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Uma introdução à linguística, abordando temas como a história da constituição da linguística, a distinção entre linguística diacrônica e sincrônica, a teoria do signo linguístico de saussure, a gramática transformacional de chomsky e a tagnêmica de pike. O texto discute a evolução do estudo científico da linguagem, desde as gramáticas gerais do século xvii até as abordagens modernas da linguística, destacando os principais conceitos e teorias que moldaram o campo. A descrição detalhada das diferentes perspectivas e escolas de pensamento oferece uma visão abrangente da linguística como disciplina acadêmica.
Tipologia: Resumos
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Ministério da Educação
Presidente da República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva
Ministério da Educação Fernando Haddad Maria Paula Dallari Bucci Carlos Eduardo Bielschowsky
Universidade Federal de Santa Maria Clóvis Silva Lima Felipe Martins Muller João Manoel Espina Rossés André Luis Kieling Ries José Francisco Silva Dias João Rodolfo Amaral Flores Jorge Luiz da Cunha Charles Jacques Prade Helio Leães Hey João Pillar Pacheco de Campos Fernando Bordin da Rocha
Coordenação de Educação a Distância Cleuza Maria Maximino Carvalho Alonso Roseclea Duarte Medina Roberto Cassol José Orion Martins Ribeiro
Centro de Artes e Letras Edemur Casanova Maria Tereza Marchezan
Elaboração do Conteúdo Silvana Schwab do Nascimento
Ministro do Estado da Educação Secretária da Educação Superior Secretário da Educação a Distância
Reitor Vice-Reitor Chefe de Gabinete do Reitor Pró-Reitor de Administração Pró-Reitor de Assuntos Estudantis Pró-Reitor de Extensão Pró-Reitor de Graduação Pró-Reitor de Planejamento Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Pró-Reitor de Recursos Humanos Diretor do CPD
Coordenadora de EaD Vice-Coordenadora de EaD Coordenador de Pólos Gestão Financeira
Diretor do Centro de Artes e Letras Coordenadora do Curso de Letras/Espanhol
Professora pesquisadora/conteudista
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apresentação da disciplina
A disciplina de Introdução à Linguística tem como objetivo fazer com que compreendamos os conceitos básicos que envolvem os estudos linguísticos; diferenciar suas principais correntes; conhe- cer os teóricos basilares e seus textos fontes. Para isso, teremos que fazer leituras de textos da área e, a cada semana, sempre co- mentá-los a fim de sanarmos as possíveis dúvidas. Esta disciplina é de suma importância, pois fará com que com- preendamos melhor as questões que envolvem a linguagem. Além disso, como futuros profissionais da área da linguagem, precisamos conhecer as teorias linguísticas a fim de que elas nos auxiliem na nossa prática docente. A disciplina possui 60 h/a. e para melhor nos organizarmos, as atividades serão realizadas em 8 semanas. Abaixo segue um crono- grama dos objetivos, leituras e atividades que desenvolveremos a cada uma dessas semanas. Bons estudos!
