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Conhecido como o pai da Cruz Vermelha, Jean Henry Dunant nasceu em 8 de maio de 1828 em Genebra, Suíça. Seu pai, homem de negócios bem-sucedido e cidadão de certo destaque que tinha recursos. Sua mãe era uma mulher bondosa e devota. Mais do que ninguém, ela foi a pessoa responsável pela educação de seu filho primogênito. A influência dela contou muito na formação de seu caráter.
Tipologia: Resumos
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J.-Henry Dunant (1828-1910)
Conhecido como o pai da Cruz Vermelha, Jean Henry Dunant nasceu em 8 de maio de 1828 em Genebra, Suíça. Seu pai, homem de negócios bem-sucedido e cidadão de certo destaque que tinha recursos. Sua mãe era uma mulher bondosa e devota. Mais do que ninguém, ela foi a pessoa responsável pela educação de seu filho primogênito. A influência dela contou muito na formação de seu caráter.
À medida que Dunant amadurecia, desfrutava de todos os privilégios a que tinha acesso em virtude da posição social e econômica de sua família. Ao mesmo tempo, conhecia os rigores habituais a um filho de um cidadão suíço comprometido com suas obrigações. A atmosfera da Genebra calvinista também influenciou seu crescimento e desenvolvimento. Cedo, Dunant desenvolveu convicções religiosas profundas e princípios morais elevados.
Nos primeiros anos da maturidade encontrou vazão para suas energias aliando-se a vários movimentos ou causas e engajando-se em atividades caridosas e religiosas. Durante algum tempo participou de um movimento – na época bastante forte em muitas partes da Europa – pela união de cristãos e judeus. Tornou-se membro de uma organização em Genebra conhecida como Liga dos Donativos, cuja proposta era levar conforto espiritual e auxílio material para os pobres, enfermos e amargurados. Também visitava regularmente a
prisão da cidade, onde trabalhava para ajudar a corrigir os transgressores da lei.
No entanto, até quase os 30 anos de idade, o maior interesse de Dunant estava em um grupo de organizações na Suíça, França e Bélgica, que atuava com o nome de “União Cristã dos Homens Jovens” (UCHJ). Era o equivalente da então recém-criada Associação Cristã dos Homens Jovens, na Inglaterra. No início de 1853 nasceu um movimento para transformar as “Uniões” em uma organização. Dunant se opôs firmemente ao plano, por entender que era demasiado limitado, e fez uma contraproposta: deveria ser organizada uma “União Mundial” para incluir a UCHJ. Em grande parte graças à persistência de Dunant, isto foi feito na primeira conferência mundial da UCHJ, ocorrida em Paris, em 1855.
Apesar da dedicação de Dunant a causas desse tipo, ele não se limitava suas atividades a elas. Também estava engajado em se estruturar para uma carreira empresarial, e em se lançar nessa tarefa. Em 1849 foi aprendiz em um banco de Genebra para conhecer o sistema bancário. Evoluiu tão bem que, em 1853, recebeu um encargo temporário na Argélia, como gerente geral de uma empresa subsidiária da sua firma, conhecida como “Colonies Suisses de Setif ”. Mais tarde se desligou da companhia e começou a se dedicar aos negócios por conta própria. O jovem enérgico parecia destinado a uma carreira empresarial de sucesso e a obter uma fortuna considerável.
Durante uma viagem de negócios à Itália, por acaso, Dunant chegou a Castiglione della Pieve no mesmo dia de
Em 1863 e 1864, a estrela de Dunant atingiu seu apogeu e depois, quase imediatamente, começou a declinar. As pessoas se reuniam em seu apoio, foi organizado um comitê e eram realizadas conferências. Mas durante a transformação de seu sonho em realidade, Dunant, o visionário, foi aos poucos se afastando, enquanto homens de ação começaram a assumir o comando. Os anos de 1865 e 1866 foram marcados pela sua menor participação no movimento que suas propostas haviam gerado. A timidez ou a desconfiança de Dunant foram em parte responsáveis por isso: estranhamente, o jovem que era tão eloquente e convincente com sua caneta e nas conversas, tinha pouco para dizer ou oferecer nas reuniões e conferências.
O ano de 1867 foi catastrófico para Dunant. Suas empresas, que havia muito tempo eram negligenciadas, precisaram ser liquidadas. Durante o processo de liquidação, abdicou praticamente de tudo o que possuía para satisfazer seus credores. Logo depois deixou Genebra, para nunca mais voltar. Tinha então apenas 39 anos.
