Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Propostas de Intervenção Fonoaudiológica no Autismo Infantil: Revisão Sistemática, Resumos de Enfermagem

Uma revisão sistemática da literatura sobre propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil. O artigo busca identificar modelos e estratégias de intervenção, descrever os modelos e estratégias encontrados e comparar os resultados. A pesquisa foi realizada utilizando as bases de dados medline, lilacs e scielo, com palavras-chave em inglês: ‘autistic disorder’ e ‘speech therapy’, e em português: ‘autismo’ e ‘fonoaudiologia’. Foram encontrados 48 artigos relevantes, sendo que 25 deles apresentaram propostas de intervenção fonoaudiológica.

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 04/06/2022

pollyanna-silva-8
pollyanna-silva-8 🇧🇷

5

(1)

1 / 11

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
ARTIGOS
15
Distúrb Comun, São Paulo, 25(1): 15-25, abril, 2013
Propostas de intervenção
fonoaudiológica no autismo infantil:
revisão sistemática da literatura*
Proposals for speech therapy for autist
children: a systematic review of literature*
Propuestas de acción fonoaudiológica para el
autismo infantil: una revisión sistemática de
la literatura*
Cláudia A B Gonçalves**
Mariana S J de Castro***
Resumo
Introdução: As alterações de linguagem no transtorno autístico geralmente são caracterizadas por
atrasos significativos ou ausência total de desenvolvimento desta habilidade. Tais alterações lingüísticas
confirmam a importância da atuação fonoaudiológica no trato dos pacientes com esse diagnóstico. A partir
disso, é nítida a importância de conhecer as propostas de intervenções terapêuticas a serem utilizados.
Objetivo geral: Revisar artigos atuais sobre propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo
infantil, por meio de literatura especializada. Método: Foi realizada pesquisa bibliográfica utilizando os
bancos de dados eletrônicos Medline, Lilacs e SciELO (2006–2010). As palavras-chaves utilizadas em
inglês foram: “autistic disorder” e “speech therapy” nas bases de dados Medline e Lilacs e em português:
“autismo” e “fonoaudiologia” na base de dados SciELO. Resultados: O total de artigos encontrados
utilizando as palavras-chaves propostas foi de 117 e ao selecionarmos os artigos referentes aos anos entre
2006 e 2010, obtivemos 48 artigos. Conclusão: Foram encontradas 25 propostas de intervenção. Dessas,
seis mostraram etapas progressivas de aplicação/desenvolvimento do método; sete são compostas por
uma única etapa; nove são estratégias relacionadas a participantes, materiais e locais e três não foram
detalhados em seus respectivos artigos.
Palavras-chave: autismo; fonoaudiologia; revisão de literatura.
* Artigo apresentado como Trabalho de conclusão de Curso no curso de pós-graduação em “Neuropsicologia Aplicada a Neurologia
Infantil” na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP no dia 19/03/11 na cidade de Campinas. ** Fonoaudióloga –
Especialização em Neuropsicologia Aplicada a Neurologia Infantil pela Extecamp / Unicamp - Campinas – SP. *** Fonoaudióloga
- Orientadora do curso de Neuropsicologia Aplicada a Neurologia Infantil pela Extecamp / Unicamp; Mestre em Saúde da Criança
e do Adolescente pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp - Campinas – SP.
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Propostas de Intervenção Fonoaudiológica no Autismo Infantil: Revisão Sistemática e outras Resumos em PDF para Enfermagem, somente na Docsity!

ARTIGOS

Propostas de intervenção

fonoaudiológica no autismo infantil:

