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Uma Noite Passionosa com Lucan Thorne, Resumos de Música

Neste capítulo, gabrielle reflete sobre sua vida sexual e a fantasia de orgia que experimentou com lucan thorne. Ela também se preocupa com a tradição da raça de se casar e vincular-se por sangue. Enquanto isso, lucan se enfurece com a indiferença de tegan e a noite que ela passou com gabrielle. Quando ele chega à casa de gabrielle, ele acha que ela está amante de um renegado e se prepara para lutar. Por fim, gabrielle descobre a verdade sobre tegan e o renegado.

O que você vai aprender

  • Por que Lucan estava enfurecido com Tegan?
  • Por que a classe dos guerreros tem uma atitude diferente em relação à vinculação por sangue?
  • Que sonhos eróticos Gabrielle teve durante sua vida?
  • Qual era a verdade sobre Tegan e o renegado?
  • Quem eram os quatro renegados que Lucan matou?

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Wanderlei
Wanderlei 🇧🇷

4.5

(185)

214 documentos

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Lara Adrian
O beijo da meia-noite
Kiss of Midnight
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Ele a observa através da multidão dançando no clube, um sensual estranho de cabelos escuros que
mexe com as mais profundas fantasias de Gabrielle Maxwell. Mas nada nessa noite – ou nesse
homem – é o que parece. Porque quando Gabrielle testemunha um assassinato na saída do clube a
realidade se transforma em algo escuro e mortal. Naquele momento crucial ela é lançada em um
reino que nunca pensou existir – um reino onde vampiros andam nas sombras e uma sangrenta
guerra está para começar.
Lucan Thorne despreza a violência cometida pelos seus irmãos sem leis. Ele mesmo é um
vampiro, Lucan é um guerreiro da Raça (Breed), que jurou proteger seu povo – e os humanos, que
nem têm consciência da ameaça dos Rebeldes(Rogues). Lucan não pode se arriscar a se unir a uma
mortal, mas quando Gabrielle se torna alvo de seus inimigos, ele não tem escolha a não ser trazê-la
para o escuro submundo que comanda. Aqui, nos braços do formidável líder da Raça, Gabrielle se
confrontará com um extraordinário destino de perigo, sedução e desejos...
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Lara Adrian

O beijo da meia-noite

Kiss of Midnight

MMIIDDNNIIGGHHTT BBRREEEEDD 0011

Ele a observa através da multidão dançando no clube, um sensual estranho de cabelos escuros que mexe com as mais profundas fantasias de Gabrielle Maxwell. Mas nada nessa noite – ou nesse homem – é o que parece. Porque quando Gabrielle testemunha um assassinato na saída do clube a realidade se transforma em algo escuro e mortal. Naquele momento crucial ela é lançada em um reino que nunca pensou existir – um reino onde vampiros andam nas sombras e uma sangrenta guerra está para começar. Lucan Thorne despreza a violência cometida pelos seus irmãos sem leis. Ele mesmo é um vampiro, Lucan é um guerreiro da Raça (Breed), que jurou proteger seu povo – e os humanos, que nem têm consciência da ameaça dos Rebeldes(Rogues). Lucan não pode se arriscar a se unir a uma mortal, mas quando Gabrielle se torna alvo de seus inimigos, ele não tem escolha a não ser trazê-la para o escuro submundo que comanda. Aqui, nos braços do formidável líder da Raça, Gabrielle se confrontará com um extraordinário destino de perigo, sedução e desejos...

Disponibilização/Tradução /Formatação: Gisa

Revisão: Lu Avanço

Revisão Final: Karina Tonelly

PPRROOJJEETTOO^ RREEVVIISSOORRAASS^ TTRRAADDUUÇÇÕÕEESS

Gabrielle Maxwell, uma reconhecida artista de Boston, celebra o êxito de sua última exposição exclusiva após o expediente da cidade. Entre a acalorada multidão, sente a presença de um sensual desconhecido que desperta nela as fantasias mais profundas. Mas nada relacionado com essa noite nem com esse homem resulta ser o que parece. À saída, Gabrielle presencia um assassinato e, apartir desse momento, a realidade se converte em algo escuro e mortífero, entrando em um submundo que nunca soube que existia, habitado por vampiros urbanos.

Lucan Thorne é um vampiro, um guerreiro da Raça, que nasceu para proteger aos seus, assim como aos humanos existente em uma vida paralela à dele, da crescente ameaça dos vampiros renegados. Lucan não pode arriscar-se a unir-se a uma humana, mas quando Gabrielle se converte no alvo de seus inimigos, não tem mais opção que levar-lhe a esse outro mundo que ele lidera, no qual serão devorados por um desejo selvagem e insaciável.

