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Hemorragia Digestiva: Classificação, Diagnóstico e Tratamento, Notas de aula de Gastroenterologia

Este documento fornece uma visão abrangente sobre a hemorragia digestiva, abordando sua classificação, diagnóstico e tratamento. Ele detalha os tipos de hemorragia digestiva, suas causas mais comuns, os sinais e sintomas clínicos, os exames diagnósticos utilizados e as principais abordagens terapêuticas. O texto destaca a importância da estabilização hemodinâmica do paciente, seguida da investigação da origem do sangramento. São discutidas as técnicas endoscópicas, radiológicas e laboratoriais empregadas no diagnóstico, bem como as intervenções como esclerose, ligadura elástica, hemoclipe e coagulação a laser para o controle do sangramento. O documento também aborda as particularidades da hemorragia digestiva alta e baixa, fornecendo informações relevantes para o manejo clínico desses pacientes.

Tipologia: Notas de aula

2024

À venda por 28/10/2024

nathalia-santos-i0n
nathalia-santos-i0n 🇧🇷

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HEMORRAGIA DIGESTIVA
INCIDÊNCIA:
- 2% de internações hospitalares.
- 66% mais comum após os 60 anos (doenças que causam hemorragia são mais comuns em pessoas mais velhas).
- 100 casos a cada 100.000 pessoas ao ano.
- Evolui para óbito em 8% dos casos.
CLASSIFICAÇÃO:
-Hemorragia digestiva alta (75% dos casos): acomete todas as estruturas acima do ângulo de Treitz do duodeno
-Hemorragia digestiva baixa: (25% dos casos): acomete todas as estruturas abaixo do ângulo de Treitz do duodeno.
-Aguda (quadro de hemoptise intensa, costuma ser intensa) ou Crônica (sangue nas fezes por longo período)
-Intensa (alto volume) ou Insidiosa
-Visível (fácil de se identificar) ou Oculta (não visualizada)
FORMAS DE APRESENTAÇÃO:
- Melena (sangue nas fezes - é digerido, ou seja, perdeu o oxigênio) - indica que começou há mais tempo
- fezes enegrecidas, pastosas e de odor fétido
- comumentemente relacionado ao sangramento do trato digestivo alto, e mais raramente ao jejuno, íleo ou cólon
ascendente
- Hematocsia/ Enterorragia (sangue vivo nas fezes) - algo que começou mais recente
- Hematêmese (sangue vivo no vômito): vômitos de sangue vivo e com rápido repercussão hemodinâmica
- sangramento de origem gengival, nasofaríngeo, pulmonar e pancreático–biliar
-Melanêmese (sangue escuro no vômito → sangue sem oxigênio que ficou muito tempo no intestino)
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA:
As causas mais comuns de hemorragia digestiva alta são: úlceras pépticas, lesão aguda da mucosa gastroduodenal, varizes de esôfago e
laceração da transição esofagogástrica
A hemorragia digestiva alta pode ser dividida em:
a. hemorragia digestiva alta varicosa: é uma das complicações mais graves da cirrose. A formação de varizes ocorre quando a pressão
portal está acima de 10 mmHg, e tendem a aumentar de tamanho progressivamente de acordo com o aumento da pressão portal, sob
influência do fluxo sanguíneo das veias colaterais da circulação portal
b. hemorragia digestiva alta não varicosa: tem como etiologia mais frequente a úlcera gastroduodenal, que representa de 40 a 70% dos
casos. Sendo que cerca de 80% dos sangramentos é autolimitado e sem a necessidade de terapêutica específica
A presença de choque hipovolêmico, idade maior que 60 anos, comorbidades e uso de antiinflamatórios não hormonais são alguns dos
critérios prognósticos de maior gravidade
QUADRO CLÍNICO:
- Fraqueza
- Palidez
- Rebaixamento de consciência
- Dor abdominal
- Macicez abdominal
- Cianose de extremidades
- Extremidades frias
- Hipovolemia
- Sudorese fria (é pegajosa)
- Fezes com odor
AVALIAÇÃO INICIAL: Anamnese + exame físico
Anamnese:
Na avaliação clínica inicial do paciente, deve-se, durante a anamnese, caracterizar a forma de exteriorização do sangramento, duração
do evento, antecedentes patológicos de doenças hepáticas, úlcera péptica, ectasias vasculares cutâneo-mucosas e câncer, além da história de
ingestão alcoólica, vômitos e uso de medicações, em particular de anti-inflamatórios não hormonais e anticoagulantes.
- Sinais vitais: FR, FC (gravidade da hemorragia), temperatura, PA (gravidade da hemorragia), perfusão capilar e ingurgitamento
jugular
- Uso de medicamentos
- Traumas
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HEMORRAGIA DIGESTIVA

