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Cultura de Massa e Arquitetura Moderna: Influência da Industrialização, Resumos de Arquitetura

A relação entre a cultura de massa e a arquitetura, focando na influência da industrialização no desenvolvimento da arquitetura moderna. Aborda a definição e origens da cultura de massa, destacando o papel da industrialização e da publicidade na sua difusão. Analisa o impacto da cultura de massa na arquitetura, com exemplos como o movimento moderno e as unidades de habitação de le corbusier, e discute a padronização e racionalização na arquitetura moderna.

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 30/12/2024

sabrina-merten-aguiar
sabrina-merten-aguiar 🇧🇷

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ARTESANATO E
CULTURA
BRASILEIRA
Agatha Muller de Carvalho
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Baixe Cultura de Massa e Arquitetura Moderna: Influência da Industrialização e outras Resumos em PDF para Arquitetura, somente na Docsity!

ARTESANATO E

CULTURA

BRASILEIRA

Agatha Muller de Carvalho

Objetivos de aprendizagem

Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as origens da cultura de massa.  Explicar a relação entre a cultura de massa e a arquitetura.  Apontar exemplos de arquitetura associada à cultura de massa.

Introdução

A cultura de massa é uma forma de manifestação cultural com características específicas e que moldou todo o pensamento de uma época. Ela esteve relacionada com o período de desenvolvimento industrial do início do século XX e influenciou as sociedades e seus hábitos ao longo desse século. A cultura de massa teve relações estreitas com o campo das artes e o pen- samento moderno, assim como a arquitetura. Além disso, moldou a forma de conceber arquitetura e de usá-la também, afetando a forma de morar. Neste capítulo, você terá a oportunidade de aprofundar seus conhe- cimentos sobre a cultura de massa, bem como aprenderá a definição sociológica do conceito de cultura e cultura de massa e compreenderá o contexto de sua origem. Além disso, verificará quais são as relações entre a cultura de massa e a arquitetura. Por fim, você reconhecerá exemplos arquitetônicos da arquitetura de massa.

Definição e origens da cultura de massa

A cultura de massa é uma abordagem que está relacionada e destinada a uma grande quantidade de pessoas. Mas, antes do aprofundamento desse conhecimento, é importante esclarecer um pouco mais sobre o entendimento de cultura. Cultura é um termo com muitos significados. Ela está relacionada com a ideia de aplicação, aperfeiçoamento, cuidado, e é muito utilizada em termos agrícolas e até mesmos espirituais e religiosos (PRIBERAM DICIO- NÁRIO, 2013).

Alguns aspectos da definição de Morin (1997) sobre cultura de massa necessitam de aprofundamento. O primeiro deles diz respeito à relação en- tre cultura e indústria, ou seja, a ideia de uma industrialização da cultura. Com a ampliação da produção industrial no início do século XX, era ne- cessário aumentar o número de vendas para poder obter os maiores lucros. Era fundamental, então, acessar o maior número de compradores, e, com isso, foi desenvolvida uma difusão cultural para que os produtos fossem desejados. Desse modo, cultura do consumo ganhou novas proporções. O desejo de aquisição está relacionado com outro aspecto da cultura de massa que diz respeito às técnicas de difusão maciça. A propagação da cultura de massa esteve diretamente relacionada com o desenvolvimento da publici- dade. A imprensa, o rádio e o cinema tiveram papel fundamental na difusão cultural em massa e foram denominadas mass media (LANDIM, 2010). As estratégias de difusão cultural visavam não apenas ao consumo de um produto material, mas também ao seu valor simbólico. Além disso, eram formas de relações de poder e superioridade econômica e política entre os países. Os valores culturais de sociedades consideradas superiores passavam a ser produtos e objetos de desejo pelas demais culturas (BARROSO, 2017). A hegemonia de poder na cultura de massa está, então, relacionada com “[...] o oferecimento e a venda dos mesmos produtos, dos mesmos bens e dos mesmos desejos para as pessoas de culturas distintas [...]” (BARROSO, 2017, p. 94). É uma forma de padronização e homogeneização cultural das sociedades por meio do consumo de produtos seriados.

Confira no link a seguir o documentário australiano That Sugar Film sobre os efeitos do consumo e da indústria do açúcar. O filme mostra que os hábitos de culturas dominantes podem prejudicar as demais culturas.

https://qrgo.page.link/ajuec

A padronização da produção acaba gerando alguns conflitos na cultura de massa. Ao mesmo tempo que é instituída a racionalização de processos para aumentar a produção, a criação do produto é despersonalizada. Ou seja, a padronização diminui a possibilidade de originalidade, porém permite um

maior alcance de público e maior possibilidade de satisfação. No entanto, como afirma Morin (1997) sobre o alcance do grande público, a cultura de massa se dirige a todos e a ninguém.

