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Classificação de Obras Literárias: Gêneros e Suas Características, Resumos de Literatura

Este texto discute a classificação de obras literárias em gêneros, destacando a importância da predominância de caracteres sobre a exclusividade. O autor aborda a evolução da literatura ocidental, os primeiros gêneros e suas relações com outras formas de arte. Além disso, ele apresenta a teoria dos gêneros de northrop frye e a perspectiva de cassirer e roman jakobson.

O que você vai aprender

  • Quais são os primeiros gêneros literários e como eles estão relacionados com outras formas de arte?
  • Como Northrop Frye, Cassirer e Roman Jakobson abordam a classificação de obras literárias em gêneros?
  • Qual é a importância da predominância de caracteres sobre a exclusividade na classificação de obras literárias?

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Havaianas81
Havaianas81 🇧🇷

4.6

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UINIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA
FACULDADE DE LETRAS
Disciplina: Fundamentos da Teoria Literária
Professora: Alessandra Conde
Encontro com os alunos de Letras/Parfor, turma de Bragança (2013)
Atividades
1- Ler os textos de Salvatore D’onofrio
1
sobre os Gêneros literários
2
, lírica
3
e narrativa
4
(Ver anexo 6 páginas).
2- Essa divisão da literatura em três gêneros fundamentais é apenas paramétrica ou
didática pois, em verdade, nenhum texto literário é exclusivamente narrativo, lírico ou
dramático. A classificação de uma obra num gênero é feita, não pela exclusividade, mas
apenas pela predominância de uns caracteres sobre outros, tanto é que não está errado
falar de ‘romance dramático’, ‘poema narrativo’ ou ‘drama lírico’”.
Considerando o comentário de Salvatore D’onofrio, no texto sobre a Lírica, realizar
uma dissertação explanando sobre os elementos líricos e narrativos que podem ser
encontrados no episódio de Apolo e Dafne das Metamorfoses de Ovídio. Em conjunto,
produzir uma análise interpretativa do texto.
Texto para a atividade:
Episódio
5
“Apolo e Dafne” (Metamorfoses I, 452-567) Tradução de Raimundo
Carvalho
Dafne penéia foi primeiro amor de Febo,
nascido não do azar, mas da ira de Cupido.
Délio, soberbo após ter vencido a serpente,
1
D’ONOFRIO, Salvatore. Literatura ocidental: autores e obras fundamentais. Rio de Janeiro: Ática,
1990.
2
D’ONOFRIO, Salvatore. Gênero. In: Dicionário de Cultura Básica. Disponível em:
http://pt.wikisource.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_de_Cultura_B%C3%A1sica/G%C3%AAnero.
3
D’ONOFRIO, Salvatore. Lírica. In: Dicionário de Cultura Básica. Disponível em:
http://pt.wikisource.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_de_Cultura_B%C3%A1sica/L%C3%ADrica.
4
D’ONOFRIO, Salvatore. Narrativa. In: Dicionário de Cultura Básica. Disponível em:
http://pt.wikisource.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_de_Cultura_B%C3%A1sica/Narrativa.
5
Segundo Raimundo Carvalho (2010, p. 25), “o episódio, enfim, cria uma chave elegíaca para leitura das
Metamorfoses que, em seu hibridismo de gêneros, acaba por subordinar todos eles (a epopéia, a tragédia,
a comédia, o gênero didático, etc) à poesia erótica, de tal forma que Ovídio nunca efetivamente se afastou
da elegia, mesmo escrevendo apenas hexâmetros.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UINIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA

FACULDADE DE LETRAS

Disciplina: Fundamentos da Teoria Literária Professora: Alessandra Conde

Encontro com os alunos de Letras/Parfor, turma de Bragança (2013)

Atividades

1- Ler os textos de Salvatore D’onofrio^1 sobre os Gêneros literários^2 , lírica^3 e narrativa^4 (Ver anexo – 6 páginas).