INCIDÊNCIA:

  • 2% de internações hospitalares.
  • 66% mais comum após os 60 anos (doenças que causam hemorragia são mais comuns em pessoas mais velhas).
  • 100 casos a cada 100.000 pessoas ao ano.
  • Evolui para óbito em 8% dos casos. CLASSIFICAÇÃO:
  • Hemorragia digestiva alta (75% dos casos) : acomete todas as estruturas acima do ângulo de Treitz do duodeno
  • Hemorragia digestiva baixa: (25% dos casos) : acomete todas as estruturas abaixo do ângulo de Treitz do duodeno.
  • Aguda (quadro de hemoptise intensa, costuma ser intensa) ou Crônica (sangue nas fezes por longo período)
  • Intensa (alto volume) ou Insidiosa
  • Visível (fácil de se identificar) ou Oculta (não visualizada) FORMAS DE APRESENTAÇÃO:
  • Melena (sangue nas fezes - é digerido, ou seja, perdeu o oxigênio) - indica que começou há mais tempo
  • fezes enegrecidas, pastosas e de odor fétido
  • comumentemente relacionado ao sangramento do trato digestivo alto, e mais raramente ao jejuno, íleo ou cólon ascendente
  • Hematocsia/ Enterorragia (sangue vivo nas fezes) - algo que começou mais recente
  • Hematêmese (sangue vivo no vômito): vômitos de sangue vivo e com rápido repercussão hemodinâmica
  • sangramento de origem gengival, nasofaríngeo, pulmonar e pancreático–biliar
  • Melanêmese (sangue escuro no vômito → sangue sem oxigênio que ficou muito tempo no intestino) ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA: As causas mais comuns de hemorragia digestiva alta são: úlceras pépticas, lesão aguda da mucosa gastroduodenal, varizes de esôfago e laceração da transição esofagogástrica A hemorragia digestiva alta pode ser dividida em: a. hemorragia digestiva alta varicosa: é uma das complicações mais graves da cirrose. A formação de varizes ocorre quando a pressão portal está acima de 10 mmHg, e tendem a aumentar de tamanho progressivamente de acordo com o aumento da pressão portal, sob influência do fluxo sanguíneo das veias colaterais da circulação portal b. hemorragia digestiva alta não varicosa: tem como etiologia mais frequente a úlcera gastroduodenal, que representa de 40 a 70% dos casos. Sendo que cerca de 80% dos sangramentos é autolimitado e sem a necessidade de terapêutica específica A presença de choque hipovolêmico, idade maior que 60 anos, comorbidades e uso de antiinflamatórios não hormonais são alguns dos critérios prognósticos de maior gravidade QUADRO CLÍNICO:
  • Fraqueza
  • Palidez
  • Rebaixamento de consciência
  • Dor abdominal
  • Macicez abdominal
  • Cianose de extremidades
  • Extremidades frias
  • Hipovolemia
  • Sudorese fria (é pegajosa)
  • Fezes com odor AVALIAÇÃO INICIAL: Anamnese + exame físico Anamnese: Na avaliação clínica inicial do paciente, deve-se, durante a anamnese, caracterizar a forma de exteriorização do sangramento, duração do evento, antecedentes patológicos de doenças hepáticas, úlcera péptica, ectasias vasculares cutâneo-mucosas e câncer, além da história de ingestão alcoólica, vômitos e uso de medicações, em particular de anti-inflamatórios não hormonais e anticoagulantes.
  • Sinais vitais: FR, FC (gravidade da hemorragia), temperatura, PA (gravidade da hemorragia), perfusão capilar e ingurgitamento jugular
  • Uso de medicamentos
  • Traumas
  • Uso de álcool
  • Como começou o sangramento
  • Quando começou o sangramento
  • Fatores desencadeantes
  • Atenção:
    • Idade (mais que 60 anos é fator de risco) ⚠️
    • Hepatopatias ⚠️
    • Doenças imunossupressoras ⚠️- mecanismo de defesa quanto ao risco de sangramento pode estar comprometido
    • Pacientes que estavam ou estão internados e sangraram ⚠️ Exame físico: Ao exame físico, palidez cutâneo-mucosa, hipotensão e taquicardia são sinais que se correlacionam com a magnitude da perda sanguínea. Sinais como telangiectasias, ascite, ginecomastia e eritema palmar sugerem hepatopatia crônica. O exame retal é essencial para verificar o aspecto e a coloração das fezes, bem como para avaliar a presença de doenças anorretais.
