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Henri Wallon Biografia, Esquemas de Psicologia

Henri Wallon. Biografia. Nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia passou pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada.

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Henri Wallon
Biografia
Nasceu na França em 1879.
Antes de chegar à psicologia passou pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada
vez mais explícita a aproximação com a educação.
Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola Normal Superior, cursou também
medicina, formando-se em 1908.
Viveu num período marcado por instabilidade social e turbulência política. As duas guerras
mundiais (1914-18 e 1939-45), o avanço do fascismo no período entre guerras, as revoluções
socialistas e as guerras para libertação das colônias na África atingiram boa parte da Europa e, em
especial, a França.
Em 1914 atuou como médico do exército francês, permanecendo vários meses no front de
combate. O contato com lesões cerebrais de ex-combatentes fez com que revisse posições
neurológicas que havia desenvolvido no trabalho com crianças deficientes.
Até 1931 atuou como médico de instituições psiquiátricas.
Paralelamente à atuação de médico e psiquiatra consolida-se seu interesse pela psicologia da
criança.
Na 2a guerra atuou na Resistência Francesa contra os alemães, foi perseguido pela Gestapo, teve
que viver na clandestinidade.
De 1920 a 1937, é o encarregado de conferências sobre a psicologia da criança na Sorbonne e
outras instituições de ensino superior. Em 1925 funda um laboratório destinado à pesquisa e ao
atendimento de crianças ditas deficientes.
Ainda em 1925 publica sua tese de doutorado “A Criança Turbulenta”. Inicia um período de
intensa produção com todos os livros voltados para a psicologia da criança. O último livro “Origens
do pensamento na criança’, em 1945. Em 1931 viaja para Moscou e é convidado para integrar o
Círculo da Rússia Nova, grupo formado por intelectuais que se reuniam com o objetivo de
aprofundar o estudo do materialismo dialético e de examinar as possibilidades oferecidas por este
referencial aos vários campos da ciência.
Neste grupo o marxismo que se discutia não era o sistema de governo, mas a corrente filosófica.
Em 1942, filiou-se ao Partido Comunista, do qual era simpatizante. Manteve ligação com o
partido até o final da vida.
Em 1948 cria a revista ‘Enfance”. Neste periódico, que ainda hoje tenta seguir a linha editorial
inicial, as publicações servem como instrumento de pesquisa para os pesquisadores em psicologia
e fonte de informação para os educadores. Faleceu em 1962.
A Dinâmica do Pensamento Infantil
As entrevistas de Wallon em crianças de 5 a 9 anos apoiaram-se nas manifestações verbais do
pensamento, instrumento mais adequado quando o objeto é o pensamento discursivo. Por mais
fragmentado que possa parecer o pensamento infantil, está longe de ser totalmente inorganizado.
É regido por uma dinâmica binária, que compõe em pares os objetos mentais. Wallon cita que as
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Henri Wallon