A relação entre cultura de massa e arquitetura

A industrialização do final do século XIX e início do século XX impulsionou diversos aspectos sociais, econômicos e técnicos no mundo da época. Foi o período das grandes invenções, como o dínamo e a energia elétrica, o telefone, a lâmpada elétrica e o motor à explosão (BENEVOLO, 2007). Nessa época, também surgiram novos sistemas de construção, que impulsionaram o cres- cimento das principais cidades e sua explosão populacional. O aumento populacional acelerado fez as cidades crescerem desordenada- mente e com novas demandas de abastecimentos de infraestrutura e transporte, como redes de energia elétrica, de telefone e gás e linhas e trilhos de bonde. São mudanças aceleradas que as gestões das cidades custam a acompanhar. Com isso, foram priorizados os espaços da burguesia. Para a massa da popu- lação que era constituída de operários, eram destinados os cortiços insalubres e superlotados (Figura 1) (ALVES, 2006). Foi nesse contexto que surgiram as primeiras ideias da arquitetura moderna.

Figura 1. Cortiço do início do século XX, em Nova Iorque. Fonte: Everett Historical/Shutterstock.com.

Figura 2. Sede da Bauhaus, na Alemanha. Fonte: Bauhaus Dessau Foundation (2019, documento on-line).

Com a ideia da padronização e da nova postura do arquiteto, a arquitetura moderna estava presente não apenas na concepção da edificação, mas também pretendia influenciar a vida diária dos seus usuários. Existia uma preocupação em melhorar a qualidade de vida social e atingir o maior número de pessoas, inclusive as massas. Havia uma tentativa de estabelecer um novo modo de vida, com novos hábitos e costumes (ALVES, 2006). Essa nova forma de pensar a arquitetura também é descrita por Le Corbusier (1998, p. 189): “A grande indús- tria deve se ocupar da construção e estabelecer em série os elementos da casa. É preciso criar o estado de espírito da série. O estado de espírito de construir casas em série. O estado de espírito de residir em casas em série. O estado de espírito de conceber casas em série [...]”. A ideia da produção da arquitetura em larga escala e em série também estava associada ao pensamento racionalista da industrialização. Buscava-se uma forma de racionalizar o processo de produção e concepção da arquitetura visando, assim como na indústria, à alta produção e ao lucro. Com isso, racionalizou-se também da forma de viver por meio de medidas mínimas espaciais e de conforto. A padronização e a racionalização da arquitetura se baseavam em necessidades também padronizadas e geravam formas seriadas de utilização dos espaços (ALVES, 2006). Não só a arquitetura se baseou nas máquinas industriais, como estabeleceu a habitação como uma “máquina de morar”. É, portanto, um excesso de racionalização e de funcionalismo dos espaços e hábitos sociais. Um aspecto fundamental para o desenvolvimento e o sucesso da arquitetura moderna está relacionado aos avanços técnicos e construtivos. Nesse período, foram desenvolvidas e aperfeiçoadas técnicas que permitiram o uso de materiais que facilitaram os processos construtivos e permitiram maior liberdade de com-

posição. O aço, o concreto e o vidro se tornaram materiais de ampla utilização nas construções. A junção do concreto com o aço produziu o concreto armado e revolucionou a forma de projetar da época. O concreto armado proporcionou avanços estruturais na construção da época e permitiu a dissociação entre os fechamentos da fachada da edificação e a estrutura, que se tornaram indepen- dentes (PEREIRA, 2010).

Arquitetura da cultura de massa

A arquitetura da cultura de massa é, então, a arquitetura moderna, que teve início no século XX, na Europa, e se disseminou ao longo dos anos para as demais áreas do mundo. A arquitetura relacionada à cultura de massa é a arquitetura oriunda da industrialização e da racionalização de seus processos. A seguir, serão apresentados exemplos dessa arquitetura e suas características relativas à cultura de massa.

Sistema Dom-Ino

Um dos principais exemplos da arquitetura da cultura de massa está na obra de Le Corbusier (1998). Com os avanços construtivos do concreto armado, o arquiteto desenvolveu o sistema Dom-Ino, um protótipo de sistema construtivo constituído de lajes nervuradas conectadas por pilares e escadas (Figura 3a) (PALERMO, 2006). Essa prototipação arquitetônica é uma base generalizada de um sistema construtivo que originou as demais obras de Le Corbusier (1998), como a Maison Citrohan (Figura 3b), cujos estudos de concepção iniciaram-se em 1920. Ela permitiu uma flexibilidade estrutural e liberdade compositiva.

