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Guias e Dicas
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Os Lusíadas: Análise do Episódio da Ilha dos Amores, Manuais, Projetos, Pesquisas de Literatura

Uma análise detalhada do episódio da ilha dos amores, encontrado nos cantos ix e x de os lusíadas, de luís de camões. A análise aborda a importância estrutural e simbólica deste episódio na obra, além de sua relevância histórica e filosófica. O texto discute a visão paradisíaca da ilha dos amores, a interpretação do amor físico como chave para o conhecimento, e a elevação dos portugueses a um estatuto divino.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Colégio Equipe de Juiz de Fora
Rua São Mateus, 331 - São Mateus Juiz de Fora MG (32) 3232-8686
24/07/2020: EXERCÍCIOS PREPARATÓRIOS PARA O TESTE (TECIDO EPITELIAL) 1º ano EM
DISCIPLINA: LITERATURA
PROFESSOR: TATIANA
A Ilha dos Amores. O mito da Ilha dos Amores é contado por Luís de
Camões, nos Cantos IX e X d'Os Lusíadas. Nestes cantos, é relatada a
vontade da deusa Vénus em premiar os heróis lusitanos, com um merecido
descanso e com prazeres divinos, numa ilha paradisíaca, no meio do oceano,
a Ilha dos Amores.
Ilha dos Amores
O episódio da Ilha dos Amores ocupa uma quinta parte do
poema. Encontra-se colocado estruturalmente na convergência de
todos os diversos níveis de ação presentes na obra:
-a viagem dos marinheiros;
-a intriga dos deuses;
-a conceção da estrutura do mundo (cosmos);
-a visão da história passada e futura de Portugal (e do mundo de
então);
-a interpretação filosófica do significado da ação dos homens no
mundo;
-a crítica da situação factual da política do tempo de Camões.
Fácil será fazer uma extrapolação e dizer que a Ilha é a visão
paradisíaca do verdadeiro Portugal ou que ela representa uma utopia
de feição idealista: o lugar da recompensa dos homens após o longo
sofrimento, privação e risco da demorada viagem. Mas convém notar
que, com a prática erótica que essa Ilha faculta aos homens e ao
Gama, é feito, paralelamente, o discurso da revelação da
sabedoria histórica.
Para além de considerações de carácter esotérico (secreto,
misterioso), o que o poema nos dá é de facto a prática e o apogeu
do amor físico como sendo a chave textual para a abertura do
conhecimento.Tais propostas são manifestamente (ofensivas)
relativamente às doutrinas quer neoplatónicas quer católicas.
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Colégio Equipe de Juiz de Fora Rua São Mateus, 331 - São Mateus – Juiz de Fora – MG (32) 3232- 8686 24 /0 7 /2020: EXERCÍCIOS PREPARATÓRIOS PARA O TESTE (TECIDO EPITELIAL) – 1 º ano EM DISCIPLINA: LITERATURA PROFESSOR: TATIANA A Ilha dos Amores. O mito da Ilha dos Amores é contado por Luís de Camões, nos Cantos IX e X d'Os Lusíadas. Nestes cantos, é relatada a vontade da deusa Vénus em premiar os heróis lusitanos, com um merecido descanso e com prazeres divinos, numa ilha paradisíaca, no meio do oceano, a Ilha dos Amores.

Ilha dos Amores

O episódio da Ilha dos Amores ocupa uma quinta parte do poema. Encontra-se colocado estruturalmente na convergência de todos os diversos níveis de ação presentes na obra:

_- a viagem dos marinheiros;

  • a intriga dos deuses;
  • a conceção da estrutura do mundo (cosmos);
  • a visão da história passada e futura de Portugal (e do mundo de_

então);

- a interpretação filosófica do significado da ação dos homens no

mundo;

- a crítica da situação factual da política do tempo de Camões. Fácil será fazer uma extrapolação e dizer que a Ilha é a visão paradisíaca do verdadeiro Portugal ou que ela representa uma utopia de feição idealista : o lugar da recompensa dos homens após o longo sofrimento, privação e risco da demorada viagem. Mas convém notar que, com a prática erótica que essa Ilha faculta aos homens e ao Gama, é feito, paralelamente, o discurso da revelação da sabedoria histórica. Para além de considerações de carácter esotérico (secreto, misterioso), o que o poema nos dá é de facto a prática e o apogeu do amor físico como sendo a chave textual para a abertura do conhecimento. Tais propostas são manifestamente (ofensivas) relativamente às doutrinas quer neoplatónicas quer católicas.

