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A criação de um projeto de intervenção chamado 'gestão autônoma da medicação' (gam) para pacientes e familiares conviventes com doenças psiquiátricas atendidos pela unidade de saúde da família viçosa, localizada em porto alegre-rs. O objetivo principal é auxiliar pacientes no dia-a-dia, criar um espaço de vínculo com a unidade e seus profissionais, e colocar a pessoa no centro do tratamento farmacológico psiquiátrico. O documento também discute a importância de valorizar a experiência do usuário em seu tratamento e inclusão de usuários e trabalhadores em saúde no debate.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
No Curso de Especialização em Saúde da Família da UNA- SUS/UFCSPA, o trabalho de conclusão de curso (TCC) corresponde ao portfólio construído durante o desenvolvimento do Eixo Temático II - Núcleo Profissional. Neste eixo são desenvolvidas tarefas orientadas, vinculando os conteúdos com a realidade profissional. O portfólio é uma metodologia de ensino que reúne os trabalhos desenvolvidos pelo estudante durante um período de sua vida acadêmica, refletindo o acompanhamento da construção do seu conhecimento durante o processo de aprendizagem ensino e não apenas ao final deste. O TCC corresponde, portanto, ao relato das intervenções realizadas na Unidade de Saúde da Família contendo as reflexões do aluno a respeito das práticas adotadas.
A construção deste trabalho tem por objetivos:
I - oportunizar ao aluno a elaboração de um texto cujos temas sejam de conteúdo pertinente ao curso, com desenvolvimento lógico, domínio conceitual, grau de profundidade compatível com o nível de pós-graduação com respectivo referencial bibliográfico atualizado.
II – propiciar o estímulo à ressignificação e qualificação de suas práticas em Unidades de Atenção Primária em Saúde, a partir da problematização de ações cotidianas.
O portfólio é organizado em quatro capítulos e um anexo, sendo constituído por: uma parte introdutória, onde são apresentadas características do local de atuação para contextualizar as atividades que serão apresentadas ao longo do trabalho; uma atividade de estudo de caso clínico, onde deve ser desenvolvido um estudo dirigido de usuários atendidos com patologias e situações semelhantes aos apresentados no curso, demonstrando ampliação do conhecimento clínico; uma atividade de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças; uma reflexão conclusiva e o Projeto de Intervenção, onde o aluno é provocado a identificar um problema complexo existente no seu território e propor uma intervenção com plano de ação para esta demanda.
O acompanhamento e orientação deste trabalho são realizados pelo Tutor do Núcleo Profissional e apresentado para uma banca avaliadora no último encontro presencial do curso.
Sávio Silva Soares
Porto Alegre 2017
vacina, sala de acolhimento, recepção junto com a farmácia e uma sala para os ACS's, além da
copa dos funcionários. Faltam vários materiais para trabalho como luvas, medicamentos,
formulários, macas adequadas, ambiente de recepção acolhedor, e reforma do espaço. Apesar
do que falta, contamos com computadores em todas as salas, duas impressoras, ar-condicionado
em toda unidade, equipamentos básicos como esfigmomanômetro, estetoscópio, espéculos
vaginais, otoscópio, sonar, glicosímetros e etc.
O quadro de funcionários é composto por uma equipe de Saúde da Família única,
possuindo, então, um médico, uma enfermeira, duas técnicas de enfermagem e quatro Agentes
Comunitários em Saúde (ACS), além de uma equipe de Saúde Bucal, integrada por um dentista
e duas auxiliares. Importante ressaltar que esta ESF conta, ainda, com residentes de áreas
multiprofissionais como Enfermagem, Odontologia, Nutrição e Fonoaudiologia. Todos eles
com uma escala que integra e complementa a escala do restante dos funcionários da equipe.
A demanda maior dos atendimentos é para os idosos, pacientes com diabetes mellitus,
Figura 1: Fachada da ESF - Viçosa (Fonte: portoalegre.rs.gov.br)
hipertensão arterial e doenças psiquiátricas. A prevalência dessa última comorbidade é
alarmante aqui no território e mesmo contando com uma equipe adequada do Núcleo de Apoio
a Saúde da Família (NASF), a demanda supera facilmente a oferta de serviços prestados. Um
pouco sobre o NASF que acompanha a unidade: há uma psiquiatra, uma psicóloga, terapeuta
ocupacional, assistente social e residentes multiprofissionais dessas áreas. Fazem visitas e
matriciamento regularmente, duas vezes por mês em dias diferentes, sendo que em um dia é
apenas a psiquiatra. Sempre que possível, a discussão do caso é complementada com uma
consulta conjunta.
Em face do exposto sobre a prevalência das doenças psiquiátricas e considerando o
relato da enfermeria coordenadora da unidade, além da sugestão da psiquiatra do NASF e a
ausência de grupos de apoio na unidade, decidi por fazer um projeto de intervenção (em anexo)
com esses pacientes e montar o grupo GAM (Gestão Autônoma da Medicação), cuja grande
proposta é instruir os doentes e familiares sobre as doenças que possuem e como entender
melhor as medicações, além de oferecer mais um espaço de acolhimento, convivência e
oportunidade para população assistida pela ESF – Viçosa.
Figura 2 - Mapa de Abrangência da ESF - Viçosa (Fonte: Autor, 2016)
aproximadamente oito anos após morte do seu irmão, quanto precisou iniciar benzodiazepínicos
na tentativa de manter seu estado mental vigil menos alterado e sem crises de pânico. À época,
aquela medicação foi prescrita de forma esporádica e não contínua, porém a paciente não
apresentava melhora e precisou iniciar Fluoxetina, Diazepam e Clonazepam de forma continua.
Durante algum tempo fez uso dessas medicações, depois ficou vários anos sem uso e se
mantendo em bom estado mental. Ocorreram mais dois óbitos em sua família no ano de 2015,
um deles foi do seu marido e o outro do irmão da paciente, ambos possuíam forte relação afetiva
com a paciente. Neste momento de sua vida, passando pelo luto, procurou a unidade de saúde
e há descrição de uma consulta conjunta com a psiquiatra do NASF, na época uma outra
profissional, e decisão por reintroduzir as medicações citadas. Apesar de indicação de
psicoterapia e tentativa de encaminhamento para centros especializados, a paciente não chegou
a conseguir nenhum apoio fora da unidade, exceto a horta comunitária que existe no bairro e é
mantida pelos próprios moradores.
Dentro da epidemiologia dos transtornos mentais (TM), a OMS e a Organização Pan-
Americana de Saúde (OPAS) publicaram um relatório trazendo dados relevantes sobre os TM,
os quais correspondem a 12% da carga mundial de doenças e a 1% da mortalidade. Alguns
fatores relacionados às condições socioeconômicas, como o desemprego, a baixa escolaridade,
o estado civil (divorciado, separado ou viúvo), o sexo, as condições precárias de habitação, o
trabalho informal e o não acesso aos bens de consumo, foram identificados como possíveis
determinantes para os altos índices de doenças mentais nos estudos analisados. Quanto a idade,
a faixa etária de 25-54 anos apresenta maiores índices. Em relação ao gênero, observou-se que
as mulheres são mais acometidas pelos transtornos de ansiedade, de humor e os somatoformes,
enquanto nos homens há uma prevalência dos transtornos relacionados ao uso de substâncias
psicoativas. (SANTOS E SIQUEIRA, 2010)
Nesse contexto e considerando as informações fornecidas pela equipe sobre a
prevalência dos transtornos mentais na unidade, fiz a escolha de montar um grupo de apoio as
pessoas e familiares convivendo com doenças psiquiátricas, sendo a ideia sugerida a partir de
uma conversa com a psiquiatra do NASF que acompanha a comunidade. E, a partir disso, surgiu
o projeto de intervenção.