  • Afastar diagnósticos diferenciais
  • Palpação do abdômen: analisar hepatoesplenomegalia
  • Toque retal: deve ser feito como regra - ver se tem sangramento no toque
  • Glasgow Diagnósticos diferenciais, devem ser descartado:
  • Sangramento oral
  • Epistaxe (nasal)
  • Sangramento das vias aéreas
  • Relacionadas ao uso de ferro (deixa as fezes escuras) Quanto mais alta a FC, e mais baixa a PAS → maior a perda sanguínea (avalia o grau de comprometimento) ABORDAGEM INICIAL: para salvar a vida do paciente → o propósito é a busca pela estabilidade hemodinâmica A estabilização do paciente deve preceder a procura da etiologia do sangramento!
  • Hidratação com soro
  • Reposição de sangue
  • Pressão Venosa Central → da a medida padrão de débito cardíaco e avaliando o gravidade de sangramento
  • Diurese - Sonda vesical para checagem de função renal (monitorar o volume que o paciente está recebendo)
  • Dosagem de hemoglobina e hematócrito
  • Sondagem nasogástrica → a critério do momento (pode aumentar o risco de sangramento, a depender da origem da hemorragia, por outro lado há pode monitorar a situação, avaliar se está saindo sangue na sonda, provavelmente o sangramento provém do estômago ou regiões em volta Laboratório
  • Hemograma → avalia a perda sanguínea
  • Tipagem sanguínea → caso seja necessário receber sangue
  • Coagulograma → distúrbio de coagulação
  • Eletrólitos
  • Ureia e creatinina → ver funcionamento do líquido fornecido
  • Glicemia
  • Função renal e hepática Medidas terapêuticas
  1. varizes esofágicas → comumente se desenvolvem devido a hipertensão portal, que está tipicamente associada à doença hepática avançada
  2. gastropatia hipertensiva portal Pacientes com sangramento gastrointestinal superior (GI) agudo comumente apresentam hematêmese (vômito de sangue ou material parecido com borra de café) e/ou melena (fezes pretas e alcatroadas), embora pacientes com sangramento gastrointestinal superior de grande volume também possam apresentar hematoquezia (sangue vermelho ou marrom com fezes) Os pacientes devem ser questionados quanto ao histórico anterior de sangramento no TGI, e se há presença de comorbidades importante que podem influenciar o sangramento e o tratamento subsequente OBS: a hematêmese sugere sangramento proximal ao ligamento de Treitz; enquanto que a melena sugere tanto sangramento próximo ao ligamento de Treitz, quanto da orofaringe, intestino delgado ou cólon OBS: a melena só é vista com graus variáveis de perda de sangue, sendo vista com apenas 50 mL de sangue Clínica:
  • alteração na coloração das fezes: a cor pode fornecer uma pista sobre a localização do sangramento, mas não é um indicativo confiável
  • dor abdominal: se for intensa, há uma preocupação sobre perfuração (se houver sinais de abdome agudo, é necessário uma avaliação adicional para excluir perfuração antes da realização da endoscopia POSSÍVEIS FONTES DE SANGRAMENTO SUGERIDOS PELO HISTÓRICO DO PACIENTE: DOENÇA DE ÚLCERA PÉPTICA Infecção por H. Pylori, uso de AINES, uso de antitrombótico, tabagismo VARIZES OU GASTROPATIA HIPERTENSIVA PORTAL Histórico de doença hepática, uso excessivo de álcool ANGIODISPLASIA GASTROINTESTINAL Doença renal, estenose aórtica, telangiectasia hemorrágica FÍSTULA AORTO-ENTÉRICA Aneurisma de aorta abdominal, enxerto aórtico MALIGNIDADE Tabagismo, uso excessivo de álcool e infecção por H. Pylori ABORDAGEM HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA: As causa de sangramento gastrointestinal inferior agudo podem ser agrupadas em várias categorias: anatômicas (diverticulose), vascular (angiodisplasia, isquêmica ou induzida por radiação), inflamatória (doença intestinal inflamatória, infecciosa) e neoplásica Pacientes com sangramento gastrointestinal inferior (GI) agudo geralmente apresentam hematoquezia (passagem de grande quantidade de sangue pelo reto) embora a hematoquezia também possa ser vista em pacientes com sangramento GI superior maciço ou do intestino delgado.