Os 20 anos seguintes foram realmente difíceis para Dunant. Ele vivia precariamente, contando com a ninharia que os amigos podiam lhe dar e uma pequena mesada de seus familiares. A pobreza e a penúria não lhe eram estranhos. Aparecia em público ocasionalmente, na França, Alemanha, Itália e Inglaterra, para ser homenageado por sua participação na fundação da Cruz Vermelha ou por sua ligação com outros projetos com os quais havia se identificado. No entanto, na maior parte do tempo vivia na obscuridade.
De repente, certo dia de julho de 1887, um senhor apareceu na pequena cidade de Heiden, Suíça. Os moradores locais ficaram sabendo logo de que se tratava de Dunant. Embora ele tivesse apenas 59 anos, duas décadas de decepções e privações tinham-no envelhecido prematuramente. No seu novo lar, várias pessoas o ajudavam e lhe dispensavam o respeito que ele merecia, e por algum tempo continuou a demonstrar um entusiasmado interesse na evolução do movimento a que se dedicara tanto para estabelecer. De vez em quando, recebia notícias ou era procurado por alguns poucos amigos e antigos clientes que sabiam que ele ainda estava vivo. Por volta de 1892, a saúde ruim e a idade avançada o obrigaram a fixar residência na casa de saúde local, onde passou os últimos 18 anos de sua vida.
Em 1895, um jovem jornalista que fazia uma expedição nas montanhas perto de Heiden ouviu falar de Dunant e quis entrevistá-lo. Em poucos dias o mundo ficou sabendo que Dunant ainda estava vivo, embora estivesse vivendo em condições de certa forma penosas para alguém que havia dado tanto para o mundo. Começaram a aparecer ofertas de ajuda; o reconhecimento pelos grandes serviços prestados chegava pelo correio; vinha das pessoas abastadas e dos humildes, de lugares próximos e distantes. O Papa Leão XIII enviou-lhe seu retrato assinado, onde ele próprio havia escrito à mão as palavras “Fiat pax in virtute tua Deus”.^1 Dunant, tranquilo na serenidade da idade, apreciou os louvores que lhe conferiam. No entanto, deixou claro que não precisava de ajuda; suas poucas necessidades básicas eram mais do que satisfeitas pela casa de saúde e por seus vizinhos em Heiden. (^1) Pelo Teu poder, que haja paz, Oh Deus!
DE
SOLFERINO
A vitória sangrenta em Magenta abrira as portas de Milão para o exército francês e levara o entusiasmo dos italianos para o auge. Pavia, Lodi e Cremona tinham visto a chegada de seus libertadores e estavam recebendo-os com entusiasmo. Os austríacos haviam se retirado de suas fileiras próximas aos rios Adda, Oglio e Chiese, e agora, determinados a conseguir uma vingança gloriosa por suas antigas derrotas, tinham reunido uma força considerável às margens do rio Mincio, liderada com firmeza pelo próprio jovem Imperador austríaco. No dia 17 de junho, o Rei Vittorio Emanuele chegou a Brescia, onde foi aclamado calorosamente por um povo que fora oprimido por dez longos anos, e que via o filho de
Carlo Alberto como seu salvador e herói. No dia seguinte, Napoleão fez uma entrada triunfal na mesma cidade, em meio a um entusiasmo generalizado. Todos se regozijavam com a oportunidade de mostrar sua gratidão para o soberano que veio ajudá-los a conquistar novamente sua liberdade e independência. Em 21 de junho, o Imperador dos franceses e Rei da Sardenha deixou Brescia, um dia depois da saída do exército. No dia 22, Lonato, Castenedolo e Montechiaro foram ocupadas, e na noite do dia 23, o Imperador, na qualidade de Comandante-chefe, emitiu ordens explícitas para o exército do Rei Vittorio Emanuele, que estava acampado em Desenzano e formou a ala esquerda do Exército Aliado, para atacar Pozzolengo na manhã do dia 24. O Marechal Baraguey d’Hilliers deveria seguir para Solferino; o Marechal e Duque de Magenta, para Cavriana; o General Niel deveria ir para Guidizzolo, e o Marechal Canrobert para Medola, enquanto a Guarda Imperial recebeu ordens de prosseguir para Castiglione. Juntos, esses agrupamentos constituíam uma força militar com um total de cento e cinquenta mil homens e quatrocentas peças de artilharia. O quartel-general do Império havia sido transferido de Verona para Villafranca, e em seguida para Valeggio, e os soldados receberam ordens para atravessar novamente o rio Mincio em Peschiera, Salionze, Valeggio, Ferri, Goito e Mântova. A maioria do exército se instalou entre Pozzolengo e Guidizzolo, de forma a atacar o exército franco-sardo entre os rios Mincio e Chiese, de acordo com a sugestão dos marechais de campo mais experientes. As forças austríacas sob o comando do Imperador