A prática de psicoterapia de grupo tomou proporções maiores, no Brasil, a partir da
Reforma Psiquiátrica, que no contexto da desinstitucionalização, houve a elaboração de novas
abordagens terapêuticas que englobassem a dimensão psicossocial do sofrimento, levando em
consideração a inclusão social, a subjetividade humana, a cidadania e autonomia.
(BENEVIDES et al., 2010). Há concordância na literatura de que as práticas de terapia
psicossocial proporcionam várias formas de atividades, tais como motoras, sociais e
autoexpressivas. Ampliando, assim, a habilidade e a autonomia dos pacientes envolvidos,
permitindo aflorar criatividade e expressão, características importantes no tratamento dos TM.
(VALLADARES et al., 2003).
Fui, então, apresentado ao método de apoio aos usuários convivendo com transtornos
psiquiátricos conhecido como GAM. A Gestão Autônoma da Medicação (GAM) é uma
estratégia para ajudar a entender os medicamentos, levando em consideração todos os aspectos
envolvidos, como a vida das pessoas que os usam, suas relações e os efeitos colaterais. Cada
usuário tem uma experiência única ao usar psicofármacos e aumentar o poder de negociação
entre usuário e os profissionais da saúde que se ocupam do seu tratamento – sobretudo com os
médicos, que são os que prescrevem os medicamentos, faz parte da GAM. Dois princípios
nortearam a criação da estratégia GAM, a autonomia e cogestão. O movimento da Reforma
Psiquiátrica brasileira foi também o responsável pela difusão do conceito de autonomia,
colocando o indivíduo em relação com os outros, e não sozinho. A autonomia é vivida quando
as pessoas compartilham o que pensam e sentem, ao invés de se fecharem em suas ideias. E a
cogestão entra como um conceito para fortalecer essa relação médico paciente, pois é o fazer
junto, tomar decisões a partir de acordos, conversas e sempre levando em consideração o que
os usuários sabem e pensam do seu tratamento. (ONOCKO-CAMPOS, PASSOS E
PALOMBINI et al, 2014)
Quando a paciente foi ao posto pela primeira vez desde que eu estava lá, fazia uso das
medicações, apresentava várias queixas de sintomas depressivos, desvalia, insônia,
desmotivação e foi também para renovar suas receitas, oportunidade que usei para convida-la
ao grupo. Após alguns encontros aplicando a estratégia GAM, a paciente apresentou uma
melhora importante dos sintomas, diminuiu o uso de Clonazepam, tornando-se mais ativa,
passou a se cuidar melhor e cuidar do seu jardim que sempre gostou. Fez vários relatos durante
os encontros do grupo se referindo a importância no seu tratamento que o grupo trouxe, além
das mudanças no seu cotidiano, sociabilidade, relação familiar e autoconhecimento.
maior autonomia e alterar as relações de poder, contando com uma maior participação dos
próprios usuários nas decisões do tratamento. E como qualquer grupo, o diálogo é fundamental
entre os usuários e os profissionais e entre os próprios usuários, os quais são os principais
interessados nos cuidados da sua saúde mental. O diferencial nesse grupo é que existe um
manual impresso que é entregue aos participantes e assim, o acesso a todas as informações
ficam em posse dos pacientes também. (ONOCKO-CAMPOS et al., 2013).
Começamos o grupo em meados de setembro de 2016 e até o momento havíamos
concluído dez encontros. Nos reuníamos na Associação de Moradores do Bairro, uma estrutura
em forma de salão de festas que fica atrás da unidade de saúde, combinado que seria
semanalmente a princípio, quartas-feiras pela manhã. O convite aos participantes ocorreu
seguindo os passos do próprio guia para os moderadores, os ACS e outros funcionários da ESF
fizeram contato telefônico, visitas domiciliares, criamos cartazes chamando os interessados e
sempre que havia pedido de renovação de receita de medicação psicotrópica, o paciente era
convidado. Tudo foi desenhado e arquitetado em algumas reuniões de equipe que ocorreram
antes do início das atividades do grupo GAM, ajuda dos residentes da Escola de Saúde Pública
de Porto Alegre – ESP e apoio do NASF.
