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IRENE-PACHECO-MACHADO-CASCATA-DE-LUZ.pdf, Notas de estudo de Fluidos

banhem seus corações nesta Cascata de Luz, chamada Doutrina Espírita. ... estavam tratando era de um senhor muito rico e feliz no casamento que, de um.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Wanderlei
Wanderlei 🇧🇷

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CASCATA DE LUZ
IRENE PACHECO MACHADO
DITADO PELO ESPÍRITO LUIZ SÉRGIO
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CASCATA DE LUZ

IRENE PACHECO MACHADO

DITADO PELO ESPÍRITO LUIZ SÉRGIO

ÍNDICE

MENSAGEM AO LEITOR

CAPÍTULO 1 = ALMA E ESPÍRITO

CAPÍTULO 2 = ESPÍRITO — MATÉRIA — FLUÍDO VITAL

CAPÍTULO 3 = AS PORTAS DA PAZ

CAPÍTULO 4 = EVANGELHO QUERIDO

CAPÍTULO 5 = EDUCAÇÃO MEDIÚNICA

CAPÍTULO 6 = O ORIENTADOR ESPÍRITA

CAPÍTULO 7 = OBRAS BÁSICAS, UM CURSO SUPERIOR

CAPÍTULO 8 = CARIDADE: DEUS NO CORAÇÃO

CAPÍTULO 9 = O TRABALHO DE DESOBSESSÃO

CAPÍTULO 10 = A CIDADE DO PÂNTANO

CAPÍTULO 11 = EM BUSCA DO APRENDIZADO

CAPÍTULO 12 = ORIENTAÇÃO DOUTRINÁRIA

CAPÍTULO 13 = EVANGELIZAÇÃO INFANTO-JUVENIL

CAPÍTULO 14 = TRATAMENTO ESPIRITUAL

CAPÍTULO 15 = PESQUISANDO OS APÓSTOLOS DO ESPIRITISMO

CAPÍTULO 16 = O ESTUDO COMO ALICERCE

CAPÍTULO 17 = IDENTIDADE DOS ESPÍRITOS - MEU ENCONTRO COM

FRANCISCA THERESA

CAPÍTULO 18 = OS PINTORES ZOMBETEIROS - JANICE, UMA DISCÍPULA

DO

CRISTO

CAPÍTULO 19 = A CHEGADA DO CONSOLADOR

CAPÍTULO 20 = EVOCAÇÃO DE ESPÍRITOS

CAPÍTULO 21 = JUVENTUDE E FAMÍLIA

CAPÍTULO 22 = OBSESSÃO: DOENÇA DA ATUALIDADE

CAPÍTULO 23 = A FONTE CRISTALINA DO ESTUDO

CAPÍTULO 24 = A CONSTRUÇÃO DE TEMPLOS

CAPÍTULO 25 = CARIDADE - MOEDA DO MUNDO ESPIRITUAL

CAPÍTULO 26 = APRENDENDO A DESENCARNAR

CAPÍTULO 27 = OCAJ, A ENCICLOPÉDIA DO AMOR

CAPÍTULO 28 = LINGUAGEM, NATUREZA E IDENTIDADE DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO 29 = MEDIUNIDADE DISCIPLINADA

CAPÍTULO 30 = A ÁRVORE DO ESPIRITISMO

Esta a finalidade deste livro: levar até os leitores de Luiz Sérgio a chave do palácio dos conhecimentos doutrinários, que só encontramos nas obras básicas e nos livros dos grandes filósofos da Doutrina Espírita. O homem tem por dever encontrar a luz, pois somente ela irá clarear o caminho que nos leva a Deus. Se não nos tornarmos bons, jamais praticaremos boas ações. Cada ser tem de lutar para tornar-se um cumpridor de deveres e nem tanto cobrador de direitos. Desejo, não só ao Luiz Sérgio, mas a todos os que lerem este livro, que banhem seus corações nesta Cascata de Luz, chamada Doutrina Espírita.