revisão sistemática da literatura

Proposals for speech therapy for autist

children: a systematic review of literature*

Propuestas de acción fonoaudiológica para el

autismo infantil: una revisión sistemática de

la literatura*

Cláudia A B Gonçalves** Mariana S J de Castro*** Resumo Introdução: As alterações de linguagem no transtorno autístico geralmente são caracterizadas por atrasos significativos ou ausência total de desenvolvimento desta habilidade. Tais alterações lingüísticas confirmam a importância da atuação fonoaudiológica no trato dos pacientes com esse diagnóstico. A partir disso, é nítida a importância de conhecer as propostas de intervenções terapêuticas a serem utilizados. Objetivo geral: Revisar artigos atuais sobre propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil, por meio de literatura especializada. Método: Foi realizada pesquisa bibliográfica utilizando os bancos de dados eletrônicos Medline, Lilacs e SciELO (2006–2010). As palavras-chaves utilizadas em inglês foram: “autistic disorder” e “speech therapy” nas bases de dados Medline e Lilacs e em português: “autismo” e “fonoaudiologia” na base de dados SciELO. Resultados: O total de artigos encontrados utilizando as palavras-chaves propostas foi de 117 e ao selecionarmos os artigos referentes aos anos entre 2006 e 2010, obtivemos 48 artigos. Conclusão: Foram encontradas 25 propostas de intervenção. Dessas, seis mostraram etapas progressivas de aplicação/desenvolvimento do método; sete são compostas por uma única etapa; nove são estratégias relacionadas a participantes, materiais e locais e três não foram detalhados em seus respectivos artigos. Palavras-chave: autismo; fonoaudiologia; revisão de literatura. * (^) Artigo apresentado como Trabalho de conclusão de Curso no curso de pós-graduação em “Neuropsicologia Aplicada a Neurologia Infantil” na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP no dia 19/03/11 na cidade de Campinas. **^ Fonoaudióloga – Especialização em Neuropsicologia Aplicada a Neurologia Infantil pela Extecamp / Unicamp - Campinas – SP. ***^ Fonoaudióloga

- Orientadora do curso de Neuropsicologia Aplicada a Neurologia Infantil pela Extecamp / Unicamp; Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp - Campinas – SP.

ARTIGOS Cláudia A B Gonçalves, Mariana S J de Castro Em 1944, Asperger descreveu casos com características semelhantes ao do autismo quando pareadas às dificuldades de comunicação social em crianças com inteligência normal^2. A partir de 1980, com a 3ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM III), considerando a grande variabilidade no grau de habilidades sociais, de comunicação e nos padrões de comportamento que ocorrem em autistas, tornou mais apropriado o uso do termo transtorno invasivo do desenvolvimento (TID)2-7. Antes do DSM-III, o autismo ainda não tinha atingido uma base de regras suficientemente Abstract The changes in language in autistic disorder are usually characterized by significant delays or total absence of development of this skill. These reports show the major changes in language in autism and thus confirm the importance of speech therapy in the treatment of patients with this diagnoses. It is clear the importance to meet the proposals of therapeutic interventions to be used. Objective: To review current articles on proposals of speech therapy for autistic children through literature. Method: Bibliographic search was performed using electronic data banks Medline, Lilacs and SciELO (2006 - 2010). The key words used in English were: “Autistic disorder” and “speech therapy” in the databases Medline and Lilacs and in Portuguese: “Autism” and “Speech” in the SciELO database. Results: There were 117 articles found with the key words, and selecting items for the years 2006 to 2010, we obtained 48 articles. Conclusion: There were 25 proposals of intervention, of these, six showed progressive steps of application / method development, seven were composed of a single step, nine are strategies related to the participants, materials and places and three were not detailed in their articles. Keywords: autism; speech therapy; literature review. Resumen Introducción: Los cambios del lenguaje en el trastorno autístico por lo general son caracterizados por retrasos significativos o ausencia total en el desarrollo de esta habilidad. Tales cambios confirman la importancia de la actuación fonoaudiológica en el tratamiento de pacientes con este diagnóstico. De esto se desprende la importancia de conocer las propuestas de intervención terapéuticas a utilizar. Objetivo general: Revisar artículos actuales sobre propuestas de acción fonoaudiológica para el autismo infantil. Método: Se realizó búsqueda bibliográfica utilizando los bancos de datos electrónicos Medline, Lilacs y SciELO (2006 - 2010). Las palabras clave utilizadas en Inglés fueron: “autistic disorder” y “speech therapy” en las bases de datos Medline y Lilacs, y en portugués: “autismo” y “fonoaudiologia” en la base de datos SciELO. Resultados: El total de artículos encontrados con las palabra clave propuestas fue de 117 y en la selección de artículos para los años entre 2006 y 2010, se obtuvieron 48 artículos. Conclusión: Fueron encontradas 25 propuestas de intervención. De estas, seis mostraron pasos progresivos de aplicación / desarrollo del método; siete están compuestas de un solo paso; nueve son estrategias relacionadas a los participantes, los materiales y locales; y tres no están detalladas en sus respectivos artículos. Palabras Clave: autismo, fonoaudiología, revisión de la literatura. Introdução Em 1943, Kanner 1 utilizou a expressão autismo para descrever um grupo de crianças que apresentava perfil comportamental peculiar. Esse autor sugeriu que o autismo se tratava de uma inabilidade inata para o estabelecimento do vínculo afetivo e interpessoal, com capacidades incomuns para constituir contatos interpessoais e relações com objetos, desordens graves no desenvolvimento da linguagem, comportamento envolto de atos repetitivos e estereotipados e resistência a mudanças.

ARTIGOS Cláudia A B Gonçalves, Mariana S J de Castro Critérios de exclusão Foram excluídos os artigos que não agregaram aos seus objetivos a descrição da intervenção fonoaudiológica no autismo infantil, aqueles que referiram o uso da farmacoterapia no autismo infantil ou aqueles que foram publicados antes do ano de 2006. Resultado Por meio do cruzamento das seguintes palavras- chave em inglês: “autistic disorder” e “speech therapy” nas bases de dados Medline e Lilacs e em português: “autismo” e “fonoaudiologia” nas bases de dados SciELO, foram encontrados: 90 artigos no Medline, 9 artigos no Lilacs e 18 artigos no SciELO. Foram retirados os artigos que não estavam de acordo com os critérios de inclusão propostos para este levantamento. A partir desta análise e seleção, é possível relatar que:

  • Há 26 artigos que obedeceram aos critérios de inclusão deste estudo na base de dados Medline.
  • Há 11 artigos que obedeceram aos critérios de inclusão deste estudo na base de dados SciELO.
  • Há 04 artigos que obedeceram aos critérios de inclusão deste estudo na base de dados Lilacs. No Quadro 1 foram descritos dados relacionados aos artigos encontrados independente do ano de publicação, aos publicados entre os anos de 2006 e 2010 (alvo deste estudo), aos compartilhados e aos excluídos, por base de dados. SciELO, com a finalidade de direcionar a pesquisa para a área de terapia fonoaudiológica. Vale ressaltar que as palavras-chave estão cadastradas como descritores do DECS (Descritores em Ciências da Saúde). No decorrer da leitura dos artigos encontrados, observou-se que algumas terapias eram compostas por etapas e níveis de complexidade e apontavam um objetivo específico para cada uma delas, já outras não eram descritas dessa forma, apenas compostas por intervenção sem definir prazo ou alvo específico a ser alcançado. Definimos, portanto a estruturação das intervenções como um dos critérios a ser utilizado para agrupar os artigos encontrados e adicionamos também uma relação de aspectos que foram mencionados ou relacionados como sendo influentes nas terapias. a) “Intervenções que dispõem de etapas progressivas e pré-estabelecidas para aplicação”; b) “Processos terapêuticos que dispõem de etapa única para aplicação”; c) “Situações que podem ser incorporadas à intervenção”. Critérios de inclusão Foram incluídos os artigos que agregaram aos seus objetivos a descrição de propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil e aqueles que foram publicados entre os anos 2006 a 2010. Quadro 1. Achados referentes ao número de artigos encontrados, selecionados, compartilhados e excluídos por base de dados. Bases Total de artigos % Artigos (2006-2010) Compartilhados (^) encontradosNão Excluídos Medline 90 76,9 26 4 5* 7 SciELO 18 15,3 18 2 0 7 Lilacs 9 7,6 4 4 0 3 Legenda: *- houve mais um artigo não encontrado, porém este foi cedido pela autora. O total de artigos encontrados utilizando as palavras-chave propostas foi de 117 e ao selecionarmos os artigos referentes aos anos entre 2006 e 2010, obtivemos 48 artigos. No entanto, alguns foram compartilhados entre duas ou três bases diferentes. Para que esse fato não alterasse a amostra, tais artigos foram contabilizados apenas uma vez. A partir disso, a quantidade de artigos encontrada foi de 42 e desses, 6 não estavam livres

Propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil: revisão sistemática da literatura ARTIGOS terapêuticos que dispõem de etapa única para aplicação”, o primeiro composto por seis propostas de intervenção e o segundo por sete propostas. Identificaram-se também nove aspectos que foram agrupados em “Situações que podem ser incorporadas à intervenção” e três propostas de intervenções não são apresentadas com detalhes que possibilitem a compreensão da mesma. As intervenções terapêuticas encontradas nos artigos selecionados foram relacionadas no quadro 2 e também descritas e detalhadas a seguir de acordo com o critério estabelecido. para download na base de dados e na Biblioteca Virtual da Unicamp. Todavia, um desses foi cedido pela autora. Assim, aos 37 artigos restantes foram aplicados os critérios de exclusão referentes aos objetivos dos estudos e 14 deles foram excluídos, restando 23 artigos para análise e descrição. Dentre esses, 5 são classificados como artigos de revisão bibliográfica e 18 como de pesquisa de campo. Foram encontrados nesses 23 artigos dois formatos de terapia, que foram agrupados em “Intervenções que dispõem de etapas progressivas e pré-estabelecidas para aplicação” e “Processos Quadro 2. Achados referentes ao número de propostas de intervenções de acordo com o agrupamento proposto. GRUPO N % PROPOSTA Intervenções que dispõem de etapas progressivas e pré- estabelecidas para aplicação 06 27,2 Picture Exchange Communication System Habilidade Comunicativa Verbal Responsive Education and Prelinguistic Milieu Teaching Atraso de tempo Anáise Comportamental Aplicada Lego Processos terapêuticos que dispõem de etapa única para aplicação 07 31,8 More Than Words Desenvolvimento Individualizado e baseado no Relacionamento Fotografias Comunicação Aumentativa e Alternativa Abordagem pragmática Abordagem Funcional da Linguagem Repetição de comportamentos Situações que podem ser incorporadas à intervenção 09 40,9 Atendimento domiciliar Atendimento indireto Pares ou duplas Atendimento em grupo Equipe interdisciplinar Atendimento individual Continuidade do terapeuta Equoterapia Softwares de computador Intervenções sem informações 03 2,56 Desenvolvimento de Relacionamento Lovaas Oficina de linguagem TOTAL 25 100

Propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil: revisão sistemática da literatura ARTIGOS O programa Desenvolvimento Individualizado e baseado no Relacionamento (DIR)25,31^ é semelhante ao ABA, mas nesse, as atividades são escolhidas pela criança. Os pais recebem treinamento para realizar atividade no chão, repetidamente, durante o decorrer do dia. Desta forma, são originadas oportunidades de aproximação com a criança, na qual serão realizados comentários sobre suas escolhas e serão incentivadas emissões e / ou gesticulações na tentativa de comunicação. A criança pode ser recompensada positivamente por meio de palmas e elogios. Baseado em abordagem histórico cultural, o uso de fotografias pode ser um recurso para aumentar a produção de linguagem do autista. Nessa estratégia, coloca-se à disposição da criança fotos de situações e eventos vividos por ela, dessa forma ela é o detentor da informação e o papel do terapeuta é incentivar a descrição ou narração de um fato, incentivando e organizando seu discurso^20. Também pode ser utilizada a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)10, 25,28-29,36, que se trata de métodos utilizados como alternativas para a criança que ainda não desenvolveu a linguagem oral. A estratégia pode ser realizada com ou sem auxílio de recurso. Um exemplo de estratégia independente é a de fala sinalizada, pois não requer utilização de recursos externos. Em contrapartida, o PECS é utilizado com o apoio de figuras que dão o suporte necessário à comunicação. Outros tipos de símbolos propostos para auxiliar no processo de comunicação alternativa e aumentativa são: os objetos reais, as miniaturas, os objetos parciais, as fotografias e os símbolos gráficos. A CAA também é apontada por estimular a oralidade e pode acontecer por meio das mais variadas combinações, por exemplo: com o uso de figuras e fala ou de equipamento de saída de voz. A abordagem pragmática17-18,25,37^ tem como base o desenvolvimento e a aquisição de linguagem. Segue etapas pré-estabelecidas ou não, a destacar: reivindica a atenção da criança para estabelecer a sequencia de atividades e os materiais, aproveita as oportunidades de aprendizagem que surgem durante a intervenção, mesmo que esta não esteja programada, faz uso da rotina diária, como a hora do banho, a troca de roupa e as refeições para intervir, focando o aprendizado funcional e variado, aproveita a comunicação não verbal, como gestos, contato ocular e vocalizações e elabora estratégias que propiciem o uso da linguagem, como jogos, brincadeiras e fantoches. Para estimular a comunicação da criança, na Abordagem Funcional da Linguagem18,32,38, a criança autista é induzida a se comunicar oralmente com a intenção de solicitar algo de seu interesse. Assim, as atividades são realizadas de forma que a criança tenha que interagir e se comunicar com o terapeuta. A repetição de comportamentos pode ser utilizada para que o autista aprenda a realizar atividades. Esse modelo pode ser considerado como condicionamento ou modelagem, a repetição faz com que a criança passe a realizar a atividade de maneira independente29-30. 1.3- Situações que podem ser incorporadas à intervenção O atendimento domiciliar 25,30^ é citado como uma estratégia, independente do modelo interventivo a ser seguido. Quando há a necessidade ou oportunidade do atendimento não ser realizado pelo profissional responsável, o atendimento indireto^17 pode ser considerado. É necessário orientar quanto aos procedimentos pertinentes àquele que se demonstre disposto a cumprir tal tarefa. É importante que a pessoa, muitas vezes representada pela mãe, receba orientações a fim de identificar as inabilidades dos filhos e de criar situações de estimulação de linguagem inseridas em situações cotidianas. Esse tipo de atendimento, classificado como indireto, possibilita que a criança seja atendida por alguém extremamente familiar e ainda receba maior tempo de intervenção. Como alternativa à terapia tradicional, alguns estudos sugeriram a formação de pares ou duplas^38. A participação de um par na intervenção, que não seja o terapeuta, surge como fator motivacional, visando aumentar a interação social e as habilidades comunicativas. Agregando dados, alguns autores35,39^ referiram que a terapia fonoaudiológica em grupo trata-se de uma opção diferenciada de intervenção para pacientes autistas e de uma estratégia de fácil realização em ambientes escolares. A escola propicia uma estratégia que facilmente pode ser empregada em outros ambientes, que é a participação da equipe interdisciplinar36,40. Esta equipe é composta por profissionais como o fonoaudiólogo, o professor, o psicólogo e o

ARTIGOS Cláudia A B Gonçalves, Mariana S J de Castro foram no período mencionado. Nos artigos selecionados (23), foram encontradas 25 diferentes formas para intervenção no autismo, e agrupadas em quatro categorias, sendo elas: “Intervenções que dispõem de etapas progressivas e pré-estabelecidas para aplicação” (6), “Processos terapêuticos que dispõem de etapa única para aplicação” (7), “Situações que podem ser incorporadas à intervenção” (9) e três propostas não são apresentadas com detalhes de informações nos artigos de origem, mostrando assim que existem diferentes opções para o tratamento e que há vários aspectos que podem interferir no rendimento da terapia. P e s q u i s a s m o s t r a m q u e c r i a n ç a s autistas recebem mais de uma intervenção concomitantemente27,33. Os tratamentos utilizados variam de acordo com a idade e com a severidade do caso^27. A terapia fonoaudiológica é a mais comumente citada e a intervenção na área de linguagem trata-se de uma das áreas mais estudadas em relação ao autismo^27. Alguns estudos elucidam a importância da intervenção fonoaudiológica precoce no autismo12,20. Tendo a linguagem como a principal forma de interação social, a terapia fonoaudiológica torna-se ainda mais importante para a criança autista, por trabalhar diretamente os aspectos mais relevantes desta patologia, e, por isso, seu início deve ser precoce12,20. Algumas propostas são específicas para o surgimento da linguagem oral^22 e outras visam o desenvolvimento da comunicação 26,32. Há ainda aqueles que utilizam a comunicação para desenvolver outros aspectos inseridos no desenvolvimento ou no comportamento da criança29,40. Além dos objetivos específicos, foi possível também observar a forma particular de empregabilidade de cada modelo. Eles podem ser utilizados isoladamente, como o HCV^22 , ou pode haver a integração de mais de um modelo na intervenção como o ABA e o atraso de tempo^30. Enquanto alguns estudos se baseiam em modelos estruturados e com regras para serem utilizados, como é o caso dos modelos ABA e PECS25-26,28,31-32, outros seguem estratégias que têm a sua utilização de forma flexível, sendo adaptada de acordo com o contexto, como na abordagem pragmática18,32^ e CAA29,34. professor de música. Estes compartilharão de conhecimentos e de informações sobre cada aluno e assim, criarão estratégias com objetivos específicos e direcionados ao auxílio das atividades escolares e às domiciliares. Em contrapartida, alguns estudos37-39^ referem que em casa ou na clínica o atendimento individual é a forma mais tradicional de intervenção, na qual participariam apenas a criança e o terapeuta. Foi enfatizado, em um estudo feito por Cardoso e Montenegro (2009)^41 , que a continuidade do mesmo terapeuta por todo o processo de intervenção é mais eficaz do que quando há trocas. A equoterapia^40 proporciona um ambiente estimulante e com muitas possibilidades de intervenção, inclusive na linguagem. O trabalho fonoaudiológico pode ser voltado à atenção, à linguagem receptiva e expressiva, por meio da observação e da nomeação de partes do corpo e equipamentos presentes no animal, bem como das direções (direita e esquerda), que realize jogos e brincadeiras pertinentes ao ambiente e que obedeça a comandos referentes ao percurso: “ande!”, “pare!”, “corra!”. Alguns softwares de computador29,33, como aqueles que proporcionam a interação com a criança, por meio de repetição, podem ser utilizados como estratégias, já que se caracterizam por se tratar de estratégias com grande apelo motivacional. Algumas abordagens não estão detalhadamente descritas nos artigos de origem e por isso serão apenas listados:

  1. I n t e r v e n ç ã o D e s e n v o l v i m e n t o d e Relacionamento (RDI): os pais recebem treinamento para realizar várias atividades com os filhos proporcionando desafios para estimular a comunicação^25.

  2. Lovaas: é um projeto de intervenção precoce no autismo baseado no ABA e que oferece terapia individual com ensino discreto durante 40 horas semanais^33.

  3. Oficina de linguagem^38. Discussão Observa-se que há um crescente interesse pelo assunto visto que dos 117 artigos encontrados, mais de 40% (90) foram publicados nos anos de 2006 a 2010 e há um despertamento mais recente da literatura brasileira sobre o tema, pois 100% (18) dos artigos encontrados em língua portuguesa

ARTIGOS Cláudia A B Gonçalves, Mariana S J de Castro

  1. Organização Mundial de Saúde. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionadas à saúde: CID 10. 10ª ed. São Paulo: Edusp; 2007.
  2. Rapoport, JL. DSM-IV training guide for diagnosis of childhood disorders. New York /Brunner/Mazel, 1996.
  3. Saad AG de F, Goldfeld M. A ecolalia no desenvolvimento da linguagem de pessoas autistas: uma revisão bibliográfica. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2009; 21(3): 255-260.
  4. Mendoza E, Muñoz J. Del trastorno específico del lenguaje al autismo. Rev. Neurol. 2005; 41 (1): 91-98.
  5. Landa R. Early communication development and intervention for children with autism. Mental retardation and developmental disabilities research reviews. 2007; 13: 16 – 25.
  6. Campelo LD, Lucena JA, Lima CN, Araújo HMM, Viana LGO, Veloso MML et al. Autismo: um estudo de habilidades comunicativas em crianças. Rev. CEFAC. 2009; 11(4): 598-606.
  7. Mulas F, Ros-Cervera G, Millá MG, Etchepareborda MC, Abad L, Téllez de Meneses M. Modelos de intervención en niños com autismo. Rev. Neurol. 2010; 50 (3):77-84.
  8. Delfrate C de B, Santana AP de O, Massi G de A. A aquisição de linguagem na criança com Autismo: um estudo de caso. Psicol. Estud. 2009; 14(2):321-331.
  9. Gauderer EC. Autismo. São Paulo: Ed atheneu, 3ª ed, 1993.
  10. Tamanaha AC, Perissinoto J, Chiari BM. Evolução da criança autista a partir da resposta materna ao Autism Behavior Checklist. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008; 20(3): 165-170.
  11. Misquiatti ARN, Brito MC. Terapia de linguagem de irmãos com transtornos invasivos do desenvolvimento: estudo longitudinal. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol., 2010; 15(1):134-139.
  12. Fernandes FDM. Famílias com crianças autistas na literatura internacional. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2009;14(3):427-32.
  13. Bagarollo MF, Panhoca I. A constituição da subjetividade de adolescentes autistas: um olhar para as histórias de vida. Rev. Bras. Ed. Esp. 2010; 16(2):231-250.
  14. Tamanaha AC, Perissinoto J, Chiari BM. Uma breve revisão histórica sobre a construção dos conceitos do Autismo Infantil e da síndrome de Asperger. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2008; 13(3): 296-299.
  15. Lopes-Herrera SA, Almeida MA. O uso de habilidades comunicativas verbais para aumento da extensão de enunciados no autismo de alto funcionamento e na Síndrome de Asperger. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008, 20(1):37-42.
  16. Coelho ACC, Iemma EP, Lopes-Herrera SA. Relato de caso: privação sensorial de estímulos e comportamentos autísticos. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2008; 13(1): 75-81.
  17. Millá MG, Mulas F. Early attention and specific intervention programs with autism spectrum disorders. Rev. Neurol. 2009; 48 (2): 47-52.
  18. Rhea P. Interventions to Improve Communication. Child. Adolesc. Psychiatr. Clin. N. Am. 2008; 17(4): 835–56.
  19. Yoder P, Stone W L. A randomized comparison of the effect of two prelinguistic communication interventions on the acquisition of spoken communication in preschoolers with ASD. J Speech, Lan. Hear. Res. 2006; 49: 698–711.
  20. Green VA, Pituch KA, Itchon J, Choi A, O’Reilly M, Sigafoos J. Internet survey of treatments used by parents of children with autism. Res. Dev. Disabilities. 2006; 27: 70–84.
  21. Schlosser RW, Wendt O. Effects of augmentative and alternative communication intervention on speech production in children with autism: A Systematic Review. American Journal of Speech-Language Pathology. 2008; 17: 212–230.
  22. Pickett E, Pullara O, O’Grady J, Gordon B. Speech acquisition in older nonverbal individuals with autism. Cog. Behav. Neurol. 2009;22(1): 1-21. e os terapeutas possam escolher qual o modelo adequado ao caso. Esse também foi um fator encontrado nos textos, há crescente preocupação quanto ao bem estar da criança e da sua família. E este fato ocorre não somente pelos resultados, mas também pelo processo de intervenção. As abordagens têm se preocupado com ambientes familiares estimulantes, e incentivos físicos ou sociais e a atuação dos pais no tratamento tem sido muito valorizada, seja como participante ou até como terapeuta indireto. As diferenças entre os modelos refletem além da busca por novos métodos, a preocupação com a individualidade do autista, ou seja, a percepção que eles têm características em comum, mas cada um tem as suas particularidades. Embora já se tenha muito progresso nas descobertas nessa área, é importante que estudos mais aprofundados e detalhados como os de coortes prospectivos, sejam realizados e difundidos, principalmente no campo fonoaudiológico e mais especificamente no de intervenção de linguagem. A sugestão para próximos trabalhos, é que nestes haja comparação não apenas dos resultados da intervenção, mas também de quais são os fatores que influenciaram os resultados obtidos, como características de cada autista, achados fonoaudiológico pré e pós intervenção e particularidades da família, principalmente no que diz respeito ao envolvimento no tratamento e à situação socioeconômica. Referências bibliográficas
  23. Kanner L. Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child. 1943;2:217-50.
  24. Rutter M, Schopler E. Classification of pervasive developmental disorders: some concepts and practical considerations. J Autism Dev Disord. 1992;22:459-82.
  25. Minshew NJ, Payton JB. New perspectives in autism, Part I: the clinical spectrum of autism. Curr Probl Pediatr. 1988;18:561-610.
  26. Minshew NJ, Payton JB. New perspectives in autism, Part II: the differential diagnosis and neurobiology of autism. Curr Probl Pediatr. 1988;18:613-94.
  27. Rapin I. Disorders of higher cerebral function in preschool children. Part I. AJDC. 1988;142:1119-24.
  28. Rapin I. Disorders of higher cerebral function in preschool children. Part II. AJDC. 1988;142:1178-82.
  29. DSM-IV. Pervasive Developmental Disorders. In: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4th ed. Washington, DC: American Psychiatric Association; 1994. p. 65-78.

