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Importância do Core na Dança: Anatomia e Movimentos Sinuos, Notas de estudo de Anatomia

Este documento discute a importância do core na dança, sua função anatômica e os movimentos sinuos que auxiliam no controle e estabilidade do corpo. A autora, alyne rehm, compartilha sua experiência pessoal na disciplina estudos do corpo i e sua curiosidade em reduzir o impacto sobre as estruturas anatômicas envolvidas em movimentos específicos. Além disso, o texto aborda a importância de privilegiar a informação que vem do próprio corpo e o estudo das relações anatômicas para evitar danos corporais.

O que você vai aprender

  • Como a informação que vem do próprio corpo pode orientar as decisões na dança?
  • Qual é a função do core na dança?
  • Quais são os movimentos sinuos e como eles auxiliam no controle do corpo?
  • Por que é importante estudar as relações anatômicas antes de realizar exercícios de dança?
  • Quais são as principais partes do corpo envolvidas em movimentos sinuos?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Barros32
Barros32 🇧🇷

4.4

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ESTUDOS DO CORPO I

Produções textuais dos alunos do Curso de

Licenciatura em Dança de 2014 a 2018 – ESEFID/UFRGS

UFRGS

Alyne Rehm e Carla Vendramin (Orgs.)

Alyne Rehm Carla Vendramin (Organizadoras)

Marcelo Monteiro (Ilustrador)

Porto Alegre UFRGS 2018

Produções textuais dos alunos do Curso de

Licenciatura em Dança de 2014 a 201 8 – ESEFID/UFRGS

ESTUDOS DO CORPO I

Organização: Alyne Rehm Carla Vendramin

Ilustração da capa: Marcelo Monteiro

Revisão de texto: Alyne Rehm

Editora: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

E82 Estudos do Corpo I: Produções textuais dos alunos do Curso de Licenciatura em Dança de 2014 a 2018, ESEFID / UFRGS / Organização de Alyne Rehm, Carla Vendramin. Porto Alegre: UFRGS, 2018. 144 p.: il. ISBN: 978- 85 - 9489 - 106 - 8 1.Dança. 2. Educação somática. 3. Educação. 4. Anatomia. I. Monteiro, Marcelo, ilustrador. II. Título.

Elaborada pela equipe da Biblioteca da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança da UFRGS.

SUMÁRIO

Prefácio ............................................................................................................. Aline Nogueira Haas

Apresentação .................................................................................................... Carla Vendramin

O core e seu papel na técnica de Dança Aérea .................................................. Lara Rocho

Como o teatro salvou minha coluna vertebral .................................................... Vitória Monteiro

Práticas somáticas e criação em dança: um relato sobre percepção e apropriação ....................................................................................................... Alyne Rehm

Consciência corporal a partir da prática de Integral Bambu ............................... Ana Maria da Costa Greff

Análise de membros superiores e inferiores em movimentos de Waacking .... Anne Caroline Paz Ferreira

Dança do Ventre: o movimento do camelo e o core ........................................... Joelene de Oliveira de Lima

A respiração no Surya Namaskar ...................................................................... Luíza Fischer

Sapateado Flamenco: Golpe e Tacón .............................................................. Andréa Portela de Azambuja

Os ângulos de 90 graus no Tutting ................................................................... Gabriela ‘Maki’ Borges

Plié, a mola propulsora do corpo do bailarino ................................................... Giulia Milanez

Dança Cigana: desbravando um mundo interior no encontro de si .................. Jackie Bianc

Requebrando os quadris: os movimentos pélvicos do quadradinho ................ Jadde Molossi da Silva

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PREFÁCIO

O currículo do Curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) passou por um processo de reformulação no ano de

