anvisa, mandou que as bulas fossem escritas para o público, e não mais para os especialistas. A ideia foi ótima e o usuário, especialmente aquele menos letrado, agradece muito que se mude o público-alvo do texto que ensina a usar os remédios. [...] Ler a bula dos remédios é uma ação que, muito provavelmente, só acontece diante da necessidade. Se meu filho pequeno tem febre, corro para ler a bula e entender que dose de antitérmico devo administrar. Se eu tenho dor de cabeça, leio a bula do analgésico para saber como devo tomá-lo. E assim procedem outras pessoas em circunstâncias diversas. Sempre diante da necessidade e, claro, após a consulta ao médico. Essa é a “leitura significativa”, que funciona como acesso a um conhecimento, mesmo que ele seja tão circunstancial, e preparação para uma ação, mesmo que seja a de tomar um comprimido. Daí em diante, saberei o procedimento de ler bulas e talvez nem precise mais ler se me acontecer novamente a necessidade do mesmo remédio. Outras leituras significativas são o rótulo de um produto que se vai comprar, os preços do bem de consumo, o tíquete do cinema, as placas do ponto de ônibus, o regulamento de um concurso, a notícia de um jornal. Se estou precisando trocar de carro, leio os anúncios classificados; caso queira me divertir no cinema, recorro às sinopses e às resenhas para me ajudarem a escolher o filme, o cinema e as sessões. Caso eu me sinta meio sem perspectivas, posso recorrer aos regulamentos de concurso. Nesses casos, há quem prefira as páginas do horóscopo. Também posso ler para me informar, para aprender a usar uma ferramenta, ligar um aparelho eletrônico, aumentar meu conhecimento sobre algo menos tangível ou mesmo ler para escrever em reação a algo que foi lido. Em muitos casos, posso ler para aprender. A leitura significativa acontece diariamente com as pessoas à medida que elas interagem com o mundo e com todas as peças escritas que nos circundam. E estamos tão acostumados a isso que esquecemos de que ler é hoje algo muito trivial, especialmente para as pessoas que moram nas cidades. Já outros gêneros de texto não são assim tão fáceis de achar. Os poemas (infelizmente!) não estão nos rótulos de embalagens nem junto aos frascos de remédio. Talvez não fossem lá muito informativos e de grande ajuda para quem está com uma lancinante dor
de cabeça. Os romances não cabem nos outdoors e os contos não costumam acompanhar os tíquetes-refeição. Embora todas essas coisas possam se cruzar em instâncias específicas, os gêneros de texto artísticos não são tão funcionais quanto os anteriormente citados, mas também têm seus “códigos” de leitura. São lidos em momentos específicos, por exemplo: quando alguém quer ter prazer, experiência estética, conhecimento, vocabulário, etc. Em alguns casos, é necessário ler para um concurso ou para se divertir. Esta também é a leitura significativa. E o que é que a leitura se torna quando entra pelos portões da escola? O que acontece com a leitura significativa quando ela deixa de ser feita a partir de uma necessidade ou de uma motivação mais “real” e passa a ser feita como tarefa pontuada? Como compreender a leitura de uma bula de remédio sem precisar dela? [...] Como ter prazer em ler um poema perto da hora do recreio, quando se sente mais a necessidade de ler o quadro de salgadinhos (e seus preços) na cantina da escola? A leitura ganha contornos de “cobaia de laboratório” quando sai de sua significação e cai no ambiente artificial e na situação inventada. No entanto, é extremamente difícil para o professor, especialmente o de português, tornar a sala de aula um ambiente confortável para a leitura significativa. Como trazer as necessidades e as motivações para dentro da sala de aula? Quando o assunto é a escrita, a situação se agrava ainda mais. Quando é que sentimos necessidade de escrever? Que textos são necessários à nossa comunicação diária, seja no trabalho ou entre amigos na Internet? Como agir por meio de textos em circunstâncias reais? E como trazer essas circunstâncias para a escola? Já que o mundo inteiro não cabe numa sala, quem sabe se o professor de português saísse mais da sala de aula e levasse o aluno às situações em que ler e escrever se tornam muito tangíveis? E se a sala de aula de português não fosse tão inibitória ao encontro, à conversa e ao texto e se tornasse uma “sala ambiente”, à maneira dos professores de biologia? Em lugar de cadeiras individuais de costas umas para as outras estariam as mesas redondas. No lugar do quadro, uma estante de livros de referência sobre língua e muitos outros assuntos. Ou talvez a biblioteca fosse muito adequada à conversão dos alunos- repetidores em alunos interventores. Quem sabe se o professor de Português fizesse a necessidade acontecer? Uma sessão de cinema de verdade pode ensejar resenhas de verdade. Um lugar onde publicar as resenhas (e aí é impossível não citar a Internet) pode transformar textos-obrigação em textos formadores de opinião, ao menos para uso daquela comunidade. [...] ler e escrever são condutas da vida em sociedade. Não são ratinhos mortos de laboratório prontinhos para ser desmontados e montados, picadinhos e jogados fora. Quem sabe o professor de português reconfigure a sala de aula e transforme a escola numa extensão sem muros e sem cercas elétricas do mundo de textos que a rodeia? RIBEIRO, Ana Elisa. Estado de Minas, Belo Horizonte, 10 set. 2005. Pensar (Adaptação).
