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Guias e Dicas
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Proposta de Curso: Arte Afro-brasileira na Educação Básica, Exercícios de Cultura

Uma dissertação sobre a criação de um curso de formação sobre a arte afro-brasileira para docentes da educação básica de são leopoldo/rs. A pesquisa qualitativa foi realizada entre 2006 e 2018, envolvendo encontros presenciais e estudos teóricos em ambiente virtual. O documento contém reflexões teóricas sobre a importância da arte afro-brasileira na educação básica, a utilização de tecnologias educacionais para seu ensino, e a produção de materiais didáticos para apoiar os professores. O resultado é uma publicação impressa acompanhada de um cd intitulada 'arte afro-brasileira: saberes e fazeres poéticos e pedagógicos na educação básica'.

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Pernambuco
Pernambuco 🇧🇷

4.2

(45)

225 documentos

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INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE
CAMPUS PELOTAS - VISCONDE DA GRAÇA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO
ARTE AFRO-BRASILEIRA:
SABERES E FAZERES PÓETICOS E PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
GUADALUPE DA SILVA VIEIRA
Pelotas/RS
2019
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Baixe Proposta de Curso: Arte Afro-brasileira na Educação Básica e outras Exercícios em PDF para Cultura, somente na Docsity!

INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE

CAMPUS PELOTAS - VISCONDE DA GRAÇA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO ARTE AFRO-BRASILEIRA: SABERES E FAZERES PÓETICOS E PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA GUADALUPE DA SILVA VIEIRA Pelotas/RS 2019

INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE

CAMPUS PELOTAS - VISCONDE DA GRAÇA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO ARTE AFRO-BRASILEIRA: SABERES E FAZERES POÉTICOS E PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA GUADALUPE DA SILVA VIEIRA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias na Educação do Campus Pelotas - Visconde da Graça do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências e Tecnologias na Educação. Orientador: Prof.º Dr. º Marcos André Betemps Vaz da Silva Coorientadora: Prof.ª Dr. ª Valquíria Pereira Tenório Pelotas/RS 2019

INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE

CAMPUS PELOTAS - VISCONDE DA GRAÇA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO ARTE AFRO-BRASILEIRA: SABERES E FAZERES PÓETICOS E PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA GUADALUPE DA SILVA VIEIRA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias na Educação do Campus Pelotas - Visconde da Graça do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências e Tecnologias na Educação. Aprovado em: dia, mês e ano. Banca examinadora:


Prof.º Dr. º Marcos André Betemps Vaz da Silva (Orientador – CaVG/IFSul)


Prof.ª Dr. ª Angelita Hentges (CaVG/IFSul)


Prof.º Dr. º Dilmar Kistemacher (UFMA)


Prof.ª. Dr. ª Nádia da Cruz Senna (UFPEL)

Dedico aos meus antepassados. Foi por mim, foi por vocês, foi por nós.

tempo me orientando para que a realização dessa dissertação fosse possível. Sinto- me orgulhosa por poder ter desfrutado da convivência próxima com este professor, de olhos sempre sorridentes e cabeça tão cheia de ideias apaixonantes. A minha coorientadora Valquíria Pereira Tenório que mesmo à distância me orientou pacientemente neste trabalho e a quem admiro profundamente. As professoras Nádia Cruz Senna, Angelita Hentges, e o professor Dilmar Kistemacher que tiveram uma importante participação nesse processo. Agradeço imensamente por aceitarem participar da banca examinadora de qualificação e de defesa. Muito obrigada pelas críticas e sugestões extremamente enriquecedoras. Aos professores e as professoras participantes no curso de formação, deixo minha gratidão, sem as quais não haveria prosa poética nem pesquisa. Sinto-me privilegiada, pois se hoje concluo esta etapa de minha formação, é por acreditar no trabalho que juntos (as) desenvolvemos e pela certeza de que vivi e aprendi coisas maravilhosas com cada um e cada uma. Ao meu esposo, meu companheiro, meu amigo, meu amor Luís Roberto por incentivar minhas paixões mesmo que isto signifique alterar a nossa rotina, em função de um momento criativo meu e pela compreensão durante os momentos de ausência. Sou grata por ter a oportunidade de trabalhar com algo que me apaixona e me motiva a ser cada dia melhor, por estar numa escola que me encanta e que acredita na potencialidade da Educação, em todos os seus aspectos. Por sentir-me confiante e incentivada pelos profissionais com quem trabalho e que tanto admiro, especialmente aqueles que conservam os brilhos nos olhos ao falar de Escola e da nossa escola. E agradeço a todos que estiveram presentes nessa caminhada, aos que vieram e ficaram e aos que passaram, mas deixaram um pouco de si. A todos, Axé!