LÁZARO JOSÉ

ALMA E ESPÍRITO

Reunimo-nos no belo salão do Educandário de Luz onde Esdras, com sabedoria, ia falar sobre a tarefa de cada um de nós. Sentia-me emocionado, era uma nova fase da minha vida e lutava com todas as forças de meus sentimentos para bem aproveitá-la. Esdras deixou-nos à vontade; poderíamos perguntar sobre todos os assuntos. Permaneci calado, desejando apenas ouvir. Olhava ao meu redor, esperando rever alguém conhecido, mas naquele salão quase todos os rostos me pareciam estranhos. Não fiquei triste, ao contrário, encontrava-me feliz, naquele momento muito importante da minha vida. Recordei-me de todos os meus amigos leitores e por vocês cerrei os olhos e orei em silêncio. Fomos divididos em grupos. O meu era composto de cinco pessoas: Arlene, Tomás, Siron, Luanda e eu. Cumprimentei-os, meio cabreiro. Arlene, loura, muito bonita, olhos azuis serenos e belos, deveria ter uns trinta anos. Tomás, muito alegre, disse-me que desencarnara com quarenta anos. Siron também possuía uma vibração muito boa. Olhei-o com tamanho carinho, que me sorriu, comentando: — Meu nome é Siron, espero que tenhamos consciência da grande responsabilidade dos nossos espíritos. Nem velho nem novo, Siron era daquelas pessoas que você não imagina quantos anos tem. Luanda pareceu-me muito jovem. Era morena, de olhos negros, esguia e com uma voz aveludada. Este o meu novo grupo. Esdras, pregador de palavras fluentes, um grande orador. Terminadas suas breves elucidações, saímos. — Estou feliz em tê-lo como companheiro de grupo, falou-me Luanda aproximando-se de mim. — Eu também, irmã. Siron, Tomás e Arlene aproximaram-se e fomos batendo um papo gostoso. O pátio do Educandário de Luz é de difícil descrição: as cascatas e as flores dão aos nossos olhos um colorido divino. A tudo contemplava. Outros grupos como o nosso, da mesma forma pareciam deslumbrados. O grande Educandário, todo branco com portas de madeira, é composto de dois pavimentos: à sua frente, um belo lago adornado de gerânios, miosótis, angélicas, rosas, enfim, todo florido, separado, por uma pequena ponte, das casas dos alunos. Estas são igualmente branquinhas, muito confortáveis, e que jardim! Parecia o “céu”. Ao chegarmos à casa fomos recebidos por Iná, que alojou cada um em seu quarto. Gostaria de ter capacidade para narrar-lhes a beleza de cada cômodo. O meu era tão bonito que me joguei na cama e falei para Jesus: — Mestre, não mereço tanto!... Fazia parte do ambiente uma biblioteca tão espetacular que me pareceu irreal. Enquanto me deslumbrava com ela, um friozinho banhou-me a espinha: “cara, agora você terá de estudar”. Sorri. Que bom, gosto mesmo de aprender. Estava pensativo quando Iná me chamou para avisar que as aulas teriam início

tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas ou, se quiserem, os espiritistas. Atualmente já estamos lutando com as divisões do Espiritismo. Nem todos os que crêem nele tornam-se espíritas. Por quê? Simplesmente, porque não buscam os ensinos dos espíritos e longe desses acreditam que existem espíritos, mas não nos reconhecem como espíritos que também precisam evoluir. Este assunto está bem claro no item “um” da Introdução de O Livro dos Espíritos. — E a alma? perguntou Siron. Por que tanta discussão e controvérsias a seu respeito? — No início da Codificação tornavam-se difíceis as explicações, e as discussões surgiram porque existiam várias opiniões. Mas as palavras dos espíritos gritaram mais forte. Está na Introdução de O Livro dos Espíritos, item 2: (...)chamamos ALMA ao ser imaterial e individual que em nós reside e sobrevive ao corpo. Todavia, para um melhor estudo, busquemos a Parte 2ª, Capítulo 2º, questão 134: O que é a alma? “Um Espírito encarnado.” O estudioso tem de ler todo este capítulo. — Depois da morte do corpo físico deixamos de ser alma? perguntou um dos alunos. — Irmão, veja a riqueza do item “a”, da pergunta 134: Que era a alma antes de se unir ao corpo? Resposta: “Espírito”. Portanto, somos almas quando nos encontramos presos ao corpo físico, e nos tornamos espíritos à medida que vamos desprendendo-nos do físico, espíritos criados por Deus para sermos livres; e, quando no cárcere da carne, almas expiando suas culpas. Este assunto vai até a questão 146-a. — Por que não podemos explicar cada pergunta e resposta sobre o assunto? inquiri. — Gostaríamos de fazê-lo, mas o irmão teria de grafá-las nos livros e estes ficariam imensos. — Que pena... O instrutor falou por muito tempo ainda, principalmente sobre o porquê de não colocarmos as explicações de cada pergunta. Este assunto também vamos buscar no livro O Céu e o Inferno, Primeira Parte, Capítulo 2º — Temor da Morte. No item 9: Demais, a crença vulgar coloca as almas em regiões apenas acessíveis ao pensamento, onde se tornam de alguma sorte estranhas aos vivos; a própria Igreja põe entre umas e outras uma barreira insuperável, declarando rotas todas as relações e impossível qualquer comunicação. Devemo-nos lembrar de que alma é o espírito encarnado. É prudente o aprendiz ler todo este capítulo de O Céu e o Inferno, assim como todo o Capítulo 2º da Parte Segunda de O Livro dos Espíritos. — O aluno não irá confundir-se, quando verificar que no livro O Céu e o Inferno só se denomina alma aos desencarnados? inquiriu Luanda. — Não, se ele começar da Introdução de O Livro dos Espíritos o seu aprendizado. Usava-se a palavra alma para melhor memorizar o ensino, pois os encarnados até hoje chamam os espíritos de almas. — Um encarnado pode ser chamado de espírito? — Pode, se for uma alma espiritualizada. Continuou o instrutor: — Agora, vamos até o pequeno-grande livro O que é o Espiritismo. No

Capítulo 3º iremos encontrar também um bom estudo sobre alma. Vejamos o item 108 : Qual a sede da alma? Resposta: Á alma não está como geralmente se crê, localizada num ponto particular do corpo; ela forma com o perispírito um conjunto fluídi co, penetrável, assimilando-se ao corpo inteiro, com o qual ela constitui um ser complexo, do qual a morte não é, de alguma sorte, mais que um desdobramento. Podemos figuradamente supor dois corpos semelhantes na forma, um encaixado no outro, confundidos durante a vida e separados depois da morte. Nessa ocasião um deles é destruído, ao passo que o outro subsiste. Indagou um dos alunos: Tomás aduziu: — O irmão poderia elucidar-nos sobre este trecho do livro O que é o Espiritismo? Acho-o confuso. — Muitos julgam que o espírito está trancafiado no corpo físico; sendo ele luz, irradia-se por todos os corpos, mas, como nos diz o livro, na hora da morte a alma (espírito) se liberta e o físico édestruído. Aconselhamos que leiam o Capitulo 3º. Tomás aduziu: — A questão 146 de O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Capitulo 2º, diz: A alma tem, no corpo, sede determinada e circunscrita? A resposta é: “Não; porém, nos grandes gênios, em todos os que pensam muito, ela reside mais particularmente na cabeça, ao passo que ocupa principalmente o coração naqueles que muito sentem e cujas ações têm todas por objeto a Humanidade.” — Por isso é importante a leitura de todas as obras básicas. No livro O que é o Espiritismo aprendemos que a alma assimila-se ao corpo inteiro e em O Livro dos Espíritos é-nos explicado como isso se processa: se somos inteligentes e bons, ela se concentra mais no cérebro e no coração; agora, ela é que dá vida ao corpo físico. Eu não piscava, de tão atento ao estudo, e com a grande responsabilidade de passar para você, leitor, tudo o que estávamos aprendendo. Outra pergunta foi formulada: — E agora, que já não temos o corpo físico? — Irmão, volte ao livro O que é o Espiritismo, nele está a resposta da pergunta 108: (...)ela forma com o perispírito um conjunto fluídico. Portanto, hoje o seu espírito irradia-se também por todo o seu corpo perispiritual, entretanto, temos por dever tornar mais etéreo este corpo que hoje nos serve. A medida que vamos evoluindo, ele vai ficando menos pesado. A iluminação do recinto foi ficando diminuta e o instrutor fez a prece de encerramento, por sinal, lindíssima. Fomos saindo devagar e eu falei para Luanda: — Já escrevi sobre inúmeros assuntos, mas este trabalho acho que vai ser o mais difícil: tentar passar para os meus leitores um pouco da Cascata de Luz, que são as obras básicas da Doutrina Espírita. — Espero, Luiz, que tenha êxito, e que cada leitor possa sentir o que estamos vivendo neste pedacinho do céu, onde as estrelinhas, que são as letras de O Livro dos Espíritos, irão pouco a pouco clareando nossos espíritos, para felicidade nossa e daqueles que de nós se aproximam. Enlacei-a com carinho e fomos caminhando pelas alamedas daquele

