






Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Livro completo Filosofia Grega
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
1 / 12
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Diferenciar conhecimento e misticismo. Identificar os principais filósofos da Grécia Antiga. Comparar o método filosófico dos principais filósofos da Grécia Antiga.
Introdução
A diferenciação entre o conhecimento efetivo acerca da realidade e o que não pode ser comprovado existe ao menos desde a Grécia Antiga. Tal problematização permitiu compreender o que é ciência e o que são questões de fé, gerando a distinção entre mito e filosofia. As correntes da filosofia, em suas mais diversas vertentes, valorizam, como você sabe, a reflexão racional. Neste capítulo, você vai verificar o que diferencia o conhecimento de crenças individuais e místicas e como tal diferenciação se deu na Grécia Antiga. Você também vai conhecer os principais filósofos da Antiguidade Clássica e ver como as suas teorias se distinguem. Além disso, você vai verificar como os métodos utilizados por esses pensadores os auxiliaram a chegar ao que acreditavam ser o conhecimento.
Conhecimento e misticismo
Se hoje existe alguma diferenciação entre conhecimento e misticismo, tanto no âmbito das discussões cotidianas quanto no universo científico, os respon- sáveis são os gregos antigos. Na atualidade, é comum diferenciar pareceres científicos de opiniões, ou mesmo distanciar crenças individuais de postulados universais científicos. Crenças relacionadas a narrativas lendárias, bruxaria e discursos religiosos, por exemplo, apesar de terem um grande valor social,
filosófico vai ganhando espaço. A princípio, advém das cidades de Mileto e Éfeso, que eram pontos comerciais por serem cidades portuárias. Portanto, nessas cidades, acontecia o entrecruzamento cultural, pois os viajantes atracavam ali. As primeiras escolas filosóficas surgiram em Mileto e Éfeso. Pensadores como Tales de Mileto e Heráclito de Éfeso foram alunos e representantes da Escola Jônica, situada na cidade de Mileto (BORNHEIM, 1998). Para os filósofos pré-socráticos, a realidade deveria ser explicada causalmente a partir da natureza, do mundo, enfim, dela mesma. Portanto, as teorias desses pensadores partiam de reflexões sobre alguns temas específicos. Veja a seguir.
Cosmologia: é o ramo do conhecimento que estuda a estrutura, a origem e a evolução do universo, bem como as suas causas, ou seja, o que ocasiona o surgimento, as relações, a materialidade de tudo o que existe. Kinesis : é movimento, devir. Em específico para os filósofos jônios, era possível compreender, por meio da natureza, o elemento regulador das mudanças em suas diferentes materialidades e aspectos. Physis : pode ser compreendida como natureza, entretanto o seu sig- nificado é abrangente. A physis tinha relação, para os gregos, com o movimento. Ou seja, consistia na força e no movimento de fazer surgir, de mudar e de ordenar. Assim, a physis seria a responsável pela ordem, pela forma e por dar lugar a outros devires no mundo. Por exemplo: para haver o crepúsculo, é necessário que haja dia e noite. Arché : em sua acepção geral, de acordo com o significado literal da palavra grega, a arché pode ser compreendida como aquilo que dá origem a tudo, como o começo. Nesse sentido, esse princípio originário é o que possibilita o surgimento de tudo que há na physis , assim como o fim de todas as coisas. Ainda que inapreensível, a arché grega é a própria condição da possibilidade de existência das coisas. Logos : é a reflexão racional acerca do universo, da pólis e do homem grego.
Tal cenário filosófico, no entanto, acaba por se bifurcar após a ascensão de Péricles ao governo ateniense: o chamado período clássico, ou período socrá- tico, traz a dimensão política e ética como objeto de preocupação, dividindo espaço com a filosofia pré-socrática, que aos poucos foi sendo abandonada (BORNHEIM, 1998).
O livro de Homero intitulado Odisseia narra a saga de Odisseu (que no mito romano se chama Ulisses), um dos grandes heróis da Guerra de Troia. A narrativa conta como foi o retorno de Odisseu à sua terra natal, Ítaca. No poema, Odisseu passa por vários lugares e várias situações em que se misturam elementos da realidade e da mitologia. Essa obra é uma das principais da Antiguidade Grega (JAEGER, 2013).