Silvana Schwab do Nascimento
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Com a contribuição decisiva dos arqueólogos e dos pa- leontólogos, a linguística tenta estabelecer como é que a lin- guagem aparece, pelo menos desde quando é que o homem fala. As hipóteses,nesse sentido, são hesitantes. Poderemos considerar que a linguagem teve um tempo de desenvolvimento, de progressão lenta e laboriosa no decorrer do qual se transformou no sistema complexo de significação e de co- municação que é hoje, e que a história encontra sempre por mais longe que remonte no passado? Ou então admitiremos, como Sa- pir, que desde o princípio a linguagem está formalmente completa e que desde que há homem há linguagem como sistema completo como todas as funções que tem atualmente. Ainda na antiguidade, os antigos hindus são conhecidos pela sua agudeza no tratamento da linguagem verbal. Com a redesco- berta do sânscrito (língua sagrada da Índia antiga), no século XIX, apareceram os sofisticados estudos de linguagem que os hindus tinham feito em épocas muito remotas. Os motivos pelos quais eles se interessavam pela linguagem eram religiosos estabelecer pela palavra uma relação íntima com Deus, mas nem por isso seus estudos eram menos rigorosos. Também na Grécia antiga, os pensadores estendiam-se em lon- gas discussões para saber se as palavras imitam as coisas ou se os nomes são dados por pura convenção. Mantinham, ainda, calorosos debates sobre a própria organização da linguagem: ela se organiza, perguntavam eles, de acordo com a ordem existente no mundo, seguindo princípios que têm como referência as semelhanças ou as diferenças. A formação retórica em Roma, a preservação dos textos re- ligiosos no judaísmo, a difusão das novas religiões proselitistas como o cristianismo e o islamismo, o estabelecimento de tradi- ções literárias vernáculas nos Estados-nações da Europa renas- centista são contextos em que a língua, a princípio uma ferra- menta, tornou-se um objeto de estudo. Na Idade Média, a reflexão sobre a linguagem teve nos Mo- distae uma de suas manifestações relevantes. Eles procuraram construir uma teoria geral da linguagem, partindo da autonomia da Gramática em relação à Lógica. Consideram, então, três tipos de modalidades (modus) manifestados pela linguagem natural: o mo- dus essendi (de ser), o intellingendi (de pensamento) e o significandi (de significar). Há, portanto, um número enorme de fatos que mostram essa atenção que os homens de diferentes épocas sempre dedicaram à linguagem. Mas é só com a criação da Linguística que essas mani- festações da curiosidade do homem tomam a forma de uma ciên- cia, com seu objeto e método próprios.
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Na história da constituição da Linguística há dois momentos- chave: o século XVII, que é o século das gramáticas gerais, e o sécu- lo XIX, com suas gramáticas comparadas. No século XVII, os estudos da linguagem são fortemente marca- dos pelo racionalismo. Os pensadores da época concentram-se em es- tudar a linguagem enquanto representação do pensamento e procuram mostrar que as línguas obedecem a princípios racionais, lógicos.
Feito um panorama geral dos estudos relativos à linguagem, va- mos agora mergulhar um pouco no mundo dos filósofos. O que eles pensavam sobre a linguagem? A história registrada da linguística ocidental começa em Ate- nas: Platão foi o primeiro pensador europeu a refletir sobre os pro- blemas fundamentais da linguagem. As questões levantadas em suas obras são cruciais, uma agenda à qual a tradição européia tem retornado, consciente ou inconscientemente, muitas e muitas ve- zes ao longo de seu desenvolvimento. Embora diversas ideias te- nham sido emprestadas de fontes externas da tradição judaica no início do primeiro milênio depois de Cristo, da linguística hebraica e árabe durante o Renascimento, da Índia por volta de 1800, para citar apenas as mais significativas, a tradição ocidental tem seu próprio e claro padrão de desenvolvimento. Manifestações de um modo de pensar característico, de uma visão de mundo distintiva, muito mais do que o produto acidental do clima e das circunstâncias, as tendências recorrentes da linguís- tica ocidental podem ser identificadas na maioria dos campos da investigação intelectual: mais marcadamente nas ciências naturais, mas também na filosofia, na cosmologia e no estudo do homem. Isso tem consequências para nossa narrativa, e para a