Ahére ni yio kehin oko, ata ni yio kenin ile Num processo, cada etapa precisa ser concluída, para que o sucesso da próxima esteja assegurado. Mãe Stella de Oxóssi. Owé. Provérbios, n.13. 2007

ABSTRACT

The present dissertation focuses on the creation of a proposal for a training course on Afro-Brazilian Art, based on a qualitative research, having as a sample the Basic Education teachers of the municipal network from São Leopoldo/RS. This study is justified, as there are established democratic tools, from the guidelines for education, to build another visibility of Afrodescendant in school and society. The theoretical reference is centered on Vygotsky's socio-interactionist learning, more specifically on his ideas on Art Psychology, Aesthetic Teaching and Art Teaching. For the analysis of the data were elaborated the tools of the interview sheet with images of works of artists where the teacher/student should choose the works that could be of Afrodescendant artists and the record that constitutes the discursive interactions about justificatting of this selection. We present a reflection on the results of the answers based on the Discursive Textual Analysis (DTA). We describe the steps of the research, as well as the organization of the Training Course offered, which it was composed of four (04) present meeting and seven (07) modules practiced in a virtual environment, through the Neolms Platform. However, we hope that teachers share their findings, their activities on Afro-Brazilian Art and, thereby, continue to deepen their knowledge about black artistic production towards an education that promotes dignity, pride and possibility for all people. The resulting educational product is a printed publication accompanied by a digital media disc - CD, titled Afro-Brazilian Art: knowledge and practices poetics and pedagogical in Basic Education , containing the record of the theoretical reflections of the continued formation and didactic sequence involving the production of didactic-pedagogical materials about the Afro-Brazilian Art. Keywords : Afrodescendant's Artists, Teaching of Art, Federal Law 10.639/03.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Imagem de Abertura do MÓDULO 1 .......................................................... 50 Figura 2 Imagem de capa do livro A voz dos Outros. 1º Encontro Presencial ......... 51 Figura 3 Acolhimento com um delicioso aroma do café misturado ao doce de casca de limão bergamota, especiaria Quilombola. Frases dos (das) cursistas na realização da atividade Impressões Poéticas ............................................................................. 52 Figura 4 Imagem de Abertura do MÓDULO 2. Obra de Djanira. Ciranda. Óleo sobre tela. 50x70. 1950 ....................................................................................................... 52 Figura 5 Imagens Iconográficas do Continente Africano. 2º Encontro Presencial .... 54 Figura 6 Acolhimento com deliciosas AGUXÓ (Sopa de Legumes em Iorubá) ........ 55 Figura 7 Máscara do povo Senufo. Costa do Marfim. Madeira Entalhada .............. 58 Figura 8 Imagem de abertura do MÓDULO 3 .Trilha Africana ................................ 58 Figura 9 Xícara de Café ........................................................................................... 68 Figura 10 Imagem de abertura do módulo 4. Obra de Rosana Paulino. Paraíso Tropical? Impressão Digital sobre tecido, recorte, tinta e costura. 2016. 96 x 110 cm .................................................................................................................................. 70 Figura 11 Imagem de abertura do MÓDULO 5. Artista Pintando. Bordado ............... 72 Figura 12 Balões. 3º Encontro Presencial ................................................................. 73 Figura 13 Registro fotográfico da prática sobre Sequência Didática ......................... 74 Figura 14 Imagem de abertura do MÓDULO 6. Mestre Didi. Cetro da Ancestralidade. Op? Baba N'Laawa. Bronze. 2001. 7 m .................................................................... 74 Figura 15 Imagem de Abertura do MÓDULO 7. Cirandar. Bordado. ........................ 77 Figura 16 Imagem decoração. 4º Encontro Presencial. ............................................ 79 Figura 17 Registro Fotográfico. Triângulo Culinário: Acarajé, Amalá e Mungunzá. .. 79 Figura 18 Mestre Didi. Cetro com serpentes e pássaro na copa. Òpá Igi Ejo Meji ati~ Eyé Kan Ióri. Sem data. Técnica Mista ..................................................................... 83 Figura 19 Rosana Paulino. Número 1 com casulos. 2003. Terracota, algodão, linha de poliéster e pigmento vermelho. ................................................................................. 84 Figura 20 Rosana Paulino. Série Bastidores. 1997. Xerox transferida e costura sobre tecido montada em bastidor. ..................................................................................... 84 Figura 21 Alex Flemming. Série Sumaré.1998. Montagem. Vidro sobre vidro. 158 x 125 cm ...................................................................................................................... 86

