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Guias e Dicas
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Erik Erikson (ebook)., Resumos de Psicologia

Erik Erikson Fala dos eu pensamento, da sua ideia,

Tipologia: Resumos

2021

Compartilhado em 02/03/2021

erlindotrovao
erlindotrovao 🇧🇷

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DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL PÁGINA 1
Desenvolvimento Psicossocial
RAMIRO VERISSIMO
Erik Erikson
P
SICOLOGIA
G
ERAL
PSICOPATOLOGIA GERAL
PSICOLOGIA DA SAÚDE
Slim Books Series
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D^ E SE NVO LV IM ENTO^ P^ S ICO S SO CIAL

P^ Á GIN A^1

Desenvolvimento Psicossocial

RAMIRO^ VERISSIMO

P^ S I C O L O G I A^ G^ E R AL^^ Erik Erikson

PS I C O P AT O L O G I A^ G^ E R AL

P^ S I C O L O G I A^ D^ A^ S^ AÚ D E

Slim Books Series

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P^ S ICO LO GIA^ G^ E R AL

Referência Veríssimo R.^ Desenvolvimento psicossocial (Erik Erikson)

. Porto: Faculdade de Medicina do Porto, 200

Edição^2002 , Ramiro Veríssimo ^ 1ª Edição:^2 00 Ex. Indexação 1.^ Psicologia do desenvolvimento.^ 2.

Ciclo Vital.^ 3.^ Epigénese. F i c h a^ T é c n i c a Execução / Publicação RV^ Productions Depósito Legal^ 183210/02 ISBN^ 972-9027-12-9 Correspondência:^ Prof. Doutor Ramiro VerissimoPsicologia Médica — Faculdade de Medicina do Porto / Al. Prof. Hernâni Monteiro / 4200-319 PORTO / Portugal+ 351 22 502 3963 //^ ℡^

+ 351 22 551 9571 //^ + 351 96 501 7796 //^ ª^

^ rave@netcabo.pt

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P^ S ICO LO GIA^ G^ E R AL

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Introdução^ Contextualização biográfica.Epigénese e individuação. Condicionantes sociais. Ciclo vital: conflito; crise; fases. Identidade. Fases do ciclo vital^ Bebé (até cerca dos 18 meses de vida): estádio sensorialSentimento:^ confiança^ versus^ desconfiança básica1ª infância (dos 18 meses aos cerca de 3 anos): fase do desenvolvimento muscularSentimento:^ autonomia^ versus vergonha e dúvida2ª infância (dos 3 aos cerca de 5 anos): fase do controlo locomotorSentimento:^ iniciativa^ versus^ culpaIdade escolar (dos 5 aos cerca de 13 anos): período de latênciaSentimento:^ engenho^ versus^ inferioridadePuberdade e adolescência (dos 13 aos cerca de 21 anos): fase da moratória psicossocialSentimento:^ identidade^ versus

confusão de papeis.Adulto jovem (dos 21 anos até cerca dos 40): fase da maioridade jovemSentimento: intimidade versus^ isolamento.Meia-idade (dos 40 anos até cerca de 60): fase da maioridadeSentimento: “ generatividadeversus^ estagnação.Idade da reforma (para além dos 60 anos): fase da maturidadeSentimento: integridade versus^ desespero.

S^ UMÁRIO Psicologia do^ Ego

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C^ ONTEXTUALIZAÇÃO^ BIOGRÁFICA De pai protestante e mãe judia, nasce Erik Homburger Erikson a 15 de Junho de 1902,vindo a morrer em 1994. Os pais, ambos dinamarqueses, tinham-se separado antes doseu nascimento. Estando a mãe de visita a uns amigos em Karlsruhe (Alemanha)aquando do seu nascimento, aí ficou. Veio a casar anos mais tarde com o pediatra dacriança, um médico judeu bem estabelecido. E foi junto deste que se formou Erikson,vindo a consubstanciar pela vida fora um padrão repetido de se fazer adoptar porpessoas simpáticas.Durante a conturbada^ adolescência^

