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Febre Reumática: Fisiopatologia, Sinais, Sintomas e Mecanismo Autoimune, Notas de estudo de Medicina

A febre reumática, uma complicação da infecção por estreptococos do grupo a, detalhando sua fisiopatologia, sinais e sintomas, e o mecanismo autoimune que a desencadeia. O texto descreve as diferentes manifestações clínicas da doença, incluindo cardite, poliartrite, nódulos subcutâneos e coreia de sydenham, e discute os critérios de jones para o diagnóstico. Além disso, o documento aborda o tratamento da febre reumática, incluindo o uso de antibióticos, salicilatos e corticoides, e a importância da profilaxia para prevenir recidivas.

Tipologia: Notas de estudo

2021

À venda por 17/12/2024

emilly-silva-52
emilly-silva-52 🇧🇷

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APG S4P3: Febre Reumática
Entender a fisiopatologia da febre reumática, bem
como seus principais sinais e sintomas;
Compreender o mecanismo autoimune da febre
reumática.
FISIOPATOLOGIA DA FR:
Febre reumática (FR) é uma complicação da reação imune
à infecção faríngea por estreptococos do ß hemolíticos do
grupo A (EGA - organismos gram-positivos que nascem em
cadeias alongadas).
O aspecto mais grave da FR é o desenvolvimento de
problemas valvares crônicos, que acarretam
disfunção cardíaca irreversível e, em alguns casos,
causam insuficiência cardíaca fatal depois de alguns
anos.
Embora a FR seja rara nos países desenvolvidos,
ainda é problema significativo de saúde nos países
em desenvolvimento, nos quais ainda prevalecem
serviços de saúde precários, desnutrição e
condições de moradia em aglomerações.
PATOGÊNESE:
Os estreptococos ß hemolíticos são subdivididos em vários
grupos sorológicos com base em seus antígenos
polissacarídeos da parede celular.
Produtos extracelulares: Os estreptococos do grupo A
secretam toxinas e enzimas que, à exceção da
estreptolisina S e da esterase, são todas antigênicas. Os
anticorpos produzidos por indução desses antígenos são
utilizados como marcadores de infecções estreptocócicas
recentes. Os principais produtos extracelulares, suas
ações e efeitos patogênicos são:
Estreptolisina O: ação antigênica e hemolisante. É
cardiotóxica, letal em animais;
Estreptolisina S: efeito leucotóxico, letal em
animais;
Estreptoquinase: exerce ação lítica no coágulo de
fibrina, favorecendo a difusão de germes nos
tecidos. Provoca hipersensibilidade;
Hialuronidase: despolimeriza o ácido hialurônico
da substância fundamental, promovendo difusão
do germe com conseqüente linfangite e celulite;
Desoxirribonucleases A, B, C e D: a D é espécie-
específica, produzindo exsudato purulento;
Toxina eritrogênica: responsável pelas
manifestações cutâneas da escarlatina; g) outros:
proteinases, nicotinamida-adenina-
dinucleotidases e estreptocina A.
Aparentemente, os anticorpos dirigidos contra a
proteína M de algumas cepas dos estreptococos têm
reatividade cruzada com os antígenos glicoproteicos do
coração, das articulações e de outros tecidos,
produzindo uma reação autoimune por um fenômeno
conhecido como mimetismo molecular.
O início dos sintomas é em aproximadamente 2 a 3
semanas depois da infecção.
FATORES DE RISCO:
Embora apenas uma porcentagem pequena dos
pacientes com faringite não tratada e causada por
EGA desenvolva FR, a incidência de recidivas com
as infecções subsequentes não tratadas é
expressivamente maior.
Essas observações e estudos mais recentes
sugerem uma predisposição genética à doença.
Além disso, fatores ambientais podem afetar o
desenvolvimento da FR.
Alguns estudos demonstraram que pacientes que
vivem em áreas aglomeradas, inclusive barracas
militares, têm incidência mais alta de FR em razão
da virulência acentuada e da transmissão rápida.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
A FR pode evidenciar-se por uma doença aguda,
recidivante ou crônica.
A fase aguda da FR inclui história de uma infecção
estreptocócica desencadeante e acometimento
subsequente dos componentes do tecido conjuntivo
do coração, dos vasos sanguíneos, das articulações e
das estruturas subcutâneas. Uma anormalidade
comum a todas as estruturas afetadas é uma lesão
conhecida como corpo de Aschoff que consiste em
uma área localizada de necrose tissular circundada
por células imunes.
Em geral, o estágio redicivante consiste na
progressão dos efeitos cardíacos da doença.
A fase crônica da FR caracteriza-se por deformidade
irreversível das valvas cardíacas e é uma causa
comum de estenose da valva mitral. A CR crônica
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 Entender a fisiopatologia da febre reumática, bem como seus principais sinais e sintomas;  Compreender o mecanismo autoimune da febre reumática.