Os passos do Guia foram seguidos durante os encontros de forma satisfatória e a
evolução dos pacientes foi percebida a cada reunião que fazíamos. Os relatos eram dos mais
variados quando começamos, desde pacientes que não compreendiam muito bem o intuito até
aqueles que desde o início já demonstraram tamanha satisfação, pois a unidade não dispunha
de espaços como aquele. No geral, a maioria se apropriou do espaço rapidamente, infelizmente
o mesmo não aconteceu com a equipe da ESF-Viçosa, que ficou a parte dos encontros e da
organização.
Um dos relatos que mais marcaram a todos foi a da paciente A.M.B.S, que chegou ao
grupo em baixa autoestima, anedonia, usando vários medicamentos e sem nenhuma
compreensão do seu diagnóstico, plano terapêutico, o motivo do uso das medicações e etc. Ela
fez um relato de vida em um dos primeiros encontros e confessou que sempre foi considerada
o “sol” por seus amigos e família, pois seu ânimo e alegria contagiavam onde chegavam. No
entanto, devido as circunstâncias das perdas familiares que foram ocorrendo e a falta de amparo
social para seu luto, acabou entrando em depressão. Após alguns encontros, a paciente havia se
transformado novamente no “sol”, segundo o próprio relato, pois com o grupo tinha encontrado
um espaço para conversar, entender seu diagnóstico e suas medicações, além de escutar
histórias similares.
A experiência de criar um grupo de apoio e seguir com os pacientes, bem como
participar dos encontros podendo fazer relatos e ouvir os usuários do posto foi nova e excelente
para minha formação. E para a ESF foi um grande ganho enquanto o grupo durou, pois os
pacientes passaram a frequentar menos o posto por motivos repetitivos e os espaços na agenda
foram otimizadas.
Figura 4 - Associação dos Moradores da Vila Viçosa (Fonte: autor)
Figura 5 - Interior do Salão da Associação. Local dos encontros do GAM. (Fonte: autor)
A prática da visita domiciliar (VD) é documentada, no Brasil, desde o início do século
XX, quando iniciaram as intervenções sanitárias na época do combate às doenças
transmissíveis e com enfoque de práticas sanitárias trazidas da Europa, encabeçadas por
Oswaldo Cruz, Emílio Ribas e Carlos Chagas. Com o crescimento da população e a constante
necessidade de redução de custos, atrelado a busca de práticas de saúde mais humanizadas
que conheçam a realidade social dos indivíduos e de sua família, a VD constitui um
instrumento excelente, pois ao conhecer a família em seu convívio social in loco, promove um
fortalecimento do vínculo com a equipe de saúde, melhorando e otimizando a terapêutica e a
promoção de saúde. (ABRAHÃO & LAGRANGE, 2007).
Em seu artigo sobre a percepção das famílias quanto a VD, Cruz faz uma colocação
simples e completa sobre este tema.
A VD, quando realizada adequadamente, é uma das ações que pode facilitar a compreensão e o cuidado às famílias atendidas ao propiciar o conhecimento de seus modos de vida, crenças, cultura e padrões de comportamento, permitindo incorporar tecnologias leves no cuidado, como a humanização. (CRUZ & BOURGET, 2010).
Na ESF – Viçosa, as visitas domiciliares são realizadas pelos profissionais da
enfermagem, enfermeiros e técnicos, equipe de odontologia e o médico. A agenda é aberta em
um turno na semana e a demanda é feita a partir dos Agentes Comunitários ou familiares que
vão até a unidade solicitar a VD por algum motivo, como piora do estado clínico, surgimento
de algum novo sintoma e etc. Outra forma de agendamento da VD é via contrarrefência dos
hospitais do município que entram em contato com a unidade comunicando sobre algum
paciente que será enviado para domicilio com necessidade de cuidados.
Durante minha permanência fiz algumas visitas domiciliares a paciente com doenças
específicas como acidente vascular encefálico e sequelas neurológicas e motoras, ou seja,
doentes restritos ao leito, além de pacientes em pós-operatório cujo familiar buscou a unidade
por orientação do especialista, mas também realizei algumas visitas a pacientes que não
tinham nenhuma restrição física, motora ou neurológica, mas não conseguiam se locomover
até a unidade por motivos outros, como os aclives acentuados presentes na geografia da
região.
Uma VD marcante que realizei foi de uma paciente com diagnóstico de depressão
grave e risco de suicídio que havíamos tentando uma internação domiciliar após ter sido
atendida junto com a equipe do NASF e a psiquiatra responsável. Durante a consulta,
solicitamos a presença dos familiares da paciente, a psiquiatra informou sobre o diagnóstico e
os riscos da internação dentro do próprio domicílio, porém todos concordaram. Os tramites
legais foram realizados, documentos preenchidos, a paciente também consentiu que seria uma
opção melhor e, ao final da consulta, ficou agendada uma visita domiciliar após cerca de vinte
dias para verificar o andamento da internação, ajustes de medicação e demais procedimentos
que fossem necessários.
Durante a VD, percebi um ambiente aconchegante e acolhedor e descobri que muito
havia sido mudado após as orientações que foram passadas durante a consulta. A casa não
tinha utensílio com potencial de causar danos a integridade física da paciente e dos seus
familiares, tudo era adequadamente guardado em local de difícil acesso. Os familiares
entenderam a necessidade da paciente receber visitas dos demais integrantes do núcleo
familiar e vizinho, bem como amigos. Antes da realização da VD por mim, solicitei que o
ACS responsável fizesse algumas visitas informais, como vizinho, visando evitar o transtorno
que uma internação hospitalar gera ao paciente, ao passo que normalmente se sentem vigiado
de forma contínua o que, consequentemente, prejudica sua autonomia como indivíduo.
A paciente se encontrava comunicativa, alegre e motivada. Relatou planos futuros em
relação a sua família e carreira, diferentemente daquela que outrora se mostrava angustiada,
deprimida, com relatos pessimistas e sentimentos de desvalia. Dessa forma, após a VD relatei
o caso para equipe de psiquiatria do NASF e chegamos a conclusão de que o manejo proposto
foi efetivo e a paciente poderia manter seguimento na ESF e frequentar as reuniões do grupo
GAM.
No transcorrer do curso de especialização somei inúmero conhecimento ao que já
conhecia sobre o SUS, seus princípios, história e jornada até os dias de hoje. Além disso, o
segundo eixo foi parte fundamental ao trazer tudo que há de mais recente dentro das áreas de
clínica médica, pediatria, ginecologia e obstetrícia com a característica de ter sido um curso
que sempre nos fazia correr atrás dos conhecimentos e aplicar na prática diária. Os fóruns
igualmente serviram para consolidar a reflexão crítica, aprender com realidades
completamente diferentes da que a gente vive, algumas similares, discutir sobre condutas e
aprender novas formas de manejar pacientes e doenças.
A oportunidade de criar um projeto de intervenção desde o início até sua efetiva
aplicação dentro da comunidade foi algo que atingiu não somente os pacientes envolvidos,
como a comunidade e a equipe de saúde. A comunidade se beneficiou porque promoveu mais
um espaço na forma de equipamento social, auxiliando os pacientes com doenças
psiquiátricas, permitindo uma discussão simples e fácil sobre os medicamentos, uso
adequado, efeitos colaterais, autonomia dos usuários, dificuldades de relacionamentos com os
familiares. Além disso, o vínculo com a equipe foi fortalecido graças ao grupo criado a partir
deste projeto. E ver a evolução do tratamento de alguns pacientes, desprescrição de algumas
medicações e agradecimento de vários familiares foi gratificante.
Durante este ano de trabalho na comunidade da ESF – Viçosa pude crescer
profissionalmente, pessoalmente, adquirindo conhecimentos técnicos, desenvolvendo a
capacidade de interação, empatia e relacionamento com os demais profissionais e pacientes.
Assim, o programa PROVAB, apesar de suas limitações, foi capaz de proporcionar tudo isso
dentro do prazo de um ano.
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