2- “Essa divisão da literatura em três gêneros fundamentais é apenas paramétrica ou didática pois, em verdade, nenhum texto literário é exclusivamente narrativo, lírico ou dramático. A classificação de uma obra num gênero é feita, não pela exclusividade, mas apenas pela predominância de uns caracteres sobre outros, tanto é que não está errado falar de ‘romance dramático’, ‘poema narrativo’ ou ‘drama lírico’”.

Considerando o comentário de Salvatore D’onofrio, no texto sobre a Lírica , realizar uma dissertação explanando sobre os elementos líricos e narrativos que podem ser encontrados no episódio de Apolo e Dafne das Metamorfoses de Ovídio. Em conjunto, produzir uma análise interpretativa do texto.

Texto para a atividade:

Episódio^5 “Apolo e Dafne” ( Metamorfoses I, 452-567) – Tradução de Raimundo Carvalho

Dafne penéia foi primeiro amor de Febo, nascido não do azar, mas da ira de Cupido. Délio, soberbo após ter vencido a serpente,

(^1) D’ONOFRIO, Salvatore. Literatura ocidental : autores e obras fundamentais. Rio de Janeiro: Ática,

(^2) D’ONOFRIO, Salvatore. Gênero. In: Dicionário de Cultura Básica. Disponível em:

http://pt.wikisource.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_de_Cultura_B%C3%A1sica/G%C3%AAnero. (^3) D’ONOFRIO, Salvatore. Lírica. In: Dicionário de Cultura Básica. Disponível em:

http://pt.wikisource.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_de_Cultura_B%C3%A1sica/L%C3%ADrica. (^4) D’ONOFRIO, Salvatore. Narrativa. In: Dicionário de Cultura Básica. Disponível em:

http://pt.wikisource.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_de_Cultura_B%C3%A1sica/Narrativa. (^5) Segundo Raimundo Carvalho (2010, p. 25), “o episódio, enfim, cria uma chave elegíaca para leitura das

Metamorfoses que, em seu hibridismo de gêneros, acaba por subordinar todos eles (a epopéia, a tragédia, a comédia, o gênero didático, etc) à poesia erótica, de tal forma que Ovídio nunca efetivamente se afastou da elegia, mesmo escrevendo apenas hexâmetros.

vira-o dobrar o arco com a corda tensa: “Moço lascivo, por que portas armas fortes?”

  • disse – “isto convém aos meus ombros, pois posso, certeiro, ferir feras, como um inimigo, e com muitas flechadas matei Píton hórrida, cujo ventre pestífero um monte ocupava. Contenta-te em, com teu facho, excitar não sei que amores, nem queiras tomar os meus louvores.” Diz o filho de Vênus: “O teu arco, Febo, tudo atinge, e a ti eu; como os animais valem menos que um deus, tua glória é menor que a minha”. Disse e, fendendo o ar com as céleres asas, pousou na umbrosa fortaleza do Parnaso e da aljava tirou dois dardos de diverso efeito; um afugenta, o outro atrai amor. Este é dourado e brilha na ponta afiada; aquele, obtuso, sob o cano contém chumbo. Com este alveja a ninfa penéia, com outro atravessa a medula e os ossos de Apolo. Este ama súbito; do amante aquela foge, se alegrando em caçar feras nas profundezas das selvas; ela, êmula da casta Febe; uma fita envolvia os cabelos revoltos. Muitos a cortejavam; ela os repelia, buscando os bosques ínvios, livre de marido, indiferente a Himeneu, a Amor, e a núpcias. Diz-lhe o deus: “Já que não podes ser minha esposa, serás a minha árvore; sempre a terei nos cabelos, na cítara e aljava, ó loureiro; entre os chefes do Lácio ouvirás os alegres cantos e as triunfais pompas no Capitólio. Serás fiel guardiã do palácio de Augusto, e às portas estarás protegendo o carvalho; como jamais corto os meus cachos juvenis, com perpétua folhagem, serás sempre honrada”.

Anexos:

Textos para a Leitura: Gêneros literários, Lírica e Narrativa.

D’ONOFRIO, Salvatore. Gênero. In: Dicionário de Cultura Básica. Disponível em: http://pt.wikisource.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_de_Cultura_B%C3%A1sica/G%C3% AAnero.