Propostas de intervenção fonoaudiológica no autismo infantil: revisão sistemática da literatura ARTIGOS

  1. Miilher LP, Fernandes FDM. Analise das funções comunicativas expressas por terapeutas e pacientes do espectro autístico. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2006; 18(3): 239-248.
  2. Fernandes FDM, Cardoso C, Sassi FC, Amato CLH, Sousa-Morato PF. Fonoaudiologia e autismo: resultado de três diferentes modelos de terapia de linguagem. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2008; 20(4): 267-272.
  3. Cardoso C, Fernandes FDM. Relação entre os aspectos sócio cognitivos e perfil funcional da comunicação em um grupo de adolescentes do espectro autístico. Pró-Fono R. Atual. Cient. 2006; 18(1):89-98.
  4. Bass MM, Duchowny CA, Llabre MM. The effect of therapeutic horseback riding on social functioning in children with autism. J Autism Dev. Disord. 2009; 39:1261–1267.
  5. Cardoso C, Montenegro ML. Speech and language pathology and autistic spectrum. The Spanish Journal of Psychology. 2009;12(2): 686-695. Recebido em novembro 2012; Aprovado em março 2013 Contato: Autor responsável: Cláudia A. B. Gonçalves E-mail: claudiaabg@yahoo.com.br
  6. Reichle J, Dropik PL, Alden-Anderson E, Haley T. Teaching a young child with autism to request assistance conditionally: a preliminary study. American Journal of Speech-Language Pathology. 2008; 17: 231–240.
  7. Hilton JC, Seal BC. Brief Report: Comparative ABA and DIR Trials in Twin Brothers with Autism. J Autism Dev. Disord. 2007; 37:1197–1201.
  8. Silva RA, Lopes-Herrera SA, De Vito LPM. Distúrbio de linguagem como parte de um transtorno global do desenvolvimento: descrição de um processo terapêutico fonoaudiológico. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2007; 12(4):322-
  9. Thomas KC, Morrissey JP, McLaurin C. Use of autism- related services by families and children. J Autism Dev. Disord. 2007; 37: 818–829.
  10. Virués-Ortega J. Applied behavior analytic intervention for autism in early childhood: Meta-analysis, meta-regression and dose–response meta-analysis of multiple outcomes. Clinical Psychology Review 30. 2010: 387–399.
  11. Legoff DB, Sherman M. Long-term outcome of social skills intervention based on interactive LEGO© play. Autism. 2006; 10(4): 317–329.
  12. Drager KDR, Postal VJ, Carrolus L, Castellano M, Gagliano C, Glynn J. The effect of aided language modeling on symbol comprehension and production in 2 preschoolers with autism. American Journal of Speech-Language Pathology. 2006; 15: 112–125.