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Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): Diagnóstico e Tratamento, Notas de estudo de Medicina

Você encontrará um resumo sobre as IST's, como a clamídia, gonorreia, herpes e outros...

Tipologia: Notas de estudo

2022

À venda por 28/12/2022

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IST
Infecções sexualmente transmissíveis (IST) são causadas por patógenos que podem ser
adquiridos ou transmitidos por via sexual. Representam problema de saúde pública em países
em desenvolvimento e já desenvolvidos. Além disso, a inflamação decorrente de IST facilita a
infecção pelo HIV. Portanto, o tratamento precoce dos pacientes, por vezes em fase subclínica
da doença, minimiza os danos, elimina a cadeia de transmissão e dificulta a transmissão do
HIV.
O Ministério da Saúde tem se esforçado em implantar a abordagem sindrômica das IST,
dividindo-as em úlceras genitais, corrimentos vaginais, corrimentos uretrais e infecção pelo
papilomavírus humano (HPV). Tratando-se todos os agentes possíveis em cada síndrome,
atinge-se o tratamento correto mais rapidamente e se quebra a cadeia de transmissão. Essa
abordagem é útil em áreas sem recursos diagnósticos e auxilia no raciocínio diagnóstico a
partir das síndromes clínicas. Neste capítulo, abordaremos a diagnose e o tratamento etiológico
das IST clássicas: sífilis, cancro mole, donovanose, linfogranuloma venéreo, herpes genital,
condiloma acuminado, corrimentos vaginais e uretrites. A infecção pelo HIV será abordada em
seção específica.
Importante ressaltar que, segundo o Manual de Controle da IST, do Ministério da Saúde
(disponível gratuitamente na internet), todo paciente portador ou suspeito de IST deve:
Ter o(a) parceiro(a) também examinado(a)
Ser avaliado e aconselhado quanto à adoção de práticas mais seguras para a redução
do risco de contrair IST
Ter oferecidos a realização de teste para infecção pelo HIV (com aconselhamento pré
e pós-teste) e, se possível, para hepatites B e C.
Sífilis
A sífilis, doença sistêmica de evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e períodos de
latência quando não tratada, é causada pelo Treponema pallidum, espiroqueta de transmissão
sexual e vertical. O risco de infecção em intercurso sexual é de 60% nas lesões de cancro duro
e condiloma plano. Indicava-se notificação compulsória nos casos de sífilis congênita e sífilis
em gestante, e em 2010 a sífilis adquirida foi incluída nos agravos de notificação compulsória
(portaria no 2.472, 31 de agosto de 2010).
Pode-se classificar a sífilis de acordo com a sua manifestação clínica e o tempo de evolução:
Recente (menos de 1 ano de evolução): primária, secundária e latente recente
Tardia (com mais de 1 ano de evolução): latente tardia e terciária.
Primária
Caracteriza-se por cancro duro, exulceração ou ulceração não dolorosa, geralmente única, com
borda regular, elevada e bem delimitada, de fundo limpo, que ocorre de 10 a 90 dias (média 21
dias) após o contato infectante. O quadro é acompanhado por adenomegalia regional não
supurativa. Se não tratada, a sífilis involui espontaneamente em 3 a 6 semanas. É altamente
infectante e rica em treponemas, que podem ser visualizados por meio de pesquisa direta em
campo escuro. Vinte e cinco por cento dos casos não apresentam cancro (sífilis decapitada).
Secundária
Em geral, ocorre de 6 a 8 semanas após o surgimento da lesão primária. Seus achados
clínicos são:
Micropoliadenopatia generalizada: atenção especial aos linfonodos epitrocleares, fortes
indicadores dessa infecção
Roséola sifilítica: lesões eritemato-róseas, disseminadas pelo tegumento, em geral não
pruriginosas e levemente descamativas; é comum o acometimento palmoplantar de
lesões de roséola na sífilis
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IST

