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Uma análise teórica e prática da estrutura e funcionalidade dos títulos interrogativos na capa da revista veja. A base teórica deste estudo é a gramática funcional, que serve as genres, que servem as necessidades de interação humana. O texto aborda a concepção de 'formas abertas' e os papéis de perguntador e respondedor, além da forma da revista veja e da estabelecimento de forças ilocutivas no gênero analisado. O documento também discute a interpretação do falante e a compartilhança de informações pragmáticas entre falantes de uma mesma língua.
Tipologia: Esquemas
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Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos e Literários da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Letras e Linguística. Área de Concentração: Estudos Linguísticos Linha de Pesquisa: Descrição e análise de línguas indígenas e demais línguas naturais (LP4) Orientadora: Prof.ª Drª Vânia Cristina Casseb Galvão
A meu Elon, esposo À minha Cárita, filha A meu Matias, filho A meu Jonas, filho À minha Divina, mãe
Amo sempre!
Insuficientes...
SILVA, Neide Domingues da. Estruturação e Funcionalidade de Manchetes de Capa da Revista Veja. Goiânia, 2012. 115 f. Dissertação de Mestrado em Letras e Linguística – Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás.
Nesta dissertação, investiga-se a estruturação e funcionalidade do gênero discursivo Manchete de Capa da Revista Veja (MCRV), mais especificamente de manchetes constituídas a partir de uma forma interrogativa. Para isso, recorre-se à Gramática Funcional com base, principalmente, em Dik (1997), Halliday e Matthiessen (2004) e Neves (1997, 2000, 2002, 2006, 2010). De acordo com o Funcionalismo, a gramática está a serviço de gêneros, os quais servem às necessidades humanas de interação. Assim, pressupõe-se uma confluência entre fatores sintáticos, semânticos e pragmáticos na composição de uma MCRV. Consideram-se as especificidades desse gênero a partir da relevância das informações pragmáticas do leitor, que interferem na seleção e ordenação de constituintes pelo redator. O corpus de pesquisa corresponde às manchetes publicadas entre 11 de setembro de 1968 e 7 de setembro de 2011. Verifica-se a funcionalidade das manchetes constituídas por “formas abertas” (DIK, 1997a, p. 328), dentre elas, como e o que. Essas estruturas interrogativas, no “contexto de situação” (HALLIDAY, 1978, p.143 apud NEVES, 2010, p.78) midiática, são usadas por um redator que acumula os papéis discursivos de perguntante e respondente. Assim, essas perguntas são pseudoperguntas, pois o redator não espera uma resposta por parte do leitor. Na verdade, o redator presume uma pergunta do leitor e a materializa em forma de MCRV. Assim, nesta pesquisa, comprova-se que a organização sintático-semântica, bem como a instauração de forças ilocucionárias no gênero analisado vinculam-se, sobretudo, a fatores discursivos e cooperam para a produção de sentidos.
Palavras-chave: Gramática Funcional, manchete de capa de revista, formas abertas.
SILVA, Neide Domingues da. Structure and Functionality of Headlines of Cover of Revista Veja. Goiânia, 2012. 115 f. Dissertação de Mestrado em Letras e Linguística – Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás.
This study investigates the structure and functionality of the discourse genre Manchete de Capa da Revista Veja (MCRV), specifically headlines made from an interrogative form. For this, the theoretical basis of this study is the Functional Grammar, based mainly in Dik (1997), Halliday and Matthiessen (2004) and Neves (1997, 2000, 2002, 2006, 2010). According to the Functionalism, the grammar serves the genres, which serve the needs of human interaction. Thus, it is assumed a confluence of syntactic, semantic and pragmatic factors in the composition of a MCRV. The specificities of this genre are considered by the pragmatic relevance of the reader‟s information, which interferes with the selection and ordering of constituents by the editor. The research corpus meets headlines published between September 11, 1968 and September 7, 2011. The feature of the headlines is analyzed considering the concept of "open forms" (DIK, 1997a, p. 328), among them, how and what. These interrogative structures, in media “context of situation" (Halliday, 1978, p.143 by NEVES, 2010, p.78), are used by a writer, who accumulates the discursive roles of querying and respondent. In fact, these questions are pseudo questions, because the editor does not expect an answer from the reader, the editor assumes a reader's question and materializes in the form of MCRV. Thus, this research proves that the syntactic-semantic organization, as well as the establishment of illocutionary forces in the genre analyzed are linked mainly to the discursive factors and cooperate for the meaning production.