ESPÍRITO — MATÉRIA — FLUÍDO VITAL

No bosque do Educandário conversamos muito sobre a Doutrina Espírita e o perigo da divisão que nela vem ocorrendo. O medo de deturpá-la está levando alguns espíritas ao desequilíbrio, atacando companheiros e julgando- se os donos da verdade. — Luiz, você não crê que poucas Casas Espíritas exercitam um intercâmbio entre si? Parece-me até que há uma certa rivalidade entre muitas, não acha? indagou Luanda. — Não sei, porque a tarefa da Casa Espírita é melhorar o homem, e quem vive atirando pedras não tem tempo de evoluir. Arlene ponderou: — Sim, mas se nos for permitido veremos muitos absurdos, principalmente no campo da psicografia. — Certo — falou Siron. O que nos preocupa é a falta de elucidação sobre a unificação das Casas Espíritas, porque a cada dia levanta-se uma por pessoas completamente despreparadas, apenas cheias de boas intenções. Isso não é tudo. A diretoria de uma Casa Espírita tem por obrigação conhecer a Doutrina para não levar seus freqüentadores ao ridículo. Se não estão preparados ainda, devem esperar; nada como o tempo e, enquanto ele não vem, estudar as obras básicas para adotá-las na Casa. — Também penso assim. O que me entristece é a falta de conhecimento em certos Centros. Neles encontramos pessoas completamente fanatizadas, medrosas ou doentes, vendo espírito pregado nas paredes, nas portas e no teto, e ainda dizendo: “sonhei, tenho sonhado... Quanta sabedoria em Jesus, quando falou: “acautelaivos dos falsos profetas”!... Naquele bosque falamos sobre os encarnados e pensativo me encontrava, porque ninguém mais do que eu vem acompanhando o desequilíbrio de alguns espíritas, que julgam até que o barulho do vento é obsessor. — Luiz, perguntou Luanda, você, que convive mais com os encarnados, o que acha estar precisando acontecer em algumas Casas Espíritas? — Realizar o estudo sistematizado das obras básicas e trabalhar para manter o Centro, porque se o homem não se tornar caridoso, jamais se espiritualizará. Freqüentar a Casa tão-somente uma, dezenas ou mais vezes, nada acrescentará à sua alma, principalmente se for avara, egoísta e orgulhosa. — Mas, Luiz, muitos são contra os trabalhos sociais. — Será que essas pessoas nunca abriram O Evangelho Segundo o Espiritismo, onde os espíritos dizem: “fora da caridade não há salvação”? Se o homem não mudar seu comportamento dentro de uma Casa Espírita, jamais terá outra chance. E não sou eu quem está alertando, são todos os Espíritos do Senhor. Não precisamos ir muito longe, olhemos ao nosso redor e veremos quantas religiões estão perdendo adeptos pela falta de caridade. Ainda ficamos algumas horas conversando sobre vários assuntos, até voltarmos à casa que nos abrigava. Ao adentrá-la, encontramos Iná sentada ao piano, tocando uma bela canção de amor, que dizia mais ou menos assim:

Que saudade eu sinto de você

amor que ficou tão longe de mim Que saudade eu sinto de você É uma saudade sem fim Mas eu pergunto: por que Eu vim e você não, Amor do meu coração?

