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Um programa de estudo semanal sobre a literatura brasileira, incluindo textos a serem lidos, atividades de fixação e discussão. Aprenda sobre a história, características formais e temáticas da literatura brasileira.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Ministério da Educação
Presidente da República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva
Ministério da Educação Fernando Haddad Maria Paula Dallari Bucci Carlos Eduardo Bielschowsky
Universidade Federal de Santa Maria Felipe Martins Müller Dalvan José Reinert Maria Alcione Munhoz André Luis Kieling Ries José Francisco Silva Dias João Rodolpho Amaral Flôres Orlando Fonseca Charles Jacques Prade Helio Leães Hey Vania de Fátima Barros Estivalete Fernando Bordin da Rocha
Coordenação de Educação a Distância Fabio da Purificação de Bastos Paulo Alberto Lovatto Roberto Cassol
Centro de Artes e Letras Edemur Casanova Ceres Helena Ziegler Bevilaqua
Elaboração do Conteúdo Raquel Trentin Oliveira
Ministro do Estado da Educação Secretária da Educação Superior Secretário da Educação a Distância
Reitor Vice-Reitor Chefe de Gabinete do Reitor Pró-Reitor de Administração Pró-Reitor de Assuntos Estudantis Pró-Reitor de Extensão Pró-Reitor de Graduação Pró-Reitor de Planejamento Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Pró-Reitor de Recursos Humanos Diretor do CPD
Coordenador CEAD Coordenador UAB Coordenador de Pólos
Diretor do Centro de Artes e Letras Coordenadora do Curso de Graduação em Letras – Portugues e Literaturas a Distância
Professora pesquisadora/conteudista
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iNFormAçõEs soBrE A DisCipLiNA
Esta disciplina se destina especialmente ao estudo de obras fun- damentais da Literatura Brasileira� Analisaremos textos de diferen- tes gêneros, produzidos em diversos períodos literários� A partir da análise desses textos, teremos a oportunidade de conviver com o cânone da literatura brasileira e traçar algumas considerações a respeito das características formais e temáticas que o atravessam�
proGrAmA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS CURSO DE LETRAS DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
Carga horária semestral: 60 h Créditos: 4 (t – 2; p – 2)
Ementa Textos representativos da literatura brasileira. Questões temáticas e formais�
Objetivos (Ao término da disciplina, o aluno deve ser capaz de):
Programa UNIDADE 1: Especificidades da literatura brasileira 1 � 1 � Temas recorrentes 1 � 2 � Aspectos do lirismo brasileiro 1.3. Prosa de ficção
UNIDADE 2: Textos representativos 2 � 1 � Poesia lírica 2 � 2 � Narrativa
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Organização dos tópicos
A nossa disciplina será organizada em oito semanas de aula, durante as quais trabalharemos com três correntes temáticas da literatura bra- sileira. Com exceção da primeira semana (que apresentará dois textos introdutórios sobre o tipo de abordagem da literatura privilegiado na nossa disciplina), nas demais, você encontrará os seguintes links:
1 � Textos literários Este item apresentará os textos literários que deverão ser lidos durante a semana, ou links para sites que publicam esses textos�
2 � Atividade de fixação Por meio desse recurso, você terá oportunidade de exercitar a análise dos textos literários� Aqui encontrará um roteiro, com per- guntas e comentários que orientarão seu trajeto de leitura, tornan- do-o mais produtivo�
3 � Fórum de dúvidas Neste fórum, você poderá expor qualquer dúvida surgida du- rante o andamento das aulas da semana, tanto relativas ao conteú- do quanto aos procedimentos da disciplina�
4 � Fórum de discussão Você entrará neste fórum para discutir com os colegas e os professores um, ou mais, texto literário (indicado previamente), aproveitando a oportunidade para confirmar ou refutar aspectos de sua leitura. A sua participação neste fórum será avaliada.
5 � Tarefas Além dos itens acima listados, alguns dos tópicos conterão Ta- refas com fins de avaliação. As respostas deverão ser encaminha- das, via moodle, em arquivo único, para correção.