FISIOPATOLOGIA DA FR:

Febre reumática (FR) é uma complicação da reação imune à infecção faríngea por estreptococos do ß hemolíticos do grupo A (EGA - organismos gram-positivos que nascem em cadeias alongadas).  O aspecto mais grave da FR é o desenvolvimento de problemas valvares crônicos, que acarretam disfunção cardíaca irreversível e, em alguns casos, causam insuficiência cardíaca fatal depois de alguns anos.  Embora a FR seja rara nos países desenvolvidos, ainda é problema significativo de saúde nos países em desenvolvimento, nos quais ainda prevalecem serviços de saúde precários, desnutrição e condições de moradia em aglomerações. PATOGÊNESE: Os estreptococos ß hemolíticos são subdivididos em vários grupos sorológicos com base em seus antígenos polissacarídeos da parede celular. Produtos extracelulares : Os estreptococos do grupo A secretam toxinas e enzimas que, à exceção da estreptolisina S e da esterase, são todas antigênicas. Os anticorpos produzidos por indução desses antígenos são utilizados como marcadores de infecções estreptocócicas recentes. Os principais produtos extracelulares, suas ações e efeitos patogênicos são:  Estreptolisina O: ação antigênica e hemolisante. É cardiotóxica, letal em animais;  Estreptolisina S: efeito leucotóxico, letal em animais;  Estreptoquinase: exerce ação lítica no coágulo de fibrina, favorecendo a difusão de germes nos tecidos. Provoca hipersensibilidade;  Hialuronidase: despolimeriza o ácido hialurônico da substância fundamental, promovendo difusão do germe com conseqüente linfangite e celulite;  Desoxirribonucleases A, B, C e D: a D é espécie- específica, produzindo exsudato purulento;  Toxina eritrogênica: responsável pelas manifestações cutâneas da escarlatina; g) outros: proteinases, nicotinamida-adenina- dinucleotidases e estreptocina A. Aparentemente, os anticorpos dirigidos contra a proteína M de algumas cepas dos estreptococos têm reatividade cruzada com os antígenos glicoproteicos do coração, das articulações e de outros tecidos, produzindo uma reação autoimune por um fenômeno conhecido como mimetismo molecular. O início dos sintomas é em aproximadamente 2 a 3 semanas depois da infecção. FATORES DE RISCO:  Embora apenas uma porcentagem pequena dos pacientes com faringite não tratada e causada por EGA desenvolva FR, a incidência de recidivas com as infecções subsequentes não tratadas é expressivamente maior.  Essas observações e estudos mais recentes sugerem uma predisposição genética à doença.  Além disso, fatores ambientais podem afetar o desenvolvimento da FR.  Alguns estudos demonstraram que pacientes que vivem em áreas aglomeradas, inclusive barracas militares, têm incidência mais alta de FR em razão da virulência acentuada e da transmissão rápida. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:  A FR pode evidenciar-se por uma doença aguda, recidivante ou crônica. A fase aguda da FR inclui história de uma infecção estreptocócica desencadeante e acometimento subsequente dos componentes do tecido conjuntivo do coração, dos vasos sanguíneos, das articulações e das estruturas subcutâneas. Uma anormalidade comum a todas as estruturas afetadas é uma lesão conhecida como corpo de Aschoff que consiste em uma área localizada de necrose tissular circundada por células imunes. Em geral, o estágio redicivante consiste na progressão dos efeitos cardíacos da doença. A fase crônica da FR caracteriza-se por deformidade irreversível das valvas cardíacas e é uma causa comum de estenose da valva mitral. A CR crônica

