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Este documento aborda a osteoartrite em equinos, uma patologia articular comum que afeta principalmente os equinos atletas. Ele descreve os principais sintomas da osteoartrite, como claudicação, dor articular e diminuição da mobilidade, e explica o mecanismo de ação do tratamento com a proteína antagonista do receptor da interleucina 1 (irap). O documento também discute os métodos de diagnóstico, como radiologia, ecografia e artroscopia, destacando a importância do diagnóstico precoce para um tratamento eficaz. Além disso, são apresentadas informações sobre os diferentes tipos de osteoartrite e a eficácia do tratamento com irap em casos iniciais e moderados da doença. O documento fornece uma visão abrangente sobre a osteoartrite equina, suas características, diagnóstico e tratamento com irap, sendo uma leitura relevante para profissionais da área veterinária e estudantes interessados nessa temática.
Tipologia: Transcrições
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Orientador: Dr. Tiago de Melo Silva Pereira Co-Orientador: Dr. Alastair Kay Dra. Karen Jackman
Resumo O estágio curricular realizado em Medicina e Cirurgia de Equinos permitiu-me o contacto com uma realidade clínica muito diferente da que conhecia até então. Para além da clínica, a actividade profissional, social e económica eram distintas, tendo sido uma experiência única a nível pessoal e profissional, que espero aproveitar na minha actividade de futura Médica Veterinária. O primeiro mês de estágio (Outubro) foi passado no Valley Equine Hospital no Reino Unido. Durante este período tive a oportunidade de ver como funciona um hospital de equinos, acompanhar casos clínicos, consultas, exames de claudicação, cirurgias e de auxiliar no tratamento dos animais internados. Acompanhei e assisti os veterinários em eventos desportivos como corridas de galope, tendo sido apresentada a uma realidade bastante diferente da que se vive em Portugal. O restante estágio foi realizado no Pioneer Equine Hospital nos Estados Unidos da América. Deparei-me com um hospital enorme, com avançados meios de diagnóstico e com especialistas em várias áreas da medicina o que me permitiu aprender muito. Tive a oportunidade de fazer parte de uma excelente equipa de profissionais que sempre me ajudaram e guiaram para que conseguisse aprender o máximo. Acompanhei casos clínicos, exames de claudicação, auxiliei na preparação dos animais para cirurgia, realização e interpretação de exames complementares de diagnóstico e assistência em consultas tanto no hospital como em ambulatório. Foi-me atribuída a responsabilidade do tratamento dos animais internados durante a noite e fins de semana. No período que passei no Pioneer Equine Hospital comecei a desenvolver um especial interesse nos equinos com patologia articular e que eram tratados com a proteína antagonista do receptor da interleucina 1 - IRAP, pois trata-se de uma patologia que acomete a maioria dos equinos atletas e é de grande importância desportiva e económica. É um tratamento relativamente recente e ainda não muito explorado na nossa realidade clínica. i
Valley Equine Hospital Pioneer Equine Hospital Outros
Tabela de Procedimentos Valley Equine Hospital Pioneer Equine Hospital Procedimentos
Valley Equine Hospital Gráfico 1 – Casuística do Valley Equine Hospital agrupada por sistemas. Pioneer Equine Hospital Gráfico 2 – Casuística do Pioneer Equine Hospital agrupada por sistemas. iv 41,4% 45,6% 4,2% 4,7% 4,2% Músculo-esquelético Digestivo Respiratório Oftalmológico Outros 55,2% 16,4% 3,0% 3,0% 22,4% Músculo-esquelético Digestivo Respiratório Oftalmológico Outros
