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Este documento destaca a importância do guia de turismo no brasil, um profissional que contribui para a qualidade de serviços oferecidos pelas agências de turismo e outras empresas do setor. O autor, ivone selva santos cananil, compartilha sua experiência pessoal e apresenta evidências bibliográficas para demonstrar a importância desta figura na indústria do turismo. O texto aborda a importância do atendimento pessoal, o conhecimento histórico, geográfico, social, cultural, político e econômico, e a capacidade de conquistar e atender aos turistas.
Tipologia: Notas de aula
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RESUMO: Mostra a importância do exercício da profissão de guiade turismo no Brasil como elemento propiciadorde qualidade nos serviços turísticos desenvol vidos por Agên cias de Turismo e outras empresas do setor. Destaca a necessidade da existência de agentes para orientar e acom panhar turistas, de modo a apresentar a imagem das localidades visitadas e os serviços oferecidos proporcio nando ao visitante momentos de lazer e satisfação. Analisa a atuação desse profissional buscando sempre a melhoria da prestação de serviços.
PALAVRAS-CHAVE: guia de turismo, qualidade de ser viços turísticos, profissional de turismo.
ABSTRACT: Display lhe imporlance of lourism guide profession praclice in Brazil like a component lO offer qualily aboul lourisls services developeei by lravel Agen cies mui EnlellJrises connecled 10 lhe 10urisl11. Sland oU! the necessity of agenls exislence 10 direct anel accompany lourists 10 presenllhe illlage oflhe visitaiplaces and service offering lO lhe visito r moments of leisure and salisfaction. Analyse Ihis professional acting always searching the besl in service offering.
KEYWORDS: guide of tourisl11, 10ur condul0I; quality of tourisl services, professional of lourism.
I. Licenciada em Lell·as. Ponuguês/Espanhol. pela Ponlifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Especialislaelll Lazer e Recreação pela Universidade Federal du Rio Grande do Sul. Guia de Turismo pelo SENAC de Porto Alegre e cr�denciada pela Embra{ur. Docente nos cursos de Turismo c Hotelaria e de Tecnologia e Gestão do Lazer da Universidade do Vale do Itajaí. lnstrutora nos cursos de Guia de Turismo Nacional e Regional do SENAC. Mcslranda em Turismo e HOlelaria no Mercosul na Universidade do Vale do Iiajaí. End.: Rua 2300,974/01 - l3alneário Camboriú - Sanla Calarina - 88330-000 Tel.: (047)3662876/ E-mail: canani@zaz.com.br I hllp://www.bnu.nuICCnCl.com.br/usuarios/cananil
Turismo em Allálise, São Paulo, lO (1):92-106 maio (^1999 )
Quando se fala em turismo, logo vem à mente uma série de associações. Turismo evoca bem-estar, lazer, divertimento, temperatura amena, natureza, cultura, etc. São todas associações positivas. Poucas palavras - em qualquer língua - possuem tal riqueza simbólica para tantas Ce cada vez mais) pessoas. Isto é assim para um leigo no assunto, mas quando a pessoa é um profissional da área de Turismo além das associações gratas - evoca uma série de problemas: sazonalidade, ciclo de vida, crise, atendimento, etc. Focalizando com preferência o atendimento, este artigo pretende demonstrar a importância de um profissional, entre os recursos humanos envolvidos com turismo, que tem a seu cargo a efetivação dos serviços propostos ao cliente consumidor. Trata
e mostra locais ao visitante, de acordo com o que a agência oferece. Cabe-lhe fazer cumprir os programas e, dessa forma, mostrar a imagem da instituição, da cidade e do produto final. Ao mesmo tempo, busca-se resgatar a imagem desse profissional que atua muitas vezes com poucos méritos devidamente reconhecidos pelas empresas. Pretende-se ainda analisar as características dessa profissão que permitem a realiza ção correta das suas funções específicas e, ao mesmo tempo, verificar a necessidade de uma capacitação adequada, obtida junto ao Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Paralelamente, será apresentada a trajetória desse profissional em âmbito nacional e seu papel como executor de um programa efetivo de qualidade no atendimento, assim como seu relacionamento com o turista e interação com os demais profissionais da área. Finalmente, delinear-se-á o seu perfil, chegando às conside rações finais e referências bibliográficas. O embasamento deste artigo deriva de consulta bibliográfica, mas também são apresentadas situações e experiências advindas da prática pessoal da autora, que exerce as atividades de guia de turism02•
Quando se pensa em turismo há inúmeras interpretações, pelas empresas
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categoricamente hoje em dia que turismo é a maior atividade em desenvolvimento no mundo. Segundo Andrade (1995):
Turismo é o conjunto de serviços que tem por objetivo o planejamento. a promoção e a execução de viagens, e os serviços de recepção. hospedagem e atendimento aos indivíduos e aos grupos, fora de suas residências habituais.