GÊNERO na Literatura: Épica (Narrativa) → Lírica → Drama

Do latim genus , generis , gênero, no seu sentido mais amplo, indica uma classe de seres ou objetos, que possuem características semelhantes ("genérico") e origem comum

antropológicas. Emil Staiger ( Conceitos fundamentais da poética ) afirma que os adjetivos "épico" (ou narrativo), "lírico" e "dramático" são conceitos da ciência da literatura que exprimem virtualidades fundamentais do ser humano, correspondentes, respectivamente, ao domínio do "figurativo" (a história contada é sempre um tempo passado, indicando o distanciamento entre o poeta e o mundo representado), do "emocional" (o lírico é um estado de alma, que exprime o presente da recordação) e do "lógico" (o drama visa o futuro, pois coloca um problema existencial a ser resolvido). Já o filósofo alemão Cassirer ( A filosofia das formas simbólicas ) relaciona os gêneros literários com os três planos da linguagem: o lírico representaria a linguagem na fase da expressão "sensorial" (idade pueril); o épico, a linguagem na fase da expressão "figurativa" (juventude); o dramático, a linguagem na fase da expressão "conceitual" (idade adulta). Roman Jakobson ( Lingüística e Comunicação ), relacionando as funções da linguagem com os fatores da comunicação humana, vê o princípio diferenciador da poesia lírica na predominância da função "emotiva", orientada para a expressão do subjetivismo do emissor; o do gênero narrativo na preferência para a função "referencial", orientada para o contexto objectual; o da poesia dramática na marcação da função "conativa", orientada para o destinatário (espectador). Tal distinção está baseada no fato de que algumas espécies de obras literárias focalizam a pessoa que fala, o eu do narrador (formas líricas); outras, a pessoa a quem se destina a mensagem, o tu do receptor (formas dramáticas); outras, a pessoa de quem se fala, o ele do enunciado (formas épicas e romanescas).

Essa divisão da literatura em três gêneros fundamentais é apenas paramétrica ou didática pois, em verdade, nenhum texto literário é exclusivamente narrativo, lírico ou dramático. A classificação de uma obra num gênero é feita, não pela exclusividade, mas apenas pela predominância de uns caracteres sobre outros, tanto é que não está errado falar de "romance dramático", "poema narrativo" ou "drama lírico". E, também, há outras divisões possíveis: alguns estudiosos preferem a distinção entre obras em versos e obras em prosa; outros, como Northrop Frye ( Anatomia da crítica ), recorrem à teoria dos arquétipos, relacionando a Comédia com o mito da "primavera", o Romance com o mito do "verão", a Tragédia com o mito do "outono", e a Sátira com o mito do "inverno". Em outras passagens da mesma obra, Frye estuda a teoria dos gêneros em seu aspecto formal, dividindo a literatura em quatro gêneros principais: o épos, caracterizado pelo ritmo da "repetição"; a prosa, caracterizada pelo ritmo da "continuidade"; o drama, caracterizado pelo ritmo do "decoro"; e a lírica, caracterizada pelo ritmo da "associação". Já Mikhail Bakhtine sugere uma distinção com base em dois princípios estéticos e ideológicos: monologismo e dialogismo (→ Dialética). As obras de estrutura e de conteúdo monológicos, caracterizadas pela univocidade, expressariam os anseios de um grupo social que acredita nos valores humanos e na possibilidade do conhecimento da verdade, bem como no triunfo do complexo de virtudes que compõem a ideologia social (ordem, beleza, justiça, amor etc.); já as obras de fundo dialógico representariam a contestação, a revolta contra a tradição estético-cultural, por estarem centradas no polimorfismo e na polifonia. Nelas predominam as formas oximóricas, os paradoxos, a irreverência, a relatividade, a descrença nos valores religioso-ético-sociais. O crítico russo sustenta a tese de que as formas e os conteúdos da arte dialógica estão ligados aos ritos e ao espírito do → Carnaval, criando, assim, outra divisão genérica da literatura: as obras "carnavalizadas", em oposição aos textos ideológicos ou conservadores. Bakhtine considera carnavalizado todo o filão das obras que contestam os valores sociais: a sátira menipea dos gregos, os poemas satíricos de Horácio, os romances em língua latina Satíricon e Metamorfoses, a coletânea de contos Decameron,