Para o John, cuja fé em mim nunca vacilou, e cujo amor, espero, nunca se desvanecerá. Lara Adrian

Apesar de que não servia de nada, ela balançava à menina entre os braços. O bebê tinha o rosto avermelhado, os pequenos punhos apertados e chorava como se acabasse o mundo. —Que coincidência —disse o desconhecido. — Eu tampouco não comi nada. Iria bem tomar algo. Anima-se a me acompanhar? —Não. Estou bem. Tenho umas bolachas salgadas na bolsa. E de todas maneiras, acredito que este é o último ônibus para Nova Iorque esta noite, assim não vou ter tempo de fazer grande coisa mais que trocar a menina e descansar. Obrigado, de toda forma. Ele não disse nada mais. Simplesmente a observou enquanto ela recolhia suas coisas agora que o ônibus já tinha parado em sua plataforma. Logo se apartou para deixá-la passar e dirigir-se para a estação. Quando saiu dos lavabos, o homem a estava esperando. Ela sentiu certa intranqüilidade ao lhe ver ali em pé. Não lhe tinha parecido tão alto enquanto estava sentado ao seu lado. Agora que lhe via outra vez, deu-se conta de que definitivamente havia algo muito estranho em seus olhos. Estaria um pouco colocado? —O que acontece? Ele soltou uma risada afogada. —Já o disse. Preciso me alimentar. Essa era uma forma muito estranha de dizê-lo.

Ela se deu conta de que havia muito poucas pessoas na estação A essa hora tardia. Tinha começado a chover ligeiramente, o chão estava molhado e os últimos atrasados se puseram ao coberto. O ônibus estava esperando na plataforma enquanto carregava aos novos passageiros com suas bagagens. Mas para chegar até ele, tinha que passar primeiro por seu lado. Encolheu-se de ombros, muito cansada e ansiosa para ter que encontrar-se com essa tolice. —Bom, pois se tiver fome, vá dizer-o no MacDonald'S. Chego tarde ao ônibus. —Olhe, puta... Moveu-se com tanta rapidez que ela não soube com o que a tinha golpeado. Estava em pé a um metro dela e ao cabo de um segundo lhe tinha posto a mão no pescoço e lhe cortava a respiração. Empurrou-a até as sombras do edifício da estação, para um ponto onde ninguém se daria conta se ia ataca-la. Ou a lhe fazer algo pior. Aproximou-lhe tanto a boca que ela notava o fedor de seu fôlego. Ele fez uma careta, ameaçou em um sussurro terrorífico e ela viu uns dentes afiados. —Se disser uma palavra mais ou move um só músculo, comerei seu suculento coraçãozinho de menina mimada. Sua garotinha estava gemendo entre seus braços, mas ela não disse nenhuma palavra. Nem sequer se atrevia a pensar em mover-se. Quão único importava era sua menina. Protegê-la. Por isso não se atreveu a fazer nada nem sequer quando esses dentes se aproximaram dela e lhe cravaram no pescoço. Ficou em pé gelada pelo terror, apertando com força ao bebê enquanto seu atacante penetrava com força na ferida sangrenta que lhe tinha feito no pescoço. Sujeitava-lhe a cabeça e o ombro com dedos fortes, suas unhas lhe cravavam como as garras de um demônio. Ele

grunhia sem deixar de fincar cada vez com mais força os afiados dentes. Apesar de que tinha os olhos abertos pelo terror, sua visão começava a obscurecer-se e as idéias começavam a resultar confusas, como se rompessem em pedaços. Tudo ao seu redor começava a nublar-se.

Estava-a matando. O monstro a estava matando. E logo ia matar a sua menina, também. —Não. —Tentou inalar, mas somente tragou sangue. — Maldito seja... Não! Com um desesperado esforço de vontade, deu um cabeçada contra o rosto de seu atacante. Ele soltou um grunhido, apartou-se, surpreso, e ela conseguiu soltar-se. separou-se dele, cambaleando, esteve a ponto de cair sobre suas pernas mas conseguiu endireitar-se. Com um braço sujeitava a sua menina e com o outro se cobriu a ferida úmida e quente da garganta enquanto se afastava devagar dessa criatura, que levantava a cabeça e a olhava, zombador, com os olhos amarelados e brilhantes e os lábios manchados de sangue. —OH, Deus —gemeu, enjoada ante essa visão. Deu outro passo para trás. Deu a volta e se dispôs a correr, embora fora inútil. E então foi quando viu o outro. Um ferozes olhos de cor âmbar a atravessaram, e por entre umas grandes e brilhantes presas soou um assobio que anunciava a morte. Ela pensou que ia correr contra ela e terminar o que o outro havia começado, mas não o fez. Cuspiram uns sons guturais entre eles, e logo o recém-chegado passou por seu lado com uma comprida faca na mão. «Agarra á menina e vai.» A ordem pareceu surgir de um nada e atravessar a neblina de sua mente. Voltou a ouvi-la, esta vez mais urgente, empurrando-a à ação. Correu.

Cega de pânico, atordoada pelo medo e a confusão, afastou-se Correndo da estação atravessando uma das ruas mais próximas. Penetrou na cidade desconhecida, na noite. A histeria a possuía e cada ruído, inclusive o de seus pés contra o chão, parecia-lhe monstruoso e mortífero. E sua menina não deixava de chorar. As iam descobrir se não conseguia que sua menina se tranqüilizasse. Tinha que colocá- la na cama, tinha que pô-la no berço cálida e acolhedora. Então sua menina estaria contente. Então estariam a salvo. Sim, isso era o que tinha que fazer. Pôr à menina na cama, onde os monstros não poderiam encontrá-la. Estava cansada, mas não podia descansar. Muito perigoso. Tinha que chegar a casa antes de que sua mãe se desse conta de que outra vez tinha saído tão tarde. Estava confusa, desorientada, mas tinha que correr. E isso fez. Correu até que caiu, exausta e incapaz de dar um passo mais. Ao despertar, ao cabo de um momento, sentiu que sua mente se partia como alguém quebrasse um ovo. A prudência a estava abandonando, a realidade se deformava e se convertia em um pouco cada vez mais escuro e escorregadio, afastava-se cada vez mais de seu alcance. Ouviu um choro afogado que procedia de algum lugar, na distância. Um som tão insignificante. Levou-se as mãos aos ouvidos e os cobriu, mas continuava ouvindo esse pequeno uivo de desvalia.