Lista de Abreviaturas AH – ácido hialurónico AG – anestesia geral AINEs – anti-inflamatórios não esteróides COMP – proteína da matriz cartilaginosa oligonomérica EV – endovenoso IA – intra-articular IGF – fator de crescimento insulínico IL-1 – interleucina 1 IL-4 – interleucina 4 IL-10 – interleucina 10 IL-13 – interleucina 13 IL-1Ra – receptor antagonista da IL- IM – intra-muscular IRAP – proteína antagonista do receptor da interleucina 1 GAG – glicosaminoglicanos MAD – membro anterior direito MAE – membro anterior esquerdo MPE – membro posterior esquerdo MPD – membro posterior direito MMP – metaloproteinase da matriz OA – osteoartrite OCD – osteocondrite dissecante PSGAGs – glicosaminoglicanos polisulfatados PGE – prostaglandina E PG – proteoglicanos TFDS – tendão flexor digital superficial TFDP – tendão flexor digital profundo TGF – fator de crescimento de transformação TIMPs – inibidores teciduais das metaloproteinases TNF-α – fator de necrose tumoral α vi
RESUMO..........................................................................................................................i CASUÍSTICA....................................................................................................................ii AGRADECIMENTOS.......................................................................................................v LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................................vi
A osteoartrite (OA) ou doença articular degenerativa (DAD) é a causa mais comum de claudicação em equinos e está directamente relacionada com a diminuição da performance desportiva e término precoce da carreira dos equinos atletas (Frisbie 2006). Muitos factores, incluindo trauma articular, inflamação, treino intensivo, conformação e envelhecimento têm sido apontados como possíveis causas do desenvolvimento de OA. Inicia- se assim o processo degenerativo articular que é caracterizado pela produção e libertação de citoquinas e outros mediadores inflamatórios (McIlwraith 2002). A OA manifesta-se frequentemente por claudicação insidiosa, dor articular, diminuição da mobilidade articular, efusão articular, sinovite e capsulite. Os casos iniciais podem ser identificados pelo exame físico, bloqueio anestésico das articulações afetadas, radiologia e ecografia (Ramey 2010). A OA não tem cura, não existe um tratamento capaz de reverter totalmente os danos causados à cartilagem articular e tecidos articulares envolventes, sendo por isso muito importante o seu diagnóstico precoce. Sendo assim, o objetivo principal dos vários tratamentos é diminuir a dor e atrasar a progressão da patologia articular (Frisbie 2006). A terapia com IRAP (proteína antagonista do receptor da interleucina 1) é um ramo da medicina biológica usado para tratar os efeitos da doença articular. IRAP® trata mais do que apenas os sintomas da OA, este estimula a resposta regenerativa das células da cartilagem promovendo uma melhor função da cartilagem articular (McIlwraith 2002). O IRAP actua ao inibir a interleucina-1 (IL-1) fazendo com que esta não se ligue aos receptores na articulação, impedindo a inflamação e degradação da cartilagem articular. IRAP existe no sangue e é posteriormente administrado via intra-articular (IA) após incubação e centrifugação (Reinecke 2004).
1. Anatomia e Fisiologia articular As articulações são constituídas por osso, cartilagem articular, líquido sinovial, membrana sinovial, cápsula articular (camada fibrosa e sinovial) e estruturas ligamentosas (ligamentos intrínsecos/extrínsecos; intracapsulares/extracapsulares; interósseos) (Frisbie et al. 2006). De cada lado da articulação, o osso é coberto por cartilagem articular conferindo contacto com pouca fricção entre as superfícies articulares. A membrana sinovial e cápsula articular rodeiam a cartilagem e aderem o osso em cada lado da articulação, garantindo estabilidade e um reservatório para o líquido sinovial (Auer & Stick 2012). Podemos classificar as articulações de acordo com o seu grau de movimento, podendo ser agrupadas em: articulações assinoviais: sinartroses (imóveis) e anfidiartroses (movimento limitado) e articulações sinoviais/diartroses (móveis). A maioria das articulações das extremidades são diartroses e são também designadas de articulações sinoviais , tendo como principais funções permitir a mobilidade e a transferência de cargas (Adams & Stashak's 2011). Uma articulação saudável garante um sistema sem fricção capaz de suportar grande peso. Quando um processo patológico ocorre é normalmente devido à disfunção de um ou mais componentes articulares, visto que para termos uma articulação saudável todos os seus constituintes têm que funcionar como um todo (Auer & Stick 2012). Figura 1 – Modelo da articulação sinovial (adaptado de “Lameness in Horses”, 2011) 2
