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Este documento discute as evidências científicas que apontam para fatores múltiplos e complexos relacionados à obesidade e depressão, sugerindo caminhos etiológicos semelhantes entre essas condições clínicas. Além disso, o texto aborda os desafios metodológicos em estudar a associação entre eles e as implicações para a saúde do adulto, incluindo o risco de comorbidades, especialmente doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, diabetes mellitus, hipertensão e distúrbios do sono.
Tipologia: Resumos
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Trabalho de conclusão apresentado ao programa de Pós-graduação da Escola de Nutrição da UFBA como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Alimentos, Nutrição e Saúde.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Mônica Leila Portela de Santana. L i n h a d e p e s q u i s a : B a s e s
Trabalho apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde da Escola de Nutrição, da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Alimentos, Nutrição e Saúde.
Prof.ª Drª. Mônica Leila Portela de Santana Doutora em Medicina e Saúde pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) Professora Adjunto IV da Universidade Federal da Bahia
Profª Drª. Jairza Maria Barreto Medeiros Doutora em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Professora Associada I da Universidade Federal da Bahia
Profª Drª. Ângela Marisa de Aquino Miranda Sccippa Doutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Professora Associada III da Universidade Federal da Bahia
Salvador, 25 de maio de 2016.
À Deus, consumador e autor da minha fé. A ti Senhor sem palavras para expressar o eterno agradecimento. Quero viver os seus propósitos em minha vida! Caminhar na direção do Teu olhar!
Aos meus pais, Carlos Antônio Pereira dos Santos e Edleuza Miranda Pereira, fontes de amor e estímulos em busca de meus ideais. Obrigada pelo amor, orações e sustento durante a toda a minha caminhada. Ao meu amado irmão Everton, por ser um incentivo diário para que eu pudesse lutar pelos meus sonhos e por colocar o coração em tudo o que se propõem a fazer. Os abraços e carinhos foram confortantes e energizantes! Não esquecerei: “minha irmã, estou com você! ” A minha família é um presente do Senhor DEUS!
À Professora Mônica Portela, querida orientadora que, com sabedoria e gentileza, encarou o desafio de me orientar e o fez com primazia. Muito obrigada pela confiança depositada em mim, pelas conversas e orientações, pelo incentivo à busca e aprofundamento de conhecimentos, sempre com profissionalismo, seriedade, respeito, Agradeço a Deus pela sua existência em minha vida. Você é um exemplo, profa. Mônica.
Às professoras Dras. Ana Marlúcia de Oliveira, Valterlinda Queiroz, Priscila Ribas, Ester Machado e Elizabete Pinto, pelo apoio e oportunidades proporcionadas indispensáveis para o meu crescimento pessoal e profissional.
À Marcos Pereira, por todo o carinho e mensagens sempre reconfortantes durante a elaboração da dissertação
À todos os membros do Núcleo de Nutrição e Epidemiologia, pelo acolhimento, cuidado, partilha de experiências e esclarecimentos tão fundamentais para a construção desta dissertação.
À Lílian Miranda, amiga de outros e muitos momentos. Liu, a vida nos une cada vez mais. Os primeiros passos desse sonho você esteve presente e continua junto comigo ao longo da caminhada. A palavra obrigada é pouco diante do sentimento de gratidão que tenho a você!
“Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não esqueça de nem um só de seus benefícios” Salmos 103:
A discussão sobre a existência de associação entre excesso de peso e depressão tem sido pautada na literatura científica, especialmente, pela magnitude dessas duas condições clínicas no cenário mundial e suas implicações para a saúde do indivíduo, favorecendo ao desenvolvimento de comorbidades, além do elevado risco de mortalidade. Este trabalho consiste na dissertação intitulada “Excesso de peso e depressão em adultos: revisão sistemática e metanálise ” realizada por meio de uma revisão sistemática com metánalise, a qual envolveu estudos que avaliaram a associação entre excesso de peso e depressão, adotando as normas do PRISMA- Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses. Para tanto, optou-se em desenvolver o trabalho de dissertação em forma de artigo e estruturá-lo em duas seções. A primeira parte versa sobre o projeto de pesquisa intitulado “Excesso de peso e depressão em adultos: revisão sistemática e metánalise”, enquanto a segunda é composta pelo artigo.
Tabela 1 Características dos estudos selecionados que investigaram associação entre excesso de peso e depressão em adultos (2015).......................... 64
Tabela 2 Resultados da meta-análise entre excesso de peso e depressão, por sexo em indivíduos adultos ……....................................................................... 70
APA Associação de Psiquiatria Americana BDI Inventário de Depressão de Beck BNDF Fator neurotrófico derivado do cérebro CES-D Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos CID Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde DSM- IV Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 4.ª edição DSM- V Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição FTO Fat mass and obesity associated HAM-D Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton HPA Hipotálamo–ptuitária–adrenal IAM Infarto Agudo do Miocárdio IMC Índice de Massa Corporal IL- 6 Interleucina- 6 OMS Organização Mundial de Saúde PAI- 1 Inibidor do fator ativador de plasminogênio 1 PRISMA Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses QV Qualidade de vida RP Razão de Prevalência SNPs Single Nucleotídeo Polymorphisms SRQ- 20 Self Reporting Questionnaire- 20 TNF-α Fator de necrose tumoral - α UFBA Universidade Federal da Bahia 5 - HT 5 - hidroxitriptamina
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A obesidade e a depressão se constituem em doenças crônicas que podem ter início na infância, com expressão na vida adulta. O aumento acelerado da prevalência da obesidade e da depressão está alterando o perfil da saúde e de doença no mundo, estabelecendo-se em um novo desafio para a saúde (FERRARI et al., 2013; WHO, 2014).
Ambas contribuem para amplo espectro de efeitos negativos sobre o corpo e a mente, constituindo importante causa de morbimortalidade (WHF, 2013a; WHF, 2013b). Os prejuízos na vida do indivíduo podem ser desde danos emocionais e sociais, até alterações fisiopatológicas relacionadas aos sistemas endócrino e metabólico (WILTINK et al., 2013; BIVANCO-LIMA et al., 2013; LEE et al., 2008; MEZUK et al., 2008), complicações cardiovasculares (LICINIO, WONG, 2003), distúrbios do sono (REEVES, POSTOLACHE, SNITKER, 2008), reduzida qualidade de vida (QV), além do elevado custo econômico para o sistema de saúde (WHF, 2015; WHF, 2013a). Evidências científicas confirmam que os fatores de risco para obesidade e depressão são multifatoriais e influenciados por complexa relação entre os determinantes biológicos, socioculturais, psicológicos e ambientais (LUPPINO et al., 2010; RIVENES, HARVEY, MYKLETUN, 2009; MARKOWITZ et al., 2008; ROOKE, THORSTEINSSON, 2008), sugerindo caminhos etiológicos similares entre essas morbidades (ABBAS et al., 2015; REEVES, POSTOLACHE, SNITKER, 2008).
Com base na constatação da crescente ocorrência de obesidade e depressão e suas importantes implicações para a saúde do adulto, estudos têm investigado a associação entre elas, porém os resultados ainda não são consistentes em função da complexa relação existente entre os fenômenos que dão origem às duas condições clínicas (FAITH et al., 2011; MURPHY et al., 2009; MA, XIÃO, 2010; VAN HOUT et al., 2004) e da heterogeneidade metodológica existente entre os estudos (MARKOWITZ et al., 2008).
Ainda, resultados de estudos sugerem que variáveis demográficas (idade, sexo e etnia) e da condição socioeconômico, podem constituir potenciais variáveis moderadoras, influenciando a associação entre obesidade e depressão (ABBAS et al., 2015; NEMIARY et al., 2012; MARKOWITZ et al., 2008).
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Mas, foi a partir de 1997, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu formalmente a obesidade como uma epidemia global, iniciando campanhas de conscientização pública para sensibilizar os gestores políticos, parceiros do setor privado, profissionais de saúde e o público em geral (WHO, 2008a). Globalmente, a prevalência de sobrepeso e obesidade aumentou 28% em adultos entre 1980 e 2013 (NG et al., 2014; CUNHA et al., 2014). A OMS projeta que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos tenham sobrepeso e 700 milhões obesidade (WHO, 2012a), mostrando cenário epidemiológico alarmante. Nesse contexto, observa-se que as taxas elevadas de obesidade estão distribuídas em todo o mundo, revelando que o excesso de peso não é um problema apenas de países desenvolvidos, mas também é prevalente em nações mais pobres, qualquer grupo social ou faixa etária. E, atualmente, 50% dos indivíduos com obesidade vivem em apenas 10 países, a saber: Estados Unidos, China, Índia, Rússia, Brasil, México, Egito, Alemanha, Paquistão e Indonésia (SMITH, SMITH, 2016). Nos Estados Unidos, o final da década de 1970 e os anos 2007/2008, a prevalência de obesidade aumentou de 15% para 34% na população adulta. Em 2009, o sobrepeso acometeu 69 % dos indivíduos adultos, enquanto que a obesidade atingiu 35%. Nesse mesmo país, as taxas de prevalência foram variadas de acordo com os grupos étnicos e renda familiar. Observou-se maior prevalência de obesidade entre as mulheres negras (24%) quando comparadas as brancas (14%). Quanto à renda familiar, os resultados indicam relação inversa entre renda e índice de massa corporal (IMC) (OGDEN et al., 2012; FREEDMAN, 2011). Quando se avalia o continente Europeu, a prevalência da obesidade triplicou desde a década de 80, acometendo atualmente 25% da população (WHO, 2015a). Semelhantemente, esse cenário epidemiológico da obesidade entre os anos 1980 e 2008 foi expressivamente estabelecido no Oriente Médio, ilhas do Pacífico, Austrália e China (WHO, 2008b; WHO, 2008c). Apesar da África subsaariana ter sido considerada a única região remanescente do mundo em que a ocorrência de obesidade era baixa, em função de emergências nutricionais agudas, na última década foi possível já identificar 35% de adultos obesos no Níger e 38% no Gana (FREDERICK, 2009). No Brasil, embora o aumento do excesso de peso tenha ocorrido nas classes sociais de maior renda (de 25.8% em 1989 para 46.2% em 2008), ressalta-se que a
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ocorrência de excesso de peso na população de menor renda triplicou (8.9% em 1989 para 26.5% em 2008), evidenciando a inversão do padrão alimentar brasileiro (BRASIL, 2010). Inquérito nacional indica que mais da metade da população brasileira adulta (52.5%) estava com sobrepeso e 17.9% eram obesos (BRASIL, 2014).
3.1.2 Etiologia
A etiologia da obesidade é um fenômeno multifatorial, que envolve fatores ecológicos, políticos, socioeconômicos, demográficos, psicossociais, comportamentais e culturais que estão envolvidos em uma complexa relação com os fatores genéticos (ALMEIDA, NASCIMENTO, LAUS, 2013). Resultados de estudos científicos indicam que a obesidade parece estar relacionada a polimorfismos dos genes que controlam o apetite e o metabolismo, principalmente, quando há interação com o ambiente (ALBUQUERQUE et al., 2015). Uma hipótese levantada é que os alelos do single nucleotídeo polymorphisms (SNPs) podem alterar o comportamento alimentar e o metabolismo dos indivíduos, favorecendo o desenvolvimento da obesidade (SINGH, 2014). Além disso, estudos envolvendo nueroimagem de indivíduos com obesidade identificaram alterações no gene fat mass and obesity associated (FTO) nesses indivíduos em relação aos seus pares eutróficos, induzindo maior ingestão alimentar e preferência por alimentos com alta densidade calórica, com consequente ganho de peso (KARRA et al., 2013). Adicionalmente, investigadores identificaram que os indivíduos com história familiar de obesidade têm mais chances de desenvolverem o excesso de peso quando confrontados com àqueles com história familiar de peso adequado para a altura, sendo esse risco maior quando a referência familiar é um dos pais ou ambos com excesso de peso (BHUIYAN, ZAMAN, AHMED , 2013; MCKEE et al_._ , 2016). Também é importante destacar o excesso de peso na infância e adolescência como fator de risco expressivo para a ocorrência da obesidade na vida adulta (MISTRY, PUTHUSSERY, 2015). No mesmo contexto biológico, a participação do sistema neuro-humoral no controle da homeostase energética por meio da leptina e insulina também são consideradas na etiologia da obesidade (BERNARDI et al., 2009; CORRÊA et al.,
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principalmente, o binômio dieta e atividade física (STEWART, 2015; ALMEIDA, NASCIMENTO, LAUS, 2013). Em estudos epidemiológicos, o ambiente obesogênico tem sido caracterizado pelo acesso amplo e facilitado a alimentos de alta densidade energética, menor consumo de alimentos fontes de micronutrientes, além de refeições realizadas em locais fora do âmbito familiar, influenciando o comportamento alimentar e a ocorrência de excesso de peso (LAMBERT et al., 2015; BURGOINE, ALVANIDES, LAKE, 2011). A OMS considera que a causa principal do excesso de peso é o desequilíbrio energético entre as calorias consumidas e calorias gastas. Globalmente, tem havido um aumento da ingestão de alimentos altamente energéticos e do sedentarismo. As modificações nos padrões alimentares e da atividade física são muitas vezes o resultado de alterações ambientais e sociais associados ao desenvolvimento e à falta de políticas de apoio em diversos setores, a exemplo da saúde, agricultura, transportes, planejamento urbano, meio ambiente, processamento de alimentos, distribuição, marketing e educação (WHO, 2015c). As práticas de alimentação e refeição das famílias estão sendo modificadas ao longo do tempo. Na maior parte do período do século passado a alimentação da família era composta em sua maioria por alimentos “ in natura” e as refeições das famílias eram realizadas no domicílio com todos sentados à mesa. As refeições eram pouco variadas, baseando-se em itens de costume que constituíam a base da alimentação daquela região. Contudo, a estrutura familiar atual passou por transformações expressivas acompanhando a industrialização, o que culminou no aumento do consumo de alimentos processados ou ultraprocessados, além da prática de alimentar-se fora de casa (ALMEIDA, NASCIMENTO, LAUS, 2013). Resultados de estudos recentes indicam que os indivíduos ingerem maior quantidade de alimentos com elevada densidade calórica, principalmente, aqueles ultraprocessados, de origem animal e com elevado teor de açúcares. Em contrapartida, tem-se registrada diminuição na ingestão de alimentos fontes de fibras e carboidratos com baixo índice glicêmico, associado ao estilo de vida sedentário, decorrentes de alterações na estrutura de trabalho, do lazer e do modo de vida moderno. Nessa direção, esse hábito pouco saudável parece ter ação potencial para o aumento do peso (FULLER-TYSZKIEWICZ et al., 2012; STEWART, 2015; ALMEIDA, NASCIMENTO, LAUS, 2014).
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Investigadores sugerem que as características sociodemográficas (idade, sexo, escolaridade, renda e estado civil) são consideradas condicionantes do comportamento alimentar (TORAL, SLATER, 2007). Quando avaliado o nível econômico, estudos realizados referem que fatores associados à macroeconomia dos países desempenham importante influência nos padrões de alimentação das famílias e do estado nutricional dos membros. Aspectos econômicos como alto custo de alimentos mais nutritivos e o baixo custo de produtos alimentares tipo fast foods são considerados determinantes na escolha alimentar, o que pode auxiliar na explicação do aumento do excesso de peso em famílias de baixa renda (BOUMTJE et al., 2005).
3.2.1 Definição e Prevalência
A depressão é caracterizada principalmente por humor deprimido na maior parte do dia, acompanhado pela perda do prazer nas atividades, redução do interesse pelo ambiente, além da sensação de cansaço exagerado e sentimento de culpa ou inutilidade quase todos os dias (APA, 2013; OMS, 2001).
Existe quase sempre uma diminuição da autoestima e os indivíduos depressivos podem ter pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida com ou sem plano específico. Ainda, destaca-se a importância das alterações do apetite, peso corporal e do sono, além das modificações psicomotoras, em especial, a lentificação ou retardo psicomotor e diminuição da capacidade de pensar, concentrar e indecisão quase todos os dias. Adicionalmente, a depressão causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, ocupacional e em outras áreas importantes da vida dos indivíduos (APA, 2013; OMS, 2001).
A OMS classifica a depressão como a quarta principal causa de incapacidade em todo o mundo e estima que em 2020, ocupará o segundo lugar na lista de doenças. Esse transtorno pode ser de longa duração ou recorrente, prejudicando substancialmente a capacidade do indivíduo de desenvolver as atividades diárias, seja