—Não foi tão mal, verdade? —Como poderia havê-lo passado mau, se a metade de Boston está aos seus pés? — disse Kendra antes de que Gabrielle pudesse responder. — Era o governador com quem te vi falar enquanto tomava uns canapés? Gabrielle assentiu com a cabeça. —Ofereceu-se a encarregar alguns originais para sua casa de campo do Vineyard. —Que amável! —Sim —repôs Gabrielle sem muito entusiasmo. Tinha um montão de cartões de visita no bolso, o qual representava pelo menos um ano de trabalho constante, se o queria. Então, por que sentia a tentação de abrir a janela do táxi e lançar ao vento?

Deixou vagar o olhar para a noite, fora do carro, e observou com estranha indiferença as luzes e quão vistas este deixava atrás. As ruas estavam repletas de gente: casais que caminhavam de mão, grupos de amigos que riam e conversavam, todos eles passavam um bom momento. Acenavam nas mesas de fora dos restaurantes de moda e se detinham a contemplar as vitrines das lojas. Lá onde olhasse, a cidade pulsava com toda sua cor e sua vida. Gabrielle absorvia tudo com olhos de artista e, apesar disso, não sentia nada. Essa explosão de vida, também da sua, parecia continuar rapidamente para frente sem ela. Ultimamente, e cada vez mais, tinha a sensação de estar apanhada em uma roda que não deixava de fazê-la girar em um ciclo interminável de tempo que passava sem um propósito claro. —Passa algo, Gab? —perguntou-lhe Megan, ao seu lado, no assento traseiro do táxi. — Está muito calada. Gabrielle se encolheu de ombros. —Sinto muito. Só... não sei. Estou cansada, suponho. —Que alguém convide a esta mulher a uma taça... imediatamente! — brincou Kendra, a enfermeira de cabelo escuro. —Não —replicou Jamie, matreiro e felino. — O que nossa Gab necessita de verdade é um homem. É muito séria, carinho. Não é bom que deixe que o trabalho te consuma desta maneira. Te divirta um pouco! Quando te deitou com alguém pela última vez? Fazia muito tempo, mas Gabrielle não levava a conta. Nunca lhe tinham faltado os encontros quando as tinha desejado, e o sexo —nessas estranhas ocasiões em que o tinha— não era uma coisa que a obcecasse como a alguns de seus amigos. Por falta de prática que tivesse nesses momentos nessa área, não acreditava que um orgasmo fosse a curar para aquilo que, fosse o que fosse, provocava-lhe esse estado de inquietação. —Jamie tem razão, já sabe —estava dizendo Kendra. — Tem que te soltar, fazer alguma loucura.

—Não há momento melhor que o presente —acrescentou Jamie. —OH, não acredito —disse Gabrielle, negando com a cabeça. — A verdade é que não tenho vontades de alargar muito a noite, meninos. As inau- gurações sempre me tiram muita energia e... —Chefe. —Sem lhe fazer caso, Jamie se colocou no bordo do assento e deu uns golpezinhos no vidro que separava ao taxista dos passageiros.

— Mudança de planos. Decidimos que temos vontades de ir de celebração, assim cancelamos o restaurante. Queremos ir aonde vai a gente interessante e moderna. —Se gostarem das salas de baile, têm aberto uma nova no extremo norte da cidade — disse o taxista, sem deixar de mascar o chiclete enquanto falava. — Estive levando passageiros ali toda a semana. A verdade é que levei a duas esta mesma noite... um moderno após o expediente chamado A Notte.

—OH, OH, «a notte» —brincou Jamie, olhando divertido por cima do ombro e arqueando as elegantes retrocede. — Sonha maravilhosamente vicioso, garotas. Vamos! A discoteca, A Notte, encontrava-se em um edifício vitoriano que se conhecia fazia muito tempo como a igreja do Saint John's Trinity Parish e que devido aos recentes escândalos sexuais que salpicavam a alguns sacerdotes, a arquidiocese de Boston conseguiu que fosse fechado, como que outros muitos lugares similares em toda a cidade. A hora, enquanto Gabrielle e seus amigos se abriam passo pela sala abarrotada, essas vigas albergavam a música transe e tecno que soava, estridente, pelos alto-falantes enormes que rodeavam a cabine do dj, no balcão que se encontrava sobre o altar. Umas luzes estroboscópicas, brilhos contra as três vidraças com forma de arco. Os raios de luz atravessavam a densa nuvem de fumaça que pendia no ar, e piscavam ao ritmo de um tema que parecia interminável. Na pista de baile, e quase em cada um dos metros quadrados do piso principal de A Notte e da galeria que o rodeava, as pessoas se apertavam e se retorciam com uma sensualidade inconsciente.

