Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Embalagens Ativas para Frutas e Hortaliças: Novas Tecnologias para Proteção e Preservação, Notas de estudo de Materiais

Uma revisão sobre as novas gerações de embalagens ativas para frutas e hortaliças, que oferecem maior proteção mecânica e fisiológica, reduzindo danos e aumentando a vida-de-prateleira destes produtos. As embalagens ativas podem absorver oxigênio, etileno, odores e umidade, ou liberar compostos antimicrobianos e antioxidantes. Além disso, existem embalagens inteligentes que medem componentes e sinalizam o resultado, como indicadores de temperatura, pressão e umidade. O interesse crescente em embalagens ativas resulta das limitações das embalagens em controlar o ambiente ao redor do produto. Os minerais incorporados aos polímeros de embalagens ativas atuam como adsorvedores de etileno, reduzindo seu metabolismo e aumentando a vida-util do produto.

O que você vai aprender

  • Quais são as principais vantagens de usar embalagens ativas em comparação com embalagens convencionais?
  • Quais são as principais tecnologias envolvidas no desenvolvimento de embalagens ativas para frutas e hortaliças?
  • Quais são os principais minerais utilizados como adsorvedores de etileno em embalagens ativas?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Neymar
Neymar 🇧🇷

4.7

(130)

378 documentos

1 / 3

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
ITAL
INSTITUTO DE TECNOLOGI A DE ALIMENTOS ISSN 0104 - 3781 VOL. 13 - N°
3
JULHO / AGOSTO / SETEM BRO - 200
1
1/3
EMBALAGENS ATIVAS
Uma nova geração de embalagens
para frutas e hortaliças
Claire I.G.L. Sarantópoulos e Ticiana Fernandes
Altos índices de perdas no mercado brasileiro de frutas e hortaliças são uma indicação da
necessidade de sistemas adequados de movimentação e de acondicionamento destes
produtos. Na comercialização de frutas, existe uma demanda crescente por embalagens
que ofereçam maior proteção mecânica e fisiológica, diminuindo danos e aumentando a
vida-de-prateleira destes produtos, especialmente para exportação.
A especificação de sistemas de embalagem para produtos vivos, como as frutas e as
hortaliças, é complexa. Diferentemente de outros alimentos, estes produtos continuam
respirando após a colheita e durante o transporte e comercialização. Além de proteção
mecânica, as tecnologias envolvidas no desenvolvimento de uma embalagem para frutas
e hortaliças visam retardar a respiração, o amadurecimento, a senescência e,
conseqüentemente, todas as alterações indesejáveis advindas destes processos
fisiológicos.
Para atender às necessidades de mercados como este, estão sendo desenvolvidas as
embalagens ativas. Elas podem ser definidas como embalagens que percebem mudanças
no ambiente ao redor do produto e respondem com alterações em suas propriedades.
Exemplos são as embalagens com ação de absorção de oxigênio, de etileno, de odores e
de umidade. Outros exemplos de embalagens ativas são aquelas que liberam compostos
antimicrobianos, como sais de prata, álcoois, dióxido de enxofre, dióxido de cloro e
bacteriocinas, ou liberam antioxidantes, tais como BHA, BHT e tocoferóis.
As embalagens inteligentes, também recentemente desenvolvidas, medem um
componente e sinalizam o resultado desta medição, a exemplo dos indicadores de tempo-
temperatura, localizadores eletrônicos, indicadores de deterioração e de microrganismos
patogênicos, detectores de umidade, de pressão, de aceleração e de impacto.
A razão do crescente interesse em embalagens ativas, resulta das limitações das
embalagens em controlar o ambiente ao redor do produto. Para agregar valor à
embalagem, agentes ativos podem ser incorporados para agir diante de mudanças na
atmosfera ao redor do alimento. Por exemplo, muitas frutas são sensíveis ao etileno, que
elas próprias produzem em seu metabolismo e que acelera a maturação e a
senescência.
A remoção do etileno, que é gradativamente produzido pelo produto, pode ser feita por
embalagens plásticas à base de poliolefinas e à base de poliamidas, com minerais
pf3

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Embalagens Ativas para Frutas e Hortaliças: Novas Tecnologias para Proteção e Preservação e outras Notas de estudo em PDF para Materiais, somente na Docsity!

INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS ISSN 0104 - 3781^ JULHO / AGOSTO / SETEMBRO - 200 1

EMBALAGENS ATIVAS

Uma nova geração de embalagens

para frutas e hortaliças

Claire I.G.L. Sarantópoulos e Ticiana Fernandes

Altos índices de perdas no mercado brasileiro de frutas e hortaliças são uma indicação da necessidade de sistemas adequados de movimentação e de acondicionamento destes produtos. Na comercialização de frutas, existe uma demanda crescente por embalagens que ofereçam maior proteção mecânica e fisiológica, diminuindo danos e aumentando a vida-de-prateleira destes produtos, especialmente para exportação.

A especificação de sistemas de embalagem para produtos vivos, como as frutas e as hortaliças, é complexa. Diferentemente de outros alimentos, estes produtos continuam respirando após a colheita e durante o transporte e comercialização. Além de proteção mecânica, as tecnologias envolvidas no desenvolvimento de uma embalagem para frutas e hortaliças visam retardar a respiração, o amadurecimento, a senescência e, conseqüentemente, todas as alterações indesejáveis advindas destes processos fisiológicos.