  1. Essa reformulação curricular foi realizada através de reuniões e estudos realizados pelo Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Curso em colaboração com profissionais de diversas áreas de conhecimento (artes, educação, ciências da saúde e educação física) de diferentes departamentos da Universidade. Dentro dessa nova estruturação curricular surgiram as disciplinas da área de Estudos do Corpo com o intuito de estudar o corpo, buscando interfaces entre a dança, as artes, as práticas somáticas e a área da saúde. No currículo do Curso de Licenciatura em Dança da UFRGS constam as disciplinas de Estudos do Corpo I, com carga horária de dois créditos, Estudos do Corpo II, Estudos do Corpo III e Estudos do Corpo IV, com carga horária de 4 créditos cada, sendo as três primeiras obrigatórias e a quarta eletiva. As quatro disciplinas possuem um denominador comum e se relacionam entre si em seus conteúdos. A disciplina de Estudos do Corpo I está no primeiro semestre do curso e é a “porta de entrada” para essa área de conhecimento, através da educação somática, sendo pré- requisito para as demais disciplinas. A disciplina de Estudos do Corpo II, ministrada no segundo semestre, aborda conteúdos relacionados à área da fisiologia e analisa as práticas da dança sob o ponto de vista fisiológico. A disciplina de Estudos do Corpo III, ministrada no quarto semestre, estuda e analisa os movimentos da dança sob o ponto de vista anatomofuncional e cinesiológico, articulando os conhecimentos da cinesiologia com a preparação corporal para a dança. Na disciplina de Estudos do Corpo IV, de caráter eletivo, são abordados os princípios básicos e os métodos da preparação corporal para a dança com o intuito de promover a reflexão sobre aspectos da área e sobre a prevenção de lesões. O presente e-book apresenta textos resultantes dos trabalhos acadêmicos realizados na disciplina de Estudos do Corpo I, ministrada pela Profa. Carla Vendramin, entre os anos de 2014 e 2018. Dentre os objetivos da disciplina, se busca que o aluno problematize o reconhecimento das partes do corpo e suas funções, promovendo o estudo da percepção como elemento de conhecimento e aporte para a dança. As atividades ministradas visam, ainda, relacionar os estudos anatômicos com os processos de ensino e aprendizagem para dança.

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Os textos que compõem esse e-book buscam atingir os objetivos da disciplina de Estudos do Corpo I, apresentando reflexões e entrecruzamentos entre diferentes gêneros de dança e do teatro com as práticas somáticas. Neles, são apresentadas experiências e vivências de acadêmicos de um curso de dança através de suas percepções e aprendizagens relacionadas com os conteúdos teóricos abordados na disciplina. Propor a reflexão do acadêmico de um curso de graduação em dança sobre sua prática, relatando suas experiências e articulando essa informação com os conhecimentos teóricos sobre o corpo, é desafiador, mas é também importante para que possamos chegar a uma prática e a um ensino reflexivo, qualificado e aprofundado. A presença das práticas somáticas e dos estudos do corpo nos currículos dos Cursos de Licenciatura de Universidades brasileiras vem ganhando força na medida em que o professor de dança precisa refletir sobre sua prática docente através do conhecimento do seu corpo e do corpo do outro de forma consciente, perceptiva, criativa e segura. Ele deve estar em constante questionamento para que possa ensinar a dança na e com a diversidade social, política e cultural que se apresenta e nos diferentes contextos nos quais possa estar inserida. Parabenizo as organizadoras por sua iniciativa em produzir, em conjunto com alunos do Curso de Licenciatura em Dança da UFRGS, esse e-book, apresentando temas relevantes que articulam as experiências práticas com os conhecimentos do e sobre o corpo.

Aline Nogueira Haas Professora do Curso de Licenciatura em Dança/UFRGS

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que é uma abordagem somática. Portanto, estabelecendo que, enquanto as práticas de educação somática são aquelas apontadas por Hanna (1991)^2 e fazem parte de um escopo definido, mesmo que com bordas indefinidas, uma abordagem somática dentro das práticas de dança não necessariamente precisa estar identificada com um dos métodos e das técnicas específicas, pode-se utilizar uma abordagem somática em aulas de danças urbanas, de dança do ventre, de jazz, de ballet, de contemporâneo, etc. Estudos do Corpo I não tem como dar conta e não tem como objetivo que os alunos conheçam ou se formem em técnicas e metodologias encontradas no que se define como educação somática^3. Outrossim, não necessariamente eles precisam disso para que possam aprender como utilizar uma abordagem somática em suas aulas de dança. Para isso, é imprescindível que se apropriem de conceitos básicos da educação somática e conheçam alguns procedimentos. Com relação a esse assunto, o artigo de Domenici (2010)^4 foi leitura compulsória para as turmas. Nas turmas de 01/2016 e 01/2017, a metodologia utilizada envolveu 3 entregas de trabalhos seguidos de seminário de apresentação e discussão sobre os mesmos. No primeiro momento, os alunos definiram o assunto que abordariam a partir da experiência e do interesse pessoal; no segundo, escreveram sobre suas escolhas com base nos conteúdos e na prática-pesquisa desenvolvidos em aula; e, no terceiro, entregaram o trabalho completo. A turma 01/2017 alcançou um excelente resultado, não apenas pelo fato de ter o aporte dos textos escritos nos anos anteriores, mas por ter sido uma turma numerosa e dedicada. A partir da experiência em 2017, surgiu a ideia de publicar as produções textuais, as quais agregavam um grande volume de trabalhos. Em 2018, as turmas somaram 46 matriculados e, destes, 32 entregaram o trabalho final. No semestre 01/2017, 27 alunos estavam matriculados na turma A e 30 na turma B. Dos 57 alunos somados, o total de 53 alunos entregaram o trabalho final. As turmas A e B de 1/2016 somavam 35 alunos matriculados, com 26 entregas do trabalho final. Na turma 1/2015, havia apenas 8 alunos matriculados e 4 entregaram o trabalho final. Na turma 2/2014, havia 12 alunos matriculados e a entrega do trabalho

(^2) HANNA, Thomas. What is somatics?. Journal of Behavioual Opiomeiry. Volume 2/1991/Number 2, p. 31 3 - 35. 4 Exemplo: técnicas de Alexander, Feldenkrais, Klaus Vianna, Cadeias Musculares, Ideokinesis, etc. DOMENICI, Eloisa. O encontro entre dança e educação somática como uma interface de questionamento epistemológico sobre as teorias do corpo. Revista Pro-Posições , Campinas, v. 21, n. 2 (62), p. 69-85, maio/ago. 2010.

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final foi feita por e-mail (e não através do Moodle^5 ), de forma que, atualmente, não foi possível conferir o registro de entregas. Houve um aumento no número de alunos matriculados desde 2014 e uma constante procura por alunos de outros cursos em se matricular nessa disciplina. Porém, a cada ano, não mais que dois ou três alunos conseguiram vaga em cada turma, já que as matrículas são preenchidas prioritariamente pelos alunos da dança. Com a crescente demanda de alunos em turmas grandes, que congregam a entrada anual de calouros e de alunos veteranos que ainda não cursaram a disciplina, a participação de monitores foi muito importante para o desenvolvimento dos processos. No semestre 01/2017, Julia Walther teve um papel fundamental auxiliando na correção dos trabalhos, além de acompanhar presencialmente as aulas. Em 01/2016, Gabriela Guaragna participou da disciplina compartilhando comigo algumas atividades docentes. Na época, Gabriela fazia formação na técnica de Feldenkrais e pôde experimentar alguns dos procedimentos com a turma, além de se envolver ativamente no desenvolvimento da abordagem somática dentro da disciplina. Em 2018, Alyne Rehm participou ativamente dos processos presencialmente e também propondo algumas das vivências, além de trabalhar na elaboração deste e-book. As professoras Luciana Paiva e Caroline Darski, do Curso de Fisioterapia/ESEFID, colaboram anualmente com o estudo sobre o assoalho pélvico, o que ajudou muito no aprendizado dos alunos. Para produzir seus textos, os alunos foram interpelados a escrever sobre suas experiências e pesquisas individuais, estabelecendo relações com algum dos conteúdos da disciplina e com a dança, ou prática corporal, de sua escolha. Os alunos apresentavam os trabalhos em seminários, que foram lindos momentos de aprendizado em que eles compartilharam seus estudos uns com os outros e tiveram a oportunidade de discutir e, por vezes, de clarificar seus estudos. O estudo dos planos e eixos do movimento com a análise de posições e a identificação dos grupos musculares das regiões corporais fizeram parte do conteúdo da disciplina, mas não a análise cinesiológica, que, segundo o currículo do curso, é abordada em Estudos do Corpo III. Ana Maria da Costa Greff, Andréa Portela de Azambuja, Anne Caroline Paz Ferreira e Gabriela ‘Maki’ Borges escreveram seus trabalhos fazendo a análise de

(^5) Moodle: ferramenta digital de apoio, utilizada no sistema UFRGS, disponível para ser utilizada em disciplinas EAD e presenciais. Serve também como registro de postagem dos materiais de ensino e trabalhos dos alunos.

Lara Rocho Vitória Monteiro

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O CORE E O SEU PAPEL NA TÉCNICA DA DANÇA AÉREA

Lara Rocho^1 2014/

Nos mais variados gêneros e nas mais diversas técnicas de dança, muitos movimentos têm origem no core , também conhecido como centro de força (powerhouse). Nesse sentido, o core , que é o centro do corpo, constitui-se como região geradora de estabilidade corporal no bailarino. Ele é de fundamental importância na dança, pois é responsável por dar suporte à coluna vertebral e por mantê-la estável durante movimentos de desestabilização do corpo. O grupo muscular que compõem o core auxilia no controle dos movimentos dando estabilidade ao centro do corpo, o qual é uma potencialidade conferida aos bailarinos. Assim, um indivíduo que possui consciência do seu centro de força e que mantém um trabalho regular de percepção e condicionamento do core , além de manter um alinhamento postural sadio, previne lesões.

CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS

Anatomicamente, podemos dizer que o core é composto por três regiões e, por consequência, pelos grupos musculares que as constituem: assoalho pélvico, abdome e coluna. A pelve é formada por quatro ossos: os dois ossos ilíacos, o sacro e o cóccix. Cada osso ilíaco é composto por três regiões denominadas ílio, ísquio e púbis. Anteriormente, a pelve é fechada pela sínfise púbica e, posteriormente, pelo sacro seguido do cóccix. A musculatura que reveste interna e profundamente a pelve é referida pelo termo assoalho pélvico e pode ser contraída segundo as necessidades de movimento. Entre os músculos que constituem o referido assoalho pélvico, pode- se citar o piriforme, o isquiococcígeo, os músculos levantadores do ânus, o iliococcígeo, o pubococcígeo e o puborretal. Os músculos ilíaco e psoas, que, unidos, formam o íliopsoas, fazem a ligação entre a coluna vertebral, a pelve e o fêmur. O

(^1) Lara Rocho é bailarina, artista e professora de Dança Aérea. Licenciada em História (UFRGS), mestranda em História - Cultura e Representações (PPGH/UFRGS) e especialista em Dança (PUCRS). Atua junto ao Circo Híbrido - Arte em Movimento como diretora do Núcleo de Pesquisa em Dança Aérea com Tainá Borges.

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CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PAPEL DA CORE NA DANÇA

O core , como pode-se perceber a partir de seu estudo anatômico, desempenha papel fundamental na dança em seus mais diversos gêneros no que diz respeito principalmente ao controle e à estabilidade do centro do corpo – elemento essencial à prevenção de lesões. Nesse sentido, por exemplo, é o posicionamento correto do tronco que permite a realização de movimentos rápidos e precisos dos membros inferiores na tap dance ( Figura 1 ). Já na dança de salão, os dançarinos precisam saber localizar o core do parceiro e manter a cintura sempre firme, garantindo a estabilidade da pelve para um trabalho ágil dos pés e para encarar os desafios do parceiro. Da mesma forma, o controle do core permite um levantamento seguro e eficiente da região superior da coluna vertebral que pode estender-se ou mesmo hiperestender de forma eficaz ( Figura 2 ).

Figura 1 : Tap Dance^2

Figura 2 : Valsa^3

(^2) Disponível em http://www.donnasdanceplace.com/tap Acesso em 20/11/2014. (^3) Disponível em http://www.joaquimesilvia.com/index.php?menu=4&language=pt&tabela=geral Acesso em 20/11/2014.