—A Santa festa! —gritou Kendra para fazer-se ouvir por cima da música enquanto levantava os braços e avançava dançando por entre a densa multidão. Não tinham acabado de cruzar por onde se encontrava o primeiro grupo de gente quando um menino magro abordou à valente morena e se inclinou para lhe dizer algo ao ouvido. Kendra soltou uma profunda gargalhada e asentiu com a cabeça com gesto entusiasmado. —O menino quer dançar—-riu, dando a bolsa a Gabrielle. — Quem sou eu para me negar! —Por aqui —disse Jamie, assinalando uma pequena mesa próxima a barra, enquanto sua amiga se afastava com seu acompanhante. Os três se sentaram e Jamie pediu uma rodada. Gabrielle escrutinou a pista de baile em busca da Kendra, mas a nuvem de gente a tinha engolido. Apesar de que a sala estava abarrotada de gente, Gabrielle não podia acalmar-se de cima uma repentina sensação de que estavam sentados no centro de atenção. Como se estivessem de algum jeito de baixo de uma estreita vigilância pelo simples feito de encontrar-se na sala. Era absurdo pensar isso. Possivelmente tinha estado trabalhando muito, ou tinha passado demasiado tempo só em casa, já que encontrar-se em um lugar público a fazia sentir tão consciente de si mesmo. Tão paranóica. —Pela Gab! —exclamou Jamie, fazendo-se ouvir pesar do estrondo da música enquanto levantava o copo de Martini em um gesto de brinde. Megan também levantou o seu e brindou com Gabrielle. —Felicidades pela grande inauguração desta noite. —Obrigado, meninos.

ficar feia. Jamie e Megan começaram a conversar de grupos de música locais e deixaram a Gabrielle sozinha, sorvendo o copo de Martini e esperando, ao outro extremo da mesa, encontrar a oportunidade de dar uma desculpa e partir. Sentindo-se basicamente sozinha, Gabrielle deixou vagar o olhar pela massa de cabeças oscilantes e corpos ondulantes, procurando dissimuladamente esses olhos depois dos óculos de sol que a tinham observado antes. Estaria ele com esses tipos... seria um dos motoqueiros que estavam provocando todo essa baderna? Ele ia vestido como eles, e tinha o mesmo aspec- to perigoso que tinham eles. Fora quem fosse, Gabrielle não via nem rastro dele nesse momento. Recostou-se no respaldo da cadeira e, de repente, deu um coice ao sentir que umas mãos se posavam sobre seus ombros de detrás. —Aqui estão! Meninos, estive-lhes procurando por toda parte! — exclamou Kendra, quase sem fôlego mas animada ao mesmo tempo, enquanto se inclinava sobre a mesa. — Vamos. consegui uma mesa para todos ao outro extremo da sala. Brent e alguns de seus amigos querem vir de festa conosco.

—Bom! Jamie já se pôs em pé, preparado para ir. Megan agarrou o novo copo do Martini com uma mão e com a outra, a mão da Kendra. Ao ver que Gabrielle não se movia para lhes seguir, Megan se deteve —Vem? —Não. —Gabrielle ficou em pé e se pendurou a bolsa do ombro. — Vão vocês e divirtam-se. Eu estou esgotada. Acredito que vou procurar um táxi e vou direto para casa. Kendra a olhou fazendo uma cara infantil. —Gab, não pode ir! —Quer que te acompanhe a casa? —ofereceu-se Megan, Apesar de que Gabrielle se dava conta de que desejava ficar com outros. —Estou bem. Desfrutem, mas vão com cuidado, de acordo? —Seguro que não te quer ficar? Outra taça, somente? —Não. De verdade que preciso sair e tomar um pouco de ar. —Você mesma, então —lhe disse Kendra, fingindo brigá-la. aproximou-se e lhe deu um rápido beijo na bochecha. Quando se apartou, Gabrielle notou um ligeiro aroma de vodca e, por debaixo deste, um aroma de alguma coisa menos evidente. Alguma coisa almiscarada, e estranhamente metálica. — É uma desmancha-prazeres, Gab, mas te quero. Kendra lhe piscou um olho e passou os braços pelos ombros do Jamie e Megan. Com ar brincalhão atirou de ambos em direção à massa de gente que bulia na sala. —Me chame amanhã —lhe disse Jamie por cima do ombro enquanto o trio era engolido pela massa.

Gabrielle iniciou imediatamente o caminho para a porta de saída, ansiosa por sair dali. Quanto mais tempo passava ali dentro, mais parecia subir o volume da música. Sentia-a retumbar na cabeça e o fazia difícil pensar com claridade. Custava-lhe fixar-se no que havia ao seu redor. As pessoas a empurravam desde todos os lados enquanto ela tentava abrir-se passo,