Biografia

Nasceu na França em 1879. Antes de chegar à psicologia passou pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explícita a aproximação com a educação. Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola Normal Superior, cursou também medicina, formando-se em 1908. Viveu num período marcado por instabilidade social e turbulência política. As duas guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), o avanço do fascismo no período entre guerras, as revoluções socialistas e as guerras para libertação das colônias na África atingiram boa parte da Europa e, em especial, a França. Em 1914 atuou como médico do exército francês, permanecendo vários meses no front de combate. O contato com lesões cerebrais de ex-combatentes fez com que revisse posições neurológicas que havia desenvolvido no trabalho com crianças deficientes. Até 1931 atuou como médico de instituições psiquiátricas. Paralelamente à atuação de médico e psiquiatra consolida-se seu interesse pela psicologia da criança. Na 2a guerra atuou na Resistência Francesa contra os alemães, foi perseguido pela Gestapo, teve que viver na clandestinidade. De 1920 a 1937, é o encarregado de conferências sobre a psicologia da criança na Sorbonne e outras instituições de ensino superior. Em 1925 funda um laboratório destinado à pesquisa e ao atendimento de crianças ditas deficientes. Ainda em 1925 publica sua tese de doutorado “A Criança Turbulenta”. Inicia um período de intensa produção com todos os livros voltados para a psicologia da criança. O último livro “Origens do pensamento na criança’, em 1945. Em 1931 viaja para Moscou e é convidado para integrar o Círculo da Rússia Nova, grupo formado por intelectuais que se reuniam com o objetivo de aprofundar o estudo do materialismo dialético e de examinar as possibilidades oferecidas por este referencial aos vários campos da ciência. Neste grupo o marxismo que se discutia não era o sistema de governo, mas a corrente filosófica. Em 1942, filiou-se ao Partido Comunista, do qual já era simpatizante. Manteve ligação com o partido até o final da vida. Em 1948 cria a revista ‘Enfance”. Neste periódico, que ainda hoje tenta seguir a linha editorial inicial, as publicações servem como instrumento de pesquisa para os pesquisadores em psicologia e fonte de informação para os educadores. Faleceu em 1962.

A Dinâmica do Pensamento Infantil

As entrevistas de Wallon em crianças de 5 a 9 anos apoiaram-se nas manifestações verbais do pensamento, instrumento mais adequado quando o objeto é o pensamento discursivo. Por mais fragmentado que possa parecer o pensamento infantil, está longe de ser totalmente inorganizado. É regido por uma dinâmica binária, que compõe em pares os objetos mentais. Wallon cita que as

cores são reconhecidas por contrastes – duas a duas. A unidade é vista como resultado de processo de diferenciação. Na dinâmica própria aos pares, os termos se associam independentemente de sua significação objetiva. Podem associar-se por critérios afetivos ou sob a influência de aspectos sensório- motores da linguagem, como analogias fonéticas e assonâncias. A criança pode associar uma ideia à outra mais pela sonoridade das palavras do que por uma coerência de sentido entre as ideias ou delas com o contexto da frase. São frequentes as situações em que é a palavra que impele o pensamento.

Pensamento Sincrético

Wallon identifica o sincretismo como a principal característica do pensamento infantil. Costuma designar o caráter confuso e global do pensamento e percepção infantis. No pensamento sincrético encontram-se misturados aspectos fundamentais, como o sujeito e o objeto pensado, os objetos entre si, os vários planos do conhecimento, noções e processos fundamentais de cuja diferenciação dependem os progressos da inteligência. Tudo pode se ligar a tudo, as representações do real se combinam das formas mais variadas e inusitadas, numa dinâmica que mais se aproxima das associações livres da poesia de que da lógica formal. Fabulação, contradição, tautologia e elisão são alguns dos fenômenos típicos do pensamento sincrético. Até que a inteligência se diferencia da afetividade, tende a representar os objetos e situações como um conglomerado em que se misturam os motivos afetivos e objetivos de suas experiências. Desta mistura podem resultar relações que tem um sentido só para a própria criança e que ao adulto parecem totalmente absurdas. O processo de simbolização é decisivo para que o pensamento atinja uma representação mais objetiva da realidade, pois substitui as referencias pessoais por signos convencionais, referencias mais objetivas, A distinção entre o sujeito e objeto é uma tarefa fundamental à evolução doa pensamento e inclui-se numa série de diferenciações que a inteligência deverá realizar ao longo de seu desenvolvimento.

