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Uma análise detalhada das diferentes concepções da identidade social, desde o iluminismo até a pós-modernidade. O texto aborda como as mudanças sociais e políticas influenciam a formação da identidade, além de discutir a importância da interação com outras pessoas e grupos na construção de si mesmo. O autor também analisa como a identidade social é influenciada pelos valores e símbolos da cultura, além de discutir a importância da comunicação e da categorização nas interações sociais.
Tipologia: Resumos
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O termo “identidade” deriva do latim idem e tem o sentido de mesmo, enquanto o verbo identificar significa tornar-se igual, idêntico a algo ou alguém. Identificar significa, ainda, separar, distinguir de outros semelhantes a partir de características que tornam algo ou alguém diferente. Nesse caso, traz o sentido de unicidade e refere-se a aspectos individuais que fazem cada pessoa sentir-se única, singular. A identidade refere-se, portanto, ao que uma pessoa é: ela é brasileira; ela é mulher; ela é protestante, em oposição ao que ela não é; a ser igual a alguns e diferentes de outros; a sentir-se única e, ao mesmo tempo, pertencente a determinados grupos e categorias sociais. A autoidentificação mostra-se como um reconhecer-se e um diferenciar-se entre as várias possibilidades que o indivíduo tem na constituição de si mesmo e, para tanto, é necessário comparar-se. Em outras palavras, o reconhecimento das semelhanças implica comparações e pressupõe a existência de diferenças. O mesmo e o outro estão contidos na concepção de identidade. Como observa Ricoeur (1991), semelhanças e diferenças fazem parte da mesma composição. A acepção de identidade remete, então, aos termos da igualdade e da alteridade, das semelhanças e das diferenças, do se reconhecer e ser reconhecido pelo outro. O termo “alteridade”, por sua vez, deriva do latim alter e tem o sentido de outro, oposto, diferente e refere-se à natureza ou à condição do que é distinto (Houaiss, 2001). Assim como a identidade, a alteridade não faz parte da essência do objeto ou do sujeito identificado, mas de um atributo que lhe é conferido, uma construção social que lhe é própria. Jodelet (2002), referindo-se aos estudos no campo da psicologia social, em particular aos trabalhos de Tajfel, argumenta sobre a indissolúvel ligação entre identidade e diferença e o quanto a necessidade de diferença supera a de afirmação da semelhança. A identidade é, pois, necessariamente relacional e constitui-se nas interações entre indivíduos ou grupos em diversos contextos sociais. Além disso, só faz sentido em contextos relacionais específicos. Nas relações sociais, opera como um código de categorias que “comunica” as formas possíveis de interação, os lugares sociais dos sujeitos nessas relações, os valores atribuídos às pessoas a aos grupos em contato. E, como argumenta Hall (2000, 2004), não devem ser entendidas de um ponto de vista essencialista, referindo-se a algo estável e fixo no tempo, mas como uma construção estratégica e posicional sujeita a uma historicização e, por consequência, a transformações.
Considerando que as identidades se constroem nas relações sociais em contextos sociais específicos, mudanças que ocorrem nesses contextos são determinantes na maneira como as pessoas
percebem a si mesmas, percebem os outros e são percebidas por esses outros. Hall (2004) distingue três concepção de identidade relativas:
“estava baseado numa concepção de pessoa humana como um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado de capacidades de razão, de consciência e de ação” (Hall, 2004). Desse modo, sua identidade emergiria no nascimento e permaneceria sempre a mesma, em um processo contínuo durante toda a vida do indivíduo. Constituiu-se em um momento de grandes transformações sociais, políticas e econômicas nos países ocidentais, refletindo o momento de sua construção. Duas concepções ideológicas que se configuraram no período iluminista e no início da modernidade – o racionalismo e o individualismo – foram importantes na construção de uma nova noção de pessoa: o indivíduo racional, livre, que gozava do direito à diferença e era protegido por leis universais, que garantiam direitos iguais a todos os cidadãos. Ocorreu, nesse caso, a desconstrução do sentido medieval de pessoa, cuja identidade estava vinculada à sua pertença a uma forma de agrupamento social, como as corporações de ofício, a Igreja e a nobreza, dando lugar a uma nova concepção de pessoa: o indivíduo autônomo, com direito à cidadania, desvinculado de seu grupo social. Houve o declínio do coletivismo medieval e de uma ideologia holista, no sentido do termo atribuído por Dumont (1987), surgindo então o individualismo, uma concepção ideológica que, em sua origem, valoriza o indivíduo e o considera um fim em si mesmo, subordinando a totalidade social aos interesses individuais (Dumont, 1992). A livre escolha de uma profissão, de uma religião ou de um partido político passa a ser um direito individual garantido por constituições e leis. Os indivíduos, nessa nova ordem política e social, são considerados moralmente iguais, com direito à diferença, à privacidade e à propriedade. O papel do Estado é garantir a liberdade e as oportunidades individuais.
Assim como os anteriores, é interpretado como um reflexo de sua época. Em relação à concepção pós-moderna de sujeito, a identidade é vista como sendo fragmentada e deixa de ser unificada ou estável. Em lugar de fazer referência a uma única identidade, a perspectiva pós-moderna considera o sujeito com várias identidades, que podem ser contraditórias ou até mesmo não resolvidas. “Esse processo produz o sujeito pós-moderno, conceitualizado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente” (Hall, 2004), mas diferentes identidades em diferentes contextos e em permanente transformação. Essa concepção da identidade pós-moderna é abordada por diferentes autores ao analisarem o momento histórico que tem sido denominado pós-modernidade ou modernidade tardia. Trata-se de época de grandes e rápidas transformações, particularmente nas sociedades ocidentais industrializadas contemporâneas, que impactam na consciência do indivíduo sobre si mesmo e sobre o outro, tornando-a mais fluida, mais instável e adaptável aos diversos contextos e às mudanças sociais. Bauman (1999), ao discutir a identidade na pós-modernidade, indica as mudanças nos valores sociais como a liberdade, a tolerância e a diversidade, que, na verdade, traduzem-se na liberdade de consumo, na tolerância com indiferença pelo outro e na diversidade que ignora o outro e não lhe respeita a diferença. Nash (1989) (apud Galinkin, 2003) interpreta as identidades nesse momento histórico como caracterizadas pelo desenraizamento, pela alienação, pelo estar sozinho, sem documento, sem Estado, em um mundo organizado por outros. Uma nova concepção de sujeito é construída na contemporaneidade, e sua identidade está em permanente construção, sendo influenciada pela pluralização dos
ambientes. A pessoa deve desenvolver competências para interagir em uma grande variedade de ambientes, percebendo as diferentes demandas de tais ambientes, ajustando tanto a aparência quanto a postura diante dessas diferentes demandas (Guiddens, 2002).
Os estudos sobre identidade social, no âmbito da psicologia social, têm em Henri Tajfel um de seus principais teóricos. Ele define identidade social como parte do autoconceito, que deriva de sua pertença a um ou mais grupos, assim como do valor e do significado emocional que tal afiliação tem para a pessoa. Assumindo os limites dessa definição e a complexidade da maneira como o indivíduo se vê em relação ao ambiente físico e social, o autor afirma que tal definição tem por objetivo compreender os efeitos da natureza e a importância subjetiva do comportamento dos indivíduos em suas relações interpessoais. Tajfel (1978) adota a perspectiva intergrupal da identidade social e considera a categorização como um sistema de orientação que vai ajudar cada sujeito a criar e definir seu lugar na sociedade. Nesse aspecto, nenhum grupo vive só, mas em meio a outros, e é nas relações ou nas comparações entre grupos que os aspectos positivos da identidade social e o engajamento na ação social ganham sentido. Há alguns princípios básicos quanto à identificação grupal e, primeiramente, é necessário entender que a identificação com um grupo social é um construto cognitivo, ou seja, está ligado à aquisição de conhecimento por meio da percepção. Entretanto, a identidade social não é o resultado apenas da pertença a determinados grupos, mas principalmente da comparação
os conflitos intergrupais, respeitando-se a identidade de cada indivíduo e grupo.