Principais filósofos da Grécia Antiga
A filosofia grega é dividida em períodos. Cada período é orientado por uma compreensão e por uma problematização acerca do mundo e do ser humano. Assim, cada um deles trouxe reflexões que contribuíram para o desenvolvi- mento do pensamento filosófico. É comum, por exemplo, surgirem, ao longo da história da filosofia, problematizações que trazem teorias do pensamento grego que, à primeira vista, parecem já ter sido esgotadas. Isso demonstra que o pensamento grego é fonte inesgotável de reflexão, oferecendo diferentes releituras e interpretações, além de novos desdobramentos. O primeiro período da filosofia grega trouxe avanços epistêmicos que contri- buíram para o entendimento da natureza e para a compreensão do mundo a partir da physis. Nesse contexto, alguns pensadores se destacaram. Tales , por exemplo, foi aluno da escola de Mileto e ficou conhecido pela teoria que afirma que a água é a physis , ou seja, a origem de tudo. Tales também ficou conhecido por introduzir reflexões matemáticas de origem oriental, uma vez que Mileto era uma cidade em que acontecia uma grande confluência cultural na época (BORNHEIM, 1998). Outro pensador que ganhou destaque no pensamento grego pré-socrático foi Anaximandro , responsável por aperfeiçoar o relógio de sol, produzir o primeiro mapa geográfico e, por fim, teorizar o universo a partir de uma arché que seria o conceito de apeirón (ilimitado). Ou seja, para ele, o princípio originário do mundo seria o movimento eterno, que tenderia a equilibrar os pontos divergentes: “[...] significaria a afirmação da lei do equilíbrio universal, garantida através do processo de compensação dos excessos (por exemplo, no inverno, o frio seria compensador dos excessos cometidos pelo calor durante o verão)” (BORNHEIM, 1998, p. 20). Outro pensador que se destaca entre os pré-socráticos é Pitágoras de Samos. Mais conhecido pelo seu teorema matemático, Pitágoras também foi autor de uma teoria que misturava divindade, harmonia, matemática e beleza.
A obra de Platão apresenta a decadência da democracia ateniense, bem como dos valores sociais e culturais do período. Ele é autor da obra intitulada República , em que apresenta o modelo de uma sociedade ideal: “[...] [a] tirania, contudo, é teorizada não apenas como resultado de tal decadência [democrá- tica], mas como ‘o ideal negativo da vida política’, por ser modelo da ‘destruição da vida pública pela lógica dos desejos’ (BIGNOTTO, 1998 apud REIS, 2018, documento on-line ). A decadência da democracia ateniense se dá, segundo Platão (2014), no contexto da condenação de Sócrates à morte sob a acusação de corrupção da juventude e não culto aos deuses. Dessa forma, a primeira fase da obra platônica consiste em comunicar as ideias de Sócrates, bem como as críticas socráticas à política e ao estilo de vida da sociedade ateniense. Posteriormente, Platão se dedica ao estudo da geometria e à sua famosa teoria das ideias. Na última fase de sua obra, ele chega a uma reflexão mais crítica em relação ao pensamento socrático: o método desenvolvido por Sócrates se mostra insuficiente como meio para se garantir um sistema de conhecimento, pois conhecer não é só se chegar à verdade, mas também reencontrar o ser. Dito de outro modo: ao se buscar a verdade, também se busca o ser, visto que a verdade é o que é e a não verdade é o que não é. Depois de Platão, começa o período da filosofia aristotélica (NUNES, 2017). Aristóteles foi discípulo de Platão, entretanto a sua filosofia tem um caráter mais realista em relação à compreensão do mundo e do homem. Ou seja, enquanto a filosofia platônica propõe um sistema de conhecimento baseado nas ideias, Aristóteles busca compreender o mundo a partir do próprio mundo e da natureza, bem como compreender os humanos a partir de suas relações entre si (JAEGER, 2013). Assim, a sua teoria apresenta uma relação empírica com a realidade e é a partir dessa interpretação que Aristóteles desenvolve a sua concepção de ética, de verdade, de ciência e de poética.