apertando-se contra a parede de corpos que se expremia e giravam sem deixar de dançar. Empurraram-na e a apertaram, tocaram-na e a manusearam mãos invisíveis na escuridão, até que, finalmente, chegou ao vestíbulo, diante da entrada da sala e conseguiu sair atravessando a pesada porta dupla. A noite era fria e escura. Inalou com força, tentando limpar a cabeça de todo o ruído e a fumaça e o inquietante ambiente de La Notte. A música ainda se ouvia aí fora, e as luzes estroboscópicas ainda cintilavam do outro lado das vidraças de cores, mas Gabrielle se relaxou um pouco agora, ao sentir-se livre. Ninguém lhe prestou atenção enquanto se apressava para a esquina e esperava encontrar um táxi. Só havia umas quantas pessoas fora, algumas delas caminhavam pela outra calçada e outras subiam em fila pelos degraus de cimento que conduziam ao salão de baile. Detectou um táxi amarelo que se dirigia para ali e levantou a mão para chamá-lo. —Táxi! Enquanto o táxi vazio atravessava o tráfico noturno e se aproximava para ela, as portas da discoteca se abriram com a força de um furacão. —Né, cara! Que merda faz! —Nas escadas, detrás de Gabrielle, a voz de um homem soava atemorizada. — Se voltar a me tocar, vou a... —Vai a que? —repreendeu outra voz em tom provocador, grave e ameaçadora, acompanhada de um coro de risadas. —Sim, venha, punki de merda. O que vais fazer?

Gabrielle, que já tinha a mão no atirador da porta do táxi, girou a cabeça meio alarmada e atemorizada pelo que ia ver. Tratava-se da turma do clube, os motoristas ou o que fossem, vestidos com couro negro e óculos de sol. Os seis rodeavam ao namorado punki como se fossem uma manada de lobos e lhe davam empurrões por turnos, jogando com ele como se fosse sua presa. O menino tentou lhe dar um murro a um deles e falhou, e a situação piorou em um abrir e fechar de olhos. De repente, a briga se aproximou aonde estava Gabrielle. A turma de idiotas empurrou ao punki contra o capô do táxi e começaram a dar lhe murros no rosto. Do nariz e a boca do menino saíram disparadas gotas de sangue e algumas delas mancharam a Gabrielle. Ela deu um passo para trás, aniquilada e horrorizada. O menino se debatia para escapar, mas seus atacantes lhe sujeitavam e lhe golpeavam com uma furia que a Gabrielle resultava difícil de compreender. —Fora do fodido carro! —gritou o taxista pelo guichê aberto. — Deus santo! Vai a outra parte! Ouvem-me? Um dos assaltantes girou a cabeça para o taxista, dirigiu-lhe uma horrivel sorriso e propinó um forte murro no pára-brisa, que se rompeu em mil pedaços. Gabrielle viu que o taxista se benzia e que murmurava umas palavras inaudíveis, dentro do carro. Ouviu-se a mudança de marchas e logo o chiado agudo das rodas no mesmo momento em que o táxi fez marcha atrás para tirar-se de cima a carga do capó. —Espere! —gritou Gabrielle, mas era muito tarde.

—Algum de vocês...? —duvidou um momento, sem saber se deveria sentir-se aliviada ao dar-se conta de que, depois de tudo, não se tratava de um sonho. — Algum de vocês viu a briga que havia aqui faz uns minutos? —Havia uma briga? Impressionante! —disse o líder do grupo. —Não, tia —repôs outro—. Acabamos de chegar. Não vimos nada. Passaram por seu lado e subiram o resto de escadas enquanto Gabrielle se perguntava se estava começando a perder a cabeça. Caminhou até a esquina. Havia sangue no chão, mas o punki e seus agressores hávíam desaparecido.

Gabrielle ficou em pé debaixo de uma luz e se esfregou os braços para tirar o frio do corpo. Deu-se a volta e olhou a ambos os lados da rua, procurando alguma sinal da violência da que tinha sido testemunha uns minutos antes. Nada. Mas então... ouviu-o. O som provinha de um estreito beco A sua direita. Flanqueado por um muro de cimento que chegava à altura do ombro de uma pessoa e que atuava como tela acústica, uns grunhidos quase imperceptiveis chegavam até a rua do beco quase completamente escuro. Gabrielle não pôde identificar esses sons desagradáveis que lhe gelaram o sangue nas veias, despertaram seu alarme mais instintivo e profundo e lhe puseram em tensão todos os nervos do corpo. Suas pernas continuaram movendo-se. Não o faziam em direção contraria à fonte desses inquietantes sons, a não ser em direção a eles. O telefone na mão lhe pesava como se fosse um tijolo. Caminhava prendendo a respiração. Não se deu conta de que não estava respirando até que tinha penetrado um par de passos no beco e seu olhar se posou em um grupo de figuras que se encontrava mais adiante. Os valentões vestidos de couro negro e com óculos de sol. Estavam agachados, sobre os joelhos e as mãos, manuseando algo, atirando de algo. A tênue luz que chegava da rua, Gabrielle distinguiu um farrapo de tecido no chão, ao lado do açougue. Era a camiseta do punki, destroçada e manchada. O dedo que Gabrielle ainda tinha sobre o teclado do celular se moveu sigilosamente para a tecla de rechamada. Ouviu-se um calado zumbido ao outro extremo da linha e logo a voz do telefonista da polícia rétumbou na noite como a salva de canhão. —Novecentos e onze. Qual é sua emergência?

Um dos motoristas girou a cabeça ao notar a repentina interrupção. Uns olhos ferozes e cheios de ódio se cravaram em Gabrielle como adagas. Tinha o rosto completamente ensangüentado. E seus dentes! Eram afiados como os de um animal: não eram dentes, a não ser presas que apontaram para ela no momento no qual ele abriu a boca e vaiou uma palavra de som terrível em um idioma estranho. —Novecentos e onze —voltou a dizer o telefonista. — Por favor, relatório de sua emergência. Gabrielle não era capaz de falar. Estava tão aturdida que quase não conseguiu nem respirar. Aproximou-se o celular ao lábios, mas não conseguiu prónunciar nenhuma palavra. A chamada de socorro tinha sido inútil.