As agências de viagens, visando proporcionar a seus clientes perfeitas condições de satisfação e prazer durante a viagem e agradáveis recordações ao final, buscam sempre os melhores meios de hospedagem, serviços de alimentação, entretenimento, transportes e, é claro, o melhor atendimento. Para obter esse atendimento diferenciado e eficaz, a presença do guia de turismo se torna indispen sável. A missão desse profissional é coordenar os meios para que os turistas possam aproveitar ao máximo sua viagem. Ele indica, acompanha, esclarece, aconselha o viajante, fazendo com que este aproveite o que de melhor há em cada visita efetuada. Assim os novos conhecimentos, que representam ilusões, sonhos, anseios, podem ser amplamente realizados. As empresas que contratam guias capacitados, como o são os credenciados
consequentemente, haverá a aprovação do consumidor. Esse elemento orientador atingirá os anseios do cliente, dando um destaque especial à viagem, através de seu conhecimento sobre aspectos históricos, geográficos, sociais, culturais, políticos e econômicos, a respeito das localidades visitadas, além de demonstrar sua capacidade em conquistar e atender aos turistas.
Só existe um critério para a avaliação da qualidade de serviço: é aquele definido pelos consumidores. Assim se pode dizer que a qualidade do serviço, percebida pelOS consumidores. pode ser definida como a extensão das discrepâncias entre as expecta tivas e desejos dos clientes e suas percepções ( Yasoshima. 1997).
O papel deste personagem é de suma importância para a consecução de qualquer plano de viagem turística e, no entanto, apesar de representar qualidade, ele é pouco valorizado pelas empresas, que muitas vezes não o contratam para suas excursões. É preciso resgatar sua imagem e atuação junto aos consumidores e torna se importante analisar as funções específicas da profissão de guia, sua importância e o papel que desenvolve em relação à sociedade, como prestador de serviços. Deve
cliente da empresa que o contrata, corroborando o que Giacomini Filho(1997) afirma
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em seu artigo sobre a empresa turística voltada ao atendimento:
o atendimento é um fator não somente importante. mas sim essencial para a conquista e manutenção do cliente e também dos demais envolvidos no processo turístico.
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Como todo profissional, o guia de turismo precisa de aprendizagem que lhe proporcione condições de atuar com eficiência. Ele faz cumprir o programa, apara as arestas dos desconfortos prováveis e possíveis, trata de resolver os problemas junto
bastidores não chega ao conhecimento do cliente e tudo deve ser resolvido. Os méritos? Recebe-os a agência, pois soube organizar a viagem, realizar os contatos e,
os mesmos objetivos, buscar o que seja melhor para o turista. Um bom trabalho, um desempenho adequado, no que se refere à qualidade no atendimento, farão a fidelidade do cliente para a agência. Giacomini Filho(1997), define atendimento declarando que:
(... ) a manutenção e conquista de clientes, nesta ordem, talvez seja a maior contribuição que o modelo voltado ao atendimento pode propiciar a uma empresa. Isto porque, dentre outros indicadores. os consumidores decidem a compra (e a não·compra) de muitos serviços ou produtos em função do atendimento.