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As diversas técnicas de balé exigem muito controle do core. As posições básicas e o trabalho dos membros inferiores em rotação lateral (en deors) pressupõem a consciência do bailarino sobre o centro de força, sobre um correto alinhamento postural, sobre a amplitude articular e sobre o controle aguçado do corpo em movimentos como giros, saltos, aterrissagens, entre outros. Através do condicionamento do core, o bailarino poderá atingir tais objetivos ( Figura 3 ).

Figura 3 : Balé^4 Figura 4 : Dança moderna^5

A dança moderna, em suas combinações criativas de movimentos em suas variadas técnicas, atribuiu à coluna padrões de movimentos complexos. São característicos da técnica de Martha Graham (uma das muitas técnicas de dança moderna), por exemplo, movimentos de contração-relaxamento. Para a execução de tais movimentos, que desafiam o alinhamento postural, é fundamental que o bailarino tenha um core fortalecido e consciente ( Figura 4 ).

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA RELAÇÃO ENTRE O CORE E DANÇA AÉREA

A dança aérea constitui-se como um gênero de dança que utiliza-se de aparelhos aéreos circenses em sua prática (tecido, trapézio, lira, corda indiana, etc.). O termo dança aérea é aqui utilizado para designar uma prática que alia atividade

(^4) Disponível em http://www.cliquebeleza.net/modelos-de-roupas-para-bale/ Acesso em 20/11/2014. (^5) Disponível em http://onetimefortea.blogspot.com.br/2013/08/danca-moderna.html Acesso em 20/11/2014.

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boa parte dos exercícios que compõem o momento inicial da aula de dança aérea vêm do Pilates. Basicamente, trabalha-se o centro de força (powerhouse) a partir de exercícios abdominais visando o estimulo de mudanças positivas e o equilíbrio de outras partes sequencialmente. Pretende-se, com isso, construir um trabalho corporal na dança aérea que prime pelo correto alinhamento do corpo e que previna tensões e danos às articulações, aos músculos e aos ligamentos. Outro objetivo dessa associação é o de desenvolver no aluno a consciência de que os movimentos trabalhados na dança aérea, que têm base na acrobacia, partem do centro de força (powerhouse). Nesse sentido, o trabalho de condicionamento físico para a dança aérea precisa primar pelo desenvolvimento de tal competência no aluno. O indivíduo que pratica a dança aérea precisa conhecer, compreender e sentir seu centro de força. Não é necessário desenvolver noções profundas de anatomia, mas ao menos compreender que o centro de força não é composto por um único músculo ou grupo muscular, mas sim por mais de um grupo muscular. O trabalho do core nas aulas de dança aérea inicia no solo a partir de exercícios que advém do Pilates e que visam a estabilização da pelve. Posteriormente, o core é abordado nos exercícios verticais de permanência, visando trabalhar princípios de equilíbrio corporal. O primeiro momento de utilização dos tecidos na aula de dança aérea tem como objetivo seguir com o trabalho de condicionamento físico a partir da realização de exercícios educativos de força. Nessa etapa, o core é novamente abordado como princípio para a realização dos mesmos. É do core que partem os exercícios de permanência no ar, em que o aluno fica sem o apoio dos pés/pernas, sustentando-se apenas pelas mãos em contato com o pano. Do mesmo modo, os educativos de força para a região da cintura escapular, das costas e dos braços partem da ativação do centro de força, que sustenta o corpo em alinhamento adequado à realização de tais movimentos. Também é a partir do core que iniciam os abdominais realizados no ar, bem como os movimentos de prancha e de inversão (virar de cabeça para baixo). Na realização dos exercícios educativos para as acrobacias (posições básicas como o grupado/”pacotinho”, o carpado/”esquadro”, a vela), o trabalho de consciência do core é fundamental. Dele partem as acrobacias em si e as possibilidades de movimentos dançantes e acrobáticos. Se o indivíduo não tiver um core forte, consciente e preparado para a realização de tais movimentos, sua prática, muito possivelmente, não terá sucesso ou estará sujeita a dores e a lesões indesejadas.

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REFERÊNCIAS

HAAS, Jacqui Greene. Anatomia da dança. Barueri, SP: Manole, 2011. PILATES, Joseph H. Obra Completa de Joseph Pilates: Sua Saúde e Retorno à Vida Através da Contrologia. São Paulo, SP: Phorte, 2010.