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Guias e Dicas
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Estratégia Boa e Estratégia Ruim, Esquemas de Gestão de Serviços

Estratégia boa Estratégia ruim utiliza exemplos fascinantes de empresas, entidades sem fins lucrativos e organizações militares para revelar suas originais e pragmáticas ideias; Os exemplos variam da Apple à General Motors, das duas guerras no Iraque ao Afeganistão, de um pequeno supermercado ao Walmart, da Nvidia ao Silicon Graphics, da Getty Trust ao Los Angeles Unified School District, da Cisco Systems ao Paccar e do Global Crossing à crise financeira; Neste livro, Richard Rumelt demonstra que uma estratégia boa é muitas vezes inesperada, pois a maioria das organizações não a possui; Em vez disso, elas estabelecem “visões”, confundem metas financeiras com estratégia e perseguem uma “bagunça” de políticas e ações conflitantes; Refletindo uma compreensão surpreendente e a integração de economia, finanças, tecnologia e história com o brilhantismo e as fraquezas do caráter humano, Rumelt argumenta que a essência de uma estratégia boa é o insight sobre a verdadeira natureza da situação;

Tipologia: Esquemas

2023

Compartilhado em 24/08/2023

erickson-alexandre-crespim
erickson-alexandre-crespim 🇧🇷

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Não perca as partes importantes!

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• Falha em reconhecer ou definir o desafio a
ser enfrentado;
• Confundir estratégia com a definição de
objetivos – quando uma estratégia é apresentada
como um conjunto de metas a serem alcançadas,
sem especificação de por que e como fazê-lo;
• Objetivos estratégicos ruins – quando tratam
das questões críticas ou não são exequíveis.
Ao analisar as estratégias ruins, Rumelt faz
duas críticas ácidas. A primeira, a algumas aborda-
gens de liderança, notadamente a liderança trans-
formacional, ao considerar que alguns líderes têm
a capacidade de desenvolver uma visão inspiradora
que mobiliza toda a organização. A partir da auto-
nomia concedida às pessoas na empresa, essa visão
se tornaria realidade. O problema, segundo ele, é
confundir esse processo com estratégia. A segunda
crítica é sobre a proeminência do “pensamento
positivo” em diversas abordagens da gestão – a
ideia de que, ao se apegar a uma intenção por longo
tempo e se concentrar em seus aspectos positivos,
ela se tornará realidade. O autor considera esta uma
forma de psicose, que não deve ser recomendada
como abordagem para a estratégia ou a gestão.
Este novo livro de Rumelt é relevante para
quem deseja refletir sobre a estratégia. Apresenta
uma abordagem consistente e clara, ilustrada por
várias estórias coletadas em sua longa experiência
de acadêmico e consultor. O autor enfatiza ainda
algo cada vez mais presente nas discussões con-
sistentes sobre estratégia: o fato de ela, necessa-
riamente, incluir a ação. O conceito de estratégia
como apenas uma reflexão e um plano, vem sendo
estendido para englobar a ação, a execução do que
foi planejado e a aprendizagem com os resultados
dessa execução. Na medida em que essa perspec-
tiva se torna dominante, é inevitável o desenvolvi-
mento de abordagens mais dinâmicas da estratégia.
Sem dúvida, uma necessidade neste mundo em
que a estabilidade é, cada vez mais, uma exceção.
Richard Rumelt é, sem dúvida, uma referên-
cia significativa no desenvolvimento do pensa-
mento sobre estratégia e este livro reforça o seu
prestígio.
Richard Rumelt, professor da Anderson School
of Management, na Universidade da Califórnia em
Los Angeles (UCLA), publicou trabalhos de grande
relevância na área de estratégia. Em 1991, num
artigo publicado no Strategic Management Journal,
ele demonstrou que, ao contrário do pensamento
dominante na época, a lucratividade de uma empre-
sa é determinada muito mais por fatores relaciona-
dos às competências e recursos de suas unidades de
negócios, do que pelo setor econômico em que ela
está inserida. Uma de suas ideias instigantes é a de
que os ciclos estratégicos de uma organização não
devem, necessariamente, coincidir com os ciclos
anuais de orçamentos. Rumelt argumenta que a
estratégia está ligada à mudança e às oportunidades
– e estas não ocorrem em ciclos anuais regulares.
Como o próprio título deste seu livro mais
recente indica, o autor analisa o contraste entre o
que considera uma boa estratégia e uma estratégia
ruim. Para Rumelt, a boa estratégia é uma combi-
nação coerente de diretrizes e ações, destinadas a
superar um desafio de alto risco. Seu eixo central
é formado por três elementos: um diagnóstico (por
que), uma política orientadora (o que) e uma ação
coerente (como). Diagnóstico, para o autor, é a
definição de um problema que deve ser solucionado
pela empresa. Um papel importante do estrategista
é simplificar a ambiguidade, existente no mundo,
definindo claramente o problema a ser atacado.
Conforme Rumelt, a política orientadora é uma
abordagem geral, destinada a superar os obstáculos
identificados no diagnóstico – conceito que muitas
pessoas confundem com estratégia. Ele alerta que
sem um diagnóstico o gestor não tem como avaliar
diferentes políticas orientadoras. E sem a definição
de pelo menos uma primeira rodada de ações, é
impossível determinar se a política orientadora pode
ser implementada. O autor também chama a aten-
ção para a importância de uma coerência entre as
ações definidas – “A coordenação das ações é a fon-
te mais básica das vantagens de uma estratégia”.
Por outro lado, uma estratégia ruim é mais do que
a ausência de uma boa estratégia. Rumelt considera
que é possível identificar uma estratégia ruim quando
observamos uma ou mais de suas características:
• Trivialidades – um amontoado de palavras
vazias, utilizando conceitos esotéricos que criam a
ilusão de um pensamento sofisticado;
POR ALDEMIR DRUMMOND
“Estratégia boa, estratégia ruim”
Richard Rumelt, Editora Elsevier, 2011
Aldemir drummond é professor da Fundação Dom Cabral e coor-
denador do Núcleo de Estratégia e Economias Emergentes.
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  • Falha em reconhecer ou definir o desafio a

ser enfrentado;

  • Confundir estratégia com a definição de

objetivos – quando uma estratégia é apresentada

como um conjunto de metas a serem alcançadas,

sem especificação de por que e como fazê-lo;

  • Objetivos estratégicos ruins – quando tratam

das questões críticas ou não são exequíveis.

Ao analisar as estratégias ruins, Rumelt faz

duas críticas ácidas. A primeira, a algumas aborda-

gens de liderança, notadamente a liderança trans-

formacional, ao considerar que alguns líderes têm

a capacidade de desenvolver uma visão inspiradora

que mobiliza toda a organização. A partir da auto-

nomia concedida às pessoas na empresa, essa visão

se tornaria realidade. O problema, segundo ele, é

confundir esse processo com estratégia. A segunda

crítica é sobre a proeminência do “pensamento

positivo” em diversas abordagens da gestão – a

ideia de que, ao se apegar a uma intenção por longo

tempo e se concentrar em seus aspectos positivos,

ela se tornará realidade. O autor considera esta uma

forma de psicose, que não deve ser recomendada

como abordagem para a estratégia ou a gestão.

Este novo livro de Rumelt é relevante para

quem deseja refletir sobre a estratégia. Apresenta

uma abordagem consistente e clara, ilustrada por

várias estórias coletadas em sua longa experiência

de acadêmico e consultor. O autor enfatiza ainda

algo cada vez mais presente nas discussões con-

sistentes sobre estratégia: o fato de ela, necessa-

riamente, incluir a ação. O conceito de estratégia

como apenas uma reflexão e um plano, vem sendo

estendido para englobar a ação, a execução do que

foi planejado e a aprendizagem com os resultados

dessa execução. Na medida em que essa perspec-

tiva se torna dominante, é inevitável o desenvolvi-

mento de abordagens mais dinâmicas da estratégia.