Tabela 21 Fichas para o Jogo da Trilha sobre Arte Africana elaboradas por cursistas.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ATD – Analise Textual Discursiva BNCC – Base Nacional Curricular Comum CNE – Conselho Nacional de Educação ENPOS– Encontro de Pós-graduação DBAE – Discipline Based Art Education DEDS – Departamento de Educação e Desenvolvimento Social da Pró-reitoria de Extensão LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC – Ministério da Educação e Cultura PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais PDE – Portable Document Format PNLD – Plano Nacional do Livro Didático RS – Rio Grande do Sul SMED – Secretaria Municipal de Educação TEN – Teatro Experimental Negro UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UNESCO – Organização para a Educação, a Ciencia e a Cultura das Nações Unidas

  • de remédio sobre tela. 130 x 160 cm
  • Figura 23 Djanira. Três Orixás. 1966. Óleo sobre tela. 129 x 193.50
  • Figura 24 Imagem de camiseta feita a mão com aplicação de tecidos.
  • Figura 25 Picasso. Autorretrato. 1907. Óleo sobre tela. 50 x 46 cm
  • Figura 27 Imagens para o Jogo da Trilha.
  • Figura 28 Elaboração da Trilha Africana. Orixás. Cursista I.T.P.S
  • Figura 29 Regras do Jogo elaborado por I.T.P.S
  • Figura 30 Fichas para o jogo Trilha dos Orixás. Elaborado por I.T.P.S
  • Figura 31 Trilha dos Orixás. Elaborado pela cursista I.T.P.S.
  • Figura 32 Texto Jornalístico. Elaborado por J.T.M
  • e aquarela. 2012. 37,5 x 27, Figura 33 Rosana Paulino. Assentamento 3. Imagem transferida sobre papel, grafite
  • Figura 34 Mandala. Atividade Criadora da cursista R.M.R
  • Técnica Mista Figura 35 Mestre Didi. Opa Ibiri Kekere. Pequeno Ibiri. Cetro do Orixá Nanã. 2001.
  • Figura 36 Atividade Criadora da cursista R.M.R.
  • Figura 37 Atividade Criadora da cursista M.R.
  • Figura 38 Atividade Criadora de N.A.S...................................................................
  • Figura 39 Atividade Criadora de C.A.F.P.
  • Tabela 1 Cronograma do Módulo 1: Conhecendo o Ambiente Virtual LISTA DE TABELAS
  • Tabela 2 Cronograma do 1º Encontro Presencial
  • Tabela 3 Cronograma do Módulo 2: Roda dos Saberes
  • Tabela 4 Cronograma do 2º Encontro Presencial
  • Tabela 5 Cronograma Módulo 3: Trilha da Arte Africana e Afro-brasileira
  • Tabela 6 Cronograma do Módulo 4: Elementos Simbólicos e Poéticos
  • Tabela 7 Cronograma do Módulo 5: Ação e Criação
  • Tabela 8 Cronograma do módulo 6: Em cena as Sequências Didáticas
  • Tabela 9 Cronograma do 3º Encontro Presencial
  • Tabela 10 Cronograma do Módulo 7 Ciranda dos Afetos
  • Tabela 11 Cronograma do 4º Encontro Presencial
  • Tabela 12 Formulário Sequência Didática
  • Tabela 13 Gráfico Síntese das Imagens Escolhidas
  • Tabela 14 Frases Cursistas relacionadas com a atividade Impressões Poéticas
  • Tabela 15 Poética Prosa sobre a Ancestralidade Artística
  • negra Tabela 16 Prosa Poética sobre o Simbolismo na produção artística com influência
  • Tabela 17 Prosa Poética sobre Aspectos do universo cultural afro-brasileiro
  • Tabela 18 Prosa Poética sobre Conexões a partir e imagens de obras de artistas
  • Tabela 19 Prosa Poética sobe as Representações e Memórias
  • como..." Tabela 20 Acróstico "Analiso a temática Arte Afro-brasileira na Educação Básica
  • Tabela 22 Sequência Didática elaborada pela cursista T.S
  • 1 INICIANDO O MOVIMENTAR DA RODA..............................................................
  • 1.1 Trajetória com visualidade na arte afro-brasileira..........................................
  • 2 CRUZANDO SABERES.TECENDO HISTÓRIAS
  • 2.1 Artistas Afrodescendentes.............................................................................
  • 2.2 Lei 10639/03.....................................................................................................
  • 2.3 Ensino da Arte..................................................................................................
  • 3 PERSPECTIVAS TEÓRICAS
  • 3.1 Conexões entre Vygotsky, o Ensino da Arte e a Lei 10639/03
  • 4 DELIMITAÇÃO, DESCOBERTAS E DESAFIOS DA METODOLOGIA
  • 4.1 Cirandar das cores, aromas, sabores e saberes...
  • 4.2 Sujeitos, percursos e processos
  • resultados................................................................................................................. 4.3 O cirandar dos sentidos na análise e discussão dos
  • acredito ser (serem) de artistas afrodescendentes” 4.3.1 Análise da questão “A(s) imagem (imagens) assinaladas são obras que
  • 4.3.2 Análise da questão "Escolhi essa ou essas obras porquê.........................
  • curso.......................................................................................................................... 4 4 Resultado dos conhecimentos, saberes e fazeres referente as propostas do
  • 4 4 .1 Módulo 1: Uso da Tecnologia.........................................................................
  • 4.4.2 Módulo 2: Roda dos Saberes.........................................................................
  • 4 4 .3 Módulo 3: Na trilha da Arte Africana e Afro-brasileira...............................
  • 4 4 .4 Módulo 4: Elementos Simbólicos e Poéticos.............................................
  • 4 4 .5 Módulo 5: Ação e Criação.............................................................................
  • 4.4.6 Módulo 6: Em cena as Sequências Didática...............................................
  • 4 4 .7 Módulo 7: Ciranda dos Afetos......................................................................
  • CONCLUSÃO
  • REFERÊNCIAS
  • APÊNDICE
  • I. Produto Educacional..........................................................................................
  • II. Instrumento da Análise de Dados
  • III. Termo de autorização de uso de imagem.......................................................1
  • IV. O movimentar da roda: uma narrativa em quadrinhos.................................1
  • ANEXO
  • ANEXO A Autorização da Secretaria Municipal de Educação.