Dando-se conta disso, e aterrorizada até os ossos, Gabrielle fez a única coisa lógica que lhe ocorreu. Com a mão tremente, dirigiu o aparelho para a turma de motoristas sádicos e apertou o botão de «capturar imagem». Um pequeno brilho de luz iluminou o beco. OH, Deus. Possivelmente ainda tivesse a oportunidade de escapar dessa noite infernal. Gabrielle apertou o botão outra vez, e outra, e outra, enquanto se retirava para trás pelo beco em direção À rua. Ouviu o murmurio de umas vozes, ouviu uns insultos, o som de pés no beco, mas não se atreveu a olhar para trás. Nem sequer o fez para ouvir um agudo chiado de aço a suas costas, seguido por uns chiados de agonia e de raiva que não eram deste mundo. Gabrielle correu na noite impulsionada pela adrenalina e o medo e não se deteve até que encontrou um táxi na Commercial Street. Subiu a ele e fechou a porta com um forte golpe. Resfolegava, deslocada de medo. —Me leve a delegacia de polícia mais próxima! O taxista apoiou um braço no respaldo do assento do co-piloto e se voltou para ela. Olhou-a com o cenho franzido.

—Está bem, senhorita? —Sim —repôs ela automaticamente. Depois acrescentou: — Não. Preciso informar de... Jesus. Do que tinha intenção de informar? Do frenesi canibal de uma turma de motoristas raivosos? Ou da outra explicação possível, a qual nem sequer era muito mais acreditável? Gabrielle olhou ao taxista espectador aos olhos. —Por favor, depressa. Acabo de presenciar um assassinato.

Capítulo dois

Vampiros. A noite estava infestada deles. Tinha contado mais de uma dúzia na discoteca, a maioria deles rondavam às mulheres meio desnuda que rebolavam dançando na pista de baile, e selecionavam entre elas, seduzindo as mulheres que apagariam sua sede essa noite. Essa era uma relação simbiótica que tinha sido de utilidade a sua raça desde fazia mais de dois mil anos, uma convivência pacífica que dependia da habilidade do vampiro em apagar as lembranças dos humanos de quem se alimentava. Antes de que saísse o sol se teria derramado uma boa quantidade de sangue, mas todos os de sua raça se esconderiam no interior de seus escuros refúgios dos arredores da cidade, e os humanos de quem tinha desfrutado dessa noite não recordariam nada. Mas esse não era o caso do que aconteceu no beco ao lado da sala de festas. Para os seis depredadores que se abarrotaram de sangue, essa morte ilícita seria a última. Não eram cuidadosos dirigindo seu apetite, não se tinham dado conta de que lhes tinham visto. Não se tinham dado conta de que ele lhes tinha estado observando na discoteca, nem de que lhes viu sair fora da janela do segundo piso da igreja reconvertida em um clube noturno de moda. Estavam cegados pelo animado desejo de sangue, esse vício que uma vez tinha sido como uma epidemia para essa raça e que havia provocado que tantos deles se voltassem uns

Só ficava um. Lucan se voltou para enfrentar-se ao alto macho com as duas folhas levantadas e preparadas para atirar o golpe. Mas o vampiro se foi: escapou-se em meio da noite antes de que pudesse lhe dar morte. «Merda.» Nunca antes tinha permitido que nenhum desses bastardo escapassem a sua justiça. Não deveria havê-lo feito agora. Pensou em perseguir o valentão, mas isso tivesse significado abandonar a cena do ataque exposta, e esse era um risco maior ali: permitir que os humanos conhece a dimensão exata do perigo no qual viviam. Por causa da ferocidade dos renegados, a raça de Lucan tinha sido perseguida pelos seres humanos durante a velha era; os de sua raça não poderiam sobreviver a outra era de castigo agora que os humanos tinham a tecnologia do seu lado. Até que os renegados fossem sufocados melhor ainda: eliminados por completo a humanidade não deveria saber que existiam vampiros que viviam entre eles. Enquanto se dispunha a limpar a zona de todo rastro da matança, os pensamentos de Lucan não deixaram de dirigir-se para a mulher do cabelo aceso e dessa doce beleza de alabastro.

Como era possível que ela tivesse encontrado aos renegados no beco? Apesar de que era uma crença geral entre os humanos, os vampiros podiam desaparecer a vontade, a realidade era muito menos impactante. Tinham o dom de possuir uma grande agilidade e uma grande velocidade e simplesmente se moviam com uma rapidez maior que a que podia captar o olho humano. Essa habilidade, além disso, via-se aumentada pelo grande poder hipnótico que tinham sobre as mentes dos seres inferiores. Mas, de forma estranha, essa mulher parecia imune a ambas as coisas. Lucan a tinha visto mover-se pela discoteca, e se deu conta disso nesse momento. Seu olhar se desviou de sua presa atraída por um par de comovedores olhos e por um espírito que parecia tão perdido como o seu. Também lhe tinha visto e lhe tinha olhado de onde se encontrava sentada com seus amigos. Apesar da multidão de gente e do aroma de rançoso que enchia a sala, Lucan tinha detectado o aroma do perfume de sua pele: algo exótico e estranho. Nesses momentos também o cheirava. Era uma delicada nota aromática que pendia da noite, que incitava seus sentidos e que despertava algo muito primitivo nele. As gengivas lhe doeram A causa do repentino alongamento das presas: uma reação física ante a necessidade de tipo carnal ou de qualquer outro tipo que ele não conseguia controlar. Cheirava-a e a desejava, e não de uma forma mais elevada que a de seus irmãos renegados. Lucan jogou a cabeça para trás e inalou com força o aroma da mulher para seguir seu rastro cheiroso pela cidade. Ao ser a única testemunha do ataque dos renegados, não era inteligente permitir que ela conservasse a lembrança do que tinha visto. Lucan encontraria a essa mulher e tomaria as medidas que fossem necessárias para assegurar o amparo de sua raça. E, desde algum recôndito lugar de sua mente, uma antiga consciência lhe sussurrava que, fora ela quem fosse, já lhe pertencia. —Eu estou dizendo. Vi-o tudo. Havia seis, e estavam destroçando a esse menino com as mãos e os dentes... como animais. Mataram-lhe!

—Senhorita Maxwell, passamos por isso muitas vezes já esta noite. Agora estamos todos cansados, e a noite se está fazendo muito larga. Gabrielle levava na delegacia de polícia mais de três horas tentando explicar o horror de que tinha sido testemunha na rua próxima A Notte. Os dois agentes com quem tinha falado se mostraram céticos ao princípio, mas agora já se estavam impacientando e quase tinham uma atitude acusatória para ela. Ao cabo de muito pouco tempo de que ela havia chegado à delegacia de polícia, tinham enviado um carro patrulha à zona da discoteca para comprovar qual era a situação e para recuperar o corpo que Gabrielle havia dito ver. Mas haviam retornado com as mãos vazias. Não havia nenhuma notícia de nenhuma briga com nenhum grupo e não encontraram provas de nenhuma classe de que alguém tivesse sofrido algum ato delitivo. Era como se tudo isso não tivesse acontecido nunca, ou como se os rastros tivessem sido apagados de forma milagrosa. —Se me escutassem... se queriam olhar as fotos que tenho feito... —Vimo-las, senhorita Maxwell. Várias vezes, já. Francamente, tudo do que nos contou esta noite se comprovou... sua declaração, essas fotos imprecisas e escuras de seu telefone celular. —Sinto muito que lhes falte qualidade —replicou Gabrielle em tom ácido. — A próxima vez que me encontre com uma turma de psicopatas que levão a cabo uma matança sangrenta, tentarei recordar que devo ir buscar minha Leica e um par de lentes extra. —Possivelmente você queira refazer sua declaração —sugeriu o mais velho dos dois oficiais cujo acento bostoniano estava tingido com o deixe irlandés que lhe tinha dado a juventude no Southie. Levou-se uma mão gorda as sobrancelhas e as esfregou , ato seguido, passou- o celular a Gabrielle por cima da mesa. — Você deve saber que assinar uma declaração falsa é um delito, senhorita Maxwell. —Esta não é uma declaração falsa —insistiu ela, frustrada e não pouco zangada de que a tratassem como a uma criminosa. — Mantenho tudo o que hei dito esta noite. Por que teria que haver inventado isso? —Isso somente o pode saber você, senhorita Maxwell.

—Isto é incrível. Têm minha chamada ao 911. —Sim—assentiu o agente. — Você realizou, efetivamente, uma chamada a Emergências. Desgraçadamente, quão único temos gravado é o soninho de interferências. Você não disse nada, e não respondeu a petição que a telefonista lhe fez de que informasse do que aconteceu. —Sim, bom, é difícil encontrar as palavras para descrever como lhe estão cortando o pescoço de alguém. Ele a olhou outra vez com expressão dúbia. —Essa discoteca... A Notte, é um lugar desenfreado, pelo que sei. Muito popular entre os góticos, os raveros... —O que quer dizer? O policial se encolheu de ombros. —Muitos meninos se metem em confusões estranhas hoje em dia. Possivelmente o único que você viu foi como uma festa ia um pouco das mãos. Gabrielle soltou uma maldição e alargou a mão até o telefone celular. —Parece-lhe com você que isto é uma festa que vai um pouco das mãos?

Ela se deteve e olhou para trás por cima do ombro, em direção aonde se encontravam os dois policiais em pé, sob a luz que saía da delegacia de polícia. —Se isso a ajuda a descansar com maior tranqüilidade, enviaremos a alguém para que vigie sua casa, e que possivelmente possa falar com você um pouco mais quando tiver tido tempo de pensar um pouco em sua declaração. A Gabrielle não gostou do tom de mímico com que o disse, mas tampouco encontrou as forças necessárias para rechaçar essa oferta. Depois do que tinha presenciado essa noite, Gabrielle aceitaria a segurança que lhe oferecia o ter a um policial perto, inclusive embora fosse um policial prepotente. Assentiu com a cabeça e seguiu a Jamie até o carro. Em um escritório de um tranqüilo rincão da delegacia de polícia, um arquivista apertou o botão de impressão do computador. Uma impressora laser zumbiu e ficou em funcionamento a suas costas, e tirou um relatório de uma só página. O arquivista se tragou o último sorvo de café frio que ficava em sua xícara descascada do Rede Sox e se levantou da desvencilhada cadeira para recolher, com gesto indiferente, o documento que acabava de sair da impressora.

A Central se encontrava em silêncio, vazia, depois da mudança de volta de meia-noite. Mas inclusive embora tivesse estado bulindo de atividade, ninguém tivesse emprestado nenhuma atenção ao reservado e extranho interno em práticas que se mostrava tão fechado em si mesmo. Essa era a beleza de seu papel. Por isso o tinham eleito. Ele não era o único membro do corpo a quem podiam recrutar. Sabia que havia outros, embora suas identidades se mantinham em segredo. Dessa forma era mais seguro, mais limpo. Por sua parte, não recordava quanto tempo fazia que tinha conhecido a seu Professor. Somente sabia que agora vivia para servir. Com o relatório firmemente sujeito em uma mão, o arquivista caminhou devagar pelo corredor procurando um lugar tranqüilo e privado. A habitação de descanso, que nunca se encontrava vazia fosse a hora do dia que fosse, encontrava-se ocupada nesses momentos por um casal de secretárias e pelo Carrigan, um policial gordo e bocudo que se retirava a final de semana. Estava fanfarroneando a respeito de um fantástico negócio que tinha feito com algum apartamento de Flórida enquanto as mulheres, basicamente, ignoravam-lhe e se dedicavam a desfrutar de um bolo amarelo feito no dia anterior e acompanha-lo com uma Coca-cola de baixa calorias. O arquivista se passou os dedos por entre o cabelo de uma cor castanho claro e atravessou as portas abertas em direção aos serviços, que se encontravam ao final do corredor. Deteve-se fora do serviço de cavalheiro com a mão em cima do pomo de metal e jogou uma olhada a suas costas. Ao dar-se conta de que ninguém lhe via, dirigiu-se a habitação do lado, ao quarto de fornecimentos de zeladoria. Supunha-se que devia manter-se sempre fechado, mas poucas vezes o estava. De todas formas, não havia grande coisa que valesse a pena roubar ali dentro, a não ser que a gente tivesse debilidade pelo papel higiênico industrial, a amônia ou as toalhas de papel marrom. Girou o bracelete da porta e empurrou o velho painel de aço para dentro. Quando se encontrou no interior do escuro quarto, pressionou o fechamento de dentro e tirou o telefone celular do bolso da calça. Apertou o botão de marcação rápida e chamou o único número que tinha armazenado nessa unidade indetectavel e descartável. O tom de chamada soou duas

vezes e logo se impôs um silêncio ameaçador, a inconfundivel presença de seu Professor espreitava do outro extremo da linha.

—Senhor —disse o arquivista em um sussurro reverente. — Tenho informações para você. Falou depressa e em voz baixa, lhe contando todos os detalhes a respeito da mulher chamada Maxwell que tinha ido a delegacia de polícia e da declaração que tinha realizado a respeito de um assassinato por parte de um grupo no centro da cidade. O arquivista ouviu um grunhido e o suave vaio da respiração do outro extremo da linha. Seu professor escutava a informação em silêncio. Notou a fúria contida nessas lentas e compassadas respirações, e lhe gelou todo o sangue. —Reuni toda a informação pessoal para você, senhor, toda —lhe disse, e, servindo do suave resplendor da janela do celular, leu a direção de Gabrielle, seu telefone privado e demais detalhe. O servil subordinado estava ansioso por agradar a seu temível e poderoso senhor.

Capítulo três

Tinham passado dois dias inteiros. Gabrielle tentou tirar-se da cabeça todo o horror do que tinha visto no beco de La Notte. Que importância tinha, de todas as maneiras? Ninguém a tinha acreditado. Não a tinha acreditado a polícia, que ainda não tinha mandado a ninguém para vê-la tal e como tinham prometido, e tampouco a tinham acreditado seus amigos. Jamie e Megan, que tinham visto os valentões de jaqueta de couro repreendendo ao punki dentro da sala, disseram que o grupo se havia marchado sem ter provocado nenhum outro incidente em nenhum momento da noite. Kendra tinha estado muito absorta com o Ken —o menino a quem tinha conhecido na pista de baile da sala— e não se deu conta de que tinha havido uma briga na sala. Segundo os policiais que se encontravam na delegacia de polícia na sábado de noite, todo mundo a quem o carro patrulha tinha interrogado em La Notte tinha dado a mesma história: uma breve escaramuça no bar, mas não havia nenhuma testemunha que tivesse presenciado sinais de violência nem dentro nem fora da sala. Ninguém tinha visto o ataque do que ela tinha informado. Não havia nenhuma admissão em nenhum hospital nem em nenhum depósito de cadáveres. Nem sequer havia uma denúncia de danos do taxista que se encontrou na esquina. Nada. Como era possível? Estaria realmente delirando? Era como se os olhos de Gabrielle fossem os únicos que se houvessem encontrado abertos essa noite. Ou ela era a única havia presenciado algo inexplicável ou estava perdendo a cabeça. Possivelmente um pouco de ambas as coisas.

Gabrielle não podia enfrentar-se ao que essa idéia implicava, assim procurou consolo no único que lhe oferecia um pouco de alegria. Depois da porta fechada de seu quarto escuro