O método dos principais filósofos da Grécia Antiga
A distinção entre os métodos elaborados pelos filósofos da Grécia Antiga é devida às suas diferentes formações e influências e ao avanço intelectual do período em que viveram. Ou seja, o contexto intelectual, social e cultural de cada período trazia questões e problematizações diferentes. Assim, cada período do pensamento grego emprega uma problemática, um método de pesquisa e uma estrutura de sistema de conhecimento: cada filósofo e cada
período devem ser lidos de acordo com as preocupações do seu contexto. Nesse sentido, um filósofo pré-socrático não deve ser interpretado com vistas às suas semelhanças com um filósofo pós-socrático. Isso significa dizer que cada filósofo se ocupou de aspecto do conhecimento, ainda que filósofos como Platão e Aristóteles tenham desenvolvido um sistema mais amplo de conhecimento. Com Sócrates, surgem os métodos mais conhecidos da história do pensa- mento grego antigo. Sócrates era conhecido por suas abordagens e perguntas aos cidadãos de Atenas (JAEGER, 2013). Na então jovem democracia, era comum ver oradores, sofistas e políticos debatendo publicamente. Sócrates incomodava-se com a falta de preocupação com a verdade única e com a manipulação das pessoas, principalmente dos jovens. Assim, ele andava pela cidade questionando os cidadãos com perguntas como: “o que é o bem?”, “o que é a virtude?”, “é possível conhecer a verdade?”. Essa abordagem ficou conhecida como dialética , que consiste em chegar a uma síntese a partir de duas posições antagônicas, ou seja, opostas. Quando você aborda alguém com perguntas, esse alguém busca respondê- -las, não é? Dessa forma, se estabelece um diálogo em busca de uma síntese, que seria um parecer final acerca das duas posições iniciais. Outro aspecto da abordagem socrática é a ironia: ao perguntar aos cidadãos coisas tidas como óbvias (“o que é ser bom?”), Sócrates se colocava como não conhe- cedor de nada, o que acabava levando os interlocutores a responderem, então ele devolvia com outra pergunta (o que é conhecido como método de retórica socrática ). Sócrates comparava o seu método dialético à profissão de sua mãe, que foi parteira: ele dizia que dava à luz o conhecimento. Por isso, chamou seu método de “maiêutica”, termo de origem grega que faz alusão ao parto. A partir do pensamento socrático, Platão (2000), mais especificamente nos livros VI e VII, afirma que o conhecimento/essência de tudo também é alcan- çável por meio da filosofia. Assim, é abandonando a crença nas sensações e na experiência que se chega ao conhecimento verdadeiro. Desse modo, segundo Platão (2000), a verdade encontra-se no mundo das ideias, e é fazendo uso da racionalidade que se pode contemplar a essência das coisas para longe dos enganos das sensações. Portanto, é por meio do debate, da dialética, que se chega a uma ideia comum, universal, e desse modo se alcança o conhecimento verdadeiro, que, segundo Platão (2000), é equivalente ao bem. Mas é com Aristóteles que se vê uma compreensão que, de fato, rompe com vários ideais socráticos e platônicos. Aristóteles foi o filósofo grego que mais desenvolveu métodos (JAEGER, 1963), seja pela amplitude de sua obra
BORNHEIM, G. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1998.
BORTOLINI, R. W.; NUNES, C. A Paideia grega: aproximações teóricas sobre o ideal de formação do homem grego. Filosofia e Educação, v. 10, n. 1, jan./abr. 2018. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/download/.../17695/. Acesso em: 21 jul. 2019.
JAEGER, W. Aristóteles: bases para la historia de su desarrollo intelectual. México, Panuco: Fondo de Cultura Economica, 1963.
JAEGER, W. Paidéia: a formação do homem grego. 6. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.
NUNES, C. Da filosofia do amor ao amor à filosofia. Campinas: Librum Edições & Edições Brasílica, 2017.
PLATÃO. Apologia de Sócrates. Porto Alegre: L&PM, 2014.
PLATÃO. A república ou sobre a Justiça, diálogo político. Belém: Universitária UFPA, 2000.
PLATÃO. Protágoras. Fortaleza: Edições UFC, 1986.
REIS, M. Democracia grega: a antiga Atenas (séc. V A. C. ). Sapere Aude, v. 9, n. 17, jan./ jun. 2018. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/ view/17648. Acesso em: 21 jul. 2019.
SÓCRATES, Platão e Aristóteles: documentário filósofos e a educação. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (25 min). Publicado pelo canal Rony Historiador. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=6s2yErEe7tc. Acesso em: 21 jul. 2019.