historiogra- fia linguística em geral, em dois planos, o geográfico e o temporal. No plano geográfico, os estudiosos vão ligar todas as grandes tradições linguísticas numa única sequência cronológica, saltando da Índia à China, à Grécia e a Roma, aos povos semíticos e de volta ao Ocidente. Cada tradição tem sua própria história e só pode ser explicada à luz de sua própria cultura e de seus modos de pensa- mento. Cada um tem sua contribuição particular a dar à percep- ção humana da linguagem. Um relato tão abrangente da “história mundial da linguística”, de todo modo, tem um efeito distorcivo: colocar um capítulo sobre a linguística na Índia antiga antes de um capítulo sobre a linguística na Grécia poderia sugerir, inevitavel- mente, ou que o trabalho dos indianos foi o progenitor da tradição greco-romana, ou que esta tradição substituiu a anterior, duas in-
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tudo comparativo dos falares, em detrimento de um raciocínio mais abstrato sobre a linguagem, observado no século anterior. É nesse período que se desenvolve um método histórico, instrumento impor- tante para o florescimento das gramáticas comparadas e da Linguís- tica Histórica. O pensamento linguístico contemporâneo, mesmo que em novas bases, formou-se a partir dos princípios metodológicos elaborados nessa época, que preconizavam a análise dos fatos ob- servados. O estudo comparado das línguas vai evidenciar o fato de que as línguas se transformam com o tempo, independentemente da vontade dos homens, seguindo uma necessidade própria da língua e manifestando-se de forma regular. Franz Bopp é o estudioso que se destaca nessa época. A pu- blicação, em 1816, de sua obra sobre o sistema de conjugação do sânscrito, comparado ao grego, ao latim, ao persa e ao germânico é considerada o marco do surgimento da Linguística Histórica. A des- coberta de semelhanças entre essas línguas e grande parte das lín- guas europeias vai evidenciar que existe entre elas uma relação de parentesco, que elas constituem, portanto, uma família, a indo-euro- peia , cujos membros têm uma origem comum, o indo-europeu, ao qual se pode chegar por meio do método histórico-comparativo. O grande progresso na investigação do desenvolvimento his- tórico das línguas ocorrido no século XIX foi acompanhado por uma descoberta fundamental que veio a alterar, modernamente, o pró- prio objeto de análise dos estudos sobre a linguagem - língua lite- rária até então. Os estudiosos compreenderam melhor do que seus predecessores que as mudanças observadas nos textos escritos correspondentes aos diversos períodos que levaram, por exemplo, o latim a transformar-se, depois de alguns séculos, em português, espanhol, italiano, francês, poderiam ser explicadas por mudanças que teriam acontecido na língua falada correspondente. É no século XIX que se descobre a semelhança entre a maior parte das línguas europeias e o sânscrito. A esse conjunto de lín- guas se chamou línguas indo-europeias. Os indo-europeístas acre- ditavam que as semelhanças encontradas entre as línguas indicam um parentesco entre elas, como se fossem da mesma família. O objetivo deste estudo é encontrar a língua mãe, a origem das línguas. Essa língua de origem, o indo-europeu, não é uma língua da qual se tenham documentos. É uma reconstrução teó- rica, um conceito. As gramáticas comparadas contribuíram aos estudos da lin- guagem no sentido de mostrar que as mudanças são regulares, têm uma direção. No século XIX, para mostrar a regularidade, alguns linguistas históricos, conhecidos como neo-gramáticos , chegaram a enunciar leis para as mudanças na língua: as leis fonéticas, pelas quais eles
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procuravam explicar a evolução. Construíram uma escrita própria para anotar as formas em sua evolução. Por meio dessa escrita, podemos observar palavras de diferen- tes línguas como o espanhol “lluvia” e o português “chuva” e iden- tificar o parentesco existente entre essas línguas. “Lluvia” e “chuva” evoluíram da mesma palavra latina “pluviam”. É o caso também do espanhol “lleno” e do português “cheio” que derivam de “plenum”, podemos reconhecer uma regularidade na evolução: pl>ch (portu- guês) e pl>ll (em espanhol). O sinal > significa transformar-se “em”.
Consulte o ambiente ou entre em contato com o seu professor ou tutor para saber mais detalhes sobre as atividades referentes aos assuntos vistos até aqui.