geralmente não se desenvolve antes de no mínimo 10 anos depois do primeiro episódio, algumas vezes décadas depois. A maioria dos pacientes com FR refere história de infecção da faringe, cefaleia, febre (38,5 a 40°C), dor abdominal, náuseas, vômitos, inflamação dos linfonodos (em geral, no ângulo da mandíbula), assim como outros sinais e sintomas de infecção estreptocócica. Outras manifestações clínicas associadas a um episódio agudo de FR estão relacionadas com o processo inflamatório agudo e as estruturas afetadas pela doença. A evolução da doença caracteriza-se por um conjunto de anormalidades, inclusive poliartrite migratória das grandes articulações, cardite, eritema marginado, nódulos subcutâneos e coreia de Sydenham. Os marcadores laboratoriais de inflamação aguda incluem leucocitose e elevações da VHS e da PCR. Esses níveis altos dos reagentes da fase aguda não são específicos de FR, mas fornecem sinais de uma reação inflamatória aguda. Poliartrite: Em 75% dos casos, é a manifestação clínica mais comum da FR e, muitas vezes, também a primeira queixa. Nos adolescentes e nos adultos, poliartrite pode ser o único critério maior. A artrite pode variar de artralgia à artrite incapacitante e, na maioria dos casos, acomete as articulações maiores, especialmente joelhos e tornozelos, embora menos frequentemente possa afetar punhos, cotovelos, ombros e quadris. A artrite quase sempre é migratória, ou seja, afeta uma articulação e depois outra. Quando não é tratada, a artrite persiste por cerca de 4 semanas. Um aspecto marcante da artrite reumática é a melhora dramática (em geral, dentro de 48 h) com o uso de salicilatos. Em geral, a artrite regride por completo e não causa sequelas funcionais. Cardite. A cardite reumática aguda, que complica a fase aguda da FR, pode afetar o endocárdio, o miocárdio ou o pericárdio. O acometimento do endocárdio e das estruturas valvares causa os efeitos incapacitantes irreversíveis dessa doença. Na maioria dos casos, a cardite evidencia-se por regurgitação mitral e, menos comumente, regurgitação aórtica, embora todas as quatro valvas possam ser afetadas. Durante o estágio inflamatório agudo da doença, as estruturas valvares tornam-se eritematosas e inflamadas e formam-se pequenas lesões vegetativas nas válvulas. Aos poucos, as alterações inflamatórias agudas levam à formação de tecidos cicatriciais fibróticos, que tendem a contrair e causar deformidades das válvulas e encurtamento da cordoalha tendínea. Em alguns casos, as bordas ou as comissuras das válvulas fundem-se à medida que as lesões cicatrizam. Nódulos subcutâneos: Os nódulos subcutâneos são duros, indolores e livremente móveis e, em geral, aparecem nas superfícies extensoras das articulações do punho, cotovelo, tornozelo e joelho, com dimensões variando entre 0,5 a 2 cm de diâmetro. Os nódulos subcutâneos raramente ocorrem sem outras manifestações da FR e, na maioria dos casos, estão associados a cardite moderada a grave. Eritema marginado: As lesões do eritema marginado são áreas maculosas com formato geográfico, localizadas mais comumente no tronco ou nas superfícies internas do braço e da coxa, mas nunca na face. Essas lesões aparecem nos estágios iniciais de um episódio de FR e tendem a ocorrer com os nódulos subcutâneos e também com cardite. O eritema marginado é transitório e desaparece ao longo da evolução da doença. Coreia de Sydenham: Coreia de Sydenham é a manifestação neurológica central da FR e ocorre mais comumente nas meninas, raramente depois da idade de 20 anos. Nos casos típicos, há início insidioso de irritabilidade e outros distúrbios comportamentais. Em geral, a criança é irritável, chora facilmente, começa a caminhar desajeitadamente e deixa os objetos caírem. Os movimentos coreiformes são movimentos espasmódicos espontâneos, rápidos e involuntários, que interferem com as atividades voluntárias. Caretas faciais são comuns e até mesmo a fala pode ser afetada. A coreia é autolimitada, geralmente com evolução ao longo de semanas ou meses, mas as recidivas são frequentes. DIAGNÓSTICO: Nenhum exame laboratorial é específico para estabelecer o diagnóstico de FR. Em razão da ocorrência de diversos sinais e sintomas, os critérios diagnósticos de Jones prestam-se a facilitar a padronização do diagnóstico da FR.  Os critérios de Jones subdividem as manifestações clínicas dessa doença em critérios maiores e menores com base em sua prevalência e especificidade.

MECANISMO AUTOIMUNE DA FEBRE REUMÁTICA:

A resposta imunológica à maioria dos antígenos estreptocócicos é elevada. A complexidade da resposta imune humoral é corroborada pela quantidade de determinantes antigênicos expressos pela molécula de peptideoglicano da parede celular bacteriana, estimada em 5. PROTEÍNA M: Desde a metade do século, demonstrou-se a existência de anticorpos contra o tecido cardíaco no soro de pacientes com FR. Por meio de estudos com a proteína M sintética, provaram a existência de epítopos (a menor porção de antígeno com potencial para gerar resposta imune, é nesta área que os receptores celulares dos linfócitos T e os anticorpos (linfócitos B) se ligam à molécula do antígeno) cardíacos que reagiam de forma cruzada com antígenos da bactéria, especialmente a própria proteína M. Embora esses resultados salientem a importância da proteína M na patogenia da FR, antígenos não relacionados à proteína M também apresentam determinantes imunológicos comuns ao tecido miocárdico. PRINCIPAIS TIPOS DE REAÇÃO CRUZADA QUE OCORREM NA FR:  Os anticorpos produzidos contra os polissacarídeos da parede celular bacteriana reagem cruzadamente com as glicoproteínas das valvas cardíacas;  Os antígenos da membrana citoplasmática do estreptococo induzem à formação de anticorpos que reagem cruzadamente contra o sarcolema das células do músculo estriado e liso, presentes no endocárdio e na camada média arterial;  A cápsula de ácido hialurônico reage cruzadamente com o tecido sinovial e cartilagem;  Proteína M reage através de epítopo comum já identificado com a tropomiosina e miosina determinando a miocardite reumática;  Membrana citoplasmática reage com os núcleos subtalâmico e caudado, possivelmente levando à coreia;  Existem ainda outras características imunológicas importantes do estreptococo do grupo A, como a ativação de granulócitos desencadeada pela sua cápsula;  Os peptideoglicanos, além de reagirem de forma cruzada amplificam a resposta imunológica do hospedeiro;  Os produtos extracelulares também modificam a resposta imune como ocorre com a estreptolisina S, que é tóxica para linfócitos CD4. http://www.arquivosonline.com.br/pesquisartigos/ Pdfs/1994/V63N4/63040011.pdf Fisiopatologia - PORTH