Sem dúvida, uma necessidade neste mundo em

que a estabilidade é, cada vez mais, uma exceção.

Richard Rumelt é, sem dúvida, uma referên-

cia significativa no desenvolvimento do pensa-

mento sobre estratégia e este livro reforça o seu

prestígio.

R ichard Rumelt, professor da Anderson School

of Management, na Universidade da Califórnia em

Los Angeles (UCLA), publicou trabalhos de grande

relevância na área de estratégia. Em 1991, num

artigo publicado no Strategic Management Journal,

ele demonstrou que, ao contrário do pensamento

dominante na época, a lucratividade de uma empre-

sa é determinada muito mais por fatores relaciona-

dos às competências e recursos de suas unidades de

negócios, do que pelo setor econômico em que ela

está inserida. Uma de suas ideias instigantes é a de

que os ciclos estratégicos de uma organização não

devem, necessariamente, coincidir com os ciclos

anuais de orçamentos. Rumelt argumenta que a

estratégia está ligada à mudança e às oportunidades

  • e estas não ocorrem em ciclos anuais regulares.

Como o próprio título deste seu livro mais

recente indica, o autor analisa o contraste entre o

que considera uma boa estratégia e uma estratégia

ruim. Para Rumelt, a boa estratégia é uma combi-

nação coerente de diretrizes e ações, destinadas a

superar um desafio de alto risco. Seu eixo central

é formado por três elementos: um diagnóstico (por

que), uma política orientadora (o que) e uma ação

coerente (como). Diagnóstico, para o autor, é a

definição de um problema que deve ser solucionado

pela empresa. Um papel importante do estrategista

é simplificar a ambiguidade, existente no mundo,

definindo claramente o problema a ser atacado.

Conforme Rumelt, a política orientadora é uma

abordagem geral, destinada a superar os obstáculos

identificados no diagnóstico – conceito que muitas

pessoas confundem com estratégia. Ele alerta que

sem um diagnóstico o gestor não tem como avaliar

diferentes políticas orientadoras. E sem a definição

de pelo menos uma primeira rodada de ações, é

impossível determinar se a política orientadora pode

ser implementada. O autor também chama a aten-

ção para a importância de uma coerência entre as

ações definidas – “A coordenação das ações é a fon-

te mais básica das vantagens de uma estratégia”.

Por outro lado, uma estratégia ruim é mais do que

a ausência de uma boa estratégia. Rumelt considera

que é possível identificar uma estratégia ruim quando

observamos uma ou mais de suas características:

  • Trivialidades – um amontoado de palavras

vazias, utilizando conceitos esotéricos que criam a

PORilusão de um pensamento sofisticado;

ALDEMIR DRUMMOND

“Estratégia boa, estratégia ruim”

Richard Rumelt, Editora Elsevier, 2011

Aldemir drummond é professor da Fundação Dom Cabral e coor- denador do Núcleo de Estratégia e Economias Emergentes.

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leitura

Estratégia é sempre sobre ação, sobre fazer alguma coisa. E ela passa a ser uma boa estratégia quando essa ação tem um norte, uma diretriz deri- vada de um diagnóstico claro e conciso da situação enfrentada, com um conjunto de ações coordenadas. Do ponto de vista prático, uma boa estratégia uti- liza fontes de poder, aplicando-as onde possam surtir grandes efeitos – no curto prazo, o emprego hábil de recursos, políticas e ações; no longo prazo, o desen- vovimento de capacidades valiosas para os negócios. Uma síntese das fontes de poder, segundo Rumelt:

  • Alavancagem – antecipação ou insight sobre o ponto central ou crítico do desafio a ser vencido.
  • Objetivos próximos – um objetivo com um hori- zonte de visão claro e factível.
  • Sistema de elos de corrente – obedece à lógica dos elos de uma corrente. O elo mais fraco determina a força do todo.
  • Design – lida com as intera- ções ou trade offs entre os diversos componentes do sistema.
  • Foco – uma mistura de polí- tica e posicionamento sobre onde atuar no setor ou em seus seg- mentos.
  • Crescimento – saudável não é engenheirado, e sim o resultado da empresa ter produtos e habilida- des superiores. É a recompensa de inovações de sucesso, inteligência, eficiência e criatividade.
  • Vantagens – têm suas ori- gens em incontáveis assimetrias. O trabalho do líder é identificar qual assimetria é crítica, e dotá-la de um mecanismo de proteção, uma patente, reputação, efeitos de rede, conhecimento tácito e ganhos de experiência.
  • Dinâmica – do sistema econômico provoca constantes ondas de mudanças, mediantes inovações. Na superfície surgem novos produtos, abaixo, forças concorrentes para a mudança. É preciso encontrá-las.
  • Inércia e entropia – dificultam as mudanças por rotina, por cultura e por procuração, desintegrando a organização por falta de gestão.

E, mesmo rendendo um tributo ao mainstream da estratégia, na última parte, as inovações trazidas por Rumelt ao seu campo de estudo tornam fundamental a leitura deste livro.

POR

MICHEL A. ABRAS

R ichard Rumelt inova na conceituação de estra-

tégia. Inova ao conceituá-la como um processo de resolução de problemas, em que o diagnóstico, as diretrizes e as ações coordenadas formam o seu núcleo fundamental. Inova ao diferenciá-la da estratégia ruim, uma listagem de objetivos desprovidos de um desafio a vencer, ou um fim em si mesmo, nascidos da “visão” de um líder, visionário ou transformacional, acompa- nhada de um template, “missão”, “valores” e “estra- tégia”, sem base no esforço de diagnóstico. Inova, finalmente, ao compará-la a uma hipótese científica, que, como tal, descreve como o mundo funciona. Em 1993, a IBM entrou em declínio. Seu produ- to à época – desktops – tornara-se uma commodity, devido à concorrência dos competidores clone. A indústria de computadores estava se fragmentando, empresas separadas ofereciam chips, memórias, disco rígido, teclados, softwares, monitores, sistemas operacionais, etc. Lou Gestner, CEO da IBM, percebeu que em uma indústria fragmentada, sua empresa era a única com experiência em todas as áreas. Declarou, então, que a IBM precisava continuar integrada, mas não em torno de plataformas de hardware, e sim de soluções para os clientes. Assim, redirecionou os recursos da empresa e lançou uma nova diretriz de ação. Uma estratégia, como uma hipótese científica, é um prog- nóstico culto e elaborado de como o mundo funciona. Ela nasce como um insight ou um julgamento criativo. Em 1983, numa visita à Itália, Howard Schultz, gerente de marketing de uma pequena cadeia de lojas de venda de café torrado em Seattle (EUA), vivenciou a experiência de tomar um café expresso numa cafe- teria em Milão. E pensou em recriar essa experiência na América. Convenceu os donos de sua empresa a lhe darem um pequeno espaço para testar a ideia. Mas, por divergências quanto ao volume de investi- mento, acabou deixando o emprego e começando seu próprio negócio – Il Giornale, uma cópia fiel do Italian expresso bar. Após customizá-lo ao gosto americano, em 1987 ele comprou as operações comerciais de seu antigo empregador e adotou o nome Starbucks. Em 1990, a empresa já era rentável. Em 1992, ele lançou seu IPO já com 125 lojas e 2.000 empregados. Em 2001, com 4.700 lojas, faturava US$ 2,6 bilhões. michel A. AbrAs é professor convidado da Fundação Dom Cabral e consultor de empresas.

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