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Gestando novos metodos, Manuais, Projetos, Pesquisas de Planejamento e Gestão da Educação

Resumo de pesquisa sobre educação estética

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2024

Compartilhado em 09/07/2024

carol-murray
carol-murray 🇧🇷

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: GESTANDO NOVOS MÉTODOS.
Caroline Murray de Souza
Introdução
Desde o início da minha trajetória como docente de Teatro, sempre tive a convicção de que a
arte, em sua essência, transcendia os limites da mera técnica e se configurava como um poderoso
instrumento de educação. No entanto, essa compreensão, como um campo de estudo e prática
pedagógica específica, ainda era incipiente. Foi a partir da minha imersão no projeto FRESTAS1,
em 2021, projeto de extensão da escola de educação da Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro - UNIRIO, durante a licenciatura em teatro na mesma universidade, que essa perspectiva se
expandiu e se entrelaçou de forma profunda com minha identidade docente, ainda que na ocasião a
turma fosse de teatro extracurricular. compostas de crianças de idade entre 8 e 11.
O FRESTAS, sob a coordenação da Professora Doutora Adrianne Ogêda, me acolheu em um
ambiente propício à reflexão crítica sobre meu método de ensino e à ressignificação da minha
prática docente. As vivências proporcionadas pelas ações "Papo de Corpo, Arte e Ciência" e
"Escritas que dançam, corpos que escrevem" me convidaram a mergulhar na vastidão da educação
sensível, tecendo pontes entre o saber acadêmico, a experiência corporal e a expressão artística.
Essas experiências me proporcionaram um contato íntimo com a educação sensível, me
convidando a reconhecer a importância da percepção estética2como ferramenta fundamental para o
desenvolvimento humano. Através da escuta atenta, da expressão corporal e da escrita reflexiva,
pude me conectar com a minha própria subjetividade e com a dos meus alunos, abrindo espaço para
um diálogo autêntico e transformador, no qual me debruço e compartilho nas linhas a seguir.
Desenvolvimento
A partir das reflexões e aprendizados proporcionados pelo FRESTAS, iniciei, em 2021, uma
jornada de ressignificação da minha prática docente. Tracei novos caminhos para minhas aulas de
2Refere-se à postura do indivíduo diante do mundo, buscando estabelecer uma conexão sensível, de
beleza e harmonia com o ambiente - uma relação que se expande para além do âmbito da
arte-educação (Duarte Júnior, 2006).
1FRESTAS: Formação e ressignificação do educador, saberes, trocas, arte e sentidos. Grupo de professores da
Rede Pública de Ensino do Rio de Janeiro, inicialmente constituído durante um curso de extensão focado nas
intersecções entre Corpo, Artes e Educação, fruto do convênio MEC/UNIRIO, consolidou-se como um espaço
dedicado à investigação dessas temáticas. Em sua abordagem, adotam a perspectiva de pesquisa-formação, onde
pesquisa e extensão se entrelaçam de maneira contínua e alimentam mutuamente suas práticas.
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RELATO DE EXPERIÊNCIA: GESTANDO NOVOS MÉTODOS.

Caroline Murray de Souza Introdução Desde o início da minha trajetória como docente de Teatro, sempre tive a convicção de que a arte, em sua essência, transcendia os limites da mera técnica e se configurava como um poderoso instrumento de educação. No entanto, essa compreensão, como um campo de estudo e prática pedagógica específica, ainda era incipiente. Foi a partir da minha imersão no projeto FRESTAS^1 , em 2021, projeto de extensão da escola de educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, durante a licenciatura em teatro na mesma universidade, que essa perspectiva se expandiu e se entrelaçou de forma profunda com minha identidade docente, ainda que na ocasião a turma fosse de teatro extracurricular. compostas de crianças de idade entre 8 e 11. O FRESTAS, sob a coordenação da Professora Doutora Adrianne Ogêda, me acolheu em um ambiente propício à reflexão crítica sobre meu método de ensino e à ressignificação da minha prática docente. As vivências proporcionadas pelas ações "Papo de Corpo, Arte e Ciência" e "Escritas que dançam, corpos que escrevem" me convidaram a mergulhar na vastidão da educação sensível, tecendo pontes entre o saber acadêmico, a experiência corporal e a expressão artística. Essas experiências me proporcionaram um contato íntimo com a educação sensível, me convidando a reconhecer a importância da percepção estética^2 como ferramenta fundamental para o desenvolvimento humano. Através da escuta atenta, da expressão corporal e da escrita reflexiva, pude me conectar com a minha própria subjetividade e com a dos meus alunos, abrindo espaço para um diálogo autêntico e transformador, no qual me debruço e compartilho nas linhas a seguir. Desenvolvimento A partir das reflexões e aprendizados proporcionados pelo FRESTAS, iniciei, em 2021, uma jornada de ressignificação da minha prática docente. Tracei novos caminhos para minhas aulas de (^2) Refere-se à postura do indivíduo diante do mundo, buscando estabelecer uma conexão sensível, de beleza e harmonia com o ambiente - uma relação que se expande para além do âmbito da arte-educação (Duarte Júnior, 2006). (^1) FRESTAS: Formação e ressignificação do educador, saberes, trocas, arte e sentidos. Grupo de professores da Rede Pública de Ensino do Rio de Janeiro, inicialmente constituído durante um curso de extensão focado nas intersecções entre Corpo, Artes e Educação, fruto do convênio MEC/UNIRIO, consolidou-se como um espaço dedicado à investigação dessas temáticas. Em sua abordagem, adotam a perspectiva de pesquisa-formação, onde pesquisa e extensão se entrelaçam de maneira contínua e alimentam mutuamente suas práticas.

Teatro, buscando integrar a técnica teatral à exploração da percepção estética e à expressão individual e coletiva dos alunos, corroborando o que defende Friedrich Schiller, quando reflete sobre os impulsos formais e sensíveis que deveriam compor o método de uma educação estética e assim possivelmente alcançar uma “educação libertadora” (FREIRE, 1970. p. 16). Com o tempo, pude observar os frutos desse processo em meus alunos: olhares mais atentos, corpos mais expressivos, vozes mais seguras e, acima de tudo, a alegria contagiante de se conectar com a arte e consigo mesmos. Através da observação atenta dos alunos, da escuta ativa e da reflexão crítica sobre minhas próprias práticas, pude perceber que a educação sensível não se resume a uma fórmula mágica a ser seguida. É um processo dinâmico e contextualizado que exige adaptação, flexibilidade e, acima de tudo, uma profunda escuta das necessidades e potencialidades dos alunos. Inspirada pelos princípios da educação estética defendidos por Friedrich Schiller, busquei criar um ambiente de aprendizagem que estimulasse tanto os impulsos formais – como a disciplina e o rigor – quanto os sensíveis – como a criatividade, a espontaneidade e a expressividade. Através da ludopedagogia, que une os elementos do jogo, da brincadeira e da aprendizagem, com a educação sensível, criamos um universo onde a criança é protagonista de sua própria história, onde, através de jogos, brincadeiras e atividades lúdicas, a criança desenvolve habilidades essenciais para a vida, como a expressão corporal, a comunicação, a criatividade e a resolução de problemas e a tecnicidade que a pedagogia teatral propõe. É nesse contexto que a ludopedagogia surge como uma metodologia de ensino que reconhece a potência do brincar/jogar como ferramentas de aprendizagem e experiência prática, já que, segundo Maluf (2012), a ludicidade no contexto educacional não só facilita a assimilação de conhecimentos, mas também contribui para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e cognitivas. Dessa forma, aprofunda a reflexão sobre a diversão como recurso didático no ensino do teatro para crianças, apresentando-se como uma abordagem que valoriza a participação ativa, a criatividade e a experimentação/experienciação, fundamentais para uma prática sensível e efetiva no ensino do teatro, onde é possível observar os impactos positivos dessa abordagem na formação integral dos educandos. Johan Huizinga, em seu livro "Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura" (1938), argumenta que o jogo não é apenas uma atividade lúdica ou recreativa, mas é uma atividade fundamental para a cultura e a sociedade humana, como uma atividade voluntária, separada da vida cotidiana, que é realizada dentro de limites temporais e espaciais definidos. O autor também destaca que o jogo é uma atividade criativa que permite aos participantes

ocasionalmente assume uma perspectiva mais individual, é importante que eu intervenha para encorajar uma autoavaliação grupal, guiando o processo de reflexão sobre a aplicabilidade das habilidades desenvolvidas. Minha atuação como facilitadora do conhecimento é centrada em explorar e descobrir, evitando simples transmissões diretas de informação. Crio um ambiente interativo e envolvente, utilizando recursos que tornam a aprendizagem lúdica, interessante e espontânea, promovendo uma experiência orgânica e colaborativa, além de valorizar o conhecimento de mundo de cada educando. Conclusão A jornada de ressignificação da minha prática docente, inspirada pelos princípios da educação estética e ludopedagogia, revelou-se um caminho rico e transformador. Ao integrar a técnica teatral à exploração da percepção estética e à expressão individual e coletiva dos alunos, pude testemunhar não apenas um crescimento nas habilidades teatrais, mas também um despertar mais profundo para a arte e para o autoconhecimento. Através da ludicidade e do jogo, não apenas ensinamos teatro, mas cultivamos um ambiente onde cada estudante é incentivado a ser protagonista de sua própria aprendizagem, a explorar novas formas de interação social e a descobrir o prazer intrínseco na busca pelo conhecimento. Essa abordagem não só enriquece o currículo escolar, mas também prepara os alunos para enfrentarem os desafios e expressarem sua criatividade em todas as esferas da vida, promovendo uma educação que é verdadeiramente libertadora e integral. Referências bibliográficas SCHILLER, F. A educação estética do homem. Trad. Roberto Schwarz e Márcio Suzuki. São Paulo: Iluminuras, 2002. BAUMGARTEN, A. G. Estética: a lógica da arte e do poema. Editora Vozes. Janeiro, 1993. SPOLIN, Viola. Jogos teatrais: o fichário de Viola Spolin. 1ª edição. Perspectiva. São Paulo,

KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 1984. SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 1979

HUIZINGA. Johan. Homo ludens: O jogo como elemento da cultura. Tradução: MONTEIRO. João Paulo. Perspectiva, 2019. DUARTE JÚNIOR, J.-F. Entrevista concedida à pesquisadora Verussi Melo de Amorim e registrada em gravador digital portátil, em 11 de abril de 2006.