Figura 3. (a) Perspectiva do sistema Dom-Ino e (b) esquema axonométrico da Maison Citrohan. Fonte: (a) Palermo (2006, p. 42); (b) Palermo (2006, p. 64).

desenvolvida por Le Corbusier, em 1951. Como é possível perceber, apesar de existir variações nos tipos de moradia, essas variações se enquadram dentro de uma padronização referente à arquitetura da cultura de massa.

Figura 5. Plantas dos pavimentos-tipo de moradia da Unidade de Habitação de Marselha. Fonte: Cronologia do Urbanismo (2019, documento on-line).

Cozinha de Frankfurt

A cozinha de Frankfurt é um conceito criado nos anos 20 pela arquiteta Margarete Lihotzky, que visava a racionalizar o trabalho doméstico produzido dentro de uma cozinha (Figura 6). Dentro do conceito da moradia mínima, a

cozinha de Frankfurt também era econômica em termos espaciais, por isso, necessitava de um melhor aproveitamento do espaço da habitação, redu- zindo os movimentos necessários para a realização das tarefas domésticas (JOSÉ, 2012).

Figura 6. Planta e foto de um projeto de Lihotzky para cozinha. Fonte: José (2012, p. 16).

Conjuntos habitacionais no Brasil

A arquitetura da cultura de massa não se limitou à Europa ou aos países de- senvolvidos; ela também teve manifestações em todo o Brasil. A arquitetura moderna brasileira teve grandes nomes, como Oscar Niemeyer, Affonso Edu- ardo Reidy, Paulo Mendes da Rocha, arquitetos que desenvolveram inúmeras edifi cações e projetos pelo País. A arquitetura moderna brasileira voltada à cultura de massa pode ser percebida por meio dos conjuntos habitacionais populares. É o caso do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho, projetado, em 1947, por Affonso Eduardo Reidy. O projeto do conjunto Pedregulho segue os mesmos ideais já propostos por Le Corbusier (1998). As questões estruturais e funcionais estão relacionadas com as questões formais do objeto (SILVA, 2005). Além disso, o projeto resulta na composição de repetições de plantas-tipo (Figura 7) de unidades habitacionais, formando um grande bloco.

ALVES, A. P. S. Contribuições da arquitetura para a “indústria cultural” de Theodor Adorno e Max Horkheimer. 2006. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.

BAUHAUS DESSAU FOUNDATION. Bauhaus Building by Walter Gropius (1925–26). 2019. Disponível em: https://www.bauhaus-dessau.de/en/architecture/bauhaus-building. html. Acesso em: 08 jul. 219.

BARROSO, P. Antropologia e cultura. Porto Alegre: SAGAH, 2017.

BENEVOLO, L. História da cidade. São Paulo: Perspectiva, 2007.

CRONOLOGIA DO URBANISMO. Inaugurada a Unité d’habitation Marseille. 2019. Disponível em: http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao. php?idVerbete=1384#prettyPhoto. Acesso em: 08 jul. 2019.

FRACALOSSI, I. Clássicos da arquitetura: conjunto residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho). 2011. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-12832/classi- cos-da-arquitetura-conjunto-residencial-prefeito-mendes-de-moraes-pedregulho- -affonso-eduardo-reidy. Acesso em: 08 jul. 2019.

GANS, D. Out of India. 2010. Disponível em: https://archpaper.com/2010/09/out-of- -india/. Acesso em: 08 jul. 2019.

GROPIUS, W. Bauhaus: novarquitetura. São Paulo: Perspectiva, 2004.

JOSÉ, A. M. F. O mínimo como habitação: reabilitação do bairro da Alegria. 2012. Dis- sertação (Mestrado em Arquitectura) – Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2012.

LANDIM, P. Design e cultura de massa. São Paulo: UNESP, 2010.

LE CORBUSIER. Por uma arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 1998.

MORAIS, E. Confira a correção da prova de recuperação de Sociologia (Segundo Ano). 2012. Disponível em: http://contextoshistoricos.blogspot.com/2012/07/confira-correcao-da- -prova-de.html. Acesso em: 08 jul. 2019.

MORIN, E. Cultura de massas no século XX: neurose. Rio de Janeiro: Forense, 1997.

PALERMO, H. N. S. O sistema dom-ino. 2006. Dissertação (Mestrado em Arquitetura)

  • Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura, Faculdade Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.

PEREIRA, J. R. A. Introdução à história da arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2010.

PRIBERAM DICIONÁRIO. Cultura. 2013. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/ cultura. Acesso em: 08 jul. 2019.

SILVA, R. S. O conjunto Pedregulho e algumas relações compositivas. ARQUITEXTOS, São Paulo, ano 6, 2005. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/06.062/446. Acesso em: 08 jul. 2019.