Keywords: Functional Grammar, headline magazine cover, open forms.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Ag......................................................................................................................................Agente Ben............................................................................................................................Beneficiário Con.................................................................................................................................Controle Dec…………………………………………………………………………..………Declarativa Din.................................................................................................................................Dinâmico EsCo..................................................................................................................Estado-de-Coisas Exp.............................................................................................................................Experiência Foc……………………………………………………………………………………….....Foco Go( Goal )...........................................................................................................Meta ou Objetivo GSF.............................................................................................Gramática Sistêmico Funcional Loc..................................................................................................................................Locativo MCR..............................................................................................Manchete de Capa de Revista MCRV...................................................................................Manchete de Capa da Revista Veja Mod……………………………………………………………………………….……….Modo Mom.........................................................................................................................Momentâneo Obj………………………………………………………………………………………..Objeto Past……………………………………...………………………………………………Passado Rec………………………………………………………………………………...…Recebedor Suj……….……………………………………………………………………………….Sujeito SVO............................................................................................................Sujeito-Verbo-Objeto Tel…………………...…………………………………….………………………..…… Télico Top…………………………………...…………………………………………………..Tópico
Este trabalho visa a contribuir para a análise das manifestações discursivas do Português Brasileiro na medida em que permite descrever um padrão prototípico do gênero discursivo Manchete de Capa de Revista Veja, doravante MCRV, bem como analisar os recursos estruturais e funcionais produtivos para estabelecer uma interação eficiente entre redator e leitor. Sendo a MCRV um gênero jornalístico que se configura para a leitura pública a partir de fatos reais, é inegável a responsabilidade social dessa pesquisa haja vista que envolve também questionamentos de noções estereotipadas como credibilidade e imparcialidade, geralmente evocadas pelos enunciadores do discurso jornalístico para caracterizá-lo. Nesse contexto, salienta-se a necessidade de contribuir para a compreensão de fatores internos, inerentes ao sistema; e fatores externos, pertinentes a contextos historicamente situados. A partir dessa concepção, a revista é reconhecida como um suporte midiático veiculador de informações e posicionamentos ideológicos. Consagrados atributos dos textos do discurso jornalístico como credibilidade e imparcialidade estão relacionados a estratégias de marketing , ou seja, pretendem convencer o leitor a comprar a revista a partir da consideração falaciosa de que as informações contidas nelas são verdadeiras e não correspondem a opiniões proselitistas da equipe editorial, mas a um ponto de vista fundamentado em fatos e evidências. A interação humana verbal, tanto falada quanto escrita, pressupõe uma espécie de contrato tácito em que os interlocutores compartilham e transmitem informações a partir de suas intencionalidades. De acordo com o Funcionalismo, suporte teórico desta investigação, a interação social pressupõe a seleção e a ordenação de constituintes a partir de finalidades específicas. Desse modo, a configuração sintática de um enunciado é motivada por fatores semânticos e pragmáticos, que emergem em contextos particulares. Em outras palavras, as expressões linguísticas estão a serviço do cumprimento de funções sociointeracionistas. Logo, são o que são para satisfazer um propósito comunicativo. Nesse contexto, pretende-se analisar a constituição estrutural e funcional do gênero MCRV, mais especificamente, das manchetes de capa da Revista Veja construídas na forma interrogativa, publicadas no período de 11 de setembro de 1968 a 7 de setembro de 2011, tendo como pressupostos, sobretudo, os princípios funcionalistas de que a interação se atualiza via gêneros, a instância da produção de sentidos (NEVES, 2010; CASSEB-