esse jovem alto e louro foi encarado como gentio no ambiente judeu a que pertencia o pai, e como judeu na escola que frequentava. Das suas recordações sobre os pais ficou a de umaimagem amável, triste, literata e dada às artes, para a mãe; e a de uma pessoa profissionalmente respeitada para opai. Na escola de humanidades da luterana Karlsruhe, Erikson estudou Grego, Latim, Filosofia, Literatura, eCiências; e assim concluiu, aos 18 anos, um curso secundário que lhe proporcionou bases sólidas. Sempreinquieto, assumiu a sua impaciência em relação ao ensino formal optando por não seguir para a Universidade.Interessou-se sobretudo por arte, preferindo viajar; enquanto lia, desenhava, e esculpia em madeira. Um anodepois, de regresso, primeiro em Karlsruhe e depois em Munique, experimentou inscrever-se num curso de arte.Com algum sucesso apesar do pouco empenho. Pelos 21 anos, reconhecendo-se desprovido de inclinação parasuportar as constrições do ensino convencional, Erikson foi viver para Florença, onde deu continuidade informalao seu estudo sobre arte. Nessa altura era relativamente frequente entre os jovens alemães deambular desse modo,

Erik Erikson (1902-1994) I n t r o d u ç ã o (1)^ Robert Coles

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pelo que Erikson, como diz o seu biógrafo

(1)^ , pôde “atravessar os seus anos de rebeldia e confusão sem que por isso se sentisse particularmente excluído, e como tal remetido para comportamentos defensivos; antes podendoexplorar os limites do seu próprio

momentum .” E assim mitigando as asperezas da

crise^ de^ identidade , atravessou ele o que mais tarde viria a chamar de

moratória psicossocial. Pelos 24-25 anos tinha concluído a sua passagem para a fase do

adulto jovem : de volta a Karlsruhe, estava preparado para estruturar o início da sua vida adulta em torno do ensino de arte. No ano de 1927 tinha Freud 71anos, e a sua filha mais nova, Anna, uma educadora e psicanalista, tinha-se lançado no empreendimento de umaescola de orientação analítica para crianças. Erikson também se tinha envolvido no ensino infantil

(1)^ , e além disso andava a fazer psicanálise didáctica com a Anna Freud no Instituto de Psicanálise de Viena. Ora nessa altura,para dizer o mínimo, qualquer tentativa de abordagem analítica ao tratamento ou ensino de crianças eraconsiderada como uma proposta bastante radical. Dos Freud, com as suas propostas educacionais e terapêuticas,poder-se-ia dizer que eram suficientemente não alinhados com as concepções dominantes, para que Eriksonconseguisse encontrar o seu lugar entre eles. Pode mesmo reconhecer-se que em 1927 havia uma certa afinidadeconfiguracional entre a sua história pessoal e a história da psicanálise enquanto profissão. Mas qual era então opapel de um artista novato e sem formação académica entre os teóricos e intelectuais de nível tão elevado comoos do Instituto de Psicanálise de Viena? Erikson recorda esta mudança epifânica com a sua analista: “Observandoeu uma vez mais que não percebia qual a razão de ser para o enquadramento das minhas tendências artísticas numcontexto intelectual de tão elevado gabarito, Anna respondia simplesmente: ‘Podes ajudar a compreender.’” Talcomo para Freud os sonhos tinham sido a principal via de acesso ao inconsciente, Erikson reconhecia agora na observação das brincadeiras infantis

a via para compreender o^ ego^ e o seu desenvolvimento. Permaneceu em Viena^ por mais seis anos, até 1933. E assim foi que entretanto o foco do seu interesse artístico pela natureza sefoi deslocando para a análise infantil, em aprendendo psicanálise através do estudo das brincadeiras; bem comode par com as suas próprias associações livres enquanto paciente. Desse modo, sob supervisão de Anna Freud, foi(1)^ Pela mão de Peter Blos

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investigação transcultural, desta feita com os índios