Infecções sexualmente transmissíveis (IST) são causadas por patógenos que podem ser adquiridos ou transmitidos por via sexual. Representam problema de saúde pública em países em desenvolvimento e já desenvolvidos. Além disso, a inflamação decorrente de IST facilita a infecção pelo HIV. Portanto, o tratamento precoce dos pacientes, por vezes em fase subclínica da doença, minimiza os danos, elimina a cadeia de transmissão e dificulta a transmissão do HIV. O Ministério da Saúde tem se esforçado em implantar a abordagem sindrômica das IST, dividindo-as em úlceras genitais, corrimentos vaginais, corrimentos uretrais e infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Tratando-se todos os agentes possíveis em cada síndrome, atinge-se o tratamento correto mais rapidamente e se quebra a cadeia de transmissão. Essa abordagem é útil em áreas sem recursos diagnósticos e auxilia no raciocínio diagnóstico a partir das síndromes clínicas. Neste capítulo, abordaremos a diagnose e o tratamento etiológico das IST clássicas: sífilis, cancro mole, donovanose, linfogranuloma venéreo, herpes genital, condiloma acuminado, corrimentos vaginais e uretrites. A infecção pelo HIV será abordada em seção específica. Importante ressaltar que, segundo o Manual de Controle da IST, do Ministério da Saúde (disponível gratuitamente na internet), todo paciente portador ou suspeito de IST deve:  Ter o(a) parceiro(a) também examinado(a)  Ser avaliado e aconselhado quanto à adoção de práticas mais seguras para a redução do risco de contrair IST  Ter oferecidos a realização de teste para infecção pelo HIV (com aconselhamento pré e pós-teste) e, se possível, para hepatites B e C. Sífilis A sífilis, doença sistêmica de evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e períodos de latência quando não tratada, é causada pelo Treponema pallidum, espiroqueta de transmissão sexual e vertical. O risco de infecção em intercurso sexual é de 60% nas lesões de cancro duro e condiloma plano. Indicava-se notificação compulsória nos casos de sífilis congênita e sífilis em gestante, e em 2010 a sífilis adquirida foi incluída nos agravos de notificação compulsória (portaria no 2.472, 31 de agosto de 2010). Pode-se classificar a sífilis de acordo com a sua manifestação clínica e o tempo de evolução:  Recente (menos de 1 ano de evolução): primária, secundária e latente recente  Tardia (com mais de 1 ano de evolução): latente tardia e terciária. Primária Caracteriza-se por cancro duro, exulceração ou ulceração não dolorosa, geralmente única, com borda regular, elevada e bem delimitada, de fundo limpo, que ocorre de 10 a 90 dias (média 21 dias) após o contato infectante. O quadro é acompanhado por adenomegalia regional não supurativa. Se não tratada, a sífilis involui espontaneamente em 3 a 6 semanas. É altamente infectante e rica em treponemas, que podem ser visualizados por meio de pesquisa direta em campo escuro. Vinte e cinco por cento dos casos não apresentam cancro (sífilis decapitada). Secundária Em geral, ocorre de 6 a 8 semanas após o surgimento da lesão primária. Seus achados clínicos são:  Micropoliadenopatia generalizada: atenção especial aos linfonodos epitrocleares, fortes indicadores dessa infecção  Roséola sifilítica: lesões eritemato-róseas, disseminadas pelo tegumento, em geral não pruriginosas e levemente descamativas; é comum o acometimento palmoplantar de lesões de roséola na sífilis

 Lesões mucosas brancas: placas brancas de superfície lisa nas mucosas  Alopecia em clareira: com perda linear de fios, conferindo aspecto rarefeito aos cabelos e sobrancelhas  Condiloma plano: placas de 1 ou 2 cm, brancas e úmidas (maceradas), nas áreas de dobras, principalmente perianais e vulvares, mas também axilas. Latente Sífilis adquirida que não apresenta sinais e sintomas clínicos. A sífilis latente pode ser classificada, de acordo com o tempo de infecção, em sífilis latente recente (até um ano de infecção) e sífilis latente tardia (mais de um ano de infecção). Para o tratamento em casos de dúvida quanto ao tempo de evolução (sífilis latente de tempo indeterminado), considerá-la tardia. Terciária Ocorre de 3 a 12 anos após a fase de latência, podendo apresentar sintomas neurológicos (tabes dorsalis e demência), cardiovasculares (aneurisma de aorta) e cutâneos (gomas). Linfogranuloma venéreo Doença infecciosa de transmissão exclusivamente sexual, caracterizada por bubão inguinal, com período de incubação entre 3 e 30 dias. O agente causal é a Chlamydia trachomatis – sorotipos L1, L2 e L3. É mais frequente no Norte e Nordeste do país. Quadro clínico A evolução da doença ocorre em três fases:  Lesão de inoculação: inicia-se por pápula, pústula ou exulceração indolor, que desaparece sem deixar sequela em menos de 7 dias. É comum o paciente não notá-la, e raramente é observada pelo médico  Disseminação linfática regional: desenvolve-se entre 1 e 6 semanas após a lesão inicial, com intumescimento, dor, supuração e fistulização por orifícios múltiplos dos linfonodos regionais ao local da lesão de inoculação. No homem, geralmente é unilateral (em 70% dos casos); na mulher, a localização da adenopatia varia de acordo com o local da lesão de inoculação. A lesão da região anal pode levar à proctite. Pode haver sintomas gerais  Sequelas: mais frequentes em mulheres e homossexuais masculinos, devido ao acometimento do reto, podendo levar a fístulas retais, vaginais, vesicais, estenose retal e obstrução linfática crônica, causando elefantíase genital (na mulher, denominada estiomene). Uretrite gonocócica Causadas pela Neisseria gonorrhoeae , a uretrite gonocócica inicia-se com quadro de ardor e descarga uretral purulenta e dolorosa, 3 dias após a infecção, cuja intensidade geralmente leva o paciente a procurar ajuda. Ocorre inflamação do meato uretral, podendo haver urgência miccional e polaciúria. Nas mulheres e mais raramente nos homens, a infecção pode ser assintomática, e em 0,5% dos casos pode haver disseminação hematogênica, com artrite, peri- hepatite (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis) e lesões pustulosas. Uretrite não gonocócica As uretrites não gonocócicas podem ser causadas pela Chlamydia trachomatis (30 a 50%), Ureaplasma urealyticum (20 a 50%) e outros agentes menos comuns, como Mycoplasma hominis , Trichomonas vaginalis , Candida albicans , herpes simples (representando 5% das uretrites). Iniciam-se com um quadro de descarga uretral discreta e pouco ou nada dolorosa, 7 a 14 dias após a infecção, podendo passar despercebido pelo paciente. Muitos sequer procuram ajuda para tratamento.

Causada por fungo comensal que habita a mucosa vaginal, com aumento do crescimento em algumas condições favoráveis (gravidez, diabetes descompensado, obesidade, uso de contraceptivos orais, uso de antibióticos, corticoides ou imunossupressores, hábitos de higiene e vestuário inadequados, entre outras). Pode se manifestar por prurido vulvovaginal (principal queixa), ardor ou dor à micção, corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso (“leite coalhado”), hiperemia, edema vulvar, fissuras e maceração da vulva.