se deparar frente a frente tão rápido com o exército do Imperador da Áustria. Os reconhecimentos de terreno e as observações que haviam feito; os relatórios das sentinelas avançadas, e os sobrevoos dos balões realizados no dia 23 não haviam fornecido nenhum indício de uma contraofensiva ou de um ataque. Assim sendo, embora ambos os lados estivessem verdadeiramente esperando que uma grande batalha fosse acontecer em breve, o encontro entre os austríacos e os franco-sardos na sexta-feira, 24 de junho, não foi realmente intencional, uma vez que os dois adversários estavam equivocados em relação aos movimentos recíprocos. Todos ouviram falar ou devem ter lido algum relato sobre a Batalha de Solferino. A memória sobre ela é tão viva que ninguém a esqueceu, principalmente porque as consequências daquele dia ainda estão sendo sentidas em muitos países europeus. Eu era um turista sem nenhum tipo de participação naquele grande conflito, mas tive o raro privilégio, por causa de uma sucessão de circunstâncias extraordinárias, de testemunhar as cenas comoventes que resolvi descrever. Nessas páginas transmito apenas as minhas impressões pessoais; de forma que meus leitores não devem procurar aqui detalhes específicos, nem informações sobre temas estratégicos; esses assuntos têm seu espaço em outros textos. Naquele memorável dia 24 de junho, mais de 300 mil homens se depararam frente a frente; a linha de combate tinha cerca de 20 quilômetros de comprimento, e os enfrentamentos continuaram por mais de quinze horas. Depois de padecer o cansaço da marcha de uma noite
inteira, no dia 23, o exército austríaco teve de aguentar a feroz investida do exército aliado no amanhecer do dia
horror e abominação; os austríacos e os aliados esmagavam-se uns aos outros com os pés, matando-se diante de pilhas de cadáveres em sangue, abatendo seus inimigos com as soleiras dos fuzis, esmagando os crânios, rasgando a barriga com o sabre e a baioneta. Não havia nenhuma benevolência com os prisioneiros; era uma carnificina total; uma luta entre animais selvagens, enlouquecidos por sangue e fúria. Mesmo os feridos combatiam até o último suspiro. Quando ficavam sem armas, pegavam seus inimigos pela garganta e os cortavam com seus dentes. Um pouco mais adiante, o cenário era o mesmo, só mais horripilante pela aproximação de um esquadrão de cavalaria em galope, cujas patas pisotearam sobre os mortos e agonizantes que encontrava pelo caminho. Um pobre ferido teve o queixo levado embora; a cabeça de outro foi estilhaçada; um terceiro, que poderia ter sido salvo, teve o tórax perfurado. Juramentos e guinchos de raiva, gemidos de angústia e desespero se misturavam aos relinchos dos cavalos. Depois da cavalaria a todo galope, chega a artilharia. Os tiros de canhão caíram estrondosamente sobre os mortos e feridos, e espalharam confusão no terreno. Miolos jorraram embaixo das rodas; membros eram quebrados e dilacerados; corpos eram mutilados depois de reconhecidos
escolhidos, consumidos pelos esforços e encharcados de suor, mal conseguiriam atingir o topo da montanha – e então iriam prorromper sobre os austríacos como uma avalanche, arruinando-os, forçando-os a abandonar a posição, dispersando-os e perseguindo-os até o fundo de fossos e desfiladeiros. As posições dos austríacos eram excelentes, uma vez que estavam entrincheirados nas casas e igrejas de Medola, Solferino e Cavriana. Mas nada detinha, interrompia ou diminuía a carnificina. Havia matança coletiva, e matança corpo a corpo; cada pedaço de terra era disputado com as baionetas; cada posição era defendida passo a passo. As cidades eram conquistadas, casa a casa e fazenda a fazenda; e cada uma delas, por sua vez, tornava-se palco de um cerco. Cada porta, cada janela, cada quintal era cenário de um massacre apavorante. Um tumulto espantoso foi provocado nas linhas de combate austríacas pela chuva de metralhas disparada pelos franceses, que atingiu eficazmente grandes extensões de terreno. Cobriu as colinas de mortos e provocou vítimas até entre os distantes agrupamentos de soldados alemães. No entanto, os austríacos não estavam batendo em retirada de uma vez só; recuavam somente aos poucos, e assim puderam retomar logo a ofensiva e se concentrar de novo. Mesmo assim, mais uma vez foram dispersos. Na planície, nuvens de poeira das estradas eram levantadas pelo vento, formando enevoamentos densos que escureciam o ar e cegavam os soldados combatentes. De vez em quando, em determinados pontos, dava a impressão de que a batalha poderia parar um pouco – mas