Figura 2 – Modelo da cartilagem articular (adaptado de “Joint disease in the Horse”, 1996) Entre a camada profunda e a camada de cartilagem calcificada existe um linha ondulada, basófila (visível microscopicamente) denominada de “tide mark”, esta separa as camadas não mineralizadas das camadas de cartilagem articular calcificada (Adams & Stashak's 2011). 2.1.1 Colagénio Os diferentes tipos de colagénio são proteínas que conferem suporte à cartilagem articular e que interagem com outros componentes da matriz extracelular, contribuindo para a estrutura e função da cartilagem (Caron 2003). O colagénio tipo II constitui 90% - 95% do colagénio total da cartilagem articular, formando fibras e fibrilhas interligadas na matriz. É produzido pelos condrócitos e secretado como procolagénio, sendo expressado em níveis elevados em cavalos jovens e níveis menores em cavalos adultos, o que pode ser relevante na ocorrência de alterações na cartilagem articular de cavalos adultos (Adams & Stashak's 2011). Em pequenas quantidades existe colagénio dos tipos: VI, IX, XI, XII, XIV que garantem forma e estabilidade às fibrilhas de colagénio tipo II, estas conferem força tênsil à cartilagem articular. Na cartilagem do cavalo adulto esta propriedade encontra-se nas camadas superficiais onde as fibras de colagénio teem uma orientação paralela em relação à superfície articular. 4
Caso ocorra erosão superficial o colagénio das camadas mais profundas, com menor força tênsil, está mais susceptível à ruptura (McIlwraith 2002). 2.1.2 Proteoglicanos Os proteoglicanos (PG) são um constituinte importante da matriz da cartilagem articular, ocupam os espaços entre as fibrilhas de colagénio e podem assumir várias formas. Têm como função atrair água para a matriz extracelular para promover amortecimento articular (Caron 2003). São monómeros formados por uma proteína nuclear e cadeias de glicosaminoglicanos (GAG) (Caron 2003). A molécula de proteoglicano a “aggrecan” é a mais abundante (85%), compõe a matriz e é responsável por garantir resistência e força compressiva na cartilagem articular. É constituída por uma proteína central e glicosaminoglicanos que se ligam a ela. (Auer & Stick 2006). Os principais glicosaminoglicanos na cartilagem adulta são: sulfato de condroitina (4 e
3. Patofisiologia articular e sua resposta ao exercício e lesão A adaptação da cartilagem ao exercício resulta na capacidade da cartilagem de suportar elevado stress biomecânico, especialmente nos locais que têm que suportar mais forças. O elevado stress a que as articulações são submetidas durante o exercício pode exceder a capacidade destas se adaptarem, ocorrendo lesão estrutural (Bertone 2004). Estudos realizados na cartilagem articular de equinos sujeitos a exercício regular vs equinos não sujeitos a exercício demonstraram diferenças nas propriedades da cartilagem. Locais de elevado suporte de forças têm mais alterações indicando uma possível adaptação ao exercício, este promove o fluxo de água para fora da cartilagem quando suporta peso (McIlwraith 2012). Se a integridade da unidade de suporte de peso for perdida, através da lesão aguda ou trauma crónico, é iniciada uma resposta condropénica que pode incluir perda do volume da cartilagem articular, rigidez e defeitos progressivos na cartilagem (Adams & Stashak's 2011). Quando consideramos uma articulação lesada traumáticamente devemos ter em conta dois processos patobiológicos: inflamação da membrana sinovial (sinovite), da cápsula articular fibrosa (capsulite) e lesão mecânica ou física à cartilagem articular e osso. A sinovite e capsulite podem causar comprometimento clínico significativo e podem contribuir para o processo degenerativo articular devido à libertação de enzimas, mediadores inflamatórios e citoquinas: interleucina 1 (IL-1) e factor de necrose tumoral (TNF- α) (McIlwraith 2002). 