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Este texto explora a busca por sabedoria, direção e sentido da vida através da filosofia de sully prudhomme, analisando a possibilidade de uma sabedoria hebraica e bíblica em contraste com a helenística. O autor aborda a evolução do conceito de sabedoria na bíblia hebraica, sua relação com a obediência a deus e a natureza coletiva e dinâmica dessa sabedoria. O texto também discute a figura dos sábios no israel tardio e a importância da tradição oral, mashal e ritos na disseminação da sabedoria.
O que você vai aprender
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Sábios segundo Deus Matheus Lima Introdução “Porque de tua boca espero o segredo, que desejo saber e de que tenho medo: minha origem qual é e qual é meu destino?” o trecho pertence ao poema A Filosofia de Sully Prudhomme (1839-1907) e reflete uma das mais antigas e inatas pulsões do ser humano, a busca por significado, direção e sentido da vida. Igor Miguel afirma em a Escola do Messias que o ser humano é “inevitavelmente inquieto, e viver a vida sem qualquer sentido seria algo insuportável, logo, ele adota algum bem temporal com o propósito de encontrar alguma segurança espiritual e epistêmica” (2021, p. 36). O grande problema é que sempre que se apoia sua existência em algo que não pode sustentar uma existência, cria-se um ídolo, e ídolos tem pés de barro. Avaliar tais questões de ordem epistemológica nos leva, inevitavelmente, de encontro a filosofia grega, uma vez que foram os gregos os primeiros a usar a palavra philosophia, significando respeito, apreço, amor a sabedoria. De fato, a maneira grega, sobretudo platônica, com suas sínteses, de se fazer filosofia e as demais ciências de segunda ordem foram dominantes no ocidente, tendo forte presença até os dias de hoje, mas seria a sabedoria helenística livre de pressupostos? Não beberam os gregos das fontes e conceitos de sabedoria de seus vizinhos? Existe a possibilidade de pensarmos uma sabedoria que não a helênica, e para ser mais especifico, hebraica e bíblica por excelência? Responder a tais questionamentos não é uma tarefa fácil, depois do iluminismo humanista e principalmente na pós modernidade, vivemos em uma sociedade de narrativas quebradas, absolutos perderam sua credibilidade, tudo é passível de questionamento e parece não haver lugar para uma abordagem hebraica de se alcançar sabedoria. O sábio moderno, nas palavras do padre espanhol José Lindéz (1995, p. 264), se tornou como uma enciclopédia ambulante que sabe muito sobre muitas coisas, ou então aquele que se dedica a uma área especifica do conhecimento. A estrita observação da natureza e a investigação científica se convertem em uma atividade intelectual autônoma, alheia a filosofia e teologia.
A famosa frase de T. S. Elliot (1934), “onde está a sabedoria que perdemos com o conhecimento” nos leva a questionar a ordem do conceito moderno de sabedoria, e impulsiona a busca pelo que se entendia por sabedoria em Israel. Faremos então uma digressão, analisando a progressão do conceito bíblico de sabedoria até o culminar de seu ápice no novo testamento, entenderemos que os sábios em Israel em nada deixaram a desejar em produção intelectual ou sapiencial no antigo oriente próximo, que seus pressupostos religiosos em nada os deixam em descrédito, uma vez que os próprios gregos partilhavam também de pressupostos religioso. O objetivo não é explorar de forma exaustiva todos os conceitos, pontos de contato ou de afastamento com as outras escolas de pensamento, de forma humilde, introduzir o tema para discussões posteriores mais profundas, entender o que significa a sabedoria segundo Deus, e deste ponto de partida, subverter o pensamento humanista não apenas provando a possibilidade da filosofia cristã, mas da impossibilidade de qualquer outra. Desenvolvimento Para Nietzsche (1874, p. 6), estava claro que a filosofia era feita a partir de um modelo grego de pensamento, entretanto, seria ingenuidade pensar que eles não aprenderam nada com seus vizinhos e com os pensadores do antigo oriente, sendo eles os hindus, judeus, egípcios, persas, entre outros. Em sua obra A filosofia na idade trágica dos gregos ele afirma categoricamente “nada é mais tolo do que sugerir uma formação autóctone para os gregos”. Da mesma forma Pierre Hadot (1995, p.18) em sua investigação “ o que é a filosofia antiga?”. Defende que antes dos sistemas lógicos, sistematizados e pensados, a forma que os filósofos gregos antigos usavam para fazer filosofia partia da espiritualidade, de sabedorias que movimentavam toda a vida do filósofo. A filosofia era um exercício preparatório para a sabedoria, e o esquecimento dessa natureza se trata de um reducionismo empobrecedor. Entender esses pressupostos anteriores é de extrema importância. Estudiosos do antigo oriente geralmente enxergavam em Israel um impulso filosófico semelhante ao encontrado no helenismo, e sua rica tradição intelectual capaz de formar um povo perspicaz, colocando Israel mais como um par filosófico da Grécia do que com o oriente próximo, como Egito ou Mesopotâmia por exemplo (JOHNSON, 2021, p.1). Uma vez estabelecidos os
p.121). Essa postura do sábio que recebe a sabedoria do alto, para levar uma vida justa diante de Deus é totalmente antagonista ao caráter imanente da sabedoria dos vizinhos de Israel. O próprio caráter da lei cerimonial se refere a um contexto em que Deus entrega sua vontade ao povo, e os chama a pratica-la, a formação ritualística da sabedoria é dinâmica e coletiva. A tradição oral, o mashal, pequenos provérbios de fácil memorização e os ritos foram os elementos difusores de um Israel tribal, governado e com estrutura direcionada por e para Deus. Porém, essa sabedoria sem fissuras, da retribuição, onde aquele que obedece ao Senhor goza de suas bênçãos e o peca, de seu castigo, se depara, em certo momento de claro amadurecimento, com a sabedoria da crise, onde essa ordem parece não mais ser tão linear e explícita, é o que vemos principalmente no livro de Jó e em Eclesiastes. Os sábios se deparam então com o mal que sobrevém aos justos e o bem que os maus gozam, destacando, em Jó, a impotência do justo em saber os motivos pelos quais sofre. Vemos aqui, que os sábios assumem uma postura do homem que reflete, que pensa e pondera sobre as questões da vida e o problema do mal. Em um Israel tardio, a figura dos sábios já estão presentes nos templos, como conselheiros reais e professores, doutores da lei e homens de rica vivência. Igor Miguel (2021, p. 132) de forma sucinta, lista três fontes básicas de se obter sabedoria:
intertestamentário que a tradição sapiencial se torna fortemente relacionada a Torá, ao cumprimento da lei. Lembremos que nesse período, debaixo do governo macedônio da dinastia ptolomaica, em Alexandria do Egito, já havia uma grande comunidade de hebreus da diáspora, ali, se concentrava uma vasta tradição intelectual e era um grande polo do mundo antigo. Nesse contexto obras como Sabedoria e o Eclesiástico são produzidas, essas obras deuterocanônicas, apesar de não serem consideradas inspiradas, são importantes pois falam muito sobre o imaginário hebreu desse período. Apesar de toda essa movimentação cultural em Alexandria e o dialogo honesto com a sabedoria helênica, o contexto caminha eminentemente para um movimento anti-helênico, como podemos observar Ben Sira em Eclesiástico. E é justamente no período intertestamentário que todo o imaginário judeu é pavimentado para que os autores do novo testamento reconheçam em Cristo a própria encarnação da sabedoria. De acordo com Craig Bartholomew (2014, p. 240) cada um dos evangelhos, e o livro de Atos, não só está ciente da tradição de sabedoria como faz uso dela para responder as perguntas cristológicas de seu contexto imediato da igreja do primeiro século. Conclusão Na figura de Jesus Cristo, temos a personificação da sabedoria bíblica, aquele que cumpriu plenamente toda a lei, que obedeceu ao Pai até a morte, e morte de cruz. Mesmo que a sabedoria não seja a chave para se interpretar o novo testamento, ninguém pode entender Jesus, seu reino e sua redenção sem ela. “A sabedoria, incorpora a nossa radical maneira de vivermos no mundo de Deus e desempenhar nosso papel em proclamar e nos conformar com sua realeza” (BARTHOLOMEW, 2014, p. 259). Diante de tudo, tenhamos então ousadia para viver uma vida diante de Deus, reconhecendo que do alto recebemos a saberia para se viver uma vida de justiça que glorifique o Criador, tendo como principio o temor do Senhor, sendo teorferente, começando em Deus e terminando em Deus, e tendo como exemplo maior a pessoa de Cristo Jesus, que é a própria sabedoria de Deus.