GALVÃO, 2011), e da iconicidade, segundo a qual tanto a seleção quanto a ordenação de constituintes em um enunciado são motivadas por fatores internos, ligados ao sistema linguístico, e por fatores externos, ligados ao contexto social no qual emerge a interação. O corpus de pesquisa é constituído por 2233 manchetes de capa da Revista Veja, que incluem manchetes interrogativas e não interrogativas, em contextos de períodos simples e compostos, publicadas no intervalo de tempo anteriormente mencionado. A propósito, foram analisadas apenas manchetes principais, em destaque nas capas a partir do uso de fontes maiores. A escolha da Revista Veja deu-se em virtude de sua abrangência nacional, o que pressupõe um amplo alcance interativo, isto é, representatividade entre os outros de mesma natureza. A incursão no corpus de pesquisa mostrou vários padrões estruturais nas MCRV entre os quais foi saliente a estruturação em torno de uma forma interrogativa, em contexto de período simples. Essa saliência é de natureza sintática e pragmática: algumas MCRV se constroem a partir de uma “forma aberta” (DIK, 1997), o que significa que, na estrutura oracional, há um elemento formal, argumental ou adjunto, que, semanticamente, sinaliza e identifica uma lacuna na informação pragmática dos interlocutores, conforme exemplificado em (01):
(01) Como fica esta guerra (Revista Veja, 08 jul 1970)
Outro fato relevante para ter as formas abertas nas MCRV como centro desta investigação é a estruturação interrogativa configurada a partir de uma “informação temática” (DIK, 1997), seguida por uma interrogativa indireta, estrutura não prototípica na escrita cotidiana, o que sugere um padrão estrutural produtivo nesse gênero, que se exemplifica em (02):
(02) Transplantes. Como você ganha com eles (Revista Veja, 8 abr 2009)
Considerando-se que, de acordo com o pensamento funcionalista, a interação social se configura em gêneros e a gramática está a serviço da funcionalidade desses gêneros para o cumprimento de papéis sociais específicos, e que os níveis sintático, semântico e pragmático estão inter-relacionados e contribuem para a produção de sentidos nos textos, investiga-se a constituição estrutural e funcional das MCRV, mais especificamente, a funcionalidade das formas abertas nesse gênero.
Neste capítulo, apresentam-se os postulados teóricos de cunho funcionalista que sustentam a análise dos dados. Para isso, recorre-se, principalmente, a Dik (1997), Halliday e Matthiessen (2004) e Neves (1997, 2000, 2002, 2006, 2010). Pressupõe-se que a instauração de funções sintáticas emerge da escolha guiada por funções pragmáticas e semânticas estabelecidas no uso. Assim, por exemplo, em um enunciado, o uso de determinado verbo, sujeito, objeto, dentre outros constituintes sintáticos, bem como o emprego de uma ilocução básica específica não são aleatórios. Dentre as várias opções para representar um evento, um Estado-de-Coisas (algo que acontece no mundo), o locutor escolhe a configuração que melhor atende a seus propósitos. No caso da MCRV, gênero selecionado para este trabalho investigativo, os locutores correspondem aos redatores das manchetes que, na verdade, corroboram posicionamentos da equipe editorial a que se vinculam. Nesse contexto midiático, redatores presumem informações pragmáticas dos leitores, com a intenção de ampliá-las ou modificá-las. Acredita-se que a configuração de uma MCRV não é arbitrária, pois atende a propósitos sociointerativos, financeiros e publicitários específicos. Para tanto, é interessante atentar para a estruturação oracional básica que emerge a partir do uso de estratégias funcionais que viabilizam a eficiência dos propósitos enunciativos.