A) Confusa B) Enganosa C) Compreensível D) Solidária Enunciado 05 Quem sabe se o professor de Português fizesse a necessidade acontecer? Uma sessão de cinema de verdade pode ensejar resenhas de verdade. Um lugar onde publicar as resenhas (e aí é impossível não citar a Internet) pode transformar textos-obrigação em textos formadores de opinião, ao menos para uso daquela comunidade. Todas as inferências desse trecho e constantes das afirmativas a seguir estão corretas, EXCETO A) A escola, ao ensinar o aluno a produzir o gênero resenha, cria uma situação de leitura e escrita considerada artificial. B) O professor de Português deve exigir da escola as ferramentas tecnológicas do vídeo e do computador. C) Os recursos da tecnologia, via Internet, são usados pela escola em circunstâncias não reais, tornando problemático o ensino da escrita na produção de textos. D) As sessões de cinema dentro da escola constituem estímulo à produção de texto (resenhas), de vez que estariam inseridas em situação de “leitura significativa”. Enunciado 06 O McSorley’s ocupa o térreo de um prédio de tijolinhos vermelhos, é o número 15 da rua 7, vizinho à Cooper Square, onde termina a Bowery. Foi inaugurado em 1854 e é o bar mais antigo de Nova York. Em seus 86 anos, teve quatro proprietários — um imigrante irlandês, seu filho, um policial aposentado, sua filha —, todos eles avessos a mudanças. Embora disponha de energia elétrica, o bar teima em ser iluminado por duas lâmpadas a gás — toda vez que alguém abre a porta, a luz oscila e projeta sombras no teto baixo coberto de teias de aranha. Não há caixa registradora. As moedas são atiradas em tigelas — uma para as de 5 centavos, uma para as de 10, uma para as de 50 —, e as notas são guardadas num cofre de madeira. (Este texto foi publicado na década de 40 pela revista The New Yorker. As datas do original foram mantidas) MITCHEL, Josef. O bar do McSorley. Piauí. São Paulo, ano 9, n. 100, p. 42, jan. 2015. [Fragmento] No fragmento, retirado de um texto em que se conta a história de um bar nova-iorquino, são predominantes as sequências textuais de tipo A) expositivo. B) narrativo. C) descritivo. D) argumentativo.
Enunciado 07 O esforço dos pensadores que nos antecederam deixou pontos de partida muito valiosos. Mas devemos reconhecer que eles nos falaram de um país que, pelo menos em parte, deixou de existir. O Brasil de Gilberto Freyre girava em torno da família extensa da casa- grande, um espaço integrador dentro da monumental desigualdade; o de Sérgio Buarque apenas iniciava a aventura de uma urbanização que prometia associar-se à modernidade e à cidadania; o de Caio Prado mantinha a perspectiva da libertação nacional e do socialismo; o de Celso Furtado era uma economia dinâmica, que experimentava uma acelerada modernização industrial; o de Darcy Ribeiro – cujos ídolos, como sempre dizia, eram Anísio Teixeira e Cândido Rondon – ampliava a escola pública de boa qualidade e recusava o genocídio de suas populações mais fragilizadas. Os elementos centrais com que todos eles trabalharam foram profundamente alterados nas últimas décadas. A economia mais dinâmica do mundo, que dobrou seu produto, cinco vezes seguidas, em 50 anos, caminha para experimentar a terceira década rastejante. Todos os mecanismos que garantiram mobilidade social na maior parte do século XX foram impiedosamente desmontados, a começar pela escola pública. A urbanização acelerada concentrou multidões desenraizadas, enquanto a desorganização do mercado de trabalho multiplicava excluídos. Tornado refém do sistema financeiro, o Estado nacional deixou de cumprir funções estruturantes essenciais. A fronteira agrícola foi fechada, estabelecendo-se nas áreas de ocupação recente uma estrutura fundiária ainda mais concentrada que a das áreas de ocupação secular. Nessa sociedade urbanizada e estagnada, os meios eletrônicos de comunicação de massa tornaram-se, de longe, a principal instituição difusora de desejos, comportamentos e valores, inoculando diariamente, maciçamente e irresponsavelmente, uma necessidade de consumo desagregadora, pois inacessível. “Nunca foi tão grande a distância entre o que somos e o que poderíamos ser”, disse recentemente Celso Furtado, antes de nos deixar. Não temos uma teoria do Brasil contemporâneo. Estamos em voo cego, imersos em uma crise de destino, a maior da nossa existência. A História está nos olhando nos olhos, perguntando: “Afinal, o que vocês são? O que querem ser? Tem sentido existir Brasil? Qual Brasil?”