Pensamento Categorial

É nesse estágio que se intensifica a realização das diferenciações necessárias à redução do sincretismo do pensamento. Possibilita a redução do sincretismo do pensamento, a qual corresponde, em última instância, à diferenciação eu-outro no plano do conhecimento. É a capacidade de formar categorias, organizar o real em séries, classes, apoiadas sobre um fundo simbólico estável. A formação de categorias supõe a separação entre a qualidade e coisa. Verifica-se uma aderência entre essas duas noções; a qualidade é percebida como atributo exclusivo da coisa à qual se liga. Permite a análise e a síntese, a generalização, a comparação. Difere os objetos entre si e as tarefas essenciais do conhecimento. O advento orgânico que marca este estágio é o amadurecimento dos centros de inibição e discriminação. Estão relacionados à redução da instabilidade e perseveração no plano motor, as funções de discriminação e inibição desempenham importante papel na redução do sincretismo. Os instrumentos simbólicos funcionam como referencias fixas que permitem distinguir a fração oportuna dos excitantes dispersivos que vem do ambiente, confrontar às impressões presentes objetos ausentes, possibilitando que o pensamento se proteja de contaminações e desvios. A redução do sincretismo e a consolidação da função categorial são processos em estreita dependência do meio cultural.

a um novo. As funções mais evoluídas não suprimem as mais arcaicas, mas exercem sobre elas o controle. Jogo funcional – repetir o que aprendeu até explorar todos os efeitos da ação. Tipo mais primitivo de lúdico. O ritmo descontínuo que Wallon assinala ao processo de desenvolvimento infantil assemelha-se ao movimento de um pêndulo que, oscilando entre polos opostos, imprime características próprias a cada etapa do desenvolvimento. Isso acontece também com o adulto. Wallon e a Educação

Embora não tivesse elaborado nenhuma teoria pedagógica, Wallon sempre demonstrou muito interesse pela pedagogia. Escreveu vários textos sobre educação e presidiu a comissão que criou o projeto de reforma para o ensino do francês, denominado Plano Langevin-Wallon de Reforma de Ensino. (ALMEIDA, 2002) Wallon apreciava a proposta de trabalho de dois educadores, principalmente, que mantinham, na opinião do autor, a visão integradora da criança, bem como a educavam para superar a oposição entre indivíduo e sociedade. São eles: Decroly e Makarenko. O Plano Langevin-Wallon (1947) previa uma educação que contemplasse a todos, independente de etnia, religião ou posição social e desenvolvesse em cada um suas aptidões, oferecendo ao aluno condições para desenvolver-se intelectual e moralmente. (MAHONEY, 2002) A proposta do Plano Langevin-Wallon, contemplava a democratização do ensino, a transmissão de valores como a justiça, por exemplo, que “serve o interesse coletivo ao mesmo tempo em que o bem-estar individual”. (MERANI, 1977, p. 178). A proposta traz um sistema educacional dividido em ciclos, orientações profissional, seções de aperfeiçoamento para os deficientes intelectuais, para os deficientes sensoriais, prevê a formação dos professores e relata a importância da Educação Moral e Cívica como formadora do homem e do cidadão. Valorizava as aptidões individuais na intenção de utilizá-las, com a maior precisão possível, determina a orientação escolar primeiro e, em seguida, a orientação profissional. Em relação à educação, a proposta humanista de Wallon, destaca três pontos imprescindíveis sobre a escola:

  1. a ação da escola não se limita à instrução, mas se dirige à pessoa inteira e deve converter-se em um instrumento para seu desenvolvimento: esse desenvolvimento pressupõe a integração entre as dimensões afetiva, cognitiva e motora;
  2. a eficácia da ação educativa se fundamenta no conhecimento da natureza da criança, de suas capacidades, necessidades, ou seja, no estudo psicológico da criança;
  3. é no meio físico e social que a atividade infantil encontra as alternativas de sua realização; o saber escolar não pode se isolar desse meio, mas sim, nutrir-se das possibilidades que ele oferece. (ALMEIDA, 2002, p. 32) Para Wallon, a função da escola é promover o desenvolvimento do aluno trabalhando com qualidade e competência, por meio de um ensino democrático que dê oportunidades iguais a todos, valendo-se, para isso, de estratégias diferenciadas, fornecendo-lhes formação integral.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon : Uma Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil. 4ᵃ ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.