1 INICIANDO O MOVIMENTAR DA RODA

A presente dissertação tem como enfoque a criação de uma proposta para um curso de formação sobre a Arte Afro-brasileira, fundamentada em uma pesquisa qualitativa, tendo como amostra professores da Educação Básica da rede municipal de São Leopoldo/RS^1. Esse estudo se justifica, na medida em que há ferramentas democráticas estabelecidas, a partir das diretrizes para a educação, para construir outra visibilidade do afrodescendente na escola e na sociedade. A autonomia dos estabelecimentos de ensino para compor os projetos pedagógicos, no cumprimento do exigido pelo Art. 26-A e 79-B da Lei 9.394/ (BRASIL, 1996), permite incluir nas vivências promovidas pela escola à presença dos diversos grupos étnicorraciais, que historicamente compõem a sociedade brasileira. Se a escola é um campo, um espaço de produção e de apropriação de conhecimentos, então é fundamental, justo e função da escola que os saberes africanos, que são um patrimônio da humanidade, sejam compartilhados, aprendidos, conhecidos. A escola não deve negar à população este patrimônio, não pode subtrair um direito, que é de todos, de conhecer o repertório cultural dos povos africanos. Se a escola não veicula estes saberes, está tirando o direito das pessoas de se informar sobre isso. Isso não é justo, não é bom. (TRINDADE, 2013, p.13) Temos, por outro lado, um significativo acervo sobre as temáticas da Lei nº. 10.639/2003, acrescida da lei 11.645/2008 em livros, sites, núcleos de estudos nas universidades, organizações do movimento negro, organizações governamentais, filmes e documentários, experiências pedagógicas, quer na sua especificidade, quer em interação com áreas diversas de conhecimento. Trindade (2013) afirma que: A despeito do esforço abnegado de muitas pessoas, sejam educadoras, educadores ou ativistas, esta temática necessita de compromisso político por parte, sobretudo, dos gestores e dos (^1) São Leopoldo é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Conforme o censo 2010 a população de São Leopoldo é distribuída entre homens e mulheres. A população masculina representa 104.242, enquanto a população feminina é de 109. habitantes.