Yurok^ do norte da Califórnia. Nesse apogeu da vida, iniciado aos 37 anos, viu concretizarem-se as expectativas dos seus tempos de juventude. Pode mesmo dizer-se que estafase do desenvolvimento em que o indivíduo se assume “

senhor de si mesmo ” se tornou aparente, primeiro, quando mudou o seu primeiro nome de Homburger — que reteve no meio — para Erikson. Depois, ao recusar-sea assinar o juramento de lealdade anti-comunista da universidade. Mas aos 40, na passagem da meia-idade, algode novo surgiu. Tal como acontece em condições normais de desenvolvimento bem sucedido, Erikson foiencontrando o seu percurso por entre as exigências que lhe impunha a realidade. Passou então a interessar-semais pelos aspectos do ciclo vital relacionados com a vida adulta. Estava em curso a segunda guerra mundial,com a qual se preocupava bastante; o que o levou mesmo a devotar parte da sua atenção a esse esforço de guerra,seja através de artigos sobre habitação submarina, ou ainda sobre interrogatórios a prisioneiros de guerra. Deuigualmente continuidade à sua investigação em torno das brincadeiras infantis. No entanto, pouco tempo depoispassou a orientar a sua obra para uma vertente mais biográfica, começando exactamente com um primeiro ensaiosobre Adolfo Hitler e os aspectos da dinâmica psicossocial dos seus apelos aos jovens Alemães

(1)^. Mas também sobre o escritor russo Máximo Gorky e outros estudos biográficos sobre Sigmund Freud, Martin Luther, eMohandas Gandhi. Estudos estes que, de certo modo, vieram dar

continuidade à experiência adquirida junto de Murray. Mas o marco mais importante dessa altura, entre os seus 37 e 47 anos, foi a obra que começou a escreveraos 42, e em que foi trabalhando até aos 46:

Childhood and Society. De facto, publicada em 1950, esta é considerada a justo título o seu principal legado. Resultou em grande parte das suas primeiras investigações, bemcomo da experiência decorrente e da integração de ambas, documentando-se em casos clínicos em que apsicodinâmica individual, a sociedade, e a história se entremeiam com uma perícia nunca vista até então, atravésda análise do jogo entre as crianças, e do desenvolvimento em diversas culturas. Trata-se pois de um esboçoteórico sobre todo o ciclo vital com aspectos importantes sobre o problema da identidade. Em termos dedesenvolvimento, a tarefa principal da

meia-idade^ é concluir a estrutura vital no sentido de iniciar uma outra mais adequada para esta fase da vida.

Childhood and Society^ constitui exactamente o produto do esforço de (1)^ Hitler's Imagery and German Youth , 1942

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C i c l o^ V i t a l Os conceitos oriundos da psicanálise foram invadindo todas as áreas de reflexão que com ela confinavam,tornando-se^ aquisições^ da^ cultura.

Mas^ pensadores^ como^ Erikson^ caracterizam-se

exactamente^ pela^ sua heterodoxia. De facto, e em relação ao desenvolvimento da personalidade, reconheceu a importância atribuídapor Freud às pulsões instintuais e às fases do desenvolvimento psicossexual caracterizadas pela predominância darespectiva zona erógena; mas veio a pôr a tónica nas interacções da criança com o

ambiente. Na linha dos neo- Erikson nesse seu período de^ transição freudianos veio a conferir ao pensamento uma vertente mais social, uma maior impregnação cultural se sepreferir, libertando-o um pouco mais das condicionantes intrapsíquicas de base biológica.As observações efectuadas entre várias tribos ameríndias, no seu interesse pela antropologia, confrontando-o como desenraizamento e suas relações com a disparidade entre a cultura tradicional e a pressão dos estilos de vidacircundantes, levaram-no a interrogar-se sobre o processo através do qual se desenvolve a identidade. O que veioa resultar na conhecida teoria do desenvolvimento psicossocial — individuação — em oito fases. Em cada umadas fases a pessoa tem de resolver sucessivamente uma crise resultante do conflito com o qual o meio social oconfronta. Com a solução de uma crise ascende epigeneticamente um determinado componente da personalidade.Isto é, desenvolvem-se determinados sentimentos. No entanto Erikson realça sempre que, pese embora aresolução do conflito característico de uma determinada fase se possa ter dado adequadamente, o mesmo tipo de