. Temos hesitado em enfrentar questões tão difíceis, tão radicais. Preferimos brincar de macroeconomia. Mas a disjunção está posta: ou o povo brasileiro, movido por uma ideia de si mesmo, assume pela primeira vez o comando de sua nação, para resgatá-la, reinventá-la e desenvolvê-la, ou assistiremos neste século ao desfazimento do Brasil. Se ocorrer esse último desfecho, representará um duríssimo golpe nas melhores promessas da modernidade ocidental e será um retrocesso no processo civilizatório de toda a humanidade. A invenção do futuro se tornará muito mais penosa para todos. BENJAMIN, César. Uma certa ideia de Brasil. Revista Interesse Nacional. Disponível em: <http://interessenacional.uol.com.br/index.php/edicoesrevista/ uma-certa-ideia-de-brasil/>. Acesso em: 6 maio
Revista Veja, edição 2155, 10 mar. 2010, p. 72-73. In: ALVES, Caroline Francielle; LIMA, Sostenes Cézar. HIBRIDIZAÇÃO DO GÊNERO ANÚNCIO EM REVISTA SEMANAL. PERcursos Linguísticos, [S. l.] , v. 7, n. 16, p. 86–104, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/percursos/article/view/17679. Acesso em: 15 fev.
A) IDENTIFIQUE os gêneros textuais presentes nessa obra.
B) O texto acima, inicialmente, causa um certo estranhamento no leitor. EXPLIQUE a que isso se deve.
C) RELACIONE a imagem do carro com a mensagem verbal apresentada e EXPLICITE a ideia que o texto pretende veicular.
Enunciado 10 Weslley, my dear: Perdi o emprego. Passo o dia sem fazer nada, full-time. Sem money, tive que vender umas coisinhas: o laptop, o ipod e até minha bike. Recebi uma oferta de trabalho da “Hamburguer Center Delivery” aquela rede de fast food que invadiu os shoppings do Rio. Precisam de um assessor de marketing. Não aceitei: perdi o timming. Hoje fiz meu cooper na orla. Adivinhe quem encontrei em pleno footing: o William, o Herbert, o Jefferson e o Ronald (eta cariocada sarada!). Ia me esquecendo: estive também com o Dawson, aquele que cuidava do merchandising da novela das oito. Sabia que ele está fazendo o making off do último filme do Carvana? Cá entre nós, em off, dizem que o cara está na fase do up to closet. Quem imaginaria, hein? Dizem que praticava jumping, rafting, trekking, rapel e outros babados. Sabe quem estava no point com ele? A Jennifer, aquela gaúcha com cara de bond girl. É tudo disfarce, my friend... O Herbet me perguntou se eu aceitava ser ghost writer de um editor paulista de pocket book. Vou pensar. Você não quer abrir uma lan house de sociedade comigo? [...] Há algum tempo, encontramos brasileiros que se mostram preocupados com uma possível deterioração da língua portuguesa, encarecendo a necessidade de preservá-la da invasão dos estrangeirismos, principalmente dos termos de origem inglesa (os chamados anglicismos). Deputados e senadores, em ocasiões diversas, tentaram criar leis para barrar essa “influência nefasta”. Será que tem fundamento tanto zelo para com a língua nacional? É a pergunta que faz o professor José Luiz Fiorini, do Departamento de Linguística da USP, em artigo assinado por ele na revista Língua Portuguesa, edição de janeiro de 2008. Na ocasião, o professor lembrava que o então senador Ronaldo Cunha Lima fizera, em 12 de novembro de 1998, no Senado Federal, um pronunciamento, em que discutia a necessidade de preservação da “última flor do Lácio”. Em 2007, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou por unanimidade o projeto do deputado federal Aldo Rebelo, que pretendia proibir os estrangeirismos em anúncios publicitários, meios de comunicação, documentos oficiais, letreiros de lojas e restaurantes. O projeto ainda não se tornou lei. Deixamos de citar aqui outros projetos afins... Voltando ao professor Fiorini, na mesma edição da revista citada, ele lança algumas