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Este documento discute o desenvolvimento do conhecimento científico e humanístico na enfermagem, enfatizando a importância de teorias de enfermagem e o papel da antropologia na prática. Ele aborda a ampliação e consolidação da área da enfermagem transcultural, as teorias transculturais de leininger e suas implicações para a prática de enfermagem universal e culturalmente específica.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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_Dulce Maria Rosa Gualda Luiza Akiko Komura Hoga_**
GUALDA, D.M.R.; HOGA, L.A.K. Estudo sobre teoria transcultural de Leininger. Rev. Esc. Enf. USP, v. 26, n. 1, p. 75-86, mar. 1992.
Este artigo aborda a Teoria Transcultural do Cuidado de Leininger. Faz um breve his- tórico de sua evolução, apresenta definições e alguns pressuspostos e sumariza considera- ções a respeito do "Sunrise" —Modelo Teórico Conceituai da Diversidade e Universalida- de Transcultural do Cuidado, desenvolvido e utilizado pela autora desde 1965.
UNITERMOS: Enfermagem transcultural. Teoria de Enfermagem
O desenvolvimento do conhecimento científico e humanístico da enferma- gem representa uma conquista da profissão e é grandemente devido à curiosida- de intelectual e ao esforço persistente de enfermeiros teoristas e pesquisadores.
Teorias de enfermagem são guias extremamente importantes e auxiliam os profissionais a criar, testar e aperfeiçoar um corpo específico de conhecimento, bem como a facilitar a compreensão das ações, dos objetivos e dos propósitos da prática, da educação e da pesquisa. Assim sendo, o foco principal das teorias tem sido a definição da essência da enfermagem e de suas principais características.
Inserido nesta perspectiva, tem havido, nos últimos trinta anos, um esfor- ço no sentido de ampliação e consolidação da área da enfermagem transcultural. Segundo relato de LEININGER (1986), a evolução histórica desta área foi inicia- da na década de 1950, nos Estados Unidos da América (EUA). Houve muita difi- culdade para sua aceitação pelas enfermeiras, pois o conhecimento cultural des- tas era deficiente; estavam mais voltadas para a busca da identidade e da compe- tência técnica, com interesse virtualmente ausente nos aspectos culturais relacio- nados à profissão.
Inicialmente as enfermeiras interessadas na área buscaram seu aprimoramen- to nos programas de pós-graduação em antropologia, onde procuraram aumentar tanto o conhecimento teórico como o de metodologia de pesquisa.
*** Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Assistentes do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da Esco- la de Enfermagem da USP.**
O próximo passo foi o de conciliar os objetivos da antropologia e os da en- fermagem. LEININGER, orientada por MEAD, foi uma das responsáveis por es- ta iniciação, obtida por meio da implantação de dois programas de pós-gradua- ção de 1965 a 1967 e, simultaneamente, pelo desenvolvimento da "Teoría Trans- cultural da Enfermagem" e da metodologia específica de pesquisa relativa à en- fermagem transcultural. Uma das primeiras manifestações da importancia do enfoque antropológi- co na prática de enfermagem, encontrada na literatura desta profissão, foi escri- ta por MEAD (1956), quando ressaltou a importância do conhecimento das dife- renças de padrões de comportamento de pessoas com bagagem cultural diversifi- cada; afirmava que as enfermeiras consideravam-se preparadas para contemplar o aspecto cultural, mas que na verdade isto não ocorria. Considerava a autora que, para se ter acesso à bagagem cultural tanto do paciente e familiares, como de outras enfermeiras ou qualquer membro da equipe profissional, seria necessá- rio ter-se alguma experiência com tipos de diferenças culturais, além de idéia cla- ra daquilo que se procurava; criticou os órgãos formadores de enfermeiros pela ausência de abordagem destes aspectos no currículo do curso de graduação, por julgar que a compreensão dos padrões de vida é essencial para uma boa assistên- cia de enfermagem. Em 1974 foi iniciada uma série de eventos anuais, denominados "Natio- nal Transcultural Nursing Conferences", que iriam tornar-se uma fonte de refe- rência importante da prática, ensino e pesquisa em enfermagem transcultural. Foi no período de 1975 a 1983 que houve um maior incremento de interes- se pela enfermagem trancultural, passando a ser valorizadas as enfermeiras com preparo antropológico e em métodos de pesquisa de campo. Mesmo assim, o nú- mero dessas enfermeiras era insuficiente para a demanda dos programas de pós- graduação em enfermagem. Nesta ocasião foram criados dois programas de dou- torado na Universidade de Utah e Wayne State University e 20% das escolas de enfermagem reconhecidas pela "National League for Nursing" ofereceram cur- sos de graduação com enfoque cultural. Só então algumas profissionais brasilei- ras tiveram contato com a enfermagem transcultural nos programas existentes nos EUA. Esta fase foi marcada por um aumento substancial de publicações — livros e artigos em periódicos americanos abordando cultura e enfermagem. A partir de 1983 houve uma expansão significativa no panorama internacio- nal da enfermagem transcultural, e a consolidação da importância do enfoque cultural na enfermagem, de pesquisas realizadas no país e em grupos minoritá- rios dos EUA. A enfermagem transcultural, para LEININGER (1978), tem como foco o estudo da análise comparativa de diferentes culturas ou subcultures, no que diz respeito ao comportamento relativo ao cuidado em geral, ao cuidado de enferma- gem, assim como aos valores, crenças e padrões de comportamento relacionados a saúde e doença. O objetivo é desenvolver um corpo de conhecimento científi- co e humanizado, capaz de possibilitar a prática do cuidado de enfermagem uni- versal e culturalmente específico; afirma, ainda, que o objetivo da enfermagem transcultural vai além da apreciação de culturas diferentes, mas de tomar o co- nhecimento e a prática profissional culturalmente embasada, conceituada, planeja- da e operacionalizada.
Sistema Profissional — Serviços de cuidado e tratamento organizados e interdependentes, oferecidos por profissionais formalmente preparados. LEININGER (1978) acredita que a teoria transcultural seja capaz de predi- zer e explicar os padrões de cuidado humano das diversas culturas, bem como possibilitar a identificação de valores, crenças e práticas populares dos profissio- nais e da enfermagem. Acredita que, por meio deste conhecimento, as decisões e as ações de enfermagem podem tornar-se congruentes e benéficas para aqueles que são assistidos. Na análise da abordagem de enfermagem, distingue três for- mas de atuação:
Preservação Cultural do Cuidado — Fenômeno culturalmente embasado, de assistir, facilitar ou capacitar o indivíduo, que o auxilia a preservar ou manter hábitos favoráveis de cuidado e de saúde.
Acomodação Cultural do Cuidado — Ato, culturalmente embasado, de assistir, facilitar ou capacitar, que revela formas de adaptação, negociação ou ajus- tamento dos hábitos de saúde e de vida dos indivíduos ou clientes.
Reestruturação Cultural do Cuidado — Modelos reconstruídos ou altera- dos para auxiliar o cliente a mudar os padrões de saúde ou de vida, de forma a tornar significativo ou congruente para ele próprio.
Com o objetivo de aprofundar o conhecimento da natureza e das caracterís- ticas da enfermagem transcultural, os pressupostos que seguem precisam se aclarados.
A enfermagem é um fenômeno essencialmente transcultural que envolve o contexto e o processo de ajuda a indivíduos de diferentes orientações culturais ou de estilos de vida específicos dentro de determinada cultura.
O cuidado é um fenômeno universal, e as formas de manifestação variam dentre os diversos grupos na relação tempo-espaço, alterando, na forma, a bus- ca de seus atributos.
O cuidado, as manifestações, os processos, os valores e as crenças de en- fermagem transcultural precisam ser explicados de maneira sistemática e científi- ca com bases humanísticas.
O cuidado de enfermagem terapêutico ou eficaz é, na maioria das vezes culturalmente determinado e embasado e pode ser culturalmente validado.
As culturas têm seu modo peculiar do comportamento relativo ao cuida- do, que é geralmente conhecido pelos integrantes da própria cultura, mas freqüen- temente desconhecido por enfemeiras com bagagem cultural diferente.
A essência da enfermagem é o cuidado; a essência da enfermagem trans- cultural é o cuidado a indivíduos de diversas heranças culturais.
Os processos, as funções e atividades de enfermagem transcultural variam de acordo com a estrutura social e o sistema cultural e, em relação à sua história cultural, com seus contatos e sua aculturação.
Segundo LEININGER (1981) o comportamento e as práticas referentes ao cuidado são o que distingue a enfermagem de outras disciplinas e quatro são as razões para isto:
A autora considera o cuidado como o ato mais específico e poderoso para a enfermagem, mas que precisa ser documentado, compreendido e utilizado de forma terapêutica.
Para LEININGER (1985 b) a teoria transcultural da diversidade e universa- lidade do cuidado é capaz de predizer e explicar os padrões de "cuidado huma- n o " ("caring") das diversas culturas e as práticas do cuidado de enfermagem, bem como os fatores que o influenciam. Desta forma, propôs o modelo que deno- minou "Sunrise Model", simbolizado pelo nascer do sol, no sentido de auxiliar a análise do significado do cuidado para as diversas culturas (ANEXO I)
Este modelo considera a operacionalização de teoria e pesquisa e orienta o estudo da diversidade e universalidade do ato de cuidar. Através dele o pesquisa- dor determina a abrangência e a profundidade do estudo. Tem sido utilizado por pesquisadores e combina teoria e método de pesquisa e distingue níveis de abs- tração e análise, assim como a abordagem metodológica na geraçào de conheci- mento básico e aplicado.
