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Introdução à Microbiologia: Conceitos Básicos e História, Resumos de Microbiologia

Já a Microbiologia aplicada estuda como os microrganismos podem ser usados ou controlados com finalidades práticas, sendo os principais campos de aplicação a ...

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Introdução à Microbiologia
Prof. Dr. Mario Julio Avila-Campos
A palavra Microbiologia deriva do grego: mikros (“pequeno”), bios (“vida”), e logos
(“ciência”). Esta Ciência estuda os organismos microscópicos e suas atividades biológicas, isto
é, verificam as diversas formas, estruturas, reprodução, aspectos bioquímico-fisiológicos, e seu
relacionamento entre si e com o hospedeiro, podendo ser benéficos e prejudiciais. A
Microbiologia trata os organismos microscópicos unicelulares, onde todos os processos vitais
são realizados numa única célula.
Independente da complexidade de qualquer organismo, a célula é, e deve ser
considerada, a unidade básica da vida. Todas as células vivas são basicamente estão
compostas de: protoplasma (do grego: primeira substância formada), complexo orgânico
coloidal constituído principalmente de proteínas, lipídeos e ácidos nucléicos; membranas
limitantes ou parede celular; e um núcleo ou uma substância nuclear equivalente.
De forma geral, todos os sistemas biológicos possuem as seguintes características
comuns: 1) habilidade de reprodução; 2) capacidade de ingestão ou assimilação de substâncias
alimentares, visando a obtenção de energia e de crescimento; 3) habilidade de excreção de
produtos tóxicos; 4) capacidade de reagir ou se adaptar às alterações do meio ambiente, e 5)
susceptibilidade a mutações.
Os microrganismos apresentam sistemas específicos para estudo das reações
fisiológicas, genéticas e bioquímicas, constituindo a base da vida. Seu crescimento reprodução
é rápido e em ritmo elevado, sendo que algumas espécies bacterianas podem apresentar 100
gerações em menos de 24 horas. Os processos metabólicos microbianos são similares ao que
ocorrem nos vegetais superiores e nos animais. As leveduras, por exemplo, utilizam a glicose,
basicamente do mesmo modo que as células de mamíferos, mostrando que o mesmo sistema
enzimático está presente nestes organismos tão diversos.
Em Microbiologia podem-se estudar os organismos em detalhes e observar seus
processos vitais durante o crescimento, reprodução, envelhecimento e morte. Com a alteração
das condições ambientais, se podem alterar as atividades metabólicas, regular o crescimento
e, alterar o padrão genético, sem ocasionar a destruição microbiana. Os principais grupos de
microrganismos são os protozoários, fungos, algas e bactérias. Os vírus, apesar de não serem
considerados organismos vivos e sem partículas, têm algumas características de células vivas.
Posição dos microrganismos no mundo vivo
Em 1866, o zoólogo alemão E. H. Haeckel sugeriu que os microrganismos que não
podiam ser classificados como vegetais ou animais, fossem denominados de protistas
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Introdução à Microbiologia