. Destinou-a a ser um contributo para a formação em psiquiatria de clínicos de várias áreas, mas a obra ultrapassou em larga medida as expectativas mais ambiciosas do autor,conquistando o seu próprio caminho traçado através dos diversos sectores académicos, e inclusivamentetranscendendo-os.

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A criança vai construindo a sua teoria do mundo àcusta do que lhe chega através dos sentidos, sendoque^ numa^ primeira^ fase^ isso

se^ prende necessariamente^ ao^ comportamento

das^ figuras significativas do meio; e designadamente com amãe ou seu substituto nessa modalidade de relaçãoafectiva^ em^ que^ o^ prazer^ resulta

sobretudo^ da alimentação. Nesta fase, servindo de base para aemergência^ do^ sentimento^ de^ confiança

,^ está sobretudo^ em^ causa^ a^ mutualidade

do reconhecimento^ com a mãe: se a figura maternareagir^ adequadamente^ aos^ sinais^

da^ criança,^ e portanto^ com^ continuidade^ e^ coerência,

seja

ESTÁDIO^ SENSORIAL^ :^ ATÉ

CERCA^ DOS^18 MESES^ DE^ VIDA^ (^ BEBÉ

Relações significativas: pessoa maternalModalidades do relacionamento: obter, devolverCrise psicossocial (sentimento):^ confiança^ versus

desconfiança^ (básica) Resultado favorável (virtude associada): impulso e esperançaPrecursores da formação da identidade: reconhecimento mútuo

versus^ isolamento autístico Fortalecedores da formação da identidade: perspectivação

versus^ confusão no tempo Psicopatologia relacionada: psicose, comportamento “aditivo”, depressão^ Reconhecimento mútuo e sintonia afectiva

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nutrindo e conferindo tranquilidade, esta poderá estruturar o seu mundo na medida em que, ao reconhecer algo deregular e acolhedor no ambiente, este se torna previsível, caloroso, e não ameaçador. Assim se desenvolvemsentimentos de segurança: a criança cresce confiante posto que a esperança é possível.Em contrapartida se o comportamento da mãe é errático, se a mãe por qualquer razão não está atenta ou não temsensibilidade para os sinais do seu bebé, então o mundo surge caótico e imprevisível, e a criança, despojada deafecto, cresce receosa, medrosa, assustada, sedimentando a

desconfiança. E isto pode simplesmente traduzir-se em termos de estruturação psicopatotógica, não sendo nunca de mais realçar que, tal como a nível dodesenvolvimento biológico embrionário, também a nível do desenvolvimento mental quão mais precoces seestabelecerem as perturbações, mais determinantes e graves serão as respectivas consequências, dado que maisserá tão mais abrangido o contingente de estruturas subsequentemente dependentes da linhagem atingida.No entanto reconhece-se que nada disto é definitivo, isto é, que experiências ulteriores podem levar a umaalteração significativa dessas tendências precoces: outras pessoas, que não só os familiares próximos, podemlevar ao desenvolvimento de sentimentos de confiança numa criança insegura; tal como experiências traumáticaspodem pôr em causa os sentimentos de segurança e autoconfiança desenvolvidos anteriormente. No entantotambém aqui a questão da precocidade tem uma palavra a dizer, dado que é lícito afirmar hoje com toda aconvicção que ao nascimento o sistema nervoso está longe de ser “obra acabada e fechada”, antes se podendodizer que se vai desenvolvendo paulatinamente pelo menos até à idade adulta. E é no contexto desta plasticidadea^ nível^ do^ estabelecimento^ de^ conexões

sinápticas,^ que^ se^ reconhece^ na

aprendizagem^ o^ modelo^ de estabelecimento das redes neuronais onde se inscrevem tais vivências. Mais ainda se reconhecem hoje osfundamentos biológicos da importância evolutiva fulcral de processos precoces de aprendizagem rápida eindelével a nível do reconhecimento presto de potenciais ameaças e consequente reacção de retraimento.