Quando terminou, batemos palmas. Timidamente, desculpou-se: — Perdoem-me, não os vi chegar. Esperava-os para fazermos o culto cristão no lar, o alimento das nossas almas, ou preferem antes um bom caldo? — Engana-se, Iná, já estamos em outra, falei. Todos riram, éramos uma bela família, trabalhando e estudando. Na casa de Iná sentíamo-nos como se estivéssemos em nossa própria casa. Cantamos e conversamos até tarde. Depois, cada um foi para seu quarto. Demorei-me a conciliar o sono. Tudo era novo para mim, como se de repente eu me visse em um novo mundo. Pela manhã, fui o último a chegar à sala, a turma já estava decidida a chamar-me no quarto. Meio sem jeito, desculpei-me. Iná, sorrindo, disse-me: — Não importa, só atrasaste um minuto. Creio ter ficado amarelo de vergonha, pois para a espiritualidade não existe nada pior do que a falta de disciplina, e quem não obedece a horário é um desequilibrado. Serenei, logo depois, e ainda contei muitos casos, divertindo-os muito. Chegada a hora, despedimo-nos de Iná e logo estávamos no auditório do Educandário. Ao ser proferida a prece senti como se flutuasse; era muito para meu espírito carente de conhecimentos. O instrutor voltou a falar sobre a alma, solicitando ao grupo que pesquisasse o livro O que é o Espiritismo. — Por que se diz alma ao espírito encarnado? perguntei. — A palavra alma é sinônimo de espírito, entretanto denominamos alma quando o espírito está prisioneiro na carne. Um homem quando comete algum crime vai para a cadeia e fica preso. Passamos a chamá-lo prisioneiro. Tão- somente pelo fato de estar preso, ele não deixou de ser homem. Portanto, ao espírito preso no corpo físico denominamos alma. O painel apresentava a pergunta 136, item b, de O Livro dos Espíritos: — Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma? “Simples massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.” — Irmão, solicitou Luanda, fale-nos sobre o fluído vital. — Encontramos em A Gênese, Capítulos 10º, 11º e 14º, um bom estudo sobre os fluídos, que muitos confundem com energia. Em O Livro dos Espíritos, Parte primeira, Capítulo 4º, encontramos Seres orgânicos e inorgânicos: “Os seres orgânicos são os que têm em si uma fonte de atividade íntima1, que lhes dá a vida. Nascem, crescem, reproduzem-se por si mesmos e morrem. São providos de órgãos especiais2 para a execução dos diferentes atos da vida, órgãos esses apropriados às necessidades que a conservação própria lhes impõe. Nessa classe estão compreendidos os homens, os animais e as plantas.”

  1. N.E. — Grifo do autor espiritual

da Terra para ajudar alguém. Achei estranho, mas me calei, pedindo para dar uma chegada até meu novo lar. Os outros me olharam, como a indagar: “para quê?” — Vou dar um beijo em Iná, só isso, um beijo de até logo. E assim, nos pusemos a caminho até que chegamos à casa de Roberto. Encontramo-lo muito enfraquecido, sentado em uma cadeira. Orava a Deus, pedindo proteção. Ele e esposa haviam fundado uma Casa Espírita e agora, viúvo, via-se quase sozinho para levar a tarefa até o fim. Eram tantas as preocupações que Roberto pediu ajuda. Nós ali estávamos não só para auxiliá- lo, como para estudarmos a luta de um verdadeiro espírita. Parece que sentiu nossa presença, pois começou a falar: — Não sei o que faço, meus amigos espirituais. Tento manter a pureza doutrinária da Casa, entretanto, alguns freqüentadores vivem, nas horas vagas, atrás de ledores de cartas, enfim, misturando tudo com a Doutrina e, por mais que os convidemos ao estudo, eles relutam, pois acham mais fácil servir a outros senhores do que ao Centro. Luanda segurou a mão de Roberto, que continuou: — Gostaria que na Casa de Jesus as paredes reluzissem a caridade, mas os seus freqüentadores longe se encontram dela. Permanecemos algumas horas orando com Roberto e, à noite, visitamos o Centro Espírita. Os trabalhadores daquela Casa mais pareciam estar numa festa: vaivém nos corredores, mulheres muito bem vestidas, jovens muito alegres, dando gostosas gargalhadas, enfim, um verdadeiro acontecimento social. — Todos os dias aqui é assim? perguntei a José, um dos espíritos encarregados do Centro. — Sim, a Casa está sempre cheia. A imagem das senhoras bem vestidas, com os braços repletos de pulseiras, jóias e pintura exagerada no rosto, não combinava com a de uma Casa de oração. Siron, vendo-me preocupado, falou: — Luiz, não vejo mal em algumas pessoas fazerem do Centro Espírita uma casa de passeio. Certo não é, mas é preferível elas aqui, do que lá fora, no erro. — Não sei, não, Siron. A Casa Espírita é um hospital de almas e devemos ter um comportamento adequado. Jóias e roupas caras podemos usar em festas; aqui, acho desrespeito às almas doentes que vêm em busca de orientação e consolo. Olhe o auditório: quantas pessoas humildes, vestidas simplesmente. — O que é certo? Você acha que para ser espírita é preciso viver na miséria? — Não, por favor, compreenda-me. Posso estar errado, vou até perguntar ao instrutor, mas não acho certo médiuns e orientadores estarem cobertos de jóias e enfeitados como se fossem árvores de Natal. Sei que a espiritualidade admira o belo, mas sei também que para servirmos ao Senhor temos de arregaçar as mangas e pegar na enxada, e quem está todo enfeitado não tem condição de pegar na charrua. Nisso, a palestrante da noite falava sobre caridade. Seu braço, repleto de jóias, fazia um barulho irritante. Depois, fomos convidados a acompanhar Terêncio, um dos irmãos que estava polemizando com Roberto, pois desejava