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Durante as atividades que juntos desenvolvemos nas disciplinas anteriores, observei alguns aspectos que poderiam ser aperfei- çoados para um melhor andamento do nosso trabalho. Para isso, mesmo que você já tenha uma longa trajetória no curso de Letras, acredito que não é demais considerar algumas sugestões.
Estou certa de que, assim, poderemos manter um diálogo efe- tivo e interessante sobre o nosso objeto de estudo, o que, sem dúvida, nos possibilitará um crescimento contínuo e satisfatório.
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sEmANA 1 LEiTurAs FuNDAmENTAis
TExTo 1 por quE EsTuDAr LiTErATurA? por quE LEr TExTos LiTErários?
Todos já nos acostumamos a ouvir afirmações desse tipo: ler é importante; a leitura expande nossos horizontes, torna-nos mais conscientes; ler ensina a pensar� Tudo isso parece muito vago, ou muito pretensioso� Se a leitura é tão importante, por que tão poucas pessoas lêem literatura, justamente o tipo de texto a que essas afirmações costu- mam se referir? Sobretudo, porque a leitura da literatura não tem praticidade imediata� Quem a lê, não aprende coisas práticas para a vida de todos os dias� Sua leitura não nos ensina a fazer coisas� Os livros literários que lemos não acrescentam competências ma- teriais ou pragmáticas� Então, por que motivo as pessoas continuam a insistir naque- las afirmações? A literatura tem um outro papel em nossa vida. O tipo de enriquecimento que ela proporciona é de outra ordem� Sobre o que trata a literatura? As coisas das quais se ocupa a literatura são aquelas de que se ocupam os seres humanos� As per- sonagens de um texto literário apresentam comportamentos e va- lores muito semelhantes aos que são encontrados no mundo real� Os lugares representados no texto ficcional costumam parecer bas- tante com aqueles em que vivemos, chegando a apresentar, muitas vezes, os mesmos nomes de locais que nos são familiares� O tempo também passa para as personagens ficcionais, tal como passa para os seres humanos. Com o transcorrer do tempo, as situações vividas pelas personagens se modificam, problemas se criam ou se resol- vem, acontecem fatos desagradáveis ou prazerosos e, tal como na vida real, as pessoas ficcionais se tornam mais (ou menos) felizes. No entanto, junto com essas semelhanças, o texto literário ins- taura diferenças substanciais, fronteiras que tornam peculiar o seu mundo e o conhecimento que dele pode ser depreendido� Vamos tentar compreender como funciona esse mundo deslumbrante, que tanto fascina os que o frequentam? A literatura é uma arte. Isso significa que a literatura é uma “metáfora da realidade”� Ela não é a realidade, mas algo criado a partir da sensibilidade de um artista� Assim, como todas as formas de arte, a literatura dirige-se, antes de tudo, à nossa sensibilidade� E de que maneira isso acontece?