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CONTROLO^ LOCOMOTOR^ :

DOS^3 AOS^5 ANOS^ (2ª^ INFÂNCIA) Relações significativas: família nuclearModalidades do relacionamento: fazer (procurar), fazer de conta (brincar)Crise psicossocial (sentimento): iniciativa versus^ culpa Resultado favorável (virtude associada): orientação e objectivoPrecursores da formação da identidade: antecipação de papeis^ versus^ inibição de papeisFortalecedores da formação da identidade: experimentação de papeis^ versus^ fixaçãoPsicopatologia relacionada: conversão, fobia, manifestações psicossomáticas, inibição Mais do que um mero recipiente passivo do que o meio lhe dá, a criançaaprende a fazer coisas por^ iniciativa

própria: brinca, explora, planeia,^ etc

. E

esse iniciar de actividades vai-lhe facultando uma aprendizagem no sentidode lidar de modo progressivamente mais eficaz com o ambiente, tendo emvista alcançar os seus próprios fins. Ao “fazer de conta” experimenta papéis etesta projectos imaginários aprendendo assim a tomar iniciativas.Mas com o controlo locomotor aumenta também o potencial de gravidadedos perigos a que a criança está sujeita, pelo que os pais a justo título ficam

Controlo locomotor... invocando o perigo como justificação para a falta de disponibilidade a que isso obriga… à partida a criança nãosabe comer sozinha e suja tudo à sua volta, mas deixá-lo, não pode ser de outra maneira; terá de tentar apertar ossapatos mesmo que manifestamente o não consiga, e isso obrigue a perder algum tempo com a supervisão. Nãodeve pois rematar-se tratando (mal) a criança como um adulto incapaz, e atalhar os seus comportamentos commaus modos traduzidos em comentários impróprios e no impedimento de experimentar e de assim se aperfeiçoar.

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mais preocupados. De notar ainda que as figuras significativas do meio se vão diversificando, incluindo nestaaltura^ os^ circum-viventes,^ e^ que^ (1)^ Tome-se como exemplo a criança que, com a atenção centrada na mãe do outro lado da rua, em segundos atravessa em direcção à mesmaignorando os carros que passam a todo o momento… é a célebre observação que fazem os condutores de que “atrás da bola vem sempre acriança!”

é^ a^ estes^ que^ compete^ naturalmente

proteger^ a^ criança^ de^ fantasias descontroladas e de envolvimento em actividades potencialmente perigosas

(1)^ , também devem aprovar e mesmo estimular iniciativas desse tipo.Mas se a vigilância ceder lugar à proibição, e os projectos imaginados e outras actividades infantis desse géneroforem sistematicamente desvalorizados — como se a sua autoria se devesse a um adulto com um modeloinadequado do mundo —, então não só não se estará a ensinar nada, como até antes pelo contrário se estará adesencorajar a curiosidade e a capacidade de tomar iniciativas. Mais do que a dúvida sobre o mérito ou demérito

dos^ objectivos ,^ pode^ acabar^ por^

se^ estabelecer^ uma^ certa^ falta^ de propósitos, ou mesmo sentimentos de ambivalência e

vergonha^ em se reconhecendo o assolamento por “tais”

aspirações^ que de algum modo se aprendeu a considerar impróprias. De facto ter ambições é condiçãonecessária para assumir iniciativas, e só com a tentativa, só com aassunção dos riscos, é que a experiência pode levar a que se consigavencer a inepcia e alcançar alguma coisa na vida. Actividades potencialmente perigosas: aqui, imitando a mãe a pôr creme na cara…felizmente um cosmético inofensivo