1.1. CONCEPÇÃO FUNCIONALISTA DE LINGUAGEM
O Funcionalismo é um conjunto de modelos teóricos de descrição e análise linguística que têm como orientação comum o reconhecimento da linguagem como processo, atividade interativa e da língua como sistema de interação social, dinâmico, que se constitui no uso efetivo, ou seja, em situações reais de comunicação entre os seres humanos (NEVES, 1994, p. 125). Opõe-se à perspectiva puramente formal, cartesiana da linguagem. De acordo com o paradigma funcionalista, não existe uma correspondência biunívoca entre uma forma e uma
função. Na verdade, uma forma pode corresponder a diversas funções, de acordo com o uso em situações específicas. Nesse contexto, Neves (2010, p. 74) salienta a “não biunivocidade entre classe e função”, ou seja, forma e conteúdo não têm uma correspondência de uma a um. Por isso, a autora reconhece a “multifuncionalidade dos itens”, que pressupõe várias formas para um mesmo conteúdo ou uma forma para vários conteúdos. Em outras palavras, as línguas modificam-se juntamente com as transformações sociais. Assim, remetem a um contexto histórico, a uma comunidade linguística inserida em uma realidade espaço-temporal específica. A noção de “difusão de zonas”^1 (NEVES, 2010, p. 74) justifica a oscilação entre as categorias gramaticais. Nessa oportunidade, a autora menciona algumas noções funcionais relevantes:
A multifuncionalidade dos itens (a não biunivocidade entre classe e função); a prevalência do eixo paradigmático (o eixo das “escolhas”); a hierarquia das relações (a rede de relações paradigmáticas de cada nível); a simultaneidade das seleções do falante (as seleções nos diversos subsistemas); a existência de um contínuo entre as categorias (a difusão de zonas, que, entretanto, não impede o estabelecimento das categorias) (NEVES, 2010, p. 74).
Neves (2010) esclarece que as abordagens gramaticais de orientação formalista e funcionalista diferenciam-se quanto à consideração da natureza linguística. A partir do Formalismo, a estrutura é o foco principal de análise; o falante é considerado um indivíduo que, conforme suas características genéticas, é capaz de selecionar construções lógicas. De acordo com o Funcionalismo, as relações sociais fundamentam a análise. Nesse caso, o falante é visto em um contexto de interação pragmática, que proporciona um intercâmbio de informações. Em outras palavras, para o Formalismo, interessa o falante, espécime individualmente dotado de competência verbal; para o Funcionalismo, interessa, sobretudo, o falante situado socialmente, em contato com outros falantes. Dentre os modelos funcionalistas, destacam-se o Funcionalismo Inglês, representado principalmente por Halliday; o Funcionalismo Holandês, cujos expoentes são Simon Dik, Kees Hengeveld, Lackan Mackenzie; o Funcionalismo Americano, com ênfase nas obras de Talmy Givón, Wallace Chafe, Sandra Thompson, Paul Hopper, Elizabeth Traugott. Esses linguistas têm como objetivo comum estudar a competência comunicativa, ou seja, de que modo os sujeitos usam a língua em favor de seus interesses e propósitos. Assim, defendem a
(^1) “Difusão de zonas” refere-se a um contínuo entre as categorias linguísticas que não impede o estabelecimento destas.