Simbologia do episódio da Ilha dos Amores A Ilha dos Amores simboliza o reconhecimento dos feitos do povo português através de uma recompensa – a celebração de um casamento cósmico entre as ninfas e os portugueses, através do qual Camões os

eleva a um estatuto de deuses , é como se se dissesse que quem pratica

feitos de tal magnitude, não esquecendo os sacrifícios causados pelos homens

inimigos e pelos deuses, principalmente Baco, que os vai atraiçoando no decorrer

da sua jornada, merece a imortalidade própria da condição divina «Por feitos

imortais e soberanos/O mundo cos varões que esforço e arte/Divinos os fizeram, sendo humanos». Vénus , deusa do Amor e da Beleza, é assim a deusa que se identifica com estes heróis e os vai salvando dos

perigos, cria a "Ilha

dos Amores",

auxiliada por

Cupido, seu

filho, recompensando os portugueses pelo seu esforço, bravura,

persistência e dedicação na tarefa da superação da humanidade. Na ilha "fresca e bela" encontram-se ninfas à espera, tendo os marinheiros a oportunidade de se deleitar com elas que os acolhem , depois de jogos de sedução , dividem-se entre o prazer sexual e o Amor. É aliás este Amor que existe entre Vénus e os

Portugueses. E, por isso, dá-se, nesta Ilha, um "casamento”, a união

entre os descendentes de Luso e Vénus onde "Se prometem eterna

companhia, / Em vida e morte, de honra e alegria.". Deste modo,

Vénus reconhece os Portugueses como um povo nobre e concede-lhes

como que um estatuto semidivino e eterna proteção.

aos portugueses a possibilidade de realização completa, sem as

limitações e as contradições impostas pela Natureza. E assim os

navegadores conseguem alcançar a imortalidade. Mas isso

também se aplica ao poeta que, ao compor esta epopeia e ao

dedicá-la ao herói português, dignifica os seus

feitos, permanecendo vivo não fisicamente, mas espiritualmente,

através desta e de muitas outras obras.

No Canto IX, os nautas ao serem recebidos pelas ninfas significa,

entre outras coisas, a confirmação dos receios de Baco: de facto, os

navegantes cometeram atos tão grandiosos que se tornam amados por

deusas; e, de certo modo, divinizam-se também.

Em Os Lusíadas a revelação súbita da nudez desperta o instinto para o qual o pecado não existe. É em plena inocência, como se o tabu bíblico nunca tivesse existido, que se realizam as núpcias, sem restrições. Depois desta recuperação da inocência e desta abolição da consciência do Bem e do Mal, os homens recuperam também a imortalidade. Como amantes das ninfas imortais, tornam-se eles próprios divinos.

A mulher, intermediária da serpente maléfica, fizera Adão ser sujeito à morte.

Na Ilha dos Amores é também a mulher (agora no plural) que liberta os homens

da lei da morte.

Evidentemente há uma entrega aos prazeres da carne, mas é um prazer fruto do Amor, que preenche a alma e purifica. O Amor que deifica homens e humaniza deuses, unindo-os num só ser, fazendo com que entre eles não haja mais distinção, deixando criaturas humanas e divinas num mesmo patamar, numa mesma existência.

Marinheiros e ninfas estavam todos entregues ao puro amor. O sentimento é

tão intenso, o afago é tamanho, que os enamorados “se prometem eterna

companhia, / em vida e morte, de honra e alegria”, daí que, mesmo inundados

de lascívia, o relacionamento amoroso entre as ninfas e os portugueses não

representa uma orgia desenfreada e desmedida.