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M^ ORATÓRIA^ P^ SICOSSOCIAL

:^ DOS^13 AOS^ CERCA^ DE^21 ANOS^ (P

UBERDADE^ E^ ADOLESCÊNCIA)

Relações significativas: grupos de colegas e grupos estranhos; modelos de liderançaModalidades do relacionamento: ser, ou não, uma pessoa (“alguém”); participarCrise psicossocial (sentimento):^ identidade^ e recusa

vs^ confusão de papeis , identidade difusa Resultado favorável (virtude associada): devoção e fidelidadeFortalecedores da formação da identidade: identidade

versus^ confusão de papeis Psicopatologia relacionada: delinquência, perturbação da identidade do género, surtos psicóticos Terminada^ a^ infância^ inicia-se^ a^ adolescência^ com^ uma^ autêntica

“revolução fisiológica” (Erikson), a que acresce uma demanda de identidade entre as diferentes que sevão explorando -^ crise da identidade

. De facto, pese embora o púbere esteja longe ainda de ser um adulto, gostando mesmo de afirmar as diferenças em relação a estes, o certo é que porum lado a maturidade biológica, seja a nível da genitalidade, e por outro a capacidadeintelectual de abstracção, compelem-no para fora do mundo infantil. E é nesta moratóriaentre dois mundos — infantil e adulto — que o adolescente é chamado a desempenhar e lhe édado experimentar múltiplos papeis de entre os muitos que se lhe oferecem

(1)^ ; ora é neste contexto que o seu^ ego , tentando estabelecer um sentido de coerência no

self , se pergunta sobre quem é como pessoa, o que vale, qual a impressão que causa nos outros,

etc. Neste processo em que o jovem se tenta encontrar e afirmar, experimentando papeis sobretudo noseio do grupo de iguais entre os quais se revê,. Vai estabelecendo aos poucos aquilo que é ouquer ser, e aquilo que não é e em que não se revê; aquilo de que gosta, e aquilo de que não

Busca da identidade: valor da impressão causada nos outros. (1)^ Seja por exemplo através de identificação projectiva com figuras de referência que admira.

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gosta; os papeis em que se sente bem, e os que lhe são estranhos e portanto se recusa a desempenhar. Emboraacompanhada por uma orientação estruturadora, naturalmente, a liberdade para explorar o meio através da(1)^ identificação^ é essencial, pois permite-lhe desenvolver um sentido de identidade do

ego^ firme e adequado: que conhece os seus talentos, aptidões e capacidades, mas que também tem um sentido adequado das suas limitações;que tem as suas defesas contra ameaças e angústias, inerentes à expressão dos impulsos, necessidades, atravésdos papeis que adoptou por considerar que melhor se adaptavam à sua maneira de ser.Nessa^ confusão de papeis , entre entrega sem reservas e receio de rejeição, sentindo-se isolado, vazio, angustiadoe indeciso, pode o adolescente, pelo contrário, não aceitar a integração no complexo mundo dos adultos com anecessária adopção de uma identidade social, antes fixando-se a formas imaturas de reagir. E para as dificuldadesdesta travessia contribuem por vezes os pais quando, na sua preocupação vigilante, tentam ocultar partessignificativas da realidade tidas como indesejáveis ou menos próprias

(2)^. Só que isso em nada contribui para o sucesso da subsequente integração social, uma vez que ao tentarem fazer com que ele só contacte com o que doseu ponto de vista lhe convém, impedem o reconhecimento de significativas porções da realidade, o que vem aresultar num modo de lidar com o desconhecido por meio de retraimento, uma vez que contribui para aelaboração de um modelo mental do mundo adulterado, e como tal inadequado a uma interacção eficaz.(1)^ Mas também para ensaiar a lealdade no seio do grupo.(2)^ Recordaria a propósito a história do jovem Buda em relação ao qual a preocupação paterna, face às premonições feitas aquando do seunascimento, levou a ocultar o sofrimento deste mundo... com resultados paradoxais em relação às suas pretensões relativas ao herdeiro.