4. Osteoartrite (OA) A doença articular degenerativa (DAD) ou osteoartrite (OA) é a causa mais comum de claudicação em equinos, sendo caraterizada pela perda progressiva de cartilagem articular. Está associada a uma diminuição da performance desportiva tendo por isso um grande impacto a nível económico (Frisbie 2006). A osteoartrite é acompanhada por dor articular, inflamação, efusão sinovial, amplitude de movimentos limitado, formação de novo osso e proliferação sinovial (Goodrich & Nixon 2006). Podemos classificar a osteoartrite em primária quando a sua causa é desconhecida e em secundária quando existem várias etiologias, tais como: anomalias de desenvolvimento, fraturas, traumas articulares, infeções e lesões ligamentosas (Frisbie 2006). Para melhor entendimento desta patologia, o autor McIlwraith classificou-a em três tipos diferentes: Tipo I: associada a sinovite e capsulites traumáticas, sem lesão da cartilagem ou dos tecidos moles envolventes 7
Tipo II: associada a lesão da cartilagem articular, osso subcondral e ligamentos Tipo III: osteoartrite pós traumática, em que há deterioração progressiva da cartilagem articular acompanhada por alterações no osso e tecidos moles articulares. A articulação mais afectada com osteoartrite é a metacarpofalângica pois é uma das articulaçãoes mais móveis e por isso mais suscetível a lesão, seguida das articulações do carpo (McIlwraith 2009). 4.1 Etiopatogenia A etiopatogenia da osteoartrite não está ainda totalmente esclarecida, tendo sido propostos três mecanismos possíveis. O primeiro consiste numa cartilagem anormal com propriedades biomecânicas anormais; o segundo baseia-se numa alteração física no osso subcondral decorrente da cartilagem articular estar bastante fina para conseguir absorver choques, sendo a carga de impacto atenuada pelos tecidos moles peri-articulares, músculos e osso subcondral (Caron 2003). Os esforços mecânicos normais resultam em microfraturas do osso subcondral. Quando estas ocorrem com grande frequência é ultrapassada a capacidade de cicatrização e remodelação do osso, ocorrendo aumento da densidade da placa subcobdral e por conseguinte diminuindo a capacidade deste absorver repetidas cargas fisiológicas (Caron 2003). A terceira e a mais aceite consiste na actuação de forças mecânicas que causam dano considerável na cartilagem articular saudável. As lesões da matriz provocam uma alteração no metabolismo dos condrócitos conduzindo à libertação de enzimas proteolíticas, que causam fibrilhação da cartilagem e colapso da rede de proteoglicanos. A cartilagem articular é muito resistente às forças mas relativamente susceptível ao impacto de traumas repetidos. De entre muitas potenciais causas o microtrauma repetido é provavelmente o fator patogénico mais comum da osteoartrite equina (Caron 2003). Os factores de risco para o desenvolvimento da osteoartrite podem ser classificados em dois mecanismos fundamentais relacionados com: efeitos adversos do peso anormal na cartilagem normal ou peso normal na cartilagem anormal. O peso anormal sobre a cartilagem normal pode ser resultado de actividade física intensa, como esforços repetidos, o que leva a instabilidade articular devido a fraturas, rupturas de ligamentos e alteração da congruência normal. Em casos de peso normal, a sinovite, capsulite ou alterações no osso subcondral causam a degradação da cartilagem articular (McIlwraith 2009). 8
A MMP-1 é capaz de quebrar as moléculas de colagénio tipo II; a MMP-8 é libertada pelos leucócitos polimorfonucleares e tem actividade articular e a MMP-13 é a mais agressiva na degradação do colagénio tipo II, sendo encontrada em maiores concentrações na cartilagem doente, sendo regulada pela IL-1 e TNF-α. As estromalisinas quebram os proteoglicanos e degradam parcialmente o colagénio (McIlwraith 2005). As metaloproteinases são inibidas pelos inibidores teciduais da metaloproteinase 1 (TIMP-1) que são sintetizados pelos sinoviócitos e condrócitos na cartilagem saudável. Quando ocorre um desequilíbrio no ratio de MMP:TIMP-1 há desenvolvimento e progressão da degradação da cartilagem (McIlwraith 2002). b) Prostaglandinas As prostaglandinas do grupo E (PGE) são produzidas