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Artigo aprovado e apresentado na 34ª SEMAD – Semana do Administrador da Universidade Estadual de Maringá.
EMPREENDEDORISMO NO SETOR METAL MECÂNICO:
UM ESTUDO DE CASO
Célia BIAZEBETE (Faculdade Cidade Verde-FCV) Aline Fernanda de LIMA (G-FCV) Jessica Capelli VICENTE (G-FCV)
RESUMO
A pesquisa foi realizada em uma prestadora de serviços no ramo de metal mecânica que utiliza um inovador processo computadorizado de afiação em ferramentas de metal duro. Neste processo de afiação é utilizada uma máquina denominada Controle Numérico Computadorizado (CNC), sendo uma inovação na região onde a empresa está instalada, com o intuito de melhor atender seus clientes proporcionando qualidade e rapidez nos serviços prestados. O objetivo desta pesquisa foi identificar os processos e insumos utilizados neste ramo de atividade. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em materiais já elaborados como livros, artigos científicos visando o conhecimento dos conceitos de empreendorismo, prestação de serviços, funcionamento do setor metal mecânico e sua importância na economia brasileira. Foram realizadas visitas e verificação in loco, bem como um estudo em documentos fornecidos pela empresa para se conhecer o ramo de atividade ao qual pertence à empresa objeto de estudo. Os resultados obtidos na pesquisa foram apresentados em planilhas demonstrando todos os insumos necessários para que a prestação de serviço aconteça. Acompanhou-se o processo de afiação, sendo tiradas fotos das máquinas e equipamentos utilizados pela empresa que estão apresentados neste estudo.
Palavras-chave : Empreendedorismo, Setor Metal mecânico. Prestação de Serviços.
1 INTRODUÇÃO
Cada vez mais se faz necessário que as empresas que possuem atividades industriais e de serviços sejam elas de pequeno, médio ou grande porte, tenham um controle efetivo de todos os seus processos e custos de produção, identificando os insumos necessários em cada processo. Um controle de custos eficiente se justifica pelo aumento da competitividade. As empresas não concorrem apenas com o mercado nacional, mas também com um mercado muito mais forte e amplo, o mercado internacional. A abertura de mercado faz com que os consumidores tenham mais informação e poder de decisão na hora de identificar os melhores serviços e os melhores preços. Como conseqüência, haverá também maior opção de escolha para o consumidor final, pois, ao invés de uma, serão várias às empresas lançando produtos e serviços semelhantes no mercado e reafirmando a “Lei da Oferta e da Procura”. Quanto maior for o número ofertado de um determinado
produto ou serviço, menor será seu preço. Diante disso, não apenas a qualidade dos serviços, mas o preço tornou-se um dos diferencias na hora da escolha. Neste contexto as empresas necessitam de informações mais abrangente de seus processos e de seus custos, pois o mercado passa a estabelecer o preço e não mais a própria empresa, ficando a cargo do Administrador analisar o quanto o mercado está pagando por determinado produto ou serviço para saber qual o valor máximo a ser gasto, visando um resultado positivo. Estabelecer controles sobre os custos diminuindo os desperdícios do processo produtivo e da ociosidade de produção passa ser tarefa principal de Contadores, Gestores de Custos, Engenheiros de Produção e demais profissionais envolvidos no processo produtivo. Esta pesquisa foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica em livros e documentos fornecidos pela empresa, bem como um estudo de caso em uma metalúrgica como o objetivo de identificar os insumos consumidos na produção, bem como o processo para a prestação dos serviços no setor metal mecânico.
2 EMPREENDEDORISMO
O empreendedorismo representa à filosofia, a base de atuação, o modo de pensar e de ver que empreende. O empreendedor por sua vez, possui algumas características que o diferenciam das demais pessoas, pois mantém o enfoque de liderança, inovação, visão de mercado, sabem conviver com os riscos e tiram proveito das oportunidades que lhes são apresentadas. Para Góes (2012, p. 26) “Empreender é utilizar os recursos escassos – tecnologia, capital e pessoas
- de maneira produtiva que surte resultados- lucro – , são proporcionar retorno aos proprietários e atender às demandas dos clientes através da oferta de produtos – bens e serviços”. Por isso “Empreendedorismo é pensar e agir de forma inovadora, identificando e criando oportunidades, inspirando, renovando, liderando processos, tornando possível o impossível, entusiasmando pessoas, combatendo a rotina e assumindo riscos a favor do lucro.” (SEBRAE). O individuo para ser um empreendedor deve ter um espírito criativo, pesquisar, buscar novos caminhos e novas soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas. A empresa em destaque nesta pesquisa participou de um processo inovador, em que seus proprietários tiveram que buscar a inovação para conseguir atender seus clientes de maneira eficiente e eficaz. Esta visão inovadora trouxe para Maringá e região no ano de 2001 a ideia da criação de uma empresa de prestação de serviços no setor metal mecânico, especializada em afiação de ferramentas de corte e de usinagem como fresas brocas, fresa caracol, matriz, módulos, punções, brochas, ferramentas de precisão, machos, tupia e alargadores. Ferramentas estas utilizadas por diversos segmentos do setor metal mecânico como grandes e pequenos fabricantes de peças automotivas, agrícolas e fábricas de moldes para a injeção de plásticas e demais prestadoras de serviços e indústrias em geral. Buscando sempre o aprimoramento e a qualidade, a Afiatec, foi crescendo e ganhando a credibilidade e o mercado, pois a região de Maringá ainda possui poucos prestadores de serviços neste segmento. A mesma visão empreendedora que deu origem a Afiatec foi o primeiro passo para a criação da empresa Valfer Tools, onde o ponto principal foi trazer para Maringá e região uma afiadora CNC - Controle Numérico Computadorizado, de última geração, para afiação e fabricação de ferramentas de metal duro o que garante aos seus clientes serviços com mais qualidade, com menor tempo e menor custo.
Uma grande aliada da visão empreendedora é a Contabilidade que surge segundo Favero et al (2011, p. 2), com o objetivo de propiciar “o registro, a síntese e a interpretação das transações que ocorrem no patrimônio das pessoas físicas e jurídicas”. A partir da Revolução Industrial, a Contabilidade de Custos surgiu com o objetivo de determinar os custos dos produtos, pois até então, os produtos eram elaborados de forma artesanal e seus custos eram apurados com a subtração dos resultados e dos custos das mercadorias (BORNIA, 2010). Para Megliorini (2012, p. 1), “os custos de uma empresa resultam da combinação de diversos fatores, entre os quais a capacitação tecnológica e produtiva no que diz respeito a processos, produtos e gestão.”. Com o surgimento das grandes indústrias, a identificação, mensuração e informação dos custos relativos à produção de bens e serviços passaram a ser mais complexas, pois se considera os estoques formados por matéria prima para a transformação, mão de obra e outros custos decorrentes da produção. Portanto a contabilidade de custos deixou de ser utilizada somente na apuração de estoques e lucros da organização e passa a ser uma importante ferramenta de controle, pois através dela é possível gerar informações relevantes para a tomada de decisões gerenciais. Hoje a competitividade é um dos maiores desafios das empresas, onde para garantir a sobrevivência no mercado, as empresas precisam dispor de conhecimento e controle de seus processos de produção, o que permite aos gestores controlar planejar e aperfeiçoar suas operações. Para Leone (1997, p.20), o maior potencial da Contabilidade de Custos é que “a combinação de dados monetários e físicos resulta em indicadores gerenciais de grande poder informativo.” As informações geradas pela Contabilidade de Custos devem ser capazes de auxiliar os gestores a administrar seus negócios. Para Panosso (2003, p. 5),
[...] a contabilidade de custos tem um papel importante nas organizações, pois possibilita ao administrador acompanhar o desempenho da empresa, desde a aquisição da matéria-prima até sua transferência para a produção; permite-lhe também o controle de mão-de-obra direta e de custos indiretos de fabricação, necessário para que ele possa chegar ao custo total de um produto.
Sendo assim o levantamento das informações atribuídas à contabilidade de custos tem grande relevância dentro da organização, pois podem atribuir medidas de introdução ou corte de produtos, permite a administração de preços de venda ou de serviços e permite o acompanhamento da lucratividade do produto. Para entender o processo de formação de preço de venda é primordial o conhecimento de alguns conceitos contábeis que influenciam na elaboração dos preços de venda e serviços, pois o conhecimento destes conceitos garante vantagens positivas para o crescimento da empresa. Para Martins (2003, p. 25), “O Custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço.” Padoveze (2006, p.17) define custos como “[...] gastos, efetuados pela empresa, que farão nascerem os seus produtos.”. Portanto, custo é o consumo de um recurso da entidade para a fabricação de seus produtos ou na prestação de serviços. Os gastos se tornam custos a partir do momento que são incorporados ao produto ou serviço a ser comercializado. Estes custos podem ser diretos, quando os gastos são efetuados diretamente na transformação produção ou venda de um produto e na mão de obra, quando na aplicação sobre o serviço, tendo como exemplo: material direto, mão de obra direta e matéria prima. Custos indiretos são os gastos que não se vinculam diretamente ao produto/serviço, mas são necessários ao processo de fabricação, comercialização e prestação de serviços. Os custos fixos são gastos
que, obrigatoriamente, ocorrem independentemente do nível de produção, de vendas, ou de serviços prestados. As despesas são os gastos que não estão diretamente relacionados ao produto/serviço, mas que são utilizados para diversos fins da empresa para a geração de receita. Para Oliveira e Perez Junior (2005, p. 75) as despesas diretas “[...] são aquelas que podem ser facilmente quantificadas e apropriadas em relação às receitas de vendas e de prestação de serviços.” A despesas indiretas “São aqueles gastos que não podem ser identificados com precisão com as receitas geradas. Geralmente são considerados como despesas do período e não são distribuídos por tipo de receita.”
5 A EMPRESA OBJETO DE ESTUDO
A empresa objeto deste estudo atua no setor metal mecânico, como uma prestadora de serviços de afiação com Controle Numérico Computadorizado (CNC), uma inovação para Maringá e região, pois este tipo de afiação só é encontrado na região metropolitana de Curitiba, São Paulo e grandes capitais. A Valfer tem como objetivo atender os clientes com preços competitivos e com serviços de qualidade, e expandir o mercado de afiação de ferramentas de metal duro para Maringá e região de Londrina, com projeto de expansão para todo o Paraná. A atuação da empresa no setor metal mecânico visa à afiação de brocas e fresas de metal duro, conhecida também como Widia, que corresponde o composto de carboneto de tungstênio e cobalto, brocas e fresas HSS ou Aço Rápido Revestido, incertos intercambiáveis, ferramentas de perfil dentre outras. As ferramentas acima descritas são utilizadas por várias empresas do setor metal mecânico que trabalham na fabricação e usinagem de diversas peças. Durante o processo de usinagem e no momento da fabricação alguns fatores devem ser levados em consideração com o intuito de alcançar o melhor custo beneficio para o cliente, são eles: ∑ Dureza ∑ Tenacidade ∑ Resistência ao desgaste ∑ Resistência à compressão ∑ Resistência ao cisalhamento ∑ Resistências a altas temperaturas ∑ Resistência a choques térmicos ∑ Inércia química Algumas destas propriedades não são encontradas em um único tipo de material, o que acaba encarecendo ainda mais o custo da ferramenta de corte. A fim de diminuir os custos com a compra de novas ferramentas as empresas optam pela afiação da peça, que garante a ferramenta maior vida útil e o desempenho das ferramentas nas mesmas condições originais. Com o objetivo de atender as expectativas dos clientes, a empresa Valfer Tools conta com uma Afiadora CNC - Controle Numérico Computadorizado, que garante um processo produtivo de qualidade com maior precisão em menor tempo e com um baixo custo. Neste caso são levados em consideração alguns fatores determinantes para o processo da afiação, são eles: ∑ Formas e as dimensões das ferramentas ∑ Custo do material da ferramenta ∑ Condições de usinagem
Figura 2: Compressor Fonte: Empresa/Autor
Figura 3: Projetor de Perfil Fonte: Empresa/Autor
Durante a afiação além da utilização das máquinas descritas na Tabela 1 também são utilizados vários materiais que serão apresentados na Tabela 2 com seus referidos custos para que se possa conhecer o processo de afiação.
Tabela 2 – Materiais utilizados na afiação Materiais Custo de Aquisição Pinças 500, Buchas para pinças 1.746, Óleo Integral 5.960, Rebolos Diamantados 291, Rebolos Diamantados 552, Rebolos Diamantados 329, Fonte: Empresa
As Pinças são acessórios utilizados no mandril hidraulico, para fabricação e afiação das
ferramentas de acordo com as medidas das mesmas. As buchas para pinças são dispositivos que auxiliam na prolongação das ferramentas nas pinças. Para refrigeração das ferramentas e do rebolo durante a afiação e fabricação é utilizado o Óleo Integral. Os Rebolos Diamantados são acessórios utilizados na afiação e fabricação das ferramentas, em todas as etapas. Os custos e despesas que a empresa constatou em novembro de 2013 são descritos na Tabela 3: Tabela 3 – Custos e despesas (Novembro/2013 ) Custos e despesas Valor Aluguel R$ 1.100, Pró-labores Sócios R$ 2.000, Prestação Projetor de Perfil R$ 783, Despesas Financeiras referente à máquina R$ 600, Energia Elétrica R$ 200, Água R$ 50, Telefone e Internet R$ 150, Serviços Contábeis R$ 170, Salário Administrativo R$ 1.140, Encargos trabalhistas R$ 172, Mensalidade Sistema R$ 150, Simples Nacional R$ 290, Total R$ 6.805, Fonte: Empresa
O mês em foco é novembro de 2013, sendo que neste mês foram afiadas 438 peças. Como as peças afiadas são as mais variadas em tamanho e espessura, será apresentado o processo de formação dos custos na prestação de serviço de apenas uma delas. O primeiro passo, para afiação da ferramenta é identificar o tipo e dimensões de cada peça a ser afiada, em seguida é verificado o grau de desgaste da ferramenta onde será analisado se a ferramenta será cortada, se afiação será feita por completo ou somente topo. Neste processo são utilizados os instrumentos de medição como paquimetro, micrômetro, projetor de perfil, pois eles proporcionam ao operador saber com exatidão as dimensões das ferramentas e passar para a máquina todas as informações necessárias para afiação. Uma vez tirada todas as medidas, o próximo passo é selecionar as pinças para fixação das peças na máquina e os rebolos diamantados para afiação em si, de acordo com o tipo e o tamanho da ferramenta e selecionar na máquina o programa de afiação correto para a ferramenta em questão. Como são recebidos normalmente dois tipos de ferramentas para afiação, geralmente fresas de topo e brocas, antes do processo, é feito uma selação das ferramentas onde são separadas por tipo, e tamanhos, pois para cada tamanho é necessário fazer a troca de pinças e de rebolos, este processo permite ao operador fazer de uma só vez a afiação parcial ou completa da ferramenta. Após o programa selecionado, as ferramentas demoram cerca de 02 a 08 mínutos para serem afiadas, dependendo sempre do tipo, grau de desgaste e tamanho, conforme tabela 4, a seguir exposta. Observando a Tabela 4, nota-se um detalhamentos das peças – fresas - que são afiadas pela empresa sendo que para cada uma há um tempo específico de afiação, pois este processo depende do diâmetro, comprimento para que o serviços de afiação possa ser realizado.
6 CONCLUSÃO
Esta pesquisa foi realizada por meio de um estudo de caso em uma empresa no ramo de metal mecânica, situada na cidade de Maringá – Paraná. O empreendedorismo de seus sócios proporcionou uma inovação no ramo de afiação, pois conta com uma máquina computadorizada para o processo de afiar ferramentas de metal pesado. De acordo com o Sistema FIERGS o setor metal mecânico no Brasil é composto por 95,5% por micro e pequenas empresas e por 2,27 milhões de empregos formais, contribuindo para a geração de renda. Na pesquisa foram apresentados todos os insumos necessários para que o processo de afiação fosse concluído com eficiência. Demonstraram-se os materiais, ferramentas, insumos e o tempo de afiação de cada peça. O processo de apresentação dos insumos bem como o tempo de afiação de cada ferramenta é utilizado pela empresa com o intuito de apurar os custos relativos às afiações e a precificação dos serviços prestados, o que ajuda a empresa identificar quais peças que geram melhores resultados. Com tudo a análise dos custos, é muito importante no processo produtivo de qualquer organização, pois possibilita ao gestor uma eficiente adequação dos preços, fazendo com a empresa se torne competitiva no mercado em que atuação.
7 REFERÊNCIAS
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FIERGS GÓES , Antônio Oscar Santos. O panorama empreendedor na cidade de Itabuna – Bahia
- região de Cacaueira: Riscos, Limites e Desafios. Doutorado em Sociologia Econômica e das Organizações. Disponível na URL: http://adesm.org.br/wp-content/uploads/2011/11/Metal-Mec%C3%A2nico-FIERGS.pdf http://www.ead.sebrae.com.br/Cursos/ipgn11/apostila/modulo01.pdf - acesso em 14/10/ às 22h https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/4819/1/TD-AOSG-2012.pdf - Acesso em 14/10/2013 às 21h. LEONE, George S.G. Curso de contabilidade de custos. 1. Ed. São Paulo: Atlas, 1997. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2003. MEGLIORINI, Evandir. Custos; Análise e Gestão. 3ª ed. São Paulo; Person, 2012. OLIVEIRA, Luís Martins, PEREZ JUNIOR, José Hernandez. Contabilidade de custos para não contadores , dois. Ed. São Paulo: Atlas, 2005. PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2006. PANOSSO, Alceu. Algumas ferramentas para calcular custos nas empresas. Enfoque: reflexão contábil, Maringá, v. 22, n.1, p. 05-20, jan/jun., 2003. SEBRAE, Caderno “O Empreendedor”.
