







Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Artigo apresentado no CONFIBERCOM 2011, na USP.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
1 / 13
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Confederação Iberoamericana de Associações Científicas e Acadêmicas da Comunicação Tema: Estruturas psíquicas presentes na prática do ciberbullyng Jefferson Cabral Azevedo 1 Fabiana Aguiar de Miranda 2 Daniella Costantini das Chagas Ribeiro^3 Joyce Vieira^4 Marco Antonio Coelho^5 Carlos Henrique de Souza Medeiros^6 Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) - Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil Resumo: A violência escolar tem preocupado sobremaneira tanto pais quanto educadores. Entretanto, nos dias atuais, tem ultrapassado as fronteiras geográficas e a noção de tempo e espaço, atingindo, então, o não-lugar definido, segundo SOUZA (2005), como lugar do virtual, abrigando uma série de fenômenos complexos, dentre os quais o B ullying escolar. Vivemos na era da informação, de rápidas mudanças nas estruturas sociais e em suas relações. Portanto, uma ressignificação dos papéis, a reconstrução dos parâmetros exercidos pela apropriação da convivência diária, não mais fechados e inertes. Poder acessar em tempo real toda sorte de informação de qualquer lugar do mundo, bem como suas principais fontes, representa uma forte mudança de paradigma social e proporciona um futuro cheio de possibilidades e fluidez, onde a informação do hoje pode ser a ultrapassada de amanhã, num curto espaço de tempo. Podemos observar tais fatos com facilidade no ciberespaço e nas tendências trazidas por ele também espraiadas pela virtualização das relações nas Redes Sociais. Palavras-chave : Bullying , Redes Sociais, Psicanálise, Ciberbullying, Poder. Abstract: School violence has greatly concerned both parents and educators. However, nowadays, it has overcome geographic boundaries and the notion of time and space, reaching then the non-defined place, according to Souza (2005), as the virtual place, housing a series of complex phenomena, and the School bullying is one of them. We live in the age of information, of rapid changes in social structures and their relationships. Therefore, a redefinition of roles, the reconstruction of the parameters exercised through the acquisition of daily living, no more closed and inert. Being able to access real-time all sorts of information from anywhere in the world as well as their main sources, represents a marked shift in social paradigm and provides a future full of possibilities and flow, where the information may now be outdated tomorrow, in a short time. We can easily observe these events in cyberspace and the trends brought about by him too sprawling for virtualization of relationships in social networks. Key Words: Bullying, Social Networks, Psychoanalysis, Cyberbullying, Power. (^1) Bolsista Faperj e Mestrando pelo programa de Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual Norte Fluminense, MBA em Gestão Estratégica de Recursos Humanos pela Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, Psicólogo pela UNESA - Nova Friburgo e Administrador de Empresas pela UCAM. (^2) Bolsista Faperj e Mestrando pelo programa de Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro-UENF,Pós-Graduação em Psicopedagogia pela Universidade Candido Mendes, Pedagoga pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras -Fafima. (^3) Bacharel em Comunição Social, habilitação em Relações Públicas, pelo Cento Universitário Fluminense - Faculdade de Filosofia de Campos (UNIFLU - FAFIC) e mestranda em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF. (^4) Mestranda em Cognição e Linguagem pela UENF, bolsista FAPERJ, Pós-graduada em Língua Inglesa e Licenciada em Letras com habilitação em Inglês pelo Centro Universitário São José. (^5) Graduado em Sistemas de Informação(UEMG) , Especialista em Designer Instrucional para EAD virtual(UNIFEI) e Docência no ENsino Superior(UNIG). Mestrando em cognição e Linguaguem (UENF). Professor de Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à Educação na Universidade do Estado de Minas Gerais. (^6) Doutor em Comunicação pela UFRJ, Professor da Universidade Estadual Darcy Ribeiro – UENF; Coordenador do programa de Mestrado em Cognição e Linguagem.