Prof. Dr. Mario Julio Avila-Campos

A palavra Microbiologia deriva do grego: mikros (“pequeno”), bios (“vida”), e logos (“ciência”). Esta Ciência estuda os organismos microscópicos e suas atividades biológicas, isto é, verificam as diversas formas, estruturas, reprodução, aspectos bioquímico-fisiológicos, e seu relacionamento entre si e com o hospedeiro, podendo ser benéficos e prejudiciais. A Microbiologia trata os organismos microscópicos unicelulares, onde todos os processos vitais são realizados numa única célula. Independente da complexidade de qualquer organismo, a célula é, e deve ser considerada, a unidade básica da vida. Todas as células vivas são basicamente estão compostas de: protoplasma (do grego: primeira substância formada), complexo orgânico coloidal constituído principalmente de proteínas, lipídeos e ácidos nucléicos; membranas limitantes ou parede celular; e um núcleo ou uma substância nuclear equivalente. De forma geral, todos os sistemas biológicos possuem as seguintes características comuns: 1) habilidade de reprodução; 2) capacidade de ingestão ou assimilação de substâncias alimentares, visando a obtenção de energia e de crescimento; 3) habilidade de excreção de produtos tóxicos; 4) capacidade de reagir ou se adaptar às alterações do meio ambiente, e 5) susceptibilidade a mutações. Os microrganismos apresentam sistemas específicos para estudo das reações fisiológicas, genéticas e bioquímicas, constituindo a base da vida. Seu crescimento reprodução é rápido e em ritmo elevado, sendo que algumas espécies bacterianas podem apresentar 100 gerações em menos de 24 horas. Os processos metabólicos microbianos são similares ao que ocorrem nos vegetais superiores e nos animais. As leveduras, por exemplo, utilizam a glicose, basicamente do mesmo modo que as células de mamíferos, mostrando que o mesmo sistema enzimático está presente nestes organismos tão diversos. Em Microbiologia podem-se estudar os organismos em detalhes e observar seus processos vitais durante o crescimento, reprodução, envelhecimento e morte. Com a alteração das condições ambientais, se podem alterar as atividades metabólicas, regular o crescimento e, alterar o padrão genético, sem ocasionar a destruição microbiana. Os principais grupos de microrganismos são os protozoários, fungos, algas e bactérias. Os vírus, apesar de não serem considerados organismos vivos e sem partículas, têm algumas características de células vivas. Posição dos microrganismos no mundo vivo Em 1866, o zoólogo alemão E. H. Haeckel sugeriu que os microrganismos que não podiam ser classificados como vegetais ou animais, fossem denominados de protistas

formando o reino Protista, constituído unicamente por seres unicelulares. Assim, ao se falar de protistas, estariam envolvidas as bactérias, algas, fungos e protozoários, excluindo-se os vírus que não são organismos celulares. Posteriormente, com o desenvolvimento da microscopia eletrônica, forma analisadas as características ultra-estruturas, sendo os microrganismos divididos em: procariotos e eucariotos. Esta divisão é baseada nas diferenças de organização da maquinaria celular. As algas azuis (cianofíceas) e as bactérias são consideradas organismos procariotos. Entre os microrganismos eucariotos estão incluídos os protozoários, fungos e demais algas (obs. as células animais e vegetais são, também, eucarióticas). Os vírus, isolados entre os microrganismos, são deixados de lado neste esquema de organização celular. Robert H. Whittaker (1969) criou outro sistema de classificação, constituído de cinco reinos, baseado no modo pelo qual o organismo obtém nutrientes de sua alimentação. Assim, os microrganismos, são encontrados em três dos cinco reinos: Reino Monera (bactérias e cianobactérias), Reino Protista (algas microscópicas e os protozoários) e Reino Fungi (leveduras e bolores). Até 1977, prevalecia a idéia prevalecente que os procariotos, pela sua simplicidade estrutural, eram ancestrais de eucariotos mais complexos. Entretanto, os estudos de Carl Woese e colaboradores, comprovaram que os procariotos e eucariotos evoluíram por vias completamente diferentes a partir de um ancestral comum. Estes pesquisadores utilizaram a técnica que compara o arranjo nucleotídico do rRNA entre diferentes organismos. Assim, se as sequências de ribonucleotídeos de dois organismos diferem grandemente, a relação entre ambos seria muito distante; ou seja, esses organismos divergiram há muito tempo de um ancestral comum. Porém, se as sequências forem muito similares, os organismos estariam intimamente relacionados a um ancestral comum. Dentre todos procariotos, existe um terceiro tipo de sequência diferente dos anteriores, concluindo-se que há dois grupo principais de bactérias, denominados de arqueobactérias e eubactérias. Áreas de aplicação da Microbiologia Existem numerosos aspectos no estudo da Microbiologia, que são divididos em duas áreas principais: a Microbiologia Básica e a Microbiologia Aplicada. A Microbiologia básica estuda a natureza fundamental e as propriedades dos microrganismos, enfatizando sobre as características morfológicas coloniais e celulares; características fisiológicas (necessidades nutricionais específicas e condições necessárias ao crescimento e reprodução); atividades fisiológico-bioquímicas (Metabolismo); características genéticas; características ecológicas e sua relação com outros organismos e com o hospedeiro; potencial de patogenicidade; e classificação taxonômica. Já a Microbiologia aplicada estuda como os microrganismos podem ser usados ou controlados com finalidades práticas, sendo os principais campos de aplicação a

