


Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
A febre reumática, uma complicação da infecção por estreptococos do grupo a, detalhando sua fisiopatologia, sinais e sintomas, e o mecanismo autoimune que a desencadeia. O texto descreve as diferentes manifestações clínicas da doença, incluindo cardite, poliartrite, nódulos subcutâneos e coreia de sydenham, e discute os critérios de jones para o diagnóstico. Além disso, o documento aborda o tratamento da febre reumática, incluindo o uso de antibióticos, salicilatos e corticoides, e a importância da profilaxia para prevenir recidivas.
Tipologia: Notas de estudo
1 / 4
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Entender a fisiopatologia da febre reumática, bem como seus principais sinais e sintomas; Compreender o mecanismo autoimune da febre reumática.
Febre reumática (FR) é uma complicação da reação imune à infecção faríngea por estreptococos do ß hemolíticos do grupo A (EGA - organismos gram-positivos que nascem em cadeias alongadas). O aspecto mais grave da FR é o desenvolvimento de problemas valvares crônicos, que acarretam disfunção cardíaca irreversível e, em alguns casos, causam insuficiência cardíaca fatal depois de alguns anos. Embora a FR seja rara nos países desenvolvidos, ainda é problema significativo de saúde nos países em desenvolvimento, nos quais ainda prevalecem serviços de saúde precários, desnutrição e condições de moradia em aglomerações. PATOGÊNESE: Os estreptococos ß hemolíticos são subdivididos em vários grupos sorológicos com base em seus antígenos polissacarídeos da parede celular. Produtos extracelulares : Os estreptococos do grupo A secretam toxinas e enzimas que, à exceção da estreptolisina S e da esterase, são todas antigênicas. Os anticorpos produzidos por indução desses antígenos são utilizados como marcadores de infecções estreptocócicas recentes. Os principais produtos extracelulares, suas ações e efeitos patogênicos são: Estreptolisina O: ação antigênica e hemolisante. É cardiotóxica, letal em animais; Estreptolisina S: efeito leucotóxico, letal em animais; Estreptoquinase: exerce ação lítica no coágulo de fibrina, favorecendo a difusão de germes nos tecidos. Provoca hipersensibilidade; Hialuronidase: despolimeriza o ácido hialurônico da substância fundamental, promovendo difusão do germe com conseqüente linfangite e celulite; Desoxirribonucleases A, B, C e D: a D é espécie- específica, produzindo exsudato purulento; Toxina eritrogênica: responsável pelas manifestações cutâneas da escarlatina; g) outros: proteinases, nicotinamida-adenina- dinucleotidases e estreptocina A. Aparentemente, os anticorpos dirigidos contra a proteína M de algumas cepas dos estreptococos têm reatividade cruzada com os antígenos glicoproteicos do coração, das articulações e de outros tecidos, produzindo uma reação autoimune por um fenômeno conhecido como mimetismo molecular. O início dos sintomas é em aproximadamente 2 a 3 semanas depois da infecção. FATORES DE RISCO: Embora apenas uma porcentagem pequena dos pacientes com faringite não tratada e causada por EGA desenvolva FR, a incidência de recidivas com as infecções subsequentes não tratadas é expressivamente maior. Essas observações e estudos mais recentes sugerem uma predisposição genética à doença. Além disso, fatores ambientais podem afetar o desenvolvimento da FR. Alguns estudos demonstraram que pacientes que vivem em áreas aglomeradas, inclusive barracas militares, têm incidência mais alta de FR em razão da virulência acentuada e da transmissão rápida. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A FR pode evidenciar-se por uma doença aguda, recidivante ou crônica. A fase aguda da FR inclui história de uma infecção estreptocócica desencadeante e acometimento subsequente dos componentes do tecido conjuntivo do coração, dos vasos sanguíneos, das articulações e das estruturas subcutâneas. Uma anormalidade comum a todas as estruturas afetadas é uma lesão conhecida como corpo de Aschoff que consiste em uma área localizada de necrose tissular circundada por células imunes. Em geral, o estágio redicivante consiste na progressão dos efeitos cardíacos da doença. A fase crônica da FR caracteriza-se por deformidade irreversível das valvas cardíacas e é uma causa comum de estenose da valva mitral. A CR crônica
geralmente não se desenvolve antes de no mínimo 10 anos depois do primeiro episódio, algumas vezes décadas depois. A maioria dos pacientes com FR refere história de infecção da faringe, cefaleia, febre (38,5 a 40°C), dor abdominal, náuseas, vômitos, inflamação dos linfonodos (em geral, no ângulo da mandíbula), assim como outros sinais e sintomas de infecção estreptocócica. Outras manifestações clínicas associadas a um episódio agudo de FR estão relacionadas com o processo inflamatório agudo e as estruturas afetadas pela doença. A evolução da doença caracteriza-se por um conjunto de anormalidades, inclusive poliartrite migratória das grandes articulações, cardite, eritema marginado, nódulos subcutâneos e coreia de Sydenham. Os marcadores laboratoriais de inflamação aguda incluem leucocitose e elevações da VHS e da PCR. Esses níveis altos dos reagentes da fase aguda não são específicos de FR, mas fornecem sinais de uma reação inflamatória aguda. Poliartrite: Em 75% dos casos, é a manifestação clínica mais comum da FR e, muitas vezes, também a primeira queixa. Nos adolescentes e nos adultos, poliartrite pode ser o único critério maior. A artrite pode variar de artralgia à artrite incapacitante e, na maioria dos casos, acomete as articulações maiores, especialmente joelhos e tornozelos, embora menos frequentemente possa afetar punhos, cotovelos, ombros e quadris. A artrite quase sempre é migratória, ou seja, afeta uma articulação e depois outra. Quando não é tratada, a artrite persiste por cerca de 4 semanas. Um aspecto marcante da artrite reumática é a melhora dramática (em geral, dentro de 48 h) com o uso de salicilatos. Em geral, a artrite regride por completo e não causa sequelas funcionais. Cardite. A cardite reumática aguda, que complica a fase aguda da FR, pode afetar o endocárdio, o miocárdio ou o pericárdio. O acometimento do endocárdio e das estruturas valvares causa os efeitos incapacitantes irreversíveis dessa doença. Na maioria dos casos, a cardite evidencia-se por regurgitação mitral e, menos comumente, regurgitação aórtica, embora todas as quatro valvas possam ser afetadas. Durante o estágio inflamatório agudo da doença, as estruturas valvares tornam-se eritematosas e inflamadas e formam-se pequenas lesões vegetativas nas válvulas. Aos poucos, as alterações inflamatórias agudas levam à formação de tecidos cicatriciais fibróticos, que tendem a contrair e causar deformidades das válvulas e encurtamento da cordoalha tendínea. Em alguns casos, as bordas ou as comissuras das válvulas fundem-se à medida que as lesões cicatrizam. Nódulos subcutâneos: Os nódulos subcutâneos são duros, indolores e livremente móveis e, em geral, aparecem nas superfícies extensoras das articulações do punho, cotovelo, tornozelo e joelho, com dimensões variando entre 0,5 a 2 cm de diâmetro. Os nódulos subcutâneos raramente ocorrem sem outras manifestações da FR e, na maioria dos casos, estão associados a cardite moderada a grave. Eritema marginado: As lesões do eritema marginado são áreas maculosas com formato geográfico, localizadas mais comumente no tronco ou nas superfícies internas do braço e da coxa, mas nunca na face. Essas lesões aparecem nos estágios iniciais de um episódio de FR e tendem a ocorrer com os nódulos subcutâneos e também com cardite. O eritema marginado é transitório e desaparece ao longo da evolução da doença. Coreia de Sydenham: Coreia de Sydenham é a manifestação neurológica central da FR e ocorre mais comumente nas meninas, raramente depois da idade de 20 anos. Nos casos típicos, há início insidioso de irritabilidade e outros distúrbios comportamentais. Em geral, a criança é irritável, chora facilmente, começa a caminhar desajeitadamente e deixa os objetos caírem. Os movimentos coreiformes são movimentos espasmódicos espontâneos, rápidos e involuntários, que interferem com as atividades voluntárias. Caretas faciais são comuns e até mesmo a fala pode ser afetada. A coreia é autolimitada, geralmente com evolução ao longo de semanas ou meses, mas as recidivas são frequentes. DIAGNÓSTICO: Nenhum exame laboratorial é específico para estabelecer o diagnóstico de FR. Em razão da ocorrência de diversos sinais e sintomas, os critérios diagnósticos de Jones prestam-se a facilitar a padronização do diagnóstico da FR. Os critérios de Jones subdividem as manifestações clínicas dessa doença em critérios maiores e menores com base em sua prevalência e especificidade.
A resposta imunológica à maioria dos antígenos estreptocócicos é elevada. A complexidade da resposta imune humoral é corroborada pela quantidade de determinantes antigênicos expressos pela molécula de peptideoglicano da parede celular bacteriana, estimada em 5. PROTEÍNA M: Desde a metade do século, demonstrou-se a existência de anticorpos contra o tecido cardíaco no soro de pacientes com FR. Por meio de estudos com a proteína M sintética, provaram a existência de epítopos (a menor porção de antígeno com potencial para gerar resposta imune, é nesta área que os receptores celulares dos linfócitos T e os anticorpos (linfócitos B) se ligam à molécula do antígeno) cardíacos que reagiam de forma cruzada com antígenos da bactéria, especialmente a própria proteína M. Embora esses resultados salientem a importância da proteína M na patogenia da FR, antígenos não relacionados à proteína M também apresentam determinantes imunológicos comuns ao tecido miocárdico. PRINCIPAIS TIPOS DE REAÇÃO CRUZADA QUE OCORREM NA FR: Os anticorpos produzidos contra os polissacarídeos da parede celular bacteriana reagem cruzadamente com as glicoproteínas das valvas cardíacas; Os antígenos da membrana citoplasmática do estreptococo induzem à formação de anticorpos que reagem cruzadamente contra o sarcolema das células do músculo estriado e liso, presentes no endocárdio e na camada média arterial; A cápsula de ácido hialurônico reage cruzadamente com o tecido sinovial e cartilagem; Proteína M reage através de epítopo comum já identificado com a tropomiosina e miosina determinando a miocardite reumática; Membrana citoplasmática reage com os núcleos subtalâmico e caudado, possivelmente levando à coreia; Existem ainda outras características imunológicas importantes do estreptococo do grupo A, como a ativação de granulócitos desencadeada pela sua cápsula; Os peptideoglicanos, além de reagirem de forma cruzada amplificam a resposta imunológica do hospedeiro; Os produtos extracelulares também modificam a resposta imune como ocorre com a estreptolisina S, que é tóxica para linfócitos CD4. http://www.arquivosonline.com.br/pesquisartigos/ Pdfs/1994/V63N4/63040011.pdf Fisiopatologia - PORTH