mudar os planos de trabalho do Centro. Gostava da cultura oriental, das pirâmides, enfim, queria um Centro ecumênico, pois, dizia ele, os espíritas tinham de modernizar-se. Acompanhamo-lo e a um colega seu, até sua casa. O amigo Henrique, calado, ouvia-o falar do poder dos cristais, da energia dos corpos, da necessidade de buscar-se outros meios: — É preciso modernizar a Doutrina, ela está ficando caduca. O outro argumentava não achar certo, porque a Doutrina haveria de continuar cristalina, mas Terêncio dizia: — Não, você não compreende o valor da energização dos corpos. — Por favor, dizia Henrique, só está faltando você trazer para a Casa os duendes, os gnomos... — E por que não? A Doutrina tem de acompanhar a evolução da Terra e hoje foram feitas descobertas incríveis sobre os elementais. — Por favor, não me venha com essa conversa fiada... Depois, Henrique pensou e falou: — Desculpe-me, não é que eu não acredite, apenas acho que quem acredita nessas coisas deve buscá-las nos locais apropriados, mas deixe a Doutrina caminhar como nos foi entregue por Kardec. — Não estou entendendo, Henrique. Por que você hoje está contra minhas idéias? Não sabia ele que nós é quejá estávamos iniciando um trabalho de doutrinação. — E depois, continuou Terêncio, mal não faz, não é mesmo? Gostamos das pirâmides... Henrique falou, sério: — Sabe, irmão, não acho certo não termos firmeza na fé. Se não estamos satisfeitos com a beleza da Doutrina Espírita, retiremonos com dignidade e vamos em busca daquilo em que acreditamos. Contudo, desejar mudar algo tão belo, como os ensinos dos espíritos, pela simples razão de não os compreendermos, é pobreza de sentimentos, porque a Doutrina tem um único objetivo: pregar a verdade, e ela se chama Jesus. Graças a Allan Kardec é fácil encontrar essa verdade, ela está brilhando nas obras básicas. Boa noite — falou Henrique, batendo a porta do carro. Nós ainda ficamos ao lado de Henrique, que não sabia por que falara tão duro com seu amigo. Depois, com ares importantes, disse para si mesmo: — Deve ser o meu mentor. De hoje em diante defenderei a Doutrina com as forças do meu espírito.

seres enfermos. A Casa Espírita, Luiz Sérgio, é um hospital de almas e ninguém visita um hospital em busca de divertimento ou prazer. Só vamos até ele em busca da saúde. Assim é a Casa Espírita, devemos procurá-la, encarnados e desencarnados, para a saúde de nossos espíritos, porque em um Centro bem alicerçado encontraremos o remédio que nos proporcionará a cura. Para isso, entretanto, teremos de renunciar a muita coisa, principalmente ao nosso amor-próprio; este é o nosso grande inimigo, que dificulta nossa evolução. — Tomás, muitos apenas freqüentam uma Casa Espírita, como fazem em algumas igrejas. É certo isso? Diz o nosso irmão Lázaro que é preferível sermos um bom protestante a um mau espírita. — Também acho, O homem, quando adentra uma Casa Espírita, tem acesso a um verdadeiro tesouro, que são as obras básicas. Lendo-as, não pode alegar ignorância, pois nesses livros encontramos toda a diretriz da nossa renovação. Chegar a uma Casa Espírita e querer modificá-la é falta de humildade e, principalmente, de conhecimento da Doutrina. — Isso é algo que hoje preocupa os espíritos, não é mesmo, Tomás? — Sim, é verdade. Se os espíritas não se unirem, dificilmente conterão os vendavais que irão surgir. Enquanto isso, outras seitas aumentam o número de adeptos. — Mas diz Lázaro, também, que necessitamos realmente é de qualidade e não de quantidade. — Sim, mas se a Doutrina for bem explicada, brilhará como uma estrela, e quem não ama a luz? Ficamos naquela Casa vários dias, tentando ajudar Roberto, mas o desentendimento entre eles era grande. Ninguém imagina o quanto sofre um apóstolo do Cristo! Convidados fomos, então, a visitar outra Casa Espírita, e nos assustamos com o marasmo naquele prédio enorme. Os trabalhos sociais eram combatidos, pois muitos dos seus freqüentadores diziam que ao trabalharmos para os pobres esquecemo-nos de estudar a Doutrina. O presidente chamava-se Erasto. Acercamo-nos dele e tentamos falar-lhe sobre a caridade, mas ele dizia duramente: “prefiro ver o Centro vazio a trabalhar com maus espíritas”. Percebemos que aqueles irmãos nada faziam pela Doutrina, viviam num casulo. Falavam de Jesus, mas não Lhe seguiam as pegadas. — Eles aqui apenas oram? Quem eles foram? perguntei. Ninguém me respondeu, mas confesso que me sentia inquieto. Aqueles irmãos desconheciam a carência material ou espiritual do seu próximo. Jamais haviam saído daquelas quatro paredes, enquanto Jesus caminhou quilômetros e mais quilômetros, sem ter onde reclinar Sua cabeça, porque os carentes eram Sua família. Ele não ficou somente defendendo a Lei de Deus, viveu-a em toda a sua grandeza. Naquela Casa, com um terreno enorme, tudo parecia abandonado. Ali habitava o orgulho. Se conversássemos com um de seus freqüentadores, logo perceberíamos como eram apegados à letra. — Um dia isso vai mudar? perguntei a Arlene. — Sim, logo estarão cansados da ociosidade. — Ainda bem. Por que não fundam grupos de trabalhos manuais como terapia? E depois, de que vale apenas falar, e nada realizarem? Como, é possível, mesmo tendo tanto conhecimento, estarem tão apegados à letra? perguntei a Tomás.

— Lembre-se, Luiz Sérgio, de que existem várias religiões nas quais os homens se apresentam como verdadeiras enciclopédias, mas com os corações vazios. Não podemos esquecer, entretanto, que inúmeras pessoas vivenciam a Doutrina, sendo verdadeiros apóstolos do Cristo. Impressionado, olhei novamente o pátio: chão batido, terreno com ares de abandono. — Por que não fazem um mutirão para cuidar do jardim? Simplicidade não significa desleixo. Esta seria uma boa oportunidade para unir seus integrantes. Mas acho que é pedir muito deles... Naquele dia a diretoria estava reunida. Poucos minutos ficamos, era um verdadeiro ringue de ofensas, brigas e mais brigas, todos desejando mandar. Quando saímos, pedimos perdão a Jesus por todos os homens que recebem o talento do amor mas o mantém enterrado num coração orgulhoso. — Amigos, vamos agora até uma Casa onde Deus, Cristo e Caridade resplandecem luz em cada gesto. Vamos, irmãos, até o Centro Espírita Recanto da Fé. Quando chegamos, algumas pessoas cantavam alegremente: era o grupo das abnegadas senhoras da costurinha. De vinte máquinas, todas ocupadas, saíam, por ano, dois mil enxovais para crianças pobres. Também das mãos daquelas irmãs surgiam os mais belos trabalhos de artesanato, vendidos para a compra de todo o material para a confecção dos enxovais. Com entusiasmo constatávamos que todas aquelas senhoras, irmãs até em avançada idade, estudavam a Doutrina, possuindo um excelente conhecimento doutrinário. — Irmã Arlene, elas freqüentam os grupos de estudo da Casa? — Sim, por isso são tão desprendidas. Estudam e trabalham, porque sabem que a fé sem obras é como um riacho seco. Permanecemos no Recanto da Fé e percebemos que aquele grupo espírita vivia como encarnado, mas já bastante espiritualizado. A preocupação daqueles irmãos era com o seu próximo e para isso não tinham receio de privar-se de muitas coisas. Até as crianças e jovens achavam natural desembolsar alguma importância para melhoria do seu semelhante.

  • Percebo que eles trabalham contentes, não é mesmo? co mentei. — Sim, iguais a este existem no Brasil vários outros grupos que já se conscientizaram de que é dando que se recebe e de que outras religiões ficaram caducas porque os seus homens viraram peças de museu, não saíram às ruas lutando contra a fome e a miséria, como fez Jesus Cristo. Queria ficar naquela Casa e narrar para vocês a força de uma fé raciocinada, de uma fé gigante. Como é firme aquele que conhece a Doutrina e acredita que estamos encarnados para evoluir! Se não tirarmos do coração o egoísmo e o orgulho não seremos dignos do chamado do Cristo. Aquele Recanto era a palavra viva de Jesus; seus jardins, muito bem cuidados, louvavam a natureza e as flores e os pássaros nos convidavam à oração. — Por que todos os Centros não são assim? — Porque muitos aindajulgam que só dizer-se espírita isenta-os da reforma íntima. Por julgarem-se donos da verdade, vão apenas freqüentando Centros e querendo doutrinar espíritos. A Doutrina éo remédio da alma, é o farol guiando os homens pela longa estrada da evolução. Aquele que não procurar tornar-se bom não será digno do chamado do Cristo. — Sabe, Tomás, gosto muito de uma passagem de O Evangelho

da terra, não nos pertence, para que lutar tanto por ele? Vamos ofertar, enquanto podemos fazê-lo, o pão, o agasalho, o amor, principalmente se nos dizemos espíritas. Por que o apego aos bens terrenos, onde o ladrão vai-nos roubar e a traça destruir, pois nada material é eterno? Cuidado, amigo, não brinque com algo sério, abra seu coração para que Deus abra as portas da paz para você.

EVANGELHO QUERIDO

Conversando sobre a beleza da Doutrina, concluimos que poucos a compreendem e até brincam com ela. — Acho, comentou Luanda, que está faltando a alguns ditos espíritas um maior conhecimento das obras básicas, principalmente de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Existem nele várias passagens de alerta aos falsos profetas. Se o homem fizer deste livro bendito o seu companheiro, pouco a pouco irá transformando-se em um novo ser. No Capítulo 15º — Fora da caridade não há salvação, há no item nove uma excelente advertência: “Fora da verdade não há salvação equivaleria ao Fora da Igreja não há salvação e seria igualmente exclusivo, porqüanto nenhuma seita existe que não pretenda ter o privilégio da verdade. Que homem se pode vangloriar de a possuir integral, quando o âmbito dos conhecimentos incessantemente se alarga e todos os dias se retificam as idéias? A verdade absoluta é patrimônio unicamente de Espíritos da categoria mais elevada e a Humanidade terrena não poderia pretender possuí-la, porque não lhe é dado saber tudo. Ela somente pode aspirar a uma verdade relativa e proporcionada ao seu adiantamento.” Como pode um homem violento, principalmente que ataca os companheiros de ideal, considerar-se um bom espírita ou dizer-se cristão? — Tem razão, irmã, não se concebem as desavenças que presenciamos hoje entre os confrades. Gosto, nesse capítulo também, do último parágrafo do item dez: Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar a luz do Espiritismo. Não é que os que a possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando a compreender os ensinos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos. Esforçai-vos, pois, para que vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quanto praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam. — O que está precisando, falei, é o homem, seja de que religião for, colocar no seu coração o Evangelho. Com carinho e respeito, dedilhei no meu violão a bela canção de Francisca Theresa, “Evangelho Querido”:

Quando estou tão triste, Sem vontade de sorrir, Só tu, meu amigo, Podes me ajudar.

Cada vez que te pego, Conquistas meu coração, Dás brilho aos meus olhos, Faze-me amar os meus irmãos.

És o remédio que preciso, Para deixar de sofrer, És o meu paraíso,