Raramente, pacientes com sangramento colônico do lado direito apresentarão melena. O sangramento cessará espontaneamente em 80 a 90 por cento dos pacientes

  • Investigação inicial: Colonoscopia (costuma ser realizado quando na endoscopia não é encontrado nada)
  • Envolve toda a preparação completa
  • Menos comum que a hemorragia alta
  • Mais comum após os 60 anos
  • 90% autolimitada em 48 horas
  • Mortalidade de 20%
  • 12% são não detectáveis (sangramento de delgado)
  • Na hemorragia digestiva baixa há uma maior taxa de mortalidade, pois os pacientes são mais velhos. A abordagem para o tratamento subsequente depende da fonte do sangramento. Se sangramento ou estigmas de hemorragia recente forem identificados durante a colonoscopia ou angiografia, tentativas podem ser feitas para controlar o sangramento. No entanto, frequentemente, o sangramento ativo não é visto, e um diagnóstico presuntivo é feito em relação à fonte do sangramento (por exemplo, sangramento diverticular em um paciente com divertículos e nenhuma outra fonte potencial). Nesses casos, a abordagem de tratamento variará dependendo do tipo de lesão (por exemplo, o tratamento endoscópico é apropriado para angiodisplasia, mas não para divertículos não sangrantes). Se nenhuma fonte for identificada, o paciente pode precisar ser avaliado para sangramento GI superior e médio. Clínica:
  • hematoquezia: passagem de sangue marrom ou vermelho vivo ou coágulos sanguíneos pelo reto
  • hemoglobina na linha de base, porque o paciente está perdendo sangue total → com o tempo, ela tende a diminuir
  • se sangramento agudo: hemácias normocíticas. Hemácias microcíticas ou anemia por deficiência de ferro sugerem sangramento crônico HEMORRAGIA DIGESTIVA CRÔNICA E RECORRENTE:
  • causa desconhecida: 5% das vezes HEMORRAGIA DIGESTIVA DE ORIGEM OBSCURA:
  • Assintomática
  • Ocorrência de anemia ou sangue oculto nas fezes
  • Cápsula endoscópica: analisa uma parte em que nem a endoscopia e nem a colonoscopia consegue analisar (intestino delgado principalmente)
  • Arteriografia: pouco usada → contraste iodado, procurando o local de sangramento
  • Cintilografia: pouco usada ESCALA DE GLASGOW-BLATCHFORD: mostra a gravidade do paciente, ao admiti-lo : (função renal, hemoglobina, PAS, FC) Não precisa saber a escala, se ele cobrar ele vai fornecer os dados, decorar os escores. Classificação da hemorragia digestiva, de acordo com perda sanguínea do paciente: Classe 1 e 2: paciente já está estável