os frascos após fervura. Nenhum microrganismo apareceu, mas seus resultados, ainda que repetidos, não convenceram. 60 a 70 anos mais tarde dois pesquisadores responderam a este argumento. Franz Schulze (1815-1873) aerava infusões fervidas, fazendo o ar atravessar soluções fortemente ácidas, enquanto Theodor Schwann (1810- 1882) forçava o ar através de tubos aquecidos ao rubro. Em nenhum dos casos surgiram os micróbios. Os adeptos da geração espontânea não se convenceram, dizendo que o ácido e o calor é que não permitiram o crescimento dos micróbios. O conceito da geração espontânea foi revivido, pela última vez, por Pouchet (1859), que segundo ele tinha a prova da ocorrência. Pouchet foi rebatido por Louis Pasteur (1822-

  1. onde pelo conhecido experimento, onde preparou um frasco com pescoço de cisne, as soluções nutritivas foram fervidas no frasco e o ar não-tratado e não-filtrado podia passar para dentro ou para fora. Os micróbios, porém, depositavam-se no pescoço de cisne e não apareciam na solução. Finalmente, John Tyndall (1820-1893) efetuou experiências numa caixa especialmente desenhada para provar que a poeira carrega os micróbios. Se não houver poeira, o caldo estéril ficará livre de crescimento microbiano por períodos indefinidos de tempo. Teoria Microbiana das Doenças Em 1762, Von Plenciz, afirmou que os seres vivos seriam as causas de doenças, e que microrganismos diferentes eram responsáveis por enfermidades diferentes. O médico Oliver W. Holmes (1809-1894) insistia que a febre puerperal era contagiosa e, provavelmente, causada por um germe transmitido de uma mãe para outra por intermédio das parteiras e dos médicos. Quase na mesma época, o médico húngaro Ignaz P. Semmelweis (1818-1865) introduzia o uso de antissépticos na prática obstétrica. Na França, Louis Pasteur estudou os métodos e processos envolvidos na fabricação de vinhos e cervejas. Observou que a fermentação de frutas e grãos resultava em álcool, e era produzido por micróbios. Pasteur sugeriu que os tipos indesejáveis de microrganismos deveriam ser eliminados pelo calor, não tão intenso que prejudicasse o gosto do suco de fruta, mas suficiente para tornar inócuo o micróbio. Assim, mantendo os sucos a uma temperatura de 62-63 oC, durante uma hora e meia, obtinha o resultado desejado. Este processo tornou-se conhecido como pasteurização e hoje é amplamente utilizado nas indústrias de fermentação, e dos derivados do leite, visando a destruição dos microrganismos patogênicos. Na Alemanha, o médico Robert Koch (1843-1910) estudou o problema do carbúnculo hemático, que é uma doença do gado bovino, caprino e, às vezes, do homem. Ele descobriu os bacilos típicos com extremidades cortadas em ângulos retos, no sangue de animais mortos pela infecção carbunculosa. Inoculou as bactérias em meios de cultura, examinou-as ao