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Através da língua, o escritor cria situações ficcionais. As pala- vras exercem efeitos em nossa sensibilidade: a literatura não visa atingir-nos especialmente através de nossa mente racional, embo- ra a racionalidade aí exerça um papel importante. O mais importan- te é a resposta emocional provocada pelas palavras� Por que é essa a resposta mais importante? Ao representar suas histórias ou estados líricos, o texto literá- rio não apenas os representa: de maneira mais ou menos explícita, as palavras carregam pontos de vista sobre o que é representado� De maneira explícita, através de comentários feitos pelo narrador ou por qualquer das personagens, ou ainda através de sentimentos expressos pelo eu lírico. De modo mais velado, através do próprio significado das palavras escolhidas para representar. Vejamos um exemplo do significado que a seleção e a combi- nação de determinadas palavras pode assumir no texto literário. Enquanto, na linguagem comunicativa habitual, as palavras servem prioritariamente como veículo para o sentido, são escolhi- das pelo que significam, na literatura, também está fortemente em causa a materialidade da palavra , sua natureza de significante � Um poema muito antigo, que representa a natureza coberta pela paz da noite, afirma: “dormem píncaros e precipícios”. O sentido desse verso não seria alterado se, ao invés, fosse afirmado que “dormem cumes e precipícios”, ou ainda “dormem píncaros e desfiladeiros”. Mas as expressões não têm o mesmo valor. Por quê? As palavras “píncaros” e “precipícios” contêm fonemas semelhantes: /p/, /s/, /r/; além disso, a sílaba tônica, em ambas, é formada pela combina- ção da consoante plosiva /p/ com a vogal aguda /i/: pín caros, pre- ci pí cios� Embora, trocando-se as palavras, o sentido não seja pre- judicado, em termos de sonoridade e sugestão, a expressão usada no poema é muito mais eficaz. Senão vejamos: ambas as palavras nomeiam a verticalidade no relevo� “Píncaros” aponta para o alto, “precipícios”, segundo o dicionário, refere-se a uma grande depres- são ou cavidade natural profunda, de paredes íngremes e verticais� Portanto, são antíteses. Mas, em termos da constituição sonora dos vocábulos, existem sons idênticos, o que aproxima os significantes por semelhança. A semelhança sonora acentua uma outra seme- lhança percebida pela visão: a ideia de extensão vertical do espa- ço, apresentando-se os dois termos como simétricos e invertidos, o que equivale a um reflexo especular. Por meio dessa seleção e combinação de palavras, que explora a materialidade fônica dos vo- cábulos, há, pois, uma intensificação do efeito de sentido de que a totalidade da natureza dorme e de que, nesse instante, prevalece uma harmonia entre os seus aspectos mais contrastantes� É claro que, ao lermos o poema, não temos consciência des- ses elementos� Percebê-los é papel de quem estuda literatura� As
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Como indica a análise do verso antes citado, tanto o conteúdo quanto a forma do texto literário são compreendidos através do exame do modo como esse texto usa a língua. Só a análise minu- ciosa do material verbal de cada texto literário, o exame cuidadoso do modo como está expresso, a decomposição sucessiva dos seus mecanismos poderá nos levar à compreensão da fórmula que rege a dinâmica do seu funcionamento e, então, à visão do mundo que lhe é própria e aos efeitos emotivos que é capaz de suscitar. Dizer que devemos estudar o conteúdo e a forma não significa dizer que esses dois aspectos possam ser separados� A análise do texto literário não consiste em fazer, separadamente, uma paráfrase do seu conteúdo e uma listagem dos seus recursos formais. Esses aspectos devem ser analisados e explicados em conjunto, como pla- nos que se complementam, que funcionam solidariamente, um justi- ficando a presença do outro. Toda avaliação do conteúdo deve estar baseada numa análise dos elementos linguísticos constitutivos do texto literário, assim como todo estudo desses elementos deve visar entender que sentido assumem na estrutura global da obra� Para fazer isso, devemos entrar no jogo que a linguagem da literatura nos propõe. E, para tanto, precisamos estar preparados. É este, afinal, o objetivo das nossas disciplinas de Literatura Portu- guesa e Brasileira:
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TExTo 2 LiTErATurA BrAsiLEirA: iDENTiDADE, NAçÃo E HisTÓriA LiTEráriA
A maioria dos alunos, ao terminar o Ensino Médio, adquire algum conhecimento sobre a história da literatura brasileira. Aprende a pensá-la segundo o seu desenvolvimento no tempo e sua divisão em períodos (Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo/Parnasia- nismo, Simbolismo, Modernismo...). Essa divisão segue a história da literatura ocidental e já por esse aspecto percebemos que as nos- sas manifestações literárias fazem parte de um organismo maior, que passou por mudanças sucessivas de estilo. Não podemos esquecer, entretanto, que as literaturas euro- peias já tinham um desenvolvimento de longa data quando a brasi- leira “nasceu”� Vejamos o que o professor Antonio Candido (1996) explica sobre o assunto:
A Literatura do Brasil faz parte das literaturas do Ocidente da Europa� No tempo da nossa independência, proclamada em 1822, formou-se uma teoria nacionalista que parecia incomodada por este dado evidente e procurou minimizá-lo, acentuando o que haveria de original, de diferente, a ponto de rejeitar o parentesco [com a literatura portuguesa], como se quisesse descobrir um estado ideal de começo absoluto. Trata-se de atitu- de compreensível como afirmação política, exprimindo a ânsia por vezes patética de identidade por parte de uma nação recente, que desconfiava do próprio ser e aspirava ao reconhecimento dos outros. Com o passar do tempo foi ficando cada vez mais visível que a nossa é uma literatura modificada pelas condições do Novo Mundo, mas fazendo parte orgânica do conjunto das literaturas ocidentais. Por isso, o conceito de “começo” é nela bastante relativo, e diferente do mesmo fato nas literaturas ma- trizes� A literatura portuguesa, a francesa ou a italiana foram se consti- tuindo lentamente, ao mesmo tempo que se formavam os respectivos idiomas. Língua, sociedade e literatura parecem nesses casos configurar um processo contínuo, afinando-se mutuamente e alcançando aos poucos a maturidade� Não é o caso das literaturas ocidentais do Novo Mundo� No caso do Brasil, [���] a literatura não “nasceu” aqui: veio pronta de fora para transformar-se à medida que se formava uma sociedade nova�
Sublinhemos: “a nossa é uma literatura modificada pelas con- dições do Novo Mundo, mas fazendo parte orgânica do conjunto das literaturas ocidentais”� No momento da descoberta e durante o processo de conquis- ta e colonização, foram transpostas da Europa para cá uma língua e uma literatura já maduras, um sistema cultural completamente diferente das formas de expressão dos povos autóctones. Da Eu- ropa veio o modelo literário – nutrido de humanismo e da tradição greco-latina, expresso em formas como o soneto, a ode e o sermão
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em parte resultado de uma substituição de influências, com a Fran- ça tomando o lugar da metrópole portuguesa. Os índios constituíam uma matéria literária com múltiplas vantagens: eram nossa parte original, não-europeia, simbolizavam aquela origem mítica necessária a toda nação. E a literatura repre- sentou essa origem, embelezando os costumes indígenas e em- prestando ao índio comportamento requintado e sentimentos no- bres� Os dois escritores mais eminentes do indianismo romântico, Gonçalves Dias e José de Alencar, foram considerados pelos con- temporâneos como realizadores de uma literatura que finalmente era nacional, porque manifestava a nossa sensibilidade e a nossa visão das coisas� Como disse Antonio Candido (2002), mediante essa transfiguração, o indianismo deu ao brasileiro a ilusão com- pensadora de um altivo e digno antepassado fundador� E, nesse sentido, podemos dizer que a imaginação literária foi decisiva para a criação de uma “comunidade imaginária”, fazendo os brasileiros sentirem-se como um grupo humano coeso, passível de se identifi- car como povo, através de um passado e de tradições comuns. Com isso, a literatura contribuía para a exaltação da nação. Pensando a literatura como fator de identidade nacional, José de Alencar buscou realizar, com sua obra, um levantamento do Brasil. A obra de Alencar transfigurou desde as lendas e mitos da terra selvagem conquistada ( Iracema, O Guarani e Ubirajara ) até a sociedade sua contemporânea, tanto urbana (representada, por exemplo, em Senhora e Lucíola ) quanto rural (representada, por exemplo, em O gaúcho e O sertanejo )� Aderaldo Castello (2004), importante crítico brasileiro, afirma que, a partir do Romantismo e notadamente na obra de Alencar, podemos reconhecer coordenadas temáticas e posições ideológi- cas que caracterizam nossa literatura até hoje�
Nas palavras de Antonio Candido (1969), durante o século XIX, a literatura “foi promovendo uma espécie de grande exploração da vida na cidade e no campo, em todas as áreas, em todas as classes,
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revelando o País aos seus habitantes, como se a intenção fosse elaborar o seu retrato completo e significativo”. Até mesmo a crítica literária – reconhecida em três principais figuras, Sílvio Romero, Araripe Júnior e José Veríssimo – participou do movimento nacionalista promovido pelo Romantismo, “por meio do ‘critério de nacionalidade’, tomado como elemento funda- mental de interpretação e consistindo em definir e avaliar um es- critor ou obra por meio do grau maior ou menor com que exprimia a terra e a sociedade brasileira” (CANDIDO, 2002, p� 116)� Mas ainda no século XIX, começa a problematização da idéia de nacionalismo enquanto exaltação da natureza local e dos seus primeiros habitantes� Já para Machado de Assis, num artigo intitu- lado “Instinto de Nacionalidade” (1873), o nacionalismo não reside na utilização da temática indianista ou da cor local, mas no senti- mento íntimo do escritor em relação a sua terra. O Modernismo foi outro movimento literário brasileiro que contribuiu significativamente para problematizar a identidade da nação e da literatura brasileira. O movimento modernista repensou a literatura brasileira, em seus aspetos formais e temáticos� Revi- sou tanto o modo como a literatura brasileira representou o país, em seus aspectos locais, quanto a forma como a literatura brasilei- ra lidou com as influências estrangeiras, os aspectos externos. As três vertentes temáticas acima assinaladas foram direta- mente atingidas pelas inovações modernistas. O indianismo, que ganhara um tratamento idealizado, passou a ser visto de uma pers- pectiva mais crítica� A personagem indígena deixa de ser europei- zada nas virtudes e nos costumes e passa a ter suas características naturais e primitivas valorizadas� Como explica Antonio Candido, as “nossas deficiências , supostas ou reais, são reinterpretadas como superioridades” ’ (2002, p� 120)� A antropofagia foi uma das imagens que serviu à primeira geração modernista, especificamente a Oswald de Andrade, para reavaliar a formação cultural brasileira. Pela antropofagia (prática comum entre os primeiros habitantes do Brasil), ao devorarem ri- tualmente os seus inimigos, os índios acreditavam assimilar suas qualidades� Tomando esse ritual como metáfora, o movimento mo- dernista sugere a necessidade de a nossa cultura incorporar as di- ferenças, inclusive as estrangeiras, apropriando-se delas delibera- damente, com consciência crítica. Isso significa não simplesmente imitar as formas e os temas da cultura europeia, nem simplesmen- te rejeitá-los, mas aproveitá-los no que têm de enriquecedor para a literatura nacional, valorizando esta em primeiro lugar� A mistura de culturas e influências ganha, então, um caráter positivo, pas- sando também a ser valorizada a qualidade de mestiço do povo brasileiro. Tal valorização fica patente, por exemplo, em Macunaí-
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CANDIDO, Antonio� Formação da literatura brasileira � Momentos de- cisivos� 11ª� ed� Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2007�
______� Literatura e Sociedade � 8ª� ed� São Paulo: T�A� Queiroz, 2002�
______� Iniciação à literatura brasileira � 1996 � Disponível em: < http://antivalor2.vilabol.uol.com.br/textos/outros/candido_index. html > Acesso em: maio de 2009�
_____� Literatura de dois gumes� In: Literatura de dois gumes � 1969 � p� 163-180� Disponível em: < http://antivalor2.vilabol.uol.com.br/ textos/outros/candido_index.html > Acesso em: maio de 2009�
CASTELLO, José Aderaldo� A literatura brasileira � Origens e unidade� São Paulo: Edusp, 2004� 1 vol�
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Para orientar a sua leitura dos textos em estudo nesta semana, ela- boramos as seguintes questões. Busque respondê-las e assim po- derá alcançar uma melhor compreensão do texto e memorizar seus pontos mais importantes�
Olá pessoal, nesta semana, vamos debater questões como: