Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Faringite por Streptococcus pyogenes do Grupo A: Sintomas, Causas, Diagnóstico e Prevenção, Exercícios de Cultura

Um estudo sobre a faringite causada pelo streptococcus pyogenes do grupo a (gas), um dos principais problemas tratados em consultas pediátricas após infecções do trato respiratório superior e do ouvido. O documento aborda a transmissão, sintomas, complicações e tratamento da infecção, além de outras causas possíveis de faringites, como vírus e chlamydia. O texto também discute a importância do diagnóstico etiológico preciso e a prevenção de infecções recurrentes.

O que você vai aprender

  • Como ocorre a transmissão do Streptococcus pyogenes do Grupo A?
  • Quais são as complicações possíveis de infecções por GAS?
  • Quais são as principais causas de faringites em crianças?

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Jorginho86
Jorginho86 🇧🇷

4.6

(97)

230 documentos

1 / 10

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
1. Introdução
Quando falamos de tonsilite, o correto é a denominação de faringotonsilite (FT),
uma vez que na faringe existem os cordões laterais com o mesmo tipo de tecido
que compõe o anel linfático de Waldeyer. Dificilmente o paciente terá uma tonsilite
isolada, geralmente é o anel linfático como um todo que está comprometido, por
tanto o correto é dizer faringotonsilite. A mesma analogia poderia ser feita com a
sinusopatia, pois o tecido nasal também está comprometido no caso de alergia ou
infecção, e o paciente será portador de uma rinossinusopatia.
2.Definição
A FT é uma infecção auto-limitada geralmente confinada às tonsilas, faringe
posterior, úvula, palato mole posterior e aos linfonodos do anel linfático de
Waldeyer que drenam a região cervical anterior.
A FT é uma das queixas mais comuns que leva uma criança a consultar os
pediatras, otorrinos ou os médicos generalistas. Em um estudo feito em 429
consultórios de pediatras nos Estados Unidos, a FT, depois das infecções do trato
respiratório superior e infecções do ouvido, foi o terceiro problema mais tratado:
17% das consultas, de acordo com a idade da criança 3.
3- Etiologia
3.1- Fatores predisponentes
As FT são infecções transmitidas de pessoa a pessoa. A nasofaringe e a orofaringe
são os principais focos de colonização de microorganismos. As secreções
aerolisadas do trato respiratório superior servem como fonte primária de aquisição
e disseminação dos agentes causais. Naturalmente, a disseminação requer a
presença de um hospedeiro susceptível, sendo facilitada pelo contato muito
próximo. Um número maior de crianças agrupadas, por exemplo, em creches
e escolas, em contato próximo com pessoas potencialmente infectadas está
associado com uma disseminação mais freqüente da doença.
O Streptococcus pyogenes do Grupo A (GAS) ou “Group A beta-hemolytic
Streptococcus (GABHS) é a bactéria mais comumente associada com a FT nas
crianças. Nos últimos 50 anos, desde o surgimento dos antibióticos, a maioria das
infecções faringotonsilares por GAS tem sido processos benignos, auto-limitantes
e sem complicações. Não obstante, um pequeno número de indivíduos acometidos
continuam desenvolvendo uma doença grave como a fasciíte necrosante e seqüelas,
Faringotonsilites Agudas
Tania Sih
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Faringite por Streptococcus pyogenes do Grupo A: Sintomas, Causas, Diagnóstico e Prevenção e outras Exercícios em PDF para Cultura, somente na Docsity!

1. Introdução Quando falamos de tonsilite, o correto é a denominação de faringotonsilite (FT), uma vez que na faringe existem os cordões laterais com o mesmo tipo de tecido que compõe o anel linfático de Waldeyer. Dificilmente o paciente terá uma tonsilite isolada, geralmente é o anel linfático como um todo que está comprometido, por tanto o correto é dizer faringotonsilite. A mesma analogia poderia ser feita com a sinusopatia, pois o tecido nasal também está comprometido no caso de alergia ou infecção, e o paciente será portador de uma rinossinusopatia. 2.Definição A FT é uma infecção auto-limitada geralmente confinada às tonsilas, faringe posterior, úvula, palato mole posterior e aos linfonodos do anel linfático de Waldeyer que drenam a região cervical anterior. A FT é uma das queixas mais comuns que leva uma criança a consultar os pediatras, otorrinos ou os médicos generalistas. Em um estudo feito em 429 consultórios de pediatras nos Estados Unidos, a FT, depois das infecções do trato respiratório superior e infecções do ouvido, foi o terceiro problema mais tratado: 17% das consultas, de acordo com a idade da criança 3. 3- Etiologia 3.1- Fatores predisponentes As FT são infecções transmitidas de pessoa a pessoa. A nasofaringe e a orofaringe são os principais focos de colonização de microorganismos. As secreções aerolisadas do trato respiratório superior servem como fonte primária de aquisição e disseminação dos agentes causais. Naturalmente, a disseminação requer a presença de um hospedeiro susceptível, sendo facilitada pelo contato muito próximo. Um número maior de crianças agrupadas, por exemplo, em creches e escolas, em contato próximo com pessoas potencialmente infectadas está associado com uma disseminação mais freqüente da doença. O Streptococcus pyogenes do Grupo A (GAS) ou “Group A beta-hemolytic Streptococcus ” (GABHS) é a bactéria mais comumente associada com a FT nas crianças. Nos últimos 50 anos, desde o surgimento dos antibióticos, a maioria das infecções faringotonsilares por GAS tem sido processos benignos, auto-limitantes e sem complicações. Não obstante, um pequeno número de indivíduos acometidos continuam desenvolvendo uma doença grave como a fasciíte necrosante e seqüelas,

Faringotonsilites Agudas

Tania Sih

56 VI MANUAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA PEDIÁTRICA DA IAPO

como complicações renais e cardíacas pós infecção pelo GAS. Há evidências que o antibiótico administrado de forma precoce é útil no tratamento para o GAS. Como resultado, é imperativo um diagnóstico adequado e o tratamento oportuno destas infecções. Acredita-se que a transmissão do GAS ocorra por disseminação de micro gotas de saliva. O risco de contágio é dependente da quantidade inoculada e também da virulência da cepa. Portanto, os indivíduos estão mais propensos a serem infectados no início da doença. O período de incubação é de um a quatro dias e como os antibióticos suprimem a infecção, a maioria dos médicos permite que as crianças retornem à escola em 48 a 72 horas após começarem o tratamento antimicrobiano. 3.2- Fatores desencadeantes Uma grande variedade de microorganismos pode causar a inflamação das tonsilas, incluindo bactérias aeróbias e anaeróbias, vírus, Mycoplasma , Toxoplasma e Candida spp. I- Bactérias Aeróbias: Streptococcus pyogenes do Grupo A, B, C e G, Streptococcus pneumoniae , Staphylococcus aureus , Moraxella catarrhalis , Neisseria gonorrhoeae , Corynebacterium diphtheriae , Corynebacterium hemolyticum , Bordetella pertussis , Haemophilus influenzae , Haemophilus parainfluenzae , Salmonella typhi , Francisella tularensis , Yersinia pseudotuberculosis , Treponema pallidum , Mycobacterium spp. Anaeróbias: Peptococcus spp, Peptostreptococcus spp, Actinomyces spp, Bacteroides melaninigenicus , Bacteroides oralis , Bacteroides fragilis. II- Mycoplasmas Mycoplasma pneumoniae e Mycoplasma hominis. III- Vírus e Chlamydia Adenovírus, enterovírus (polio, ECHO, coxsackie), vírus da parainfluenza, vírus Epstein-Barr, vírus do herpes simples, vírus sincicial respiratório, vírus influenzae A e B, citomegalovírus, reovírus, vírus do Sarampo, vírus da rubéola, rinovírus e Chlamydia trachomatis. IV- Fungos Candida spp. V- Parasitas Toxoplasma gondii. VI- Rickettsia Coxiella burnetii. 4- Etiopatogenia Estima-se que mais de 50% de todas as FT sejam causadas por vírus. Antes de dois anos de idade (ou segundo outros autores, três anos) as FT são essencialmente virais. A maioria das FT virais são moderadas, auto-limitadas e não requerem tratamento com antibióticos. A exceção é o vírus coxsackie A, cujo quadro clínico é caracterizado por vesículas (que depois se transformam em úlceras) em cima das tonsilas, pilares anteriores, palato e faringe posterior. As crianças infectadas por estes vírus, em geral, parecem mais doentes do que quando se infectam por outros vírus. Outro vírus importante é o Epstein-Barr, o agente da mononucleose

58 VI MANUAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA PEDIÁTRICA DA IAPO

Os antibióticos podem erradicar ou suprimir a flora bacteriana própria do hospedeiro, com alterações do ecossistema da orofaringe. Um tratamento com penicillina, por exemplo, causa uma diminuição quantitativa e significativa dos estreptococos alfa-hemolíticos na garganta. Este efeito persiste geralmente por semanas após a terapêutica. A eliminação dos estreptococos alfa-hemolíticos da garganta anula sua habilidade de produzir bacteriocinas que são parte da resistência natural do hospedeiro para a colonização pelo GAS. Gargarejos ou sprays de estreptococos alfa-hemolíticos preparados das bactérias da garganta do próprio paciente foram sugeridos como uma estratégia terapêutica possível para a prevenção da infecção pelo GAS, em particular, para a prevenção ou reaparecimento da doença recorrente (FT recorrente)^7. 6- Diagnóstico 6.1- Quadro clínico Faringotonsilites virais A predominância de infecções virais é muito grande nas crianças < 3 anos de idade, um grupo etário onde dificilmente acontece a FT causada por GAS^8. A irritação da faringe/tonsilas acontece freqüentemente nas pessoas com rinovírus, adenovírus, influenza, parainfluenza, ou vírus sincicial respiratório e infecção pelo vírus Epstein-Barr. Os sinais e os sintomas da FT nas infecções virais sobrepõem-se muito à FT pelo GAS; não obstante, também podem existir diferenças no quadro clínico. As crianças com infecções virais têm muitas vezes sinais e sintomas extra-faríngeos, como secreção nasal, conjuntivite, tosse, rouquidão, diarréia, ulcerações, ou outras manifestações clínicas altamente sugestivas de infecções virais. A infecção pelo adenovírus, causa comum de faringotonsilite exudativa prolongada, por exemplo, pode ser acompanhada por conjuntivite (febre faringoconjuntival). Já, nas infecções pelo vírus Epstein-Barr podem acontecer uma linfadenopatia generalizada e esplenomegalia, caracterizando a mononucleose. O vírus coxsackie e o herpes simples, freqüentemente causam estomatite, assim como faringite e podem provocar lesões vesiculares ou ulcerativas. Faringotonsilites bacterianas Os sinais e sintomas da FT causada pelo GAS variam de uma dor de garganta e mal-estar moderados (30 a 50% dos casos), até febre elevada, náuseas, vômitos e desidratação (10% dos casos). O começo é súbito, agudo, caracterizado por odinofagia, febre elevada, cefaléia e dor abdominal. A mucosa faringotonsilar é apresenta-se com hiperemia, ocasionalmente com edema, e o exsudato está presente em 50-90% dos casos. A adenopatia cervical é muito comum (30-60% dos casos). O exantema escarlatiniforme, quando aparece na forma clássica, é bastante indicativo de infecção bacteriana, mas é pouco freqüente. De acordo com alguns estudos, petéquias no palato, exsudato tonsilar e gânglios dolorosos poderiam ser sinais e sintomas predominantes na FT pelo GAS, e em outras amostras, a odinofagia e o exantema escarlatiniforme têm significância estatística nos casos de FT associados ao GAS. Não obstante, também em amostras similares, os sinais e os sintomas variam de estudo para estudo. Recentemente, foi identificada uma alteração (PANDAS - pediatric autoimmune

VI MANUAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA PEDIÁTRICA DA IAPO  59

neuropsychiatric disorder ) associada com infecções pelo GAS, onde distúrbios compulsivos/obsessivos (como a preocupação de lavar freqüentemente as mãos, com medo de contaminar-se por microorganismos, ou a necessidade de urinar a toda a hora, sem ter uma infecção urinária), são relevantes. Outras bactérias menos comuns que causam a FT são os Streptococcus pyogenes do grupo C e G que apresentam-se como uma infecção semelhante à causada pelo GAS, não obstante de evolução autolimitada e sem a seqüela da febre reumática. A faringotonsilite pela Neisseria gonorrhoeae é rara e acontece tipicamente nos adolescentes (ao exame há concomitantemente uma infecção genital com a FT). O papel do Mycoplasma pneumoniae e a Chlamydia pneumoniae como causas de FT é incerto; estas infecções são acompanhadas geralmente por outros sinais de infecção respiratória, especialmente tosse. A difteria é una causa rara de FT, em especial devido à imunização, e pode ser reconhecida por uma membrana na faringe, de cor cinza e assimétrica, que se estende aos pilares tonsilares, palato mole e úvula. O Arcanobacterium hemolyticum é pouco freqüente e, se acontecer, será mais nos adolescentes, apresentando um exantema escarlatiniforme, associado à faringotonsilite. 6.2- Laboratório Para o diagnóstico etiológico definitivo de uma FT causada pelo GAS a cultura das tonsilas, das criptas tonsilares ou da faringe é o teste padrão-ouro, com aproximadamente 95% de especificidade na identificação do GAS2, 9^. Existe também o exame diagnóstico de detecção rápida, para um grupo específico de hidratos de carbono, que incluem imunoensaios e aglutinaçao enzimática com látex^10. Habitualmente, apesar da especificidade do teste rápido para detecção do GAS (Quick Vue +® Strep A Test*) 6 ser maior do que 90%, pode existir um índice de falsos positivos de 15%, e a sensibilidade pode variar entre 60 e 90% (dependendo do local onde o material para o exame foi obtido, como hospitais, clínicas, consultórios). Como resultado, muitos médicos preconizam a cultura de garganta para uma criança com suspeita de FT estreptocócica, quando o exame rápido para o GAS for negativo. Os exames sorológicos como a elevação da ASLO (anti-estreptolisina O) devem ser interpretados com cuidado, uma vez que a estreptolisina O é elaborada também pelo Streptococcus C e G, e estes títulos variam também com a idade e o uso de alguns antibióticos. A orientação da Academia Americana de Pediatria de 2003 é a de usar métodos microbiológicos, de preferência a cultura da orofaringe, para a detecção do GAS^1. O tratamento está indicado para todos os pacientes com o exame rápido positivo para o antígeno do grupo A. Quando o exame rápido for negativo, enquanto se espera o resultado da cultura, alguns preconizam a introdução do antibiótico durante alguns dias (até chegar o resultado da cultura) e interromper o tratamento, se o resultado for negativo. Outros admitem que é possível esperar o resultado da cultura, usando somente medicamentos sintomáticos (para a febre, a dor ou uma

  • Existe um kit comercial - QuickVue+® Strep A (Quidel Corporation, San Diego, California, USA) www.quidel.com

VI MANUAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA PEDIÁTRICA DA IAPO  61

Outras doenças mediadas por toxinas associadas ao GAS é a fasciíte necrosante e a Síndrome do Choque Tóxico. Atualmente a complicação infecciosa mais comum é o abscesso peritonsilar, resultante da extensão de uma tonsilite exudativa aguda. Outra sequela da FT aguda é o abscesso parafaríngeo ou retrofaríngeo. É importante recordar que pacientes que foram expostos ao GAS podem continuar a ser portadores do microorganismo assintomaticamente, mesmo após uma terapêutica antimicrobiana apropriada. Os portadores são reconhecidos como indivíduos que demonstram uma cultura positiva para este microorganismo. Os portadores têm pouco risco de transmitir o GAS ou mesmo desenvolver as seqüelas da doença. As taxas dos portadores variam na literatura de 3 a 40%, dependendo da população estudada^5. 9- Tratamento O tratamento deverá ser dirigido ao alívio dos sintomas da doença aguda (antitérmicos e analgésicos), eliminação da transmissibilidade, e prevenção das seqüelas tanto supurativas quanto não supurativas. Os princípios do uso racional de antibiótico nas faringotonsilites deverão:

- ter como base o diagnóstico realizado por exames microbiológicos e laboratoriais (cultura e/ou exame rápido), junto com os achados epidemiológicos e clínicos; - tratar unicamente as infecções causadas pelo GAS ou por outras etiologias bacterianas específicas; - selecionar a penicilina/amoxicilina, que ainda é o antibiótico de eleição. O GAS é altamente sensível às penicilinas e às cefalosporinas. Também é sensível aos macrolídeos. A resistência do GAS aos macrolídeos acontece e pode se desenvolver em uma comunidade ou em um país em conseqüência de uma pressão seletiva devida o seu uso abusivo. As injeções de penicilina benzatina dão um nível bactericida contra o GAS por 21 a 28 dias. A administração por via oral de amoxicilina é equivalente, mas não superior à penicilina, para a erradicação bacteriológica do GAS. A amoxicilina é bactericida contra o GAS. A amoxicilina é muito mais eficaz para os patógenos que causam otite média. As infecções da orelha média acontecem concomitantemente com FT pelo GAS em 15% dos pacientes pediátricos A azitromicina, quando administrada, deverá ser usada por cinco dias, porque o antibiótico persiste no tecido faringotonsilar e seu nível bacteriostático é mantido por 10 dias após ter sido interrompido o medicamento. Para pacientes alérgicos à penicilina, os macrolídeos estão indicados. As cefalosporinas são muito eficazes na FT pelo GAS. Mas há certas preocupações acerca de seu uso como terapêutica de primeira linha no tratamento da FT pelo GAS. Seu espetro antimicrobiano é maior do que o necessário, sendo também maiores seus efeitos colaterais potenciais e o custo. É importante saber que o portador assintomático do GAS pode persistir apesar de um tratamento adequado com antibióticos. A erradicação do estado de portador do GAS é raramente obtida com penicilina.

62 VI MANUAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA PEDIÁTRICA DA IAPO

10- Resumo e conclusão Em virtude da maioria dos episódios de FT não se dever ao GAS, a terapêutica antibiótica empírica consistiria em um tratamento excessivo com antibióticos, causando alterações negativas no ecossistema da garganta. A disponibilidade de exames microbiológicos específicos (exame rápido para o Streptococcu s do Grupo A - GAS - e/ou cultura de garganta) para o diagnóstico das infecções causadas pelo GAS, torna eficaz a estratégia diagnóstica, com boa relação custo-benefício, representando a abordagem correta para evitar o uso excessivo de antibióticos. Infelizmente muitos médicos baseiam-se em razões que realmente não justificam o uso do antibiótico, talvez até cedam porque os pais querem que um antibiótico seja prescrito, embora o microorganismo não seja o GAS. Esta abordagem, com o uso de antibiótico nas FT leva à seguinte situação: nos Estados Unidos, ao redor 70% das FT são tratadas com antibióticos, embora somente 15-25% de todas as FT sejam causadas pelo GAS. Um uso menor dos antimicrobianos reduz a seleção das bactérias resistentes aos mesmos, tanto para os agentes presentes na via aérea - o Streptococcus pneumoniae e o Hemophilus influenzae - como para os presentes na pele e no sistema digestivo. Os sintomas e/ou os sinais que caracterizam as FT não servem como diagnóstico diferencial entre as virais e as bacterianas. Como a combinação dos sinais e/ou sintomas não possa certamente diferenciar as FT virais das bacterianas, o diagnóstico da FT estreptocócica, em pacientes com suspeita clínica e epidemiólogica, deverá ser estabelecida por meio de exames microbiológicos. A atenção à criança com FT deverá ser mais precisa. Na avaliação inicial o teste rápido ou a cultura, se for possível, devem ser feitos. A vantagem para a saúde pública é clara: a menor utilização dos antibióticos e a redução na velocidade do desenvolvimento da resistência das diversas bactérias. Em presença de todas as evidências, a obrigatoriedade e/ou normatização da investigação do Streptococcus pyogenes do Grupo A (GAS) nas FT agudas, antes da prescrição antibiótica, parecem ser somente uma questão de tempo.

64 VI MANUAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA PEDIÁTRICA DA IAPO

by health care professionals; [about 54 screens] Available from: http://www. quidel.com/libraries/pkginserts/RD/QuickVuePlus StrepA.pdf.

  1. Roos K, Holm SE, Grahn E et al. Alpha-streptococci as supplementary treatment of recurrent streptococcal tonsillitis: A randomized placebo- controlled study. Scand J Infect Dis 25:31-35. 1993.
  2. Schwartz B. Tonsilite viral ou bacteriana? In: Sih T. Infectologia em Otorrinopediatria. Revinter, Rio de Janeiro, 2002.
  3. Schwartz RH. Infectious Diseases Society of America. Practice guidelines for the diagnosis and management of group A streptococcal pharyngitis. Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 35:113-125. 2002.
  4. Spadetto CC, Camara SM, Ingles MJA, Escuriet JM, Barcelo IC, Sanchez FR. Rational use of antibiotics in pediatrics: impact of a rapid test for detection of beta-haemolytic group A streptococci in acute pharyngotonsillitis. Ann Esp Pediatr. 52: 212-219. 2000.
  5. Zuquim SL. Diagnóstico clínico e laboratorial das faringotonsilites estreptocócicas na infância [dissertação]. São Paulo (SP); Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; 1997.