microscópio para verificar de que apenas uma espécie tinha se desenvolvido e injetou-as em outros animais para verificar se estes se tornavam doentes e desenvolviam os sintomas clínicos do carbúnculo. A partir destes animais experimentais, Koch isolou micróbios iguais aos que tinha encontrado originalmente nos animais infectados. Esta foi a primeira vez que uma bactéria foi comprovada como causa de doença animal. A partir disto foram estabelecidos os postulados de Koch: 1) Um microrganismo específico pode sempre ser encontrado em associação com uma dada doença; 2) O organismo pode ser isolado e cultivado, em cultura pura, no laboratório; 3) A cultura pura produzirá a doença quando inoculada em animal sensível; e 4) É possível recuperar o microrganismo, em cultura pura, dos animais experimentalmente infectados. Caracterização e Classificação dos Microrganismos A caracterização e classificação dos organismos vivos são o principal objetivo nas diferentes áreas da Biologia. As comparações das características de grande número de microrganismos resultam, eventualmente, num sistema de agrupamento das espécies semelhantes. Por fim, cria-se um grupo com características muito semelhantes, que é considerado como uma espécie e recebe um nome específico. Uma cultura que consiste em uma única espécie de microrganismo, independentemente do número de indivíduos, é denominada de cultura axênica ou culturas puras. Se dois ou mais tipos (espécies) crescem juntos, como normalmente ocorre na natureza, passam a constituir uma cultura mista. Antes de identificar e classificar um microrganismo, suas características devem ser determinadas com detalhes como seguem: 1) Características culturais: exigências nutricionais e atmosféricas ambientais; 2) Características morfológicas coloniais e celulares; 3) Características metabólicas: envolve reações químicas vitais para sua sobrevivência; 4) Características antigênicas: componentes especiais da célula que fornecem evidências de semelhança entre as espécies; e 6) Características genéticas: composição do ácido desoxirribonucléico (DNA). BACTÉRIAS Morfologia e Ultra-Estrutura das Bactérias. Entre as principais características das células bacterianas estão suas dimensões, forma, estrutura e arranjo. Estes elementos constituem a morfologia da célula, podendo ser: cocos, cocobacilos, bacilos, e que podem apresentar diferentes arranjos em pares ou cadeias. As bactérias espiraladas ocorrem como células isoladas. Cada forma celular individual de espécies diferentes exibe nítidas diferenças no comprimento, número, e amplitude das espirais e na rigidez das paredes celulares. A unidade de medida das bactérias é o micrômetro, que equivale a 10-3^ mm. As bactérias mais

Protoplastos : quando se remove a parede celular bacteriana, a bactéria se torna um corpo arredondado, por não contar com a rígida limitação da parede. Então, a bactéria recebe o nome de protoplasto, que pode ser caracterizado como: imóvel, esférico, não se divide, não forma nova parede celular e não é susceptível, de modo geral, às infecções por bacteriófagos. Membrana citoplasmática : fina membrana situada abaixo da parede celular. A espessura de aproximadamente 7,5 nm e é composta de fosfolipídeos (20 a 30%), que formam uma bicamada que envolve as proteínas (50 a 70%). A membrana é o sítio da atividade enzimática específica e do transporte de moléculas para dentro e para fora da célula. Em alguns casos, a membrana se estende no citoplasma formando o mesossomo, que participa do metabolismo e da replicação celular. Citoplasma : o material celular pode ser dividido em área citoplasmática, que é a porção fluida contendo substâncias dissolvidas e partículas tais como ribossomos, e material nuclear ou nucleóide, rico em DNA. Inclusões citoplasmáticas : depósitos concentrados de certas substâncias, insolúveis, chamados de grânulos, e que podem servir como fonte de material nutritivo de reserva. Os grânulos podem ser constituídos de polissacarídeos (amido, glicogênio), lipídeos, fosfatos e até enxofre, como é o caso das bactérias sulforosas. Material nuclear : as células bacterianas não contêm o núcleo típico das células animais e vegetais. O material nuclear consiste de um cromossomo único e circular e ocupa uma posição próxima do centro da célula. Podendo ser denominado de corpo cromatínico, nucleóide, ou cromossoma bacteriano. Endósporos : esporos que se formam dentro da célula. São como um corpo oval de parede espessa, altamente resistente e refrateis. Bactérias dos gêneros Bacillus e Clostridium produzem endósporos. São constituídos de ácido dipicolínico e de grande quantidade de cálcio. Os esporos representam uma fase latente da célula bacteriana; comparados com as células vegetativas, são extremamente resistentes aos agentes físicos e químicos adversos.