em articulações inflamadas e podem causar uma diminuição no conteúdo de proteoglicanos da matriz. As suas ações na articulação são: vasodilatação, percepção da dor, depleção de proteoglicanos da cartilagem, desmineralização óssea, causando por isso erosão da cartilagem e osso subcondral. A PGE é libertada pelos condrócitos quando estimulada pelo IL-1 e TNF-α (Caron & McIlwraith 2005). c) Radicais Livres derivados do oxigénio Os radicais livres (anião superóxido, peróxido de hidrogénio) são libertados pelos tecidos da articulação lesada, encontrando-se por isso em níveis elevados no líquido sinovial. Estes degradam o ácido hialurónico, proteoglicanos e colagénio (Caron 2003). Foi reconhecido que o óxido nítrico é um importante mediador fisiológico, combina-se com o anião superóxido e dá origem a radicais com maior capacidade de efeito destrutivo articular, como o anião peroxinitrito e radicais hidroxil (Price et al. 1992). 4.1.3 Citoquinas e degradação da CA As citoquinas são proteínas catabólicas (pró-inflamatórias), anabólicas e modeladoras (anti-inflamatórias), estão presentes na articulação e são parte ativa do metabolismo articular. As mais importantes na osteoartrite são as citoquinas catabólicas (Caron & McIlwraith 2005). A IL-1 e TNF-α são as citoquinas com maior importância, modulam a síntese das metaloproteinases, sendo secretadas pelos condrócitos e sinoviócitos. Na osteoartrite, estas encontram-se em níveis elevados promovendo a produção de óxido nítrico, metaloproteinases e prostaglandina E, e inibindo a síntese de aggrecan e colagénio tipo II (Auer et al. 2012). 10
A IL-1 é a citoquina pró-inflamatória mais importante, inibe a produção de moléculas anti-artríticas (TIMP) e do receptor antagonista da interleucina 1 (IL-1Ra). Os efeitos da IL-1 e TNF-α são potencializados quando combinados, sendo que o TNF-α estimula a síntese de IL- (Caron & McIlwraith 2005). O TNF-α é mediador do processo inflamatório agudo e está presente nos estadios iniciais de desenvolvimento da osteoartrite. Estimula a produção de enzimas responsáveis pela degradação da matriz e inibe a síntese de proteoglicanos e colagénio (Caron 2003). As citoquinas IL-4, IL-10 e IL-13 inibem a síntese de IL-1 e promovem a síntese dos inibidores da IL-1 (TIMP e IL-1Ra), atenuando assim os efeitos degradativos (Frisbie 2006). Existem as citoquinas anabólicas: fator de crescimento insulínico (IGF) e fator de transformação de crescimento (TGF), estas promovem a produção de condrócitos, proteoglicanos e colagénio tipo II (Auer & Stick 2012). 4.1.4 Reação morfológica e biomecânica ao insulto da CA O trauma pode causar um efeito físico imediato ou dar início a um processo degradativo ou degenerativo que irá afectar os tecidos e estruturas articulares. A degradação da CA é manifestada numa sequência de alterações morfológicas que incluem fibrilhação, amolecimento e erosão (McIlwraith 2002). Em adição ao processo de ruptura da cartilagem articular que ocorre na osteoartrite, pode acontecer um outro processo patológico que é caracterizado pela proliferação de nova cartilagem e osso na periferia das articulações, sendo uma consequência secundária à osteoartrite. As causas de formação de osteófitos incluem a instabilidade mecânica, idade, resposta proliferativa secundárias à sinovite e resposta dos tecidos ao estiramento da membrana sinovial na sua inserção (McIlwraith 2002). Entesófitos são proliferações ósseas em ligamentos, tendões ou inserções da cápsula articular no osso (McIlwraith 2002). Os osteófitos e entesófitos podem resultar de sinovite e capsulite na ausência de instabilidade articular, alterações na forma e ângulo das articulações provocadas pelo envelhecimento, podendo por isso, ser vistos em equinos sem lesão da cartilagem articular (Auer et al. 2012). Quando ocorre patologia articular, a membrana sinovial pode apresentar-se congestionada, descolorada e espessada. A perda progressiva da cartilagem articular pode-se manifestar por diminuição da espessura, erosão superficial ou com perda completa da estrutura cartilaginosa, ulceração e exposição do osso subcondral (McIlwraith 2002). 11