do trecentista italiano Boccaccio, o romance renascentista Pantagruel e Gargantua, do francês Rabelais, o Dom Quixote, de Cervantes, e toda a grande literatura produzida pelos gênios da arte ficcional, dando particular relevo à obra do maior escritor da sua terra ( A poética de Dostoievski ). Tal bipolaridade pode ser percebida em outros eruditos, embora com uma terminologia diferente: o crítico italiano Umberto Eco chama de "apocaliptos" poetas e prosadores da linha contestatória, dialógica, revolucionária, e de "integrados" os escritores conservadores, que estão mais preocupados em agradar o grande público do que em denunciar os absurdos da condição humana. O filósofo alemão F. Nietzsche, na sua famosa obra Origem da Tragédia, distingue o espírito "dionisíaco" (de Dionísio ou Baco, deus da embriaguez, da desordem) do espírito "apolíneo" (de Apolo, deus da luz, da harmonia). O médico e cientista austríaco Sigmund Freud, estudando a psicologia profunda do ser humano, descobriu o princípio do id, a vontade de satisfazer as forças do instinto, os anseios individuais, em oposição ao superego, a necessidade de obedecer ao conjunto de normas impostas pela sociedade. A literatura, que não deixa de ser uma forma de antropologia, pode ter sua produção examinada e dividida a partir dessas macro-concepções da realidade. Em verbetes específicos (lírica, tragédia, romance, conto, ópera etc) verificamos as peculiaridades das várias formas literárias.

D’ONOFRIO, Salvatore. Lírica. In: Dicionário de Cultura Básica. Disponível em: http://pt.wikisource.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_de_Cultura_B%C3%A1sica/L%C3% ADrica.

LÍRICA (forma de arte e estado de espírito)

Do termo greco-romano "lyra", instrumento musical de corda, em forma de U, que os antigos usavam para acompanhar o canto e a dança, a palavra lírica, ligada à produção artística em versos, é posterior a Aristóteles (séc. IV a.C.), que chamava "mélica" (de melos , melodia), a palavra poética feita para ser cantada. Os primeiros poemas curtos (chamados de mélicos ou líricos e diferenciados dos poemas longos da produção épica, trágica e cômica) estavam relacionados com o culto religioso, sendo cantados diante dos altares ou durante as procissões e festas sagradas. Eram chamados de hinos , os mais famosos sendo o ditirambo ("aquele que nasceu duas vezes", apelido de Dionísio, parido do ventre da princesa tebana Sêmele e da coxa de Júpiter) e o pean , em honra do deus Apolo. Mas, além do sentimento religioso, a poesia lírica servia para salientar todas as atividades humanas importantes: o epinício (celebração de uma vitória esportiva), o encômio (elogio de um varão), o epitalâmio (celebração de núpcias), a elegia (canto fúnebre e sentimento de tristeza), a ode (exaltação da pátria, de um acontecimento importante, da mulher amada). Os gregos cultivaram também o gênero satírico, que chamavam de poesia jâmbica , e distinguiam a lírica "monódica"

