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ENCONTRO 14 – 2º ANO O MISTÉRIO DA TRINDADE NA REFLEXÃO DA IGREJA a, Notas de estudo de Teologia

O Mistério da Trindade na reflexão eclesial

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 04/03/2012

dom-gabriel-amaral-8
dom-gabriel-amaral-8 🇧🇷

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ENCONTRO 14 – 2º ANO (23/05/2009)O MISTÉRIO DA TRINDADE
NA REFLEXÃO DA IGREJA
1 – Considerações gerais:
a) No estudo da Trindade utilizam-se as analogias com o que conhecemos, embora seja sempre apenas aproximações,
imperfeitas, que não esgotam, nem de longe, a riqueza da Trindade!
b) Deus, ao revelar-Se dá-nos a conhecer, ao mesmo tempo, um pouco de Si próprio, e uma Economia divina, ou seja,
as implicações de Deus na nossa vida concreta, no aspecto do amor, misericórdia, de modo a atrair o Homem a Si;
c) Pai, Filho e Espírito Santo não podem se concebidos apenas como modos de ser ou aspectos de Deus, mas como
verdadeiras pessoas distintas, que se distingue realmente entre Si.
2 – As processões divinas:
a) Em Deus, Único e trinitário, revelado em Jesus Cristo apenas uma natureza, essência ou substância, um
Deus, somos monoteístas, por isso se diz no Credo «Creio em um só Deus»; o «homoousios» (mesma substância)
consagrou em Niceia e Constantinopla (séc. IV) a consubstancialidade do Filho e do Espírito Santo ao Pai;
b) O que é uma processão? Na linguagem corrente «proceder de…», significa que uma realidade provém de outra, por
exemplo, a luz procede do Sol, um filho procede do pai e a obra procede do artista; costuma distinguir-se entre:
processão imanente ou interior, quando o termo produzido permanece interior ao seu autor (por exemplo, um
pensamento permanece dentro da mente daquele que pensa); e processão transitória ou exterior, quando o termo é
produzido fora da causa (por exemplo, um filho é termo exterior ao pai);
c) Aplicada esta analogia a Deus, n’Ele também dois tipos de processões: exterior, pois as criaturas procedem de
Deus, como efeitos em relação à sua Causa Primeira, Deus; e a interior que é aquela pela qual as pessoas divinas
procedem de outra ou de outras, por comunicação da mesma natureza divina.
d) Em Deus há apenas duas processões imanentes: a Geração do Filho (exclusivamente pelo Pai) e a Espiração do
Espírito Santo (simultaneamente pelo Pai e pelo Filho):
d)..i O Pai não procede de ninguém;
d)..ii O Filho procede do Pai, por geração: procede do Pai, mas eternamente e comunica ao
Filho a Sua vida e natureza divina, de um modo total e permanecendo numericamente a mesma;
d)..iii O Espírito Santo é espirado: espiração, vem de «spirare», que significa «sopro»; não é
possível que proceda só do Filho, pois Este procede todo do Pai, por geração; é um sopro divino
simultaneamente do Pai e do Filho; os Orientais diziam: procede do Pai pelo Filho, enquanto que
os Ocidentais, do «Pai e do Filho» (Filioque); a confusão está em que os Orientais pensavam que
nos referíamos a uma espiração do Pai e do Filho de modo independente ou autónomo, mas trata-
se de um sopro simultâneo;
d)..iv No Concilio de Latrão IV (1215), define-se: «é o Pai que gera; o Filho o que é gerado; e
o Espírito Santo o que procede; de modo que as distinções estão nas pessoas e a unidade, na
natureza».
3 – As relações divinas:
a) O que é uma relação? É a referência de uma pessoa ou de uma coisa a outra pessoa ou a outra coisa; constitui-se de
três elementos: sujeito (pessoa ou coisa que se relaciona com outro), o termo (é a pessoa ou coisa à qual tende o
sujeito da relação) e o fundamento (facto em que se baseia a relação, por exemplo, a amizade, a geração…);
b) Em Deus identificam-se quatro relações:
b)..i Pai: geração activa ou paternidade;
b)..ii Filho: geração passiva ou filiação;
b)..iii Espiração activa (sujeito: pai e Filho, termo: Espírito Santo);
b)..iv Espiração passiva (sujeito: Espírito Santo e termo: Pai e Filho).
c) Estas relações em Deus são realidades, pois o Pai é verdadeiramente Pai, o Filho é verdadeiramente Filho e o
Espírito é verdadeiramente Espírito, pois Deus é relação;
d) Concílio de Florença (1442): em Deus «tudo é uno, onde não houver oposição de relação»; assim sendo, vamos ver
quais as relações que se opõem:
d)..i A paternidade e a filiação opõem-se, como é óbvio e portanto distinguem-se realmente:
por exemplo, o Pai não pode ser Filho ao mesmo tempo e vice-versa;
d)..ii A espiração activa, identifica-se realmente com a paternidade e a filiação; Pai e Filho
podem espirar o Espírito Santo, sem contradição com o facto de serem Pai e Filho;
d)..iii A espiração passiva, que consiste em ser espirado, opõe-se à espiração activa (ou
paternidade e filiação) e exige um termo real distinto das mesmas: o Espírito Santo; o Pai não o
pode ser dado que é sem princípio; o Filho também não pode ser espirado porque já é gerado; só o
Espírito Santo pode ser espirado;
d)..iv Podemos concluir que em Deus há quatro relações divinas, mas apenas três relações reais
distintas entre si: paternidade, filiação e espiração passiva.
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ENCONTRO 14 – 2º ANO (23/05/2009) – O MISTÉRIO DA TRINDADE

NA REFLEXÃO DA IGREJA

1 – Considerações gerais:

a) No estudo da Trindade utilizam-se as analogias com o que conhecemos, embora seja sempre apenas aproximações,

imperfeitas, que não esgotam, nem de longe, a riqueza da Trindade!

b) Deus, ao revelar-Se dá-nos a conhecer, ao mesmo tempo, um pouco de Si próprio, e uma Economia divina, ou seja,

as implicações de Deus na nossa vida concreta, no aspecto do amor, misericórdia, de modo a atrair o Homem a Si;

c) Pai, Filho e Espírito Santo não podem se concebidos apenas como modos de ser ou aspectos de Deus, mas como

verdadeiras pessoas distintas, que se distingue realmente entre Si.

2 – As processões divinas:

a) Em Deus, Único e trinitário, revelado em Jesus Cristo há apenas uma só natureza, essência ou substância, um só

Deus, somos monoteístas, por isso se diz no Credo «Creio em um só Deus»; o «homoousios» (mesma substância) consagrou em Niceia e Constantinopla (séc. IV) a consubstancialidade do Filho e do Espírito Santo ao Pai;

b) O que é uma processão? Na linguagem corrente «proceder de…», significa que uma realidade provém de outra, por

exemplo, a luz procede do Sol, um filho procede do pai e a obra procede do artista; costuma distinguir-se entre: processão imanente ou interior, quando o termo produzido permanece interior ao seu autor (por exemplo, um pensamento permanece dentro da mente daquele que pensa); e processão transitória ou exterior, quando o termo é produzido fora da causa (por exemplo, um filho é termo exterior ao pai);

c) Aplicada esta analogia a Deus, n’Ele também há dois tipos de processões: exterior, pois as criaturas procedem de

Deus, como efeitos em relação à sua Causa Primeira, Deus; e a interior que é aquela pela qual as pessoas divinas procedem de outra ou de outras, por comunicação da mesma natureza divina.

d) Em Deus há apenas duas processões imanentes: a Geração do Filho (exclusivamente pelo Pai) e a Espiração do

Espírito Santo (simultaneamente pelo Pai e pelo Filho):

d)..i O Pai não procede de ninguém;

d)..ii O Filho procede do Pai, por geração: procede do Pai, mas eternamente e comunica ao

Filho a Sua vida e natureza divina, de um modo total e permanecendo numericamente a mesma;

d)..iii O Espírito Santo é espirado: espiração, vem de «spirare», que significa «sopro»; não é

possível que proceda só do Filho, pois Este procede todo do Pai, por geração; é um sopro divino simultaneamente do Pai e do Filho; os Orientais diziam: procede do Pai pelo Filho, enquanto que os Ocidentais, do «Pai e do Filho» (Filioque); a confusão está em que os Orientais pensavam que nos referíamos a uma espiração do Pai e do Filho de modo independente ou autónomo, mas trata- se de um sopro simultâneo;

d)..iv No Concilio de Latrão IV (1215), define-se: «é o Pai que gera; o Filho o que é gerado; e

o Espírito Santo o que procede; de modo que as distinções estão nas pessoas e a unidade, na natureza».

3 – As relações divinas:

a) O que é uma relação? É a referência de uma pessoa ou de uma coisa a outra pessoa ou a outra coisa; constitui-se de

três elementos: sujeito (pessoa ou coisa que se relaciona com outro), o termo (é a pessoa ou coisa à qual tende o sujeito da relação) e o fundamento (facto em que se baseia a relação, por exemplo, a amizade, a geração…);

b) Em Deus identificam-se quatro relações:

b)..i Pai: geração activa ou paternidade;

b)..ii Filho: geração passiva ou filiação;

b)..iii Espiração activa (sujeito: pai e Filho, termo: Espírito Santo);

b)..iv Espiração passiva (sujeito: Espírito Santo e termo: Pai e Filho).

c) Estas relações em Deus são realidades, pois o Pai é verdadeiramente Pai, o Filho é verdadeiramente Filho e o

Espírito é verdadeiramente Espírito, pois Deus é relação;

d) Concílio de Florença (1442): em Deus «tudo é uno, onde não houver oposição de relação»; assim sendo, vamos ver

quais as relações que se opõem:

d)..i A paternidade e a filiação opõem-se, como é óbvio e portanto distinguem-se realmente:

por exemplo, o Pai não pode ser Filho ao mesmo tempo e vice-versa;

d)..ii A espiração activa, identifica-se realmente com a paternidade e a filiação; Pai e Filho

podem espirar o Espírito Santo, sem contradição com o facto de serem Pai e Filho;

d)..iii A espiração passiva, que consiste em ser espirado, opõe-se à espiração activa (ou

paternidade e filiação) e exige um termo real distinto das mesmas: o Espírito Santo; o Pai não o pode ser dado que é sem princípio; o Filho também não pode ser espirado porque já é gerado; só o Espírito Santo pode ser espirado;

d)..iv Podemos concluir que em Deus há quatro relações divinas, mas apenas três relações reais

distintas entre si: paternidade, filiação e espiração passiva.

4 – As Pessoas divinas:

a) A noção a que a reflexão da Igreja chegou ( hypostasis ), significou uma luta contra os extremos heréticos: o

modalismo (ao afirmar que Deus é um só, reduz as pessoas a modos de ser ou de se expressar de Deus) e o triteísmo (que caia no politeísmo, ou seja, vários deuses);

b) As relações das pessoas divinas distinguem as pessoas uma das outras; elas identificam-se com as três pessoas

divinas: Pai, Filho e Espírito Santo;

b)..i O Pai é gerador e espirador; é a fonte e origem de toda a Trindade, é princípio sem

princípio; comunica a Sua própria essência divina ao Filho e ao Espírito Santo desde toda a eternidade, um único e mesmo Deus;

b)..ii O Filho é gerado e espirador; é gerado eternamente (em Deus não há antes nem depois);

b)..iii O Espírito Santo é espirado, procede do amor mútuo do Pai e do Filho; é o maior dom

que podemos receber de Deus; como disse Jesus aos apóstolos: «Recebei o Espírito Santo…»;

c) Vimos que o Filioque («pai e do Filho») foi ocasião para dividir a Igreja de Cristo, dando origem à Igreja Ortodoxa;

d) Concílio de Florença (1442): «Estas três Pessoas são um só Deus e não três deuses; porque as três têm uma só

substância, uma só essência, uma só natureza, uma só divindade, uma só imensidade, uma só eternidade, e tudo é uno, pelo que não obsta a oposição de relação. Por razão desta unidade, o Pai está todo no Filho e todo no Espírito Santo; o Filho está todo no Pai e todo no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo no Pai e todo no Filho». É a chamada pericorese (do grego) ou circumincessão (do latim), que significa esta mútua inabitação entre as Pessoas divinas (estão todas uma nas outras), devido à essência divina, às relações e às processões divinas imanentes.

5 – As missões divinas:

a) O que é uma missão? Na linguagem corrente é alguém que é enviado a alguém, por outro; Em Deus, a «missão»

implica a igualdade entre Aquele que envia e Aquele que é enviado;

b) As missões do Filho são: as visíveis, a Encarnação do Verbo, a união hipostática em que o Filho, sem deixar de ser

Deus (natureza divina), assumiu o que não era (a natureza humana); a invisível é a inabitação na alma em graça; a missão visível do Espírito Santo vê-se por exemplo: no baptismo de Jesus, sob a forma de pomba, no Pentecostes, sob a forma de línguas de fogo, etc; a invisível é a presença na alma dos justos; «não sabeis que o Espírito de deus habita em vós?» (1 Cor 3, 16). Pelas missões divinas, o homem é santificado.

c) Deve-se ter em conta as propriedades ou noções, CIC 258: «Toda a economia divina é obra comum das Três Pessoas

divinas, Porque a Trindade, do mesmo modo que tem uma só e mesma natureza, assim também tem uma só e mesma operação… No entanto, cada Pessoa divina realiza a obra comum conforme a sua propriedade pessoal»; as propriedades são as características internas à própria Trindade que distinguem as pessoas uma das outras e que lhes são próprias e dão-nos a conhecer algo da sua peculiaridade; podem distinguir-se cinco propriedades em Deus:

c)..i A ingenidade (não gerado): própria do pai;

c)..ii A Paternidade: própria do Pai;

c)..iii A filiação: própria do Filho;

c)..iv Espiração passiva: própria do Espírito Santo;

c)..v Espiração activa: própria do Pai e do filho, em conjunto, face ao Espírito Santo.

d) «nomes próprios»: atributos que se aplicam a uma Pessoa e que não se podem afirmar de outra, por exemplo: o Pai

é o Princípio, o Filho é o Verbo, etc.; apropriações: características ou actividades que são mais dirigidas a uma Pessoa, embora a mesma seja obra de toda a Trindade; por exemplo, diz-se que o Pai é Criador, embora a Criação seja obra de toda a Trindade; diz-se que o Espírito é santificador, embora a santificação seja obra de toda a Trindade; diz-se que o Filho é a Verdade, embora a Verdade seja característica de toda a Trindade.

6 – Economia divina e Trindade imanente:

a) Será que Deus é de facto assim como Se revela? Será possível conhecer a realidade íntima de Deus? Será que a

trindade económica (que se revelou na história da salvação) coincide com a Trindade imanente (como é Deus em Si próprio)? A Trindade económica é a Trindade imanente, pois Deus não nos engana na Revelação e quer que o conheçamos o suficiente para O amarmos; já o contrário não se pode afirmar, que a Trindade imanente se identifique com a económica, como nos diz Von Baltazhar: A Trindade Económica aparece realmente como a interpretação da Trindade imanente que apesar de ser princípio fundamental da primeira, não pode simplesmente se identificar com ela. Porque em tal caso, a Trindade Imanente e eterna corre o risco de se reduzir à Trindade Económica».

b) Deus revelou-Se para nos comunicar a vida feliz das Pessoas da Trindade e oferecer-nos a salvação; a comunicação

divina tem o seu começo no Baptismo, tornando-nos filhos de Deus; a inabitação da Trindade na alma do justo, a presença sobrenatural de deus em nós, infunde-nos a graça; os Padres da Igreja falavam disso, por exemplo, Santo Agostinho: pelo Espírito Santo, «se difunde nos nossos corações a caridade de Deus, pela qual vem inabitar em nós toda a Trindade»; João Paulo II, diz-nos que: «Pelo dom da graça… o homem entra numa vida nova»; «Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará e viremos a ele e nele faremos morada» (Jo 14, 23);

c) A presença da Trindade, inabitação na alma do justo é diferente da união hipostática em Jesus: o homem encontra-se

com Deus; em Jesus Cristo, existem as duas naturezas humanas e divinas, é Ele próprio;

d) Os meios mais significativos para chegar ao Pai são a oração e a santidade; como nos diz o CIC, no nº 2565:

«Assim, a vida de oração é estar habitualmente na presença de Deus três vezes Santo, e em comunhão com Ele»; para chegar ao Pai, a santidade pessoal: «Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5, 48); todos somos chamados à santidade, na nosso dia-a-dia; Jesus está presente na Eucaristia, na Igreja;

e) O objectivo é gozarmos da vida trinitária: «O Céu é a meta da nossa senda terrena. Jesus Cristo precedeu-nos e ali,