A porção superior do círculo mostra os componentes interdependentes da estrutura social e dos fatores da visão do mundo que influenciam o cuidado e a saúde por meio da linguagem e do contexto ambiental. Estes fatores influenciam o sistema de saúde, compostos pelo sistema popular, profissional e o de enferma- gem que se encontram na parte inferior do modelo. As porções superiores e infe- riores descrevem um sol completo que corresponde ao universo; este precisa ser explorado pelas enfermeiras para que conheçam o cuidado humano e sua relação com a saúde.
À esquerda do diagrama estão dispostos os diversos níveis de abstração e análise do cuidado: macro, médio e micro referem-se à abrangência do estudo do cuidado. Níveis de abstração e análise são classificados em I, II, III, IV, cor- respondendo o nível I ao de maior abstração e o nível IV ao de menor.
A enfermagem transcultural é uma área de estudo estimulante e atraente, pois seus resultados contribuem para o desenvolvimento do saber de enfermagem que não se limita ao nível local; ao contrário, reflete-se no aperfeiçoamento des- ta profissão a nível mundial, pois é como se colegas de várias partes do mundo se aliassem em busca do conhecimento para provisão de cuidado culturalmente universal e/ou específico, ou seja, definam o fenômeno do cuidado para determi- nada cultura.
Encontramo-nos em tempo de participar deste avanço na enfermagem que, no futuro, tende a ser matéria já incorporada nos currículos das escolas de enfer- magem e, portanto, no corpo de conhecimentos de enfermeiras de todo o mundo. No Brasil, caracterizado por uma multiplicidade cultural determinada por sua própria história, tal estudo torna-se ainda mais fascinante, pela diversidade de crejiças e de valores, referentes aos aspectos de saúde e, portanto expectati- vas das mais diversas com relação à qualidade e efetividade do cuidado de enfer- magem. Concomitante ao fascínio que seu estudo provoca, o assunto traz consigo a responsabilidade, principalmente das escolas de enfermagem, de incluírem em seu currículo uma parte voltada para o estudo da enfermagem transcultural, obje- tivando, além das já mencionadas vantagens, ampliar nossas perspectivas e nos auxiliar na visualização das idéias atuais acerca da saúde sob uma nova luz. As noções de saúde e doença são fortemente influenciadas pelo contexto natural em que elas ocorrem, e variam de uma cultura para outra, possuindo, por- tanto, uma natureza subjetiva que precisa ser estudada em profundidade. Assim, pretendemos, com este artigo, facilitar a compreensão do assunto para aqueles que se iniciam no seu estudo e estimular novos colegas a se integrarem por este campo promissor da enfermagem; a sua colaboração será essencial para o pleno desenvolvimento da enfermagem transcultural entre nós.
GUALDA, D.M.R.; HOGA. L.A.K. Study of Leininger's transcultural care theory. Rev. Esc. Enf. USP, v. 26, n. 1, p. 75-86, mar. 1992.
The authors make a short review of the development of Transcultural Nursing, present several major concepts and definitions as well as some major assumptions of this theory. So- me considerations are made on the "Sunrise" Theoretical Conceptual Model of Transcultu- ral Care Diversity and Universality, developed and used by Leininger since 1965 to the present.
UNITERMS: Theory of nursing. Transcultural nursing.
LEININGER, M.M. Caring: an essential human need. Thorofare, Charles B. Slak, 1981, cap. 1, p. 3-15: The phenomenon of caring: importance, research questions and theoretical considerations.
LEININGER, M.M. Qualitative research methods in nursing. 3. ed. Detroit, Grune & Stratton,
1985. cap. 3, p. 33-71: Ethnograph and ethnonursing. (a).
LEININGER, M.M. Transcultural care diversity ande universality: a theory of nursing. Nurs. Health Care, v. 6, n. 4, p. 209-12, 1985 (b).
LEININGER, M.M. Transcultural nursing; quo vadis (where goeth the field)? In: A N N U A L TRANS- CULTURAL NURSING CONFERENCE, 11., Memphis, 1986. Proceedings. Memphis, Transcultural Nursing Society — 1986. p. 1-15.
LEININGER, M.M. Transcultural nursing: concepts, theories and practice. N e w York, John Wileys & Sons, 1978. cap. 17, p. 31-51: Transcultural nursing theories and research approach.
MEAD, M. Understanding cultural patterns. Nurs. Outlook, v. 4, n. 5, p. 260-1, 1956.
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