Medievalismo), a poesia lírica em língua latina ficou restrita quase exclusivamente ao culto da religião cristã: hinos, salmos, partes da liturgia da missa. Na Baixa Idade Média (do século XI ao XV), com a afirmação das línguas românicas, a Lírica apresenta dois filões: um, autóctone, genuinamente nacional e popular, relacionado com a vida no campo: na língua galego-portuguesa temos o exemplo das "cantigas de amigo". Outro filão, de origem culta, palaciana, surgido no sul da França, na Provença: a famosa lírica trovadoresca (→ Trovadorismo), uma poesia de escola, rebuscada, que exalta a figura da mulher idealizada. A poesia provençal fez muito sucesso, tendo sido imitada por poetas galegos, portugueses, castelhanos, italianos. Só foi destronada pela escola do "dolce stil nuovo", surgida numa região central da Itália, a Toscana, no século XIV. Poetas como Guido Guinizelli, Guido Cavalcanti, Dante Alighieri e Francesco Petrarca sentiram a necessidade de quebrar o formalismo da escola trovadoresca, fazendo com que a palavra poética fosse a real expressão do sentimento. O maior lírico da última fase da Idade Média foi Petrarca (1304–1374), primeiro grande poeta introspectivo de língua neolatina. E fez escola: o "petrarquismo" foi a moda poética que predominou na Europa até o advento do romantismo. O Renascimento, o Barroco e o Arcadismo, que formam o período clássico da cultura moderna, retomam os filões líricos da Baixa Idade Média (trovadorismo, estilnovismo, petrarquismo, bucolismo), acrescentando-lhes a imitação de formas e conteúdos da antiga poesia greco-romana, ressuscitada pelos humanistas. Entre os poetas líricos de maior destaque, citamos: Lorenzo dei Medici (1449–1492), Angelo Poliziano (1454–1494), Jacopo Sannazzaro (1453–1530), Torquato Tasso (1554–1595), Garcilaso de la Vega (1503–1536>, Luís Vaz de Camões (1524–1580), Dom Luis de Gongora y Argote (1561–1627), Francisco de Quevedo y Villegas (1580– 1645), Giambattista Marino (1589–1625), John Donne (1.573–1631), Metastásio (1698–1782), Bocage (1765–1805).

D’ONOFRIO, Salvatore. Narrativa. In: Dicionário de Cultura Básica. Disponível em: http://pt.wikisource.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_de_Cultura_B%C3%A1sica/Narrativa

NARRATIVA

" Inumeráveis são as narrativas do mundo! " (Roland Barthes)

Do verbo latino narrare , uma narrativa é uma história real ou imaginária (mito), um fato, um acontecimento contado por alguém para ouvintes, leitores ou espectadores, sendo os episódios vividos por pessoas ou personagens num tempo e num espaço. Nesse sentido amplo, o conceito de narrativa não se restringe apenas ao romance, conto ou poema épico, mas abrange também outras formas menores de literatura e também escritos de outras áreas de conhecimento, incluindo não apenas as artes, mas também a filosofia e as ciências: cinema (a história através da imagem móvel), teatro (a encenação dos fatos), pintura (os episódios de vida representados pela imagem fixa, a Via Crucis de Cristo, por exemplo), histórias em quadrinhos (banda desenhada), biografia, crônica, memorial. Sem falar da história sagrada, sendo as várias religiões as maiores produtoras

de narrativas fantásticas e didáticas. A narrativa está presente na nossa conversa cotidiana, em todos os tempos e em todos os lugares, em qualquer tipo de agrupamento humano, sendo a forma mais comum de comunicação e de transmissão do saber. Quanto ao estudo da narrativa como gênero literário (Narratologia), distinto do lírico e do dramático, ele pode ser feito quer através da análise de seus elementos internos, estruturais (abordagem textual ou sincrônica), quer através da pesquisa sobre a evolução de suas formas ao longo do tempo (visão diacrônica). No primeiro caso, consultar os verbetes texto, narrador, mito, personagem, tempo, espaço. No segundo caso, ver epopéia, romance, conto, novela, crônica. Pode-se também estudar a tipologia narrativa, tendo em conto a predominância de um elemento estrutural sobre outros: romance ou conto de ação, de personagem, de espaço, de tempo, de introspecção psicológica; ou sua temática: romance de amor, de aventura, de capa e espada, policial, de suspense, de terror etc. Enfim, como disse Roland Barthes, "inumeráveis são as narrativas do mundo"! Fundamental é que, em qualquer narrativa a ser estudada, especialmente num texto literário, distingamos, sempre, o Plano da Enunciação ou do Discurso (→ Narrador), centrado sobre o personagem que conta os fatos ou exprime idéias e sentimentos, do Plano do Enunciado ou da história (→ Mito), composto pelo conjunto dos fatos narrados.