O guia de turismo é, sem dúvida, o melhor vendedor, via direta, para a agência, através do atendimento que proporciona ao grupo com que trabalha. Espera-se que, a longo prazo, as empresas turísticas sintam a necessidade da parceria com este profissional. É preciso que a sua imagem, como um mero indicador, seja modificada pela sua real função: apoiar, acompanhar, esclarecer e vivenciar, junto ao turista, o mesmo desejo de satisfação e prazer que este tem.
Ataíde Rodrigues Lopes (1994) dispõe-se a dar um toque de humor ao tema em questão, quando narra o resultado de uma reunião com bacharéis de turismo, marketing, propaganda e publicidade, em que uma das equipes chegou a afirmar que:
(... ) o primeiro casal de turistas do mundo foi Adão e Eva. Está escrito no Gênesis. que o Senhor os colocou em um paraiso, longe de todas as preocupações humanas, sem filhos, emprego, sogra, governo, impostos e, ainda por cima. poder andar nus, sem nenhum constrangimento. Eles viviam realmente em um paraíso.
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algumas empresas oferecem ao acompanhante da excursão ou ao guia local, no caso de levarem seus grupos até detcrminado local de comércio, restauração, etc, O recebimento desse comissionamento é tema de inúmeras discussões, O viajante sempre quer comprar alguma lembrança, algum produto típico e, em geral, pede ao guia que o leve ao comércio, Cabeao guia indicar onde adquirir boa mercadoria pelo melhor preço, A comissão pode ser aceita como uma gentileza da casa, mas não deve ater se a esta eomo motivação para a recomendação, Aqui ocorrem os maiores desvios e há exageros tão acentuados que chegam a dar "má fama" à profissão, Todo esse processo não tem regulamentação oficial e fica somente no âmbito da ética profis sional. Os turistas sabem que o comissionamento é natural e eles não se incomodam que scu acompanhante receba a gratificação, se sentirem que ele é honesto e está levando-os a um bom local, com preços razoáveis, O mesmo vale para a atitude contrária, ou seja, os turistas odiarão o guia, se sentirem que estão sendo explorados, E essa reação retlete-se diretamente contra a agência, empresa, instituição, A propaganda "boca a boca" será feita de imediato e, como se sabe, as notícias negati vas espalham-se rapidamente, dispondo o turista contra a agência e esta contra o guia de turismo, Considerando os profissionais que não têm ética nem critérios e abusam, desrespeitando os interesses dos viajantes, a Embratur, visando a qualidade, e como entidade determinadora dos serviços turísticos, começou a exigir, a partir de 1986, que os elementos que costumavam acompanhar os viajantes, passassem a fazê-lo com método e de acordo com algumas premissas preestabelecidas. Determinou, então, a obrigatoriedade de que cada guia de turismo estivesse cadastrado' j unto ao Instituto Brasileiro de Turismo, mas que o fosse após a assistência a um curso específico, credenciado por esse Instituto. Tal determinação, que continua até os dias atuais, estabelece cursos que preparam guias de turismo de acordo com normas definidas pela Embratur e aprova ção pelos Conselhos de Educação. Assim, esta entidade indica conteúdos e critérios que serão desenvolvidos por estabelecimentos educacionais, como faculdades e escolas técnicas. A seguir, os Conselhos Estaduais de Educação (em casos de entidades particulares, o próprio Conselho Federal de Educação) definem o número de horas, métodos, docentes, etc. e também estipulam o caráter da habilitação, conforme as necessidades regionais e do mercado, assim como os períodos em que se deverão realizar. São cursos nas categorias de guias regionais, guias de excursão nacional e internacional e guias especializados. A característica de tais cursos é de nível téenico profissionalizante, com exigência mínima de 20 grau completo. As especificações das categorias guia de excursão e guia especializado são:
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Guia de Excursão - Atividades que compreendem o acompanhamento e a prestação de informações e assistência, em caráter permanente a grupos de turistas, em suas viagens e deslocamentos entre diferentes localidades integrantes do programa de excursão, para o atendimento dos roteiros ou itinerários turísticos, previamente estabelecidos, de âmbito nacional ou internacional. Guia Especíalizado - Atividades que compreendem especificamente a prestação de informações técnicas especializadas relativas a:
Com a eomprovação de estudos de 2" grau e o curso completo, o interessado deve dirigir-se ao Instituto e solicitar seu cadastro de guia de turismo da Embratur, na categoria para a qual se habilitou. Também são exigidos o pagamento do Imposto sobre Serviços (ISS), e o cadastro no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Há poucos anos a profissão é exercida de modo oficial e dentro dos critérios exigidos, por isso ainda não houve tempo para abranger todo o mercado e há muita dificuldade de fiscalização, de modo que são encontrados muitos casos de pessoas não credenciadas atuando e, não menos vezes, elementos que não cumprem as regras estabelecidas. A classe tem lutado bastante e tem conseguido vitórias expressivas. A primeira e mais importante foi em IOde outubro de 1993, através do decreto n. 946, com a regulamentação da lei n. 8.623, de 28 de janeiro de 1993, que dispõe sobre a Profissão do Guia de Turismo. Foi conquistada pelos guias atuantes no País, através de pedidos e solicitações a deputados, ministros e ao presidente da República. Resultou num ganho que orgulha a todos e os leva a compreender com responsabi lidade a importância de sua atuação. É importante também lembrar que entre os profissionais do Turismo, a única categoria que tem a profissão regulamentada e oficializada, é a dos guias de turismo. Os agentes de viagens, apesar de formarem uma classe bem mais antiga, ainda não obtiveram essa condição. Hoje em dia há 9.191 guias de turismo credenciados pela Embratur em todo Brasil. A relação dos guias está agrupada por regiões e Estados da Federação. Destacam-se alguns números: na região Sudeste, com 5.763, sendo a liderança do Rio de Janeiro com 3.480 e 1.621 em São Paulo; na região Sul, com 1.534, dos quais 326 em Santa Catarina; na região Nordeste, com 1.356 guias cadastrados, Esses profis sionais estão capacitados e foram preparados para proporcionar ao viajante o melhor atendimento possível. Todos obtiveram sua habilitação através de cursos técnicos profissionalizantes ministrados por instituições responsáveis e idôneas, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), e universidades que possu em curso de Turismo e o SINE. Além de conhecimentos de conteúdos como história, geografia, primeiros Socorros, comunicação, legislação, etc., também são vistos, nos cursos preparató-
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rios, situações de relações humanas e treinamento em atividades práticas e técnicas específicas à profissão de guia de turismo, em suas diversas categorias. São realizadas, em média, três viagens em cada curso, planejadas, organizadas, preparadas e executadas pelos próprios alunos, com orientação e supervisão de um profissional habilitado. Os idiomas também merecem especial atenção, consideran do-se sempre a região onde é realizado o curso e o tipo de habilitação que oferece.
Guia e Turista
o turista é um passageiro em busca de momentos agradáveis que lhe possam proporcionar o descanso merecido de atividades constantes exercidas durante todo o ano de trabalho. A viagem ou passeio deve trazer-lhe prazer e precisa ser perfeita. Nesse momento, o turista não pensa na imperfeição humana, problemas não devem acontecer nas suas férias.
Ao abordar os aspectos técnicos da comercialização do produto turístico, não devemos deixar de considerar que, ao vendê-lo, o profissional estará tratando com pessoas que acalentaram, durante o ano inteiro, o sonho das suas férias. O aspecto humano da atividade não poderá ser suplantado por sofisticados planos mercadológicos, modernas técnicas de venda ou por uma publicidade agressiva, pois, sem dúvida, o melhor divulgador de um produto turístico é um cliente satisfeito com as experiências vividas durante a sua viagem (Ruschmann, 1991).
A agência procurou agradá-lo, contratou os melhores serviços, efetuou uma venda com todos os requisitos de atenção, mas podem acontecer imprevistos. Seguramente o viajante ficará frustrado, insatisfeito e irá reclamar da qualidade, a não ser que seu acompanhante saiba resolver de forma satisfatória os impasses. Muitas vezes, com empenho, ele conseguirá reverter os problemas, mas se isso não estiver ao seu alcance, deverá proporcionar outras atenções ao cliente para que seu desconforto seja atenuado. Às vezes ouvem-se comentários de passageiros, como:
O hotel era horrível, mas o guia nos fez participar de tantas atividades, era tão gentil e atento que não tínhamos tempo para observar detalhes do hotel. A comida era um espanto, mas ele conseguiu que nos melhorassem as refeições.
Cada passageiro é um indivíduo e tem suas próprias características. O guia de turismo não poderá "catalogar" um determinado grupo pelas semelhanças que existam. Ele precisa adaptar-se a todos e estar permanentemente atento a qualquer tipo de preconceito ou preferência. Assim, antes de receber um grupo, o guia deve contatar a agência e verificar a faixa etária dos componentes do grupo, suas profissões (caso seja possível), o objetivo da viagem, a origem dos elementos do grupo e outros
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interesses que possam existir, para poder planejar suas atividades e propor-se a receber o grupo com simpatia e isenção de opinião. A improvisação deve limitar-se à solução de imprevistos.
o maior grupo de turistas que movimenta o segmento mais sofisticado do turismo mundial são os formados pelos povos americano e europeu. Na maioria são pessoas da chamada "Terceira Idade". com boa aposentadoria de seus fundos de pensões e situação financeira privilegiada. Estes turistas são os responsáveis em atender à demanda dos pólos turísticos mais sofisticados do mundo. Milhões dessas pessoas têm tempo livre, têm dinheiro para gastar e viajam até as mais diversas regiões do planeta em busca de cenários bonitos, museus, cultura e religiosidade. Entre as diversas exigências que eles fazem destacam-se a cordialidade, conforto e segurança. Segurança física e segurança de sua saúde (Lopes,1994).
o Brasil recebe poucos grupos com as características apontadas por Lopes, mas tem-se grupos de Terceira Idade, que são muito atuantes e recebem apoio especial da Embratur. Embora não sejam pessoas com tanta disponibilidade financeira, dispõem de tempo e vontade, viajando bastante. O guia de turismo, ao receber grupos desse tipo ou grupos de jovens, de casais com filhos pequenos, deve tomar as devidas precauções no que se refere ao atendimento, considerando que os interesses serão diversos. Isto significa que o técnico deve estar sempre estudando e adaptando-se às pessoas com quem vai conviver e orientar durante certo tempo. É necessário que interprete o quê o turista quer: a busca do prazer e da satisfação (Lopes, 1 994). Há maior dificuldade quando o grupo está formado por elementos de várias faixas etárias, diversas origens, religiões, ocupações. Nestes casos espera-se do profissional uma grande parcela de adaptabilidade às situações e muita criatividade. No entanto, ele sempre será o alvo das atenções de "seus" passageiros e seu modelo será seguido. Embora suficientes, "sabidos" e autônomos, em geral os turistas querem apoiar-se nos conselhos do guia e fazer o que ele determinar. Considerado o aspecto modelo, convém enfatizar não só a importância do guia como orientador e acompanhante, mas a necessidade de que esteja bem preparado, tenha conhecimentos técnicos e de cultura geral, consciente do papel que desempe nha, pois irá atingir níveis muito amplos nesse contato com o turista.
O Guia de Turismo lida predominantemente com pessoas, podendo agir livremente ou supervísionado, sendo seu trabalho rotineiro, no que diz respeito à execução de suas tarefas.(...) Existem duas formas do Guia exercer sua profissão: Guia Autônomo- aquele que trabalha individualmente oferecendo às diversas agências o seu serviço. Guía de Agência -aquele que está filiado a uma Agência específica e só atende os grupos organizados pela sua Agência (Servíço Nacional de Aprendizagem Comercial, 1993).
104 IvoJ/e^ Se/Vil^ SaJ/los^ CilJ/aJ/i
Vários instrutores organizaram uma série de itens que podem representar o perfil do guia de turismo, Na verdade, não há estudos específicos sobre o assunto, tampouco regras psicológicas a seguir, é somente uma constatação de experiência. O profissional é um espécie de anfitrião e todas suas iniciativas tendem para a busca do "bem-estar do turista". Ele recepciona os componentes do grupo e encarrega-se da execução de todo o roteiro de viagem. É o elemento de ligação entre o excursionista e os órgãos de prestação de serviços. Para que possa desenvolver adequadamente suas funções, fazem-se necessários os seguintes requisitos:
Turismo ell/ Análise, Süo Pau/o, la (1):92-106 maio (^1999) lOS
Considerações Finais
O guia de turismo tem uma responsabilidade muito grande. É possível dizer que ele é o elemento que abre, desenvolve e encerra a viagem turística.^ A^ venda de uma programação pode ser resultado de um trabalho anterior atento e, seguramente, será a indicação para uma próxima. Trabalho profissional, boa atuação e propaganda podem promover a venda de novos pacotes turísticos para a agência, pois com um bom guia dificilmente o passageiro recusará a oferta de mais uma viagem. Isto representa a qualidade de uma prestação de serviço efetiva. Durante todo o percurso, o técnico estará vivendo uma aventura lado a lado com seus passageiros. Serão momentos de confraternização e cumplicidade na execução de um programa específico. O encantamento de uns coincidirá com as expectativas de outros e, ao término da viagem, todos se congraçarão em uma análise dos prós ou contras, O guia capacitado tem a oportunidade, durante o tempo de convívio, de fazer encantar-se, demover dificuldades, esclarecer dúvidas, relacionar se e, ao final, chegar a conclusão satisfatória para todos: turistas, agência e sua própria pessoa. É claro que todas estas afirmativas são utópicas. Nem sempre as coisas ocorrem dessa forma. Mas com boa atuação do profissional, há possibilidade de se conseguir que as dificuldades sejam amainadas e quase relegadas ao esquecimento, prevalecendo os acontecimentos positivos ocorridos na viagem. Sem dúvida esse fato será um bom encerramento para a atividade. O guia de turismo é importante para o viajante que nele se apóia, mas também para a agência que o contrata e, principalmente, para a atividade turística em geral. Ele se torna o elo entre a execução do programa pela agência e o amparo na legislação, ao mesmo tempo que colabora com a satisfação plena do consumidor. O trabalho que tem sido desenvolvido por esse profissional do turismo vem repercutindo de forma positiva dentro do contexto brasileiro. Finalmente, é impres cindível que o guia seja mais considerado e valorizado pelas empresas turísticas e possa atuar auxiliando o turista a atingir o nível máximo de satisfação e prazer.
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106 Ivone Selva^ Santos^ Cwwni
GIACOMINI FILHO, Gino.1997. Empresa turística voltada ao atendimento.^ Tllrismo em Análise.^ São Paulo, ECA/ USP, v.8, n.2, p. 44-58, novo LOPES, Ataíde Rodrigues. 1994. O ABC do turismo, Brasília: A.R. Lopes. RUSHMANN, Doris.1991. Marketing tllrístico. Campinas: Papirus. SERViÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL. 1993. Manllal do Gllia de Tllrismo WbHLKE, Renato. 1995. AposTila de gllia de turismo nacional. Itajaí: CEPAVI. Y ASOSHIMA, José Roberto. 1997. A <fllalidade na pres/(lçüo de serviços tllrísticos. São Paulo: ECA-USP. (Dissertação de Mestrado).
Recebido em /1/2/ Aprovado em 20/2/