Para atender às necessidades de mercados como este, estão sendo desenvolvidas as embalagens ativas. Elas podem ser definidas como embalagens que percebem mudanças no ambiente ao redor do produto e respondem com alterações em suas propriedades. Exemplos são as embalagens com ação de absorção de oxigênio, de etileno, de odores e de umidade. Outros exemplos de embalagens ativas são aquelas que liberam compostos antimicrobianos, como sais de prata, álcoois, dióxido de enxofre, dióxido de cloro e bacteriocinas, ou liberam antioxidantes, tais como BHA, BHT e tocoferóis.

As embalagens inteligentes, também recentemente desenvolvidas, medem um componente e sinalizam o resultado desta medição, a exemplo dos indicadores de tempo- temperatura, localizadores eletrônicos, indicadores de deterioração e de microrganismos patogênicos, detectores de umidade, de pressão, de aceleração e de impacto.

A razão do crescente interesse em embalagens ativas, resulta das limitações das embalagens em controlar o ambiente ao redor do produto. Para agregar valor à embalagem, agentes ativos podem ser incorporados para agir diante de mudanças na atmosfera ao redor do alimento. Por exemplo, muitas frutas são sensíveis ao etileno, que elas próprias produzem em seu metabolismo e que acelera a maturação e a senescência.

A remoção do etileno, que é gradativamente produzido pelo produto, pode ser feita por embalagens plásticas à base de poliolefinas e à base de poliamidas, com minerais

INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS ISSN 0104 - 3781^ JULHO / AGOSTO / SETEMBRO - 200 1

incorporados na massa de polímero, que atuam como adsorvedores de etileno. O mineral é encapsulado em partículas pelo polímero, formando um labirinto entre as cadeias poliméricas. Este conceito está sendo aplicado no desenvolvimento de filmes e de membranas ou rótulos aplicados sobre furos em embalagens de baixa permeabilidade a gases. O tamanho e a permeabilidade da membrana são variáveis e determinam a permeabilidade do sistema de embalagem, que irá controlar as trocas gasosas para cada tipo de vegetal.

Provavelmente, o bom desempenho dessas embalagens, quando aplicadas no acondicionamento de frutas e hortaliças, deve-se não somente à capacidade de adsorção de etileno, como também ao aumento das taxas de permeabilidade ao próprio etileno, ao oxigênio, ao gás carbônico e ao vapor d'água, comparativamente aos filmes convencionais. Portanto, além de controlar a taxa de respiração das frutas e hortaliças embaladas, as embalagens ativas com incorporação de minerais adsorvedores de etileno visam controlar o teor de etileno no espaço livre da embalagem ao redor do produto, para reduzir seu metabolismo, aumentando, assim, sua vida-útil. Este tipo de embalagem ativa pode ser usado em complementação às embalagens com atmosfera modificada.

O papel dos adsorventes minerais, incorporados aos polímeros, é prover uma área superficial necessária à adsorção seletiva de espécies. É desejável que o adsorvente tenha não só elevada seletividade pelo componente a ser absorvido, como também grande capacidade de adsorção, conferida por elevada relação área/volume.

Com o avanço das técnicas de síntese de novos materiais, têm sido obtidos absorvedores com estrutura cada vez mais ordenada e uniforme. Estes materiais permitem separações mais seletivas, proporcionando a retenção ou exclusão de determinadas substâncias em nível molecular. Atualmente, os adsorventes mais utilizados para retirada de etileno são: o permanganato de potássio- KMnO4 na forma de sachet, carvão ativado impregnado com metais catalisadores na forma de sachet ou incorporados em papéis ou caixas de papelão ondulado, e os minerais como os zeólitos, cristobalita e oya stone, cujo principal componente é um anidrido de ácido salicílico.

Os zeólitos podem ser naturais ou sintéticos. A sintetização vem crescendo pela possibilidade de se obter propriedades específicas para cada aplicação. Estes minerais são cristais de alumino-silicatos, com elementos da primeira e da segunda família de metais da tabela periódica como sódio, potássio, magnésio ou cálcio. Possuem a estrutura geométrica de um tetraedro de água. Os cátions são móveis e podem ser trocados - troca iônica. Os zeólitos apresentam poros com diâmetros praticamente de mesma dimensão, permitindo a retenção, no interior de sua rede cristalina, de moléculas de dimensões inferiores às dimensões de seus poros e cavidades. Dentro desta rede cristalina, de canais uniformes que se interceptam, é que ocorre o fenômeno de adsorção seletiva, com base na dimensão, forma geométrica e polaridade da molécula. Nestes materiais, verifica-se que a adsorção não mais ocorre por efeito de uma deposição sobre uma superfície, mas decorre do preenchimento de um certo volume de microporos.

A grande aplicação de zeólitos em adsorção se deve às seguintes propriedades particulares:

  • seletividade geométrica, a qual permite atuarem como peneiras moleculares;
  • elevada capacidade de adsorção à baixa pressão, devido às pequenas dimensões dos poros, aumentando a concentração superficial do produto adsorvido;