1 – Introdução Todo processo institucional, inclusive o escolar, tem relação com a mudança nas relações de trabalho e os avanços científicos. Consequentemente, as identidades oriundas destes choques entre concepções proporcionam novos paradigmas relativos à fluidez de comportamento e ao referencial para a estruturação psíquica. Vivemos na era da informação, de rápidas mudanças nas estruturas sociais e em suas relações. Não é, portanto, uma simples questão de ponto de vista, é uma ressignificação dos papéis, ou melhor, a reconstrução dos parâmetros exercidos pela apropriação da convivência diária, não mais fechados e inertes. Poder acessar em tempo real toda sorte de informações de qualquer lugar do mundo, bem como suas principais fontes, representa uma forte mudança de paradigma social e proporciona um futuro cheio de possibilidades e fluidez, onde a informação do hoje pode ser a ultrapassada de amanhã, num curto espaço de tempo. Podemos observar tais fatos com facilidade no ciberespaço e nas tendências trazidas por ele também espraiadas pela virtualização das relações nas Redes Sociais. 2- Identidade, Poder e Redes Sociais No quesito redes sociais, de acordo com a perspectiva de CASTELLS (2002), (...) redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação (por exemplo, valores ou objetivos de desempenho). Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto, altamente dinâmico, suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio. (CASTELLS, 2002) Essas relações são marcadas pelo poder, ressaltado por Foucault (1999), em Microfísica do Poder, em seu aspecto imperativo sobre os corpos, físicos ou imaginários, sob a tutela da disciplina. A disciplina que Foucault mostra é, pois, uma política do detalhe e, desta forma, desenha uma Microfísica do Poder que vem evoluindo em técnicas cada vez mais sutis, sofisticadas, com aparente inocência, tomando o corpo social em sua quase totalidade. É assim no contexto disciplinar dos regulamentos minuciosos, do olhar das inspeções e no controle sobre o corpo que toma forma nas escolas, nas redes sociais e outros lugares comuns. É preciso agora esmiuçar esta tecnologia disciplinar em seus diferentes componentes para estudá-la, bem como sua inserção na escola e na vida cotidiana.
A escola e a família não são os únicos referenciais para a formação das identidades e es- truturação psíquica, o não-lugar proporcionado pelas novas tecnologias adentrou tais ambien- tes restritos e concorre para estabelecer novos valores e parâmetros de convivência, de rela- ções e propagação de poder e formação de identidades, sejam patológicas ou não. O processo de formação de identidades nas redes perpassa vários aspectos interessantes e ao mesmo tempo trágicos pois, segundo Freud (1969), a formação da personalidade se dá através e pelo Outro. Entretanto, quem é este outro dentro de um mundo tecnologicamente virtual, onde as relações são efêmeras e transitórias? Por vezes, as Redes Sociais funcionam como um grande grupo que exerce influência sobre os comportamentos dos componentes e subjuga a identidade individual. Para Le Bon (1969), “os dotes particulares dos indivíduos se apagam num grupo e, dessa maneira, sua distintividade se desvanece”. Segundo FREUD (1969) em Psicologia das Massas e análise do Eu , existem dois fatores importantes O primeiro é que o indivíduo que faz parte de um grupo adquire, unicamente por considerações numéricas, um sentimento de poder invencível que lhe permite ren- der-se a instintos que, estivesse ele sozinho, teria compulsoriamente mantido sob co- erção. Ficará ele ainda menos disposto a controlar-se pela consideração de que, sen- do um grupo anônimo e, por conseqüência, irresponsável, o sentimento de responsa- bilidade, que sempre controla os indivíduos, desaparece inteiramente.’ (Freud,1969) Outro fator importante é a relação de contágio pelo qual o comportamento individual é diretamente influenciado como no “efeito manada”: o discernimento e a vontade própria desaparecem por completo passando, assim, a assumir uma identidade grupal. 3 – Bullying: Violência no âmbito escolar As diferentes manifestações de violência urbana vêm adquirindo cada vez mais impor- tância e dramaticidade na sociedade brasileira, especialmente a partir da década de oitenta. Muitas são as suas expressões, os sujeitos envolvidos e as consequências. O frequente envol- vimento da população infantil e juvenil com esta realidade ocupa, de maneira crescente, as pá- ginas da imprensa falada e escrita. Tal problema tem muitas implicações do ponto de vista da prática educativa, e suas diferentes manifestações têm preocupado de forma especial pais e educadores. De acordo com tal perspectiva, é possível destacarmos alguns aspectos que têm caracte- rizado nossa sociedade nos últimos anos: o intenso processo de urbanização, as migrações in- ternas com suas consequências de desenraizamento social, cultural, afetivo e religioso, a ace- lerada industrialização, o impacto das políticas neoliberais, a expansão das telecomunicações,
