Guerreiros da luz, Manuais, Projetos, Pesquisas de Tradução

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Guerreiros da Luz

K YLE GRAY

Guerreiros da Luz

Tradução de: Elsa T. S. Vieira

Pergaminho

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se fosse uma moda e como se agir para mudar o mundo fosse tão fácil como pintar o cabelo de cor-de-rosa. Para mim, ser um trabalhador da luz não é uma afetação, é realmente fazer o trabalho. Se nos comprometemos com a missão de apoiar o crescimento do nosso planeta, temos de comparecer. E isto não é o mesmo que publicar no Instagram o último cristal que comprámos (embora eu próprio já o tenha feito); é fazer o nosso treino espiritual, encarar as nossas merdas sem as enfeitar com purpurinas e alinharmo-nos com o universo. É servir. É ser a encarnação de um anjo na Terra. Enquanto refletia sobre esta ideia, fui mais fundo. Nem todos os anjos são fofinhos. Nem todos os anjos estão sentados numa nuvem a tocar harpa. Há anjos que vestem armaduras e empunham armas. São guerreiros ferozes. Basta pensar no anjo mais conhe- cido, São Miguel Arcanjo. Se procurar uma imagem dele no Goo- gle, verá um anjo forte, atraente e feroz, de armadura, empunhando uma espada geralmente em chamas, de pé em cima de Lúcifer. Reza a história (por palavras minhas, mas baseada no Livro do Apocalipse) que Lúcifer (que se viria a tornar «o diabo») estava a armar confusão no Céu. Achava-se melhor e mais esperto do que Deus. Ao que parece, Deus não ficou muito satisfeito e, assim, chamou Miguel e a sua legião de anjos para resolverem o problema. Trata-se de uma poderosa alegoria onde se mostra que o amor (neste caso, Miguel) é muito mais poderoso do que o medo (neste caso, o diabo.) É uma história que nos mostra que os guerreiros podem ser extraordinariamente poderosos e, apesar disso, total- mente movidos pelo amor. Os anjos são guerreiros do amor. Têm de ser guerreiros para nos ajudar a ultrapassar os nossos próprios dilemas, traumas e medos. Assim, se os trabalhadores da luz são a encarnação de anjos na Terra, nem sempre têm de ser anjos do tipo fofinho – podem ser também anjos ferozes. Podem ser guerreiros da luz. Esta ideia ajudou-me porque muitas vezes perguntara a mim próprio se seria «suficientemente bom» para ser uma pessoa espi- ritual. Admitamos, embora eu acredite realmente em ajudar os outros e em levar uma vida com sentido e integridade, nem sem-

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pre sou adepto de uma abordagem passiva. Para ser honesto, tenho sido um bocado agressivo. Fui procurar a definição de «guerreiro» no dicionário e encon- trei: «(especialmente em épocas passadas) um soldado ou com- batente corajoso ou experiente». Os sinónimos eram igualmente intensos: «combatente, soldado, lutador, batalhador, corajoso». Porém, o tipo de guerreiro em que eu estava a pensar não tinha propriamente que ver com lutar com os punhos ou com a mente, mas sim com o estabelecer uma ligação ao poder incrível do espírito dentro de nós para ultrapassar as trevas, os desafios e o medo. Assim, procurei «guerreiro espiritual».

A expressão «guerreiro espiritual» é utilizada no budismo tibetano para designar aquele que combate o inimigo universal: a autoignorância (avidya ), a fonte derradeira de sofrimento, de acordo com a filosofia budista. Um ser heroico de mente corajosa e impulsos éticos.

E pronto, ali estava.

Guerreiros da luz em ação

Um trabalhador da luz é uma alma que ouve o chamamento para ajudar a mudar o mundo, e um guerreiro da luz é a alma que opta conscientemente por lhe responder.

Vivemos num mundo em que os guerreiros da luz consegui- ram efetuar grandes mudanças regeneradoras, e continuam a fazê-lo hoje em dia. Não precisam de pertencer a determinada tradição ou religião. Existem muitos, em todo o planeta, e alguns nem sequer sabem que são guerreiros – estão apenas a responder ao chamamento para mudar o mundo. A maior parte de nós também não conhece estes heróis anónimos, mas há muitos guer-

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ponsável por um ato de verdadeira coragem. E também não pre- cisamos de agir à escala global. Para sermos guerreiros da luz podemos simplesmente comprometer-nos a mudar a nossa parte do mundo e a ser uma luz ativa onde quer que nos encontremos

• uma luz capaz de inspirar os outros. Recentemente, muitas das Primeiras Nações dos Estados Uni- dos reuniram-se na reserva índia em Standing Rock, no Dakota do Norte e do Sul, em comunhão com o Grande Espírito, para proteger as suas terras e águas sagradas de um oleoduto que podia poluir a água e ameaçar a natureza. Embora não tenham tido o sucesso que esperavam, inspiraram pessoas em todo o mundo. Outra guerreira da luz inspiradora é uma das minhas heroínas pessoais, Louise Hay. Depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro aos cinquenta e muitos anos de idade, sentiu o chama- mento para fazer um trabalho mental, emocional e espiritual em vez de optar pelo caminho da medicina. Sentiu que o seu cancro cervical era resultado de profundos ressentimentos relacionados com os abusos emocionais e sexuais que sofrera na infância. Começou a fazer afirmações diárias, a libertar-se da raiva, a perdoar os outros e a fazer «trabalho de espelho» diário em que dizia regularmente a si própria (e continua a fazê-lo) que se amava e aprovava a pessoa que era. E, após vários meses, conse- guiu que os profissionais, os médicos que a seguiam, concordas- sem com aquilo que ela já sabia – estava livre do cancro. Louise já era uma curandeira, mas isto deu ao seu trabalho um novo alcance e autenticidade que lhe permitiu ajudar as pes- soas a perceber as causas emocionais por trás das maleitas físicas, assim como a encontrar os pensamentos novos necessários para se curarem. Quando a crise da sida rebentou, nos anos 80, Louise aceitou realmente a sua capacidade de trazer mudança ao mundo. Tudo começou quando recebeu um telefonema de alguém que tinha sida e sentia não ter para onde se virar. Ninguém sabia como ajudar essas pessoas. Assim, Louise iniciou um grupo em sua casa e fez aquilo que sempre fizera – falava sobre amor e convi- dava todos os que tinham alguma coisa positiva para dizer a

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partilhá-la. Quando deu por isso, as reuniões estavam a ter lugar num campo de futebol porque eram muitas as pessoas que vinham ouvir as suas sábias palavras de amor. Louise foi um catalisador de grande mudança, e o seu livro Pode Curar a Sua Vida vendeu mais de 50 milhões de exemplares. Está em primeiro lugar na minha lista de livros recomendados. Mudou muitas vidas e esteve na base da Hay House Publishers, que se tornou uma importante plataforma para mestres espiri- tuais e autores como eu partilharem o seu trabalho sagrado. O que comecei a perceber foi que os guerreiros da luz que vieram antes de nós tinham todos algo em comum: o trabalho que fazem interiormente. O caminho do guerreiro da luz pode requerer ação, mas requer também uma profunda ligação interior e devoção ao amor. Os guerreiros da luz não se limitam a defender aquilo em que acreditam; confiam também que um poder superior (como quer que decidam chamar-lhe) os está a ajudar, a guiá-los para as mudanças que se sentem inspirados a criar. Estas mudanças assumem muitas formas, tal como os próprios guerreiros. Eis alguns dos meus nomes para os guerreiros da luz que desempenham determinados papéis especializados, bem como uma breve análise daquilo que fazem.

Guardiões da paz

Não é surpresa nenhuma saber que estes guerreiros fazem o seu melhor para trazer paz aos seus lares, famílias, comunidades e locais de trabalho, por vezes em detrimento de si próprios. Estas pessoas espantosas precisam de ser apoiadas e de encontrar o seu guerreiro interior, pois podem tornar-se líderes de amor espetaculares. Alguns podem até trabalhar nos bastidores. Exemplos disto são as equipas que trabalham para líderes mundiais mas que não partilham a sua postura beligerante, agindo discretamente para facilitar e encontrar soluções diplomáticas.

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petrolíferas e por aí afora – a agirem de forma mais ética. É possível que trabalhem para companhias que nem todos apoia- mos e que têm políticas com que nem todos concordamos, mas, se estas pessoas não existissem, as coisas podiam ser bem piores. Ao estarem onde estão, podem conseguir levar a cabo mudanças significativas que contribuam para curar o mundo. Conheço uma pessoa que foi muito criticada por trabalhar em determinada companhia, mas é preciso ver mais além para perceber que ela está a ajudar muita gente a partir de dentro, através de solidariedade e trabalho comunitário. Temos de estar abertos ao miraculoso!

Escolher o caminho do guerreiro

Neste momento, em todo o mundo, há muitos líderes espirituais, guerreiros da luz e causadores de mudança que não são reconhe- cidos. Precisamos deles mais do que nunca. Precisamos de ser como eles, mais do que nunca. Há espaço suficiente para todos e temos de nos erguer. Se sentir o chamamento para fazer a diferença, para trazer a mudança, para trazer luz, então este é o seu momento. Provavelmente já agiu como guerreiro da luz na sua vida quo- tidiana sem sequer se aperceber disso. Como?

No outro dia ia de carro para o ginásio quando senti o impulso de fazer um caminho diferente do habitual. Chovia torrencialmente e vi um carro da polícia três carros à frente do meu, por isso ia ainda mais devagar do que o normal quando, por algum motivo, o meu olhar foi atraído para o passeio e ali estava ela – uma mulher tinha escorregado e caído por causa da chuva. Tinha os sacos das compras espalhados por todo o lado e estava de cara para baixo, cheia de sangue. Os carros da frente não pararam (incluindo a polícia) mas eu parei. Apresentei-me logo porque queria que ela se sentisse segura e, convenhamos, sou um tipo de um metro e oitenta com um carro

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grande. Perguntei-lhe há quanto tempo estava caída e ela disse que há cerca de dez minutos, sem que ninguém tivesse reparado nela. Consegui ajudá-la a chegar a casa, a limpar-se e a ligar ao marido. Ele ficou muito contente por eu a ter ajudado. Pelo que soube depois, a sua recuperação tem corrido bem.

Entrar no caminho do guerreiro pode ser tão simples como ajudar alguém que precisa de ajuda. É «fazer a coisa certa». É também ficar ao lado de quem precisa de apoio. É mostrar um amor intenso. Eis mais alguns exemplos de como ser um guerreiro da luz:

• Defender alguém que está a ser assediado no trabalho, na escola ou na rua.
• Falar com alguém quando sabemos que mais ninguém fala com essa pessoa (ouvi dizer que isto pode mesmo salvar vidas).
• Fazer uma boa ação.
• Defender um animal que sabemos estar a ser maltratado.
• Impedir alguém de fazer algo que sabemos que prejudicará ou causará angústia a terceiros.
• Intervir para pôr fim a uma luta.
• Ajudar alguém que está a ser vítima de racismo.

Vamos deixar uma coisa bem clara, ser um guerreiro da luz não significa que tenhamos de andar pela rua a envolvermo-nos constantemente em altercações. É, essencialmente, um caminho de paz – implica escolher a luz e não nos deixarmos afastar dela. Os guerreiros da luz escolhem também ser a luz que inspira mudança, uma luz que ajuda, inspira e ama. Reclamam o espaço que é seu por direito, o que significa que não se deixam arrastar pelos dramas ou expectativas daqueles que os rodeiam, mas per- mitem que a sua luz se projete. Escolhem ser uma força de amor, em vez de se deixarem afundar pelo medo no seu pior pesadelo. Sabem que estão ligados ao amor – estão prontos para olhar nos seus próprios olhos e ver a presença fantástica do amor a brilhar atrás de si.

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Basicamente, ser um guerreiro da luz é sermos nós próprios. Sermos fiéis a nós próprios. Sermos autênticos. É procurarmos um espaço de autoaceitação, porque, ao aceitarmo-nos a nós próprios, estamos a trazer aceitação ao mundo a nível energético. Não tem que ver com parecermos espirituais, ou termos uma aparência espiritual, ou corrermos para um ashram escondido nos Himalaias (acredite em mim, já o fiz), é iluminar o lugar onde estamos em cada momento, como quer que estejamos, e ter consciência de que tudo o que fazemos interiormente, a nível espiritual, está também a servir o mundo. O que fazemos por nós próprios, por dentro, acaba por ser aquilo que oferecemos por fora. Assim, ser um guerreiro da luz é encontrar o equilíbrio entre dar e receber. É garantir que temos energia, amor e concentração suficientes para sair e servir os outros o melhor que conseguirmos. Se praguejar o ajuda a fazer isso, tudo bem. Os guerreiros não estão aqui para aderir às regras dos egos ou expectativas das outras pessoas, estão aqui para seguir a luz da sua alma e servir o mundo de uma forma que os sirva também a eles. A sua visão do espiritual e a minha visão do espiritual podem ser diferentes, mas o coração do verdadeiro guerreiro aceita com- pletamente essa diferença. Está pronto para despertar o seu coração de guerreiro?