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coisa ausente, evocada por um intermediário e, por conseguinte, incluída num sistema de troca numa comunicação. Na teoria de Peirce, o signo é uma relação triádica estabelecida entre um objeto , o seu representante e o interpretante. O interpre- tante, para Peirce, é uma espécie de base sobre a qual se instaura a relação objeto-signo, e corresponde à ideia no sentido platônico do termo, pois o signo não representa todo o objeto, mas apenas uma ideia dele, ou como diria Sapir, o conceito desse objeto. Teoricamente, podemos afirmar que os signos linguísticos estão na origem de qualquer simbolismo: que o primeiro ato de simbolização é a simbolização na e pela linguagem. Isto não exclui o fato de nos aparecer uma grande diversidade de signos nos di- ferentes domínios da prática humana. Consoante a relação entre o representante e o objeto representado, Peirce conseguiu classifi- cá-los em três categorias: O ícone , que se refere ao objeto por uma semelhança com ele. Por exemplo, o desenho de uma árvore que representa a árvore real, parecendo-se com ela é um ícone. O índice , que não se parece forçosamente com o objeto, mas é afetado por ele e, deste modo, tem qualquer coisa de comum com o objeto. Assim, o fumo é um índice do fogo. O símbolo , refere-se a um objeto que ele designa por uma es- pécie de lei, de convenção, por intermédio da ideia. São assim os signos linguísticos. Sugestão: Para complementar seus estudos, leia sobre Peirce em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Sanders Peirce_
2.1.2. Saussure e o signo linguístico Embora Peirce tenha feito uma teoria geral dos signos, é a Saussure que devemos o primeiro desenvolvimento exaustivo e científico do signo linguístico na sua concepção moderna. No seu Curso de Linguística Geral , 1916, Saussure observa que seria ilusório acredi- tar que o signo linguístico associa uma coisa e um nome; a ligação que o signo estabelece é entre um conceito e uma imagem acústica. A imagem acústica não é som em si mesmo, mas “a marca psíquica desse som, a representação que dele nos é dada pelo testemunho dos nossos sentidos”. Assim, para Saussure, o signo é uma realidade psíquica com duas faces, sendo uma o conceito e a outra a imagem acústica. Por exemplo, para a palavra “pedra”, o signo é constituído pela imagem acústica pedra e pelo conceito “pedra”: um invólucro cômodo que contém aquilo que é comum às milhares de represen- tações que podemos ter do elemento distinto “pedra”. Essas duas faces inseparáveis do signo, que Saussure descreve com as duas faces de uma mesma folha, chamam-se significado (o conceito) e significante (a imagem acústica). Para Saussure, o signo
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linguístico é definido pela relação significante-significado, da qual é excluído o objeto designado sob o termo de referente: a linguísti- ca não se ocupa do referente, interessa-se apenas pelo significan- te, pelo significado e pela sua relação. Um dos postulados de base da linguística é que o signo é arbi- trário. Quer dizer que não há nenhuma relação necessária entre o significante e o significado: o mesmo significado “pedra” tem como significante em francês, pier , em russo, kame , em inglês, stoun , em chinês, shi. Isto não quer dizer que os significantes sejam escolhi- dos arbitrariamente por um ato voluntário individual e que, por conseguinte, possam ser alterados de um modo igualmente arbi- trário. Pelo contrário, o “arbitrário” do signo é por assim dizer nor- mativo, absoluto, válido e obrigatório para todos os sujeitos que falam a mesma língua, denotando mais exatamente imotivado ; quer dizer que não há nenhuma necessidade natural ou real que li- gue o significante e o significado. O fato de certas onomatopeias e exclamações parecerem imitar os fenômenos reais e, deste modo, parecerem motivadas não suprime este postulado linguístico, visto que se trata de fato de um caso com uma importância secundária. Sugestão: Para conhecer mais sobre Saussure, acesse: http://ptwikipedia.org/wiki/Ferdinand_de_Saussure