Nessa perspectiva, a pesquisa traz infinitas possibilidades de leitura e combinações temáticas desafiadoras onde entram na roda as ideias de Vygotsky, Roberto Conduru, Ana Mae Barbosa, Kabengele Munanga, Dilma de Melo Silva, Nilma Gomes, Maria Felix Calaça e Mariano Carneiro da Cunha. A escolha das produções artísticas de Mestre Didi, Rubem Valentim e Rosana Paulino fez-se com a finalidade de pensar uma arte afro-brasileira que se baseia em um corpo ancestral que é histórico e social. Mestre Didi toma a tradição afro-brasileira, nas memórias de seus ancestrais e nos símbolos míticos do Candomblé que comungam com os elementos da natureza. As peças de Mestre Didi passam do status da conotação sagrada e evidenciam uma estética singular, na qual a ordem natural subverte-se à ordem ritual e cósmica. (OLIVEIRA, 2012, p.39) Na passagem entre o moderno e o contemporâneo, nas artes visuais, Oliveira (2012) assinala a produção de Rubem Valentim como: [...] paradigma. De inspiração construtiva, a memória dos orixás é distinta nas peças do artista: as cores e os materiais empregados auxiliam na composição entre o ritual e estético. (OLIVEIRA, 2012, p.39) As memórias de Rosana Paulino, citadas por Oliveira (2012, p.40) estão carregadas por sua ancestralidade por questões que envolvem a violência, o gênero e a etnia. Insere nas suas produções o uso dos objetos domésticos do universo feminino e as referências ao corpo da mulher transformam-se em matéria-prima para a reflexão sobre o seu trabalho artístico. O conhecimento da arte afro-brasileira nos leva a reconhecer nossa própria história. O estudo das manifestações artísticas africanas e afro-brasileiras permite recontar a história dos afrodescendentes, partindo-se de outro foco, não o da escravidão e do sofrimento, ainda tão presentes em nossos currículos e livros didáticos. Além disso, esta produção cultural, ao contribuir para um currículo que contempla a diversidade, possibilita trabalhar outros conteúdos, problematiza a situação do afrodescendente no contexto brasileiro e mundial, desperta a cidadania, faz conexões com múltiplas temáticas que potencializam positivamente à presença e a imagem do negro no Brasil.

Este pensamento casa com a proposta desta pesquisa ao perceber que é de suma importância que a imagem do negro e da negra esteja na roda dos currículos escolares de maneira positiva e resignificada. Reinventar a roda viva nos indica caminhos, viabiliza um acervo didático teórico/prático de relevância para o trabalho docente no espaço da sala de aula. Ao estabelecermos esse diálogo com a diversidade de pontos de vista e vivências ampliaremos a compreensão sobre o entendimento de que forma os professores da rede municipal de São Leopoldo trabalham a Arte Afro-brasileira na Educação Básica. Quais saberes possuem e se como são articulados na prática docente. Quais as tecnologias educacionais que enriquecem essa prática? Entremos na roda viva... A partir dessas ideias que este trabalho tem como objetivo geral analisar e refletir a forma como os professores da rede municipal de São Leopoldo trabalham a Arte Afro-brasileira na Educação Básica, bem como desenvolver um Curso de Formação para o ensino, pesquisa e produção de recursos didáticos sobre a Arte Afro- brasileira na prática pedagógica. Os objetivos específicos dizem respeito à investigação de como os professores pensam a Arte Afro-brasileira, quais saberes possuem e como são articulados na prática docente, a reflexão da utilização de tecnologias educacionais para o ensino da Arte Afro-brasileira; a formação proporcionada sobre a Arte Afro- brasileira para docentes da Educação Básica do município de São Leopoldo, por meio da troca de experiências proporcionadas em encontros presenciais e do estudo teórico praticado em ambiente virtual e ao desenvolvimento de um texto de apoio ao professor com proposta de sequências didático-pedagógicas e tecnologias educacionais para o desenvolvimento da Arte Afro-brasileira na Educação Básica. No primeiro capítulo está a introdução dessa pesquisa Iniciando o Movimentar da Roda. No subtítulo Trajetória com visualidades na Arte Afro- brasileira contamos como surge meu interesse pelo tema da inclusão da cultura negra, mais especificamente, da Arte Afro-brasileira. No capítulo 2 Cruzando Saberes. Tecendo Histórias , a revisão bibliográfica onde buscamos em bancos de teses, dissertações e artigos as temáticas que se cruzam para a produção desse trabalho: os Artistas Afrodescendentes, a Lei 10.639/03 e o Ensino da Arte.