a cultura do consumo, a enorme concentração de renda, a crise ética, o aumento da exclusão e do desemprego. Para muitas pessoas, o aumento da violência está relacionado ao número de jovens e cri- anças que vivem pelas ruas das grandes cidades. Assim, manifestações de violência estariam relacionadas às classes populares. Contudo, considerar a pobreza e a miséria como as únicas causas da violência é, no mínimo, uma análise reducionista e simplista da questão. Jovens fi- lhos de famílias favorecidas economicamente também se envolvem em atos ilícitos e em situ- ações de violência e agressão deliberadas. De acordo com SPOSITO (1994), não é de hoje que profissionais da educação, alunos e pais vêm se surpreendendo com problemas de violência entre jovens alunos de classe média. Apesar das preocupações generalizadas, os olhares dos pesquisadores têm se voltado majori- tariamente para as manifestações de violência entre jovens das classes populares. A discussão sobre violência é importante, porque é um fenômeno que se desdobra no ambiente da instituição escolar. Ao analisar o fenômeno da violência, vemo-nos diante de uma série de dificuldades, não apenas porque o fenômeno é complexo, mas, principalmente, porque nos faz refletir sobre nós mesmos, sobre nossos pensamentos, sobre nossos sentimentos. Assim, podemos afirmar que a violência no meio escolar tanto decorre da situação de vi- olência social que atinge a rotina dos estabelecimentos de ensino como pode expressar moda- lidades de ação que nascem no ambiente pedagógico. Tal situação, como por ebulição, ultra- passa as fronteiras geográficas e a noção de tempo e espaço e a violência atinge, então, o não- lugar definido, segundo SOUZA (2005), como lugar do virtual, abrigando uma série de com- plexos fenômenos, dentre os quais o B ullying escolar. Na visão de FANTE (2001), o B ullying escolar, ou violência entre pares, é um fenôme- no tão antigo quanto prejudicial, que pode deixar marcas profundas na vida de um sujeito. Apesar dos educadores terem consciência da problemática existente entre agressor e vítima, poucos esforços foram despendidos para o seu estudo sistemático até princípios dos anos se- tenta. Segundo a autora, durante vários anos essa intenção ficou restrita apenas à Escandiná- via. Na década de setenta, surgiu na Suécia um grande interesse de toda a sociedade pelos problemas desencadeados pelo fenômeno. Na Noruega, o fenômeno M obbing , como é deno- minado nesse país, durante muitos anos foi motivo de preocupação dos meios de comunica- ção, de professores e de pais, porém sem que as autoridades educativas se comprometessem de forma oficial.
admitidos no mundo “Real”, onde as relações são marcadas por normas e regras. Tais normas e regras não são estabelecidas nas redes e são, assim, subjetivas, apresentando pouca capacidade ou força de gerar senso crítico. Neste âmbito, podemos presenciar a utilização de artifícios para conseguir a visibilidade passando por cima da Ética e da Moralidade. SOUZA destaca em Comunicação Linguagem e Identidade (2006) o conceito desenvolvido por TURKLE (1997): Na história da construção da identidade na cultura da simulação, as experiên- cias na Internet ocupam um lugar de destaque, mas essas experiências só po- dem ser entendidas como parte de um contexto cultural mais vasto. Esse con- texto é a história da erosão das fronteiras entre o real e o virtual, o animado e o inanimado, o eu unitário e o eu múltiplo, que está a ocorrer tanto nos domí- nios da investigação científica de ponta como nos padrões da vida quotidiana. (TURKLE, 1997, pg 12). Para CASTELLS (2005), as redes são constituídas de pessoas, pois elas é que são capazes de conectar e criar vínculos entre si, e isto não ocorre do mesmo modo com as instituições. Segundo SOUZA (2005), estamos diante de várias mudanças na sociedade moderna, trazidas pela cibercultura. Inferimos que estamos diante de uma nova forma de produção social do espaço, na qual o tempo-real instantâneo é um tempo sem tempo e o novo dia-a-dia é destituído de espaço e matéria. Nesta reflexão é possível constatar que este dinamismo de tudo que está contido no ciberespaço cria novas ambiências, hábitos e comportamentos – fatos estes que não há como ignorar ou simplesmente evitar. Souza (2003) ainda nos alerta que as tecnologias se sucedem uma a uma e o novo de hoje é fruto de um amadurecimento, de uma evolução que se desenvolve progressivamente, ou seja, o novo de hoje é o avançado do ontem e o ultrapassado do amanhã. A imagem-fluxo, a presentificação, a realidade virtual e as diversas possibilidades de comunicação no ciberespaço sugerem um novo ambiente: as cidades digitais. A realidade virtual que se apresenta no ciberespaço não é somente fruto de contemplação sensorial das imagens e troca de informações, mas uma forma objetiva de ser da nova materialidade do arranjo social em redes de comunicação. 5 - Ciberbullying Com a chegada e o crescimento acelerado da tecnologia, surgiu uma nova forma de intimidação, que ultrapassou o aspecto físico presencial - o Ciberbullying - uma forma dissimulada de Bullying , em que as agressões são virtuais. É caracterizado por agressões,