Assim, o efeito de sentidos provocado por uma MCRV, por exemplo, depende do “contexto de situação”, que se instaura entre um redator e um leitor, e do “contexto de cultura”, situado em um período sócio-histórico a que se vincula o suporte que a veicula. De acordo com o Funcionalismo Holandês, a materialização de um ato discursivo está ligada a uma estrutura subjacente da oração que requer um predicado. Acerca disso, Dik (1989) considera que “ao predicado – que designa propriedades ou relações – se aplica a um certo número de termos – que se referem a entidades – produzindo uma predicação, que designa um Estado-de-Coisas, ou seja, uma codificação linguística (e possivelmente cognitiva) que o falante faz da situação”. O quadro 01, transcrito de Neves (1997, p. 84), exemplifica uma predicação, que corresponde ao esquema entregar (Pedro) (o livro) (à menina):
QUADRO 01 Estrutura subjacente da oração (NEVES, 1997, p. 84)
Neves (1994, p.124) aponta três tipos de funções na estrutura do predicado com base em Dik (1989):
-Semânticas (papéis dos referentes dos termos nos Estados-de-Coisas designados pela predicação): agente, meta, recipiente etc.; -Sintáticas (especificação da perspectiva a partir da qual o Estado-de-Coisas é apresentado na expressão linguística): sujeito e objeto; -Pragmáticas (estatuto informacional de um constituinte dentro de um contexto comunicativo mais amplo em que ele ocorre): tema, tópico, foco etc. Neves (1994, p. 125) destaca que, para o Funcionalismo, a noção de função se refere “ao papel que a linguagem desempenha na vida dos indivíduos, servindo a certos tipos universais de demanda, que são muitos e variados”. Desculpar-se, agradecer, convidar, pedir, elogiar, informar, convencer, emocionar, repreender são algumas dessas necessidades comunicativas universais que o homem manifesta no processo de interação verbal. Todo ato de linguagem está relacionado a funções nos planos macro e microdiscursivo. Para Garvin & Mathiot (1975, p. 150 apud NEVES, 1997, p.9), “o termo „função‟, em referência à linguagem, tanto pode referir-se ao propósito do uso (isto é, à intenção do usuário), como ao papel ou ao efeito do uso.” Assim, uma análise gramatical
restrita ao nível sintático não se mostra satisfatória haja vista que, desse modo, não se indica a funcionalidade dos constituintes em uma predicação, ou seja, não se atenta para as relações semântico-pragmáticas estabelecidas entre predicado e entidades no contexto de interação verbal. No âmbito funcionalista, um princípio básico referente ao funcionamento das línguas é especialmente recrutado para dar sustentação epistemológica a esta pesquisa: o princípio da iconicidade a partir do qual a representação do mundo por meio da linguagem é motivada por contextos específicos no sentido de que a quantidade, a ordenação e a integração dos constituintes frasais vinculam-se à função interpessoal, em nível pragmático. Para Furtado da Cunha (1999, pp. 164-168), em relação à iconicidade, quanto maior a quantidade de informação, maior a quantidade de forma. Além disso, os conteúdos mais próximos cognitivamente estão integrados em nível de codificação, e a informação mais relevante tende a ocupar o início da cadeia sintática. Assim, nesta dissertação, analisa-se a configuração de MCRV a partir da premissa de que os componentes sintático (estrutural), semântico (significativos) e pragmático (discursivos) estão integrados, interligados, de modo a conduzir à materialização de um ato linguístico, cognitivamente instaurado e socialmente motivado.
1.2. INTERAÇÃO VERBAL
Os sentidos produzidos em um texto e, logo, o conteúdo de uma expressão linguística, decorrem de fatores internos (fonológicos, morfossintáticos e semânticos) e de fatores externos (pragmáticos), pois são produzidos a partir de operações cognitivas calcadas em experiências vividas em sociedade. Por isso, uma língua não pode ser considerada como instrumento de interação verbal dividido em expressão e comunicação, por exemplo. Na verdade, o envio e a recepção de mensagens são mecanismos inter-relacionados, não podendo ser considerados isoladamente. Trata-se de um processo dinâmico, em que se alternam os papéis de locutor e de interlocutor, que são mutuamente influenciados pelas informações pragmáticas de ambos (DIK, 1989, 1997). Em outras palavras, os sentidos dos atos discursivos vinculam-se a fatores sistêmicos, ligados a regras de funcionamento interno da língua, a fatores pragmáticos, ligados à interação social, e a fatores cognitivos, ligados ao funcionamento da mente humana em sociedade, imersa em um contexto histórico. Em relação ao processo de interação, Neves (2002, p. 142), salienta que: