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O protocolo de acolhimento para pessoas intoxicadas por lítio, baseado na evidência científica e publicado pela rede de atenção psicossocial do estado de santa catarina, brasil, em 2015. O texto aborda a situação a ser abordada, a classificação na cid 10, o diagnóstico, sinais e sintomas, interações medicamentosas, locais de tratamento e tratamento da intoxicação por lítio.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Sobre a tabela periódica, anúncios de água mineral com lítio, de Douglas County, Georgia, Estados Unidos, 1888.
1. SITUAÇÃO A SER ABORDADA
O lítio é um metal leve. Na forma de carbonato é utilizado como estabilizador de humor, para os quadros de transtorno afetivo bipolar. Após a administração oral o lítio tem rápida e completa absorção pelo trato gastrointestinal. O pico plasmático ocorre em 1 a 2 horas após a ingestão para produtos de libertação imediata e em 4 a 6 horas nos produtos de formulações com libertação sustentada. A prevenção da intoxicação pode ser feita pela psicoeducação a respeito da importância da hidratação e do consumo de eletrólitos. É importante, também, ao paciente, que aprenda a detectar precocemente os sinais de intoxicação, ainda na fase prodrômica, quando a reversão é fácil: tremores, sensação de fraqueza, náuseas, dor abdominal eventual, fezes muito moles ou diarreicas. Hipertensos, com dieta hipossódica e uso de anti-hipertensivos demandam maiores cuidados, pois os níveis baixos do sódio facilitam a intoxicação pelo lítio^1.
2. CLASSIFICAÇÃO NA CID 10
X49.1 Intoxicação acidental por exposição a outras substâncias químicas nocivas e às não especificadas (inclui: metais, incluindo suas emanações e vapores)
T56.8 Efeito tóxico de outros metais
X60-X84 Lesões autoprovocadas intencionalmente X64 Auto-intoxicação por e exposição, intencional, a outras drogas, medicamentos e substâncias biológicas e às não especificadas
3. DIAGNÓSTICO
Há mais de meio século, o lítio é a droga mais amplamente utilizada no tratamento do transtorno bipolar. A nefrotoxicidade renal pode se apresentar de diferentes formas, de alterações mais precoces como diabetes insipidus nefrogênico e acidose metabólica a lesões secundárias ao uso crônico, como hipercalcemia, nefropatia túbulo intersticial e doença renal crônica^2. É rara a intoxicação pela ingesta voluntária de comprimidos, pois uma dose alta provoca náusea e vômitos, o que diminui a absorção. A intoxicação acontece, geralmente, quando a litemia está acima de 1,5 mEq/l. Excepcionalmente algumas pessoas, usando diuréticos, ou desidratadas no verão, intoxicam-se com doses normais prescritas. Litemias acima de 2,0 mEq/l predispõem a intoxicações graves.
(^1) CARVALHO, A. F.; QUEVEDO, J. Emergências Psiquiátricas. 3ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
(^2) OLIVEIRA, Jobson Lopes, et al. Nefrotoxicidade por lítio. Rev. Assoc. Med. Bras. , São Paulo , v. 56, n.
5, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 42302010000500025&lng=en&nrm=iso>.
7. POSSÍVEIS LOCAIS DE TRATAMENTO
As unidades sanitárias básicas, os CAPS e o SAMU devem encaminhar os casos de intoxicação emergenciais a prontos-socorros de hospitais. O Centro de Informações Toxicológicas (CIT) pode ser consultado por telefone, pelo serviço de emergência que estiver atendendo o paciente. Casos graves precisarão de serviço de hemodiálise.
8. TRATAMENTO
Em casos leves, a suspensão da medicação por algumas tomadas, baixando a dose no sangue, pode corrigir a litemia elevada e resolver o problema. A excreção é renal. Daí a importância de saber se os rins estão em bom funcionamento. Deve-se neste caso suspender a medicação, tomar grandes quantidades de água e ingerir alguma quantidade de cloreto de sódio na comida. Não se deve interromper o lítio de forma abrupta e total, exceto nos casos de intoxicação grave, pois há risco de desencadeamento de um episódio maníaco pela suspensão repentina^4. O diagnóstico deve se basear nas manifestações clinicas, e não somente nos níveis séricos do fármaco. Deve-se atentar para os casos em que o paciente usou também clorpromazina ou outros neurolépticos, anti-inflamatórios não esteroides, diuréticos tiazídicos, captopril e enalapril, todos capazes de interagir com o lítio^5. O lítio, sendo metal, não é absorvido pelo carvão ativado. Daí a inutilidade deste procedimento, nas intoxicações. Geralmente, quando o caso chega ao serviço de saúde, já se passou mais de uma hora da ingesta da dose comprometedora. Uma lavagem gástrica só teria efeito na primeira hora após a ingesta. Na segunda hora, já não há propósito para fazer lavagem. Deve- se ter em mente que, em casos de misturas de outras drogas, com o lítio, a lavagem pode ser prejudicial. Havendo indícios ou relato de ingesta de outras drogas concomitantes, é preferível não fazer a lavagem gástrica e entrar em contato com o Centro de Informações Toxicológicas, por telefone, relatando o caso. Muitas situações são decorrentes de intoxicações crônicas e graduais. Nestes casos também não há indicação para lavagem gástrica. Intoxicações moderadas a graves para pessoas de qualquer idade demandam internação. Idosos cujas dosagens de litemia estejam acima de 2,0 mEq/l, precisam de internação com grande grau de observação. Faz-se hidratação via oral, aplica-se soro fisiológico intravenoso, corrige-se os eletrólitos (especialmente o sódio sérico). Controla-se o balanço hídrico. Dosagens seriadas de lítio de eletrólitos são realizada. Investiga-se a função renal. Faz-se ECG.
(^4) NHS. Guideline for the Management of Patients on Lithium. Forth Valley: NHS, 2013. Disponível em:
http://www.nhsforthvalley.com/__documents/qi/ce_guideline_mentalhealth/lithium.pdf. (^5) SHANSIS, F.; ZANATA, L. Estabilizadores do humor. In. CATALDO NETO, A.; GAUER, G.J.C.; FURTADO,
N.R. Psiquiatria para estudantes de medicina. Porto Alegre: Artmed, 2003. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=B8LByUTKwS0C&printsec=frontcover&hl=pt- BR#v=onepage&q=Estabilizadores%20do%20humor&f=false>.
Nas intoxicações com litemia acima de 4,0 mEq/l é indicada a hemodiálise em várias sessões 6. A hemodiálise é feita também em crianças intoxicadas acidentalmente^7. Pode-se optar, alternativamente, pela diálise peritoneal. Após reverter o quadro de intoxicação e corrigir a função renal, algumas sequelas podem se manter, como ataxia e tremores crônicos. Raramente persistem os sintomas de disartria, hiperreflexia e dismetria.
MONITORIZAÇÃO
Durante a fase de desintoxicação, deve-se acompanhar a variação da litemia a cada 6 horas, após iniciar as medidas de tratamento, até a estabilização. De forma preventiva, quando se usar lítio, havendo dúvidas é aconselhável fazer provas de função renal, dosagem de hormônios da tireoide e hemograma semestralmente, assim como dosar o lítio sérico a cada 3 ou 6 meses^8. É importante a instrução dos profissionais de saúde, em todos os serviços, para que ajudem a prevenir acidentes com lítio e detectem riscos de autointoxicação^9.
(^6) BECKMANN, U. Efficacy of continuous venovenous hemodialysis in the treatment of severe lithium toxicity. J
Toxicol Clin Toxicol. 2001;39(4):393. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=11527234. (^7) MEYER, R.J. et al. Hemodialysis followed by continuous hemofiltration for treatment of lithium intoxication in
children. Am J Kidney Dis. 2001;37(5):1044. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=11325688. (^8) NHS. Guideline for the Management of Patients on Lithium. Forth Valley: NHS, 2013. Disponível em:
http://www.nhsforthvalley.com/__documents/qi/ce_guideline_mentalhealth/lithium.pdf. (^9) ORUCH, Ramadhan, et al. Lithium: A review of pharmacology, clinical uses, and toxicity. European Journal of
Pharmacology. Volume 740, 5 October 2014, Pages 464–473. Disponível em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0014299914004932.