insultos, difamações, maus tratos intencionais, contra um indivíduo ou mais, utilizando, para isso, os meios tecnológicos. AVILÉS (2009) o define como uma forma de “assédio entre iguais através do celular e da internet”, em que as agressões são feitas “através das novas tecnologias de informação e comunicação, em espaços virtuais”. MARTINS (2005) (...) identifica o bullying em três grandes tipos. Segundo a autora, baseando- se no estudo teórico de produções na área, o que se chama por bullying é di- vidido da seguinte maneira: diretos e físicos, que inclui agressões físicas, rou- bar ou estragar objetos dos colegas, extorsão de dinheiro, forçar comporta- mentos sexuais, obrigar a realização de atividades servis, ou a ameaça desses itens; diretos e verbais, que incluem insultar, apelidar, "tirar sarro", fazer co- mentários racistas ou que digam respeito a qualquer diferença no outro; e in- diretos que incluem a exclusão sistemática de uma pessoa, realização de fofo- cas e boatos, ameaçar de exclusão do grupo com o objetivo de obter algum favorecimento, ou, de forma geral, manipular a vida social do colega. (MARTINS, 2005) LOPES NETO (2005) enfatiza a utilização das novas tecnologias para um novo modo de intimidação, o C yberbullying, que na verdade é a utilização da tecnologia da comunicação para a realização desta violência. O C yberbullying apresenta particularidades que o diferem de agressões presenciais e diretas e o tornam um fenômeno que nos parece ainda mais cruel, pois, diferentemente do assédio presencial, não há necessidade das agressões se repetirem. O assédio se abre a mais pessoas rapidamente devido à velocidade de propagação de informações nos meios virtuais, invadindo os âmbitos de privacidade e segurança. MASON (2008) aponta que, a cada dez adolescentes, oito usam a internet em casa, o que significa que o praticante do Ciberbullying pode agredir sua vítima quando não está na escola ou nas proximidades dela e, portanto, o lar pode não ser mais um refúgio seguro e os agressores não precisam mais de um local físico para molestar a vítima. Pode-se dizer que o Bullying digitalizado é extensão do pátio da escola – as agressões podem continuar por longas horas depois do horário escolar. No entanto, para algumas vítimas, a internet pode ser um lugar de vingança, onde podem, também elas, ameaçar e intimidar os outros para compensar o fato de terem sido agredidos pessoalmente. E a internet abrange, ainda, um número muito maior de espectadores que podem fazer um pré- julgamento dos envolvidos. Os autores intimidam suas vítimas através de dois principais instrumentos: computadores e telefones celulares. Por meio da internet, agressores podem enviar mensagens abusivas, obscenas ou difamadoras via e-mail, em sites de relacionamento (como Orkut, Facebook, Twitter) ou utilizando-se de programas de mensagens instantâneas (como MSN e Google Talk). De acordo com MASON, há também a promoção de sites pessoais ou blogs que
econômicos, políticos e sociais. Dentro de uma perspectiva psicológica e, mais apropriadamente, da psicanálise, o Bullying remonta às bases da formação da personalidade e sua relação com os fatores ambientais; aproxima-se do conceito de preconceito e emite reflexos dos fatores culturais e históricos para sua execução e propagação. Entretanto, há critérios bastante singulares entre os aspectos de estrutura psíquica dos agressores e os transtornos oriundos desta relação no psiquismo das vítimas. A violência não é um fenômeno moderno, mas que ganha conotações bastante avassaladoras com os avanços tecnológicos e, também, pela crescente urbanização da sociedade que diminui espaços a exarceba comportamentos que hoje podemos denominar de politicamente incorretos. Os comportamentos agressivos originados de transtornos causados por agressões têm aumentado as reações violentas, como ataques armados a escolas e locais públicos e o aumento circunstancial de suicídios. Desse modo, podemos nos basear no desenvolvimento psicossocial descrito e explicado por Freud (1969). Através das análises realizadas por ROUANET (1998), das obras freudianas, destacamos que O desenvolvimento psicossexual culmina exatamente na constituição do superego quando, por meio da resolução do Complexo de Édipo, as leis, as normas e o sistema de valores vigentes, encarnados na figura paterna, são introjetados pelo sujeito. Deste modo, quando ele chega à fase adulta, tem a sociedade em si mesmo e apresenta-se adequadamente susceptível à obediência à autoridade que se encontra mascarada neste momento histórico em que a ideologia confunde-se com a própria realidade. Exatamente por isso, hoje, a crítica à ideologia constitui-se a partir da crítica à realidade (Rouanet, 1998). Dentro deste processo, a ideologia e a socialização são internalizadas também pelo agressor e este, muitas vezes, desenvolve uma profunda alienação em relação ao próprio processo, colocando-se como vítima quando sofre a reações de seus atos. Segundo a psicanálise, o agressor é, antes de tudo, um sádico. Lembremos que o sadismo, para a psicanálise, consiste no exercício da violência ou do poder sobre a outra pessoa como objeto. Para compreender melhor tal processo, é necessário, antes, entender a perspectiva das relações de desejos dentro da teoria freudiana. O desejo, segundo LACAN (1999), não se refere ao mundo biológico (baseado na satisfação das necessidades fisiológicas), mas é, por assim dizer, desnaturalizado e engajado no mundo simbólico e, porventura, inconsciente. Segundo FREUD (1969), o desejo surge a partir do desejo do Outro e, para tal, é necessário internalizá-lo, suprimi-lo, assimilando-o. Para GARCIA-ROZA (2003),
O desejo é uma ação “negratriz”, pois tem por objetivo a destruição ou transformação do objeto para que o desejo possa ser satisfeito. No lugar da realidade objetiva (destruída ou transformada, surge uma realidade subjetiva pela assimilação ou interiorização do objeto. (GARCIA-ROZA , 2003) Assim, pode-se dizer que o agressor se identifica com o agredido e necessita da vítima para que possa ser reconhecido. Neste sentido, o agressor, segundo GARCIA-ROZA (2003), “só pode afirmar o seu desejo na medida em que nega o desejo do outro e tenta impor a esse outro o seu próprio desejo”. Ao negar o objeto de desejo (o outro), assimilando-o, o sujeito afirma-se como superior, mas permanece totalmente dependente deste, ou seja, o agressor é um dependente da vitima para se afirmar ou sentir-se seguro. O agressor é, antes de tudo, um inseguro. A vítima, exposta a situações de humilhações e agressões psíquicas ou físicas, pode adquirir vários transtornos, como baixa auto-estima, depressão, pensamento e ações suicidas e violência explícita ao agressor ou ao meio social. 7- Considerações Finais Mediante a esta análise, é possível concluir que este mundo novo trazido pelas novas tecnologias está cada vez mais presente no cotidiano social. E é inegável que esta revolução cibernética-tecnológica afeta os mais variados aspectos da sociedade através da inserção de novos contextos virtuais, como as Redes Sociais. E o uso dessas Redes Sociais impõe, muitas vezes, a atemporalidade e uma propagação extremamente rápida da violência virtual que também traz impactos irreparáveis ao psiquismo e à vida social das vítimas de Ciberbullying. 8 - Referências AVILÉS, J. M. Cyberbullying: Diferencias entre el alumnado de secundaria. Boletin de Psicologia, No.96, 2009, 79-96. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede – a era da informação: economia, sociedade e cultura ; v. 1. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005. FANTE, c. a. z. (2001): Bullying escolar, in Violência nas escolas , Jornal Diretor udemo, ano V, n.º 02, março/2002, São Paulo. Dados sobre estudos realizados em cinco escolas da Rede Pública e Privada de Ensino em duas cidades no interior do estado de São Paulo. FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro Editora Graal 1999
SOUZA, C. H. M. Comunicação, Educação e Novas Tecnologias. Campos dos Goytacazes, ed. FAFIC/Grafimax, 2003. SOUZA, C.H.M. e COSTA, M.A.B. Abordagens antropológicas do ciberespaço e da ciber- cultura. In: Revista TB, Rio de Janeiro, 163: 85/94, out-dez, 2005. SOUZA, Jessé (Org). A invisibilidade da desigualdade brasileira. Belo Horizonte: UFMG,
SPOSITO, M. P. (1994): sociabilidade juvenil e a rua: novos conflitos e a ação coletiva na cidade , in Tempo Social, Revista de Sociologia da usp, 5(1-2), usp, São Paulo. TURKLE, Sherry. A vida no ecrã. A identidade na era da internet. Lisboa, Relógio D’água,
8.1 - Sites Utilizados Para a Pesquisa MAIA, Aline Silva Correa. Telenovela Projeção, identidade e identificação na modernidade líquida. Universidade Federal de Juiz de Fora. Minas Gerais, agosto de 2007. Disponível em http://www.compos.org.br/files/24ecompos09_AlineMaia.pdf. Acesso em 15 de maio de 2010 as 15:30. SOUZA, Carlos H.M. Comunicação, Linguagem e Identidade. Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF, setembro de 2006. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/R0240-2.pdf. Acesso em 25 de maio de 2010 as 19:30.