2.1.3. Algumas críticas a Saussure A teoria do signo, que tem a vantagem de por o problema da rela- ção entre a língua e a realidade no exterior do campo das preocu- pações linguísticas, e de permitir o estudo da língua como um siste- ma formal, submetido a leis e constituído por estruturas ordenadas e transformacionais, está hoje exposta a uma crítica que, embora não a destrua completamente, lhe impõe certas modificações. Assim, a teoria assenta na redução da rede fônica complexa que é o discurso a uma cadeia linear na qual se isola um elemento mínimo correspondente à palavra. Com efeito, a palavra só ganha a sua significação completa numa frase, isto é, por e numa relação sintática. Por outro lado, essa mesma palavra pode ser decompos- ta em elementos morfológicos menores do que ela, os morfemas , eles mesmos portadores de significação, e cujo conjunto constitui a significação da palavra. Assim, nas palavras dar e dádiva podemos isolar o morfema da, que implica a ideia de oferta , e os morfemas r e diva, que atribuem diversas modalidades à raiz da. Por fim, a significação dessa palavra não fica completa se não a estudarmos num discurso, tendo em conta a enunciação do sujeito falante. Compreende-se que a palavra, concebida como entidade indivisível de valor absoluto, se torne suspeita aos olhos dos linguistas e deixe de ser, hoje em dia, o apoio fundamental da reflexão sobre o funcionamento da linguagem. É cada vez mais
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Quais foram as teorias que apareceram a favor da brecha assim aberta na concepção da língua como sistema de signos? A própria linguística, apoiando-se na concepção (permitida pela teoria do signo) de que a língua é um sistema formal, desin- teressa-se dos aspectos simbólicos da linguagem, e estuda a sua ordem estritamente formal como uma estrutura “transformacio- nal”. Estas são as teorias atuais de Noam Chomsky. Num primeiro momento, ele abandona o nível da palavra para se ocupar da es- trutura da frase, que se torna assim o elemento linguístico de base suscetível de ser sintetizado e partir de funções sintáticas. Num segundo momento, os elementos sintáticos fundamentais (o sujei- to e o predicado) são decompostos, representados pelas notações “algébricas” X e Y, e tornam-se, no decorrer de um processo dito “generativo”, nomes e verbos. Os problemas de significação são substituídos por uma formalização que representa o processo de síntese através do qual os “universais” linguísticos (constituintes e regras gerais) podem engendrar frases gramaticalmente ― e, por conseguinte, semanticamente ― corretas. Em vez de investigar por que é que a língua é constituída por um sistema de signos, a gra- mática gerativa de Chomsky mostra o mecanismo formal, sintático, desse conjunto recursivo que é a língua e cuja realização correta tem como resultado uma significação. Vemos, portanto, que a linguística moderna vai mais longe que Saussure, “dessubstancializa” a língua e representa a significação (com o que a princípio não se preocupa) como o resultado de um processo de transformação sintática que engendra frases. Há aqui uma tentativa que lembra a do linguista Bloomfield, que já excluía a semântica do domínio da linguística e a remetia para o domínio da psicologia. De outro ponto de vista, baseando-se numa crítica filosófica do próprio conceito de signo, que liga a voz e o pensamento de tal modo que chega a apagar o significante em proveito do significa- do, outros autores observaram que a escrita, enquanto marca ou traço (aquilo que se chama, segundo uma terminologia recente, de grama ), desvenda no interior da língua uma “cena” que o signo e o seu significado não podem ver: uma cena que, em vez de instaurar uma semelhança como faz o signo, é, pelo contrário, o próprio me- canismo da diferença. Com efeito, na escrita há traço, mas não há representação, e esse traço essa marca forneceu as bases de uma nova ciência teórica a que se chamou gramatologia. Sugestão: Leia sobre Martinet e sua teoria em http://www.info- pedia.pt/$andre_martinet e sobre Bloomfield em http://ptwikipedia. org.wiki/Leonard_Bloomfield.
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A Linguística pode ser considerada uma ciência interdisciplinar, pois ela conta com a colaboração de vários campos do saber como a Psicanálise, Antropologia, Literatura, Psicolinguística entre ou- tras.Para Lopes (1995, p. 24),
A linguística é uma ciência interdisciplinar. Ela toma emprestada a sua instrumentação metalinguística dos dados elaborados pela Estatística, pela teoria da Informação, pela Lógica Matemática, etc., e, por outro lado, na sua qualidade de ciência-piloto, ela empresta os métodos e conceitos que elaborou à Psicanálise, à Musicologia, à Antropologia, à Teoria e Crí- tica Literária, etc.; enfim, ela se dá, como Linguística Aplicada, ao Ensino das Línguas e à Tradução Mecânica. Isso posto, podemos observar que a Linguística realiza um es- tudo em conjunto com outras disciplinas, ora como apoio a elas, ora como alicerce delas.
Retomada dos estudos 1 e 2?
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um sistema que se compõe de palavras, ou signos linguísticos. Diariamente usamos esse complexo sistema linguístico para nos comunicar: selecionamos automaticamente alguns fone- mas para constituir morfemas; estes podem formar palavras; as palavras podem compor sintagmas, os sintagmas formam orações e estas vão compor diferentes textos.