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Operadores do cálculo vetorial para coordenadas curvilíneas ortogonais, Notas de aula de Eletromagnetismo

A dedução dos operadores do cálculo vetorial para coordenadas curvilíneas ortogonais, com foco nos casos de interesse, como as coordenadas cilíndricas e esféricas. O texto aborda a derivada tangente unitária, o gradiente, a divergência e o rotacional, além de fornecer exemplos e equações para coordenadas específicas.

Tipologia: Notas de aula

2018

Compartilhado em 19/04/2024

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MNPEF - Polo IFRN - Campus Natal/Central
Prof. Tibério Alves, D. Sc.
Eletromagnetismo - Aula 01
Coordenadas curvilíneas
15 de fevereiro de 2018
Resumo
Neste aula, vamos deduzir os operadores do cálculo vetorial para coordenadas curvilíneas
ortogonais generalizadas e estudar os casos de interesse, ou seja, as coordenadas cilíndricas e
esféricas.
1 Coordenadas Curvilíneas Ortogonais
Considere um conjunto de três curvas caracterizadas pelos parâmetros u,vew, interceptando-
se mutuamente de maneira ortogonal num dado ponto P(veja figura 1 a seguir), definindo a
posição ~r. Os vetores ˆeu,ˆeveˆewsão vetores unitários tangentes as curvas mencionadas no ponto
Pe definem um sistema dextrogiro, de tal forma que definem um volume unitário, ou seja,
ˆeu׈ev·ˆew= 1.(1)
Figura 1: Sistema cartesiano ortogonal e conjunto de curvas ortogonais no ponto Pcom seus respectivos vetores
tangentes unitários.
O vetor posição ~r pode ser escrito tanto em termos dos versores cartesianos, que comumente é
dado por ~r =xˆ
i+yˆ
j+zˆz, como também pelos parâmetros u,vew, isto é,
~r =~r(u, v, w).(2)
Perceba que se derivarmos ∂~r/∂u, encontraremos um vetor tangente a curva definida pelo
parâmetro u. O mesmo para os parâmetros vew. Sendo assim, para encontrarmos o vetor
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MNPEF - Polo IFRN - Campus Natal/Central

Prof. Tibério Alves, D. Sc.

Eletromagnetismo - Aula 01

Coordenadas curvilíneas

15 de fevereiro de 2018

Resumo Neste aula, vamos deduzir os operadores do cálculo vetorial para coordenadas curvilíneas ortogonais generalizadas e estudar os casos de interesse, ou seja, as coordenadas cilíndricas e esféricas.

1 Coordenadas Curvilíneas Ortogonais

Considere um conjunto de três curvas caracterizadas pelos parâmetros u, v e w, interceptando- se mutuamente de maneira ortogonal num dado ponto P (veja figura 1 a seguir), definindo a posição ~r. Os vetores eˆ u , eˆ v e ˆe w são vetores unitários tangentes as curvas mencionadas no ponto P e definem um sistema dextrogiro, de tal forma que definem um volume unitário, ou seja,

e ˆ u × eˆ v · ˆe w = 1. (1)

Figura 1: Sistema cartesiano ortogonal e conjunto de curvas ortogonais no ponto P com seus respectivos vetores tangentes unitários.

O vetor posição ~r pode ser escrito tanto em termos dos versores cartesianos, que comumente é dado por ~r = xˆi + yˆj + z zˆ, como também pelos parâmetros u, v e w, isto é,

~r = ~r(u, v, w). (2)

Perceba que se derivarmos ∂~r/∂u, encontraremos um vetor tangente a curva definida pelo parâmetro u. O mesmo para os parâmetros v e w. Sendo assim, para encontrarmos o vetor

tangente unitário, basta dividirmos essa quantidade pela sua norma |∂~r/∂u|, ou seja,

e ˆ u =

∂~r ∣∂u ∣∣ ∣

∂~r ∂u

onde, por simplicidade, definiremos h u = |∂~r/∂u|. Sendo assim,

e ˆ u =

h u

∂~r ∂u ˆe v^ =^

h v

∂~r ∂v ˆe w^ =^

h w

∂~r ∂w.^ (4) Vale notar neste momento que os parâmetros u, v e w não são necessariamente o comprimento ao longo de suas respectivas curvas, como acontece nas coordenadas cartesianas ortogonais. Sendo assim, vamos nos referir a uma função s u (função unicamente do parâmetro u), por exemplo, para tratar comprimentos ao longo da curva com parâmetro u. Por outro lado, podemos escrever também o vetor unitário no ponto P tangente a curva u da seguinte maneira

ˆe u = ∂~r ∂s u

ou seja, derivando ~r em relação ao comprimento na curva u. Aplicando a regra da cadeia, temos que

∂~r ∂u =^

∂~r ∂s u

ds u du.^ (6) ∂~r ∂u = ˆe u^ ds u du

Comparando a equação 7 com a equação 4, chegamos a conclusão que

h u ˆe u = ds u du ˆe u ,^ (8) de tal maneira que

ds u = h u du, (9)

e analogamente para os demais parâmetros

ds v = h v dv (10)

ds w = h w dw. (11)

1.1 Gradiente

Podemos analisar o conceito de gradiente de uma função de várias variáveis como uma extensão da definição de diferencial exata de uma função de uma variável, por exemplo, f (x), ou seja, df = (^) dxdf dx. Para uma função ϕ que dependa de mais de uma variável (campo escalar), temos que

∇ϕ · d~r = dϕ, (12)

onde dϕ é a variação do campo escalar ϕ entre ~r e ~r + d~r, ou seja, ϕ(~r + d~r) − ϕ(~r), com d~r sendo um vetor de comprimento infinitesimal. ∇ϕ é o gradiente do campo escalar ϕ que indica a direção e sentido da maior variação do campo escalar ϕ no espaço com seu módulo indicando a intensidade desta variação. O vetor d~r, que em coordenadas cartesianas é facilmente reconhecido por d~r = dxˆi + dyˆj + dz zˆ, toma a seguinte expressão geral para um conjunto ortogonal

d~r = ds u ˆe u + ds vv + ds w ˆe w , (13)

d~r = h u du ˆe u + h v dv eˆ v + h w dw ˆe w. (14)

v h v

∂v (f u ˆe u ) = f u h v ˆe v ·

[

h u

∂^2 ~r ∂u∂v

∂~r ∂u

∂v

h u

)]

ˆe v h v

∂v (f u ˆe u ) = f u h v h u e ˆ v ·

∂v (ˆe v h v ) + 

f u :^0 h v h u ˆe v · ˆe u h u

∂v

h u

ˆe v h v

∂v (f u ˆe u ) = f u h v h u e ˆ v ·

∂u (ˆe v h v ), (31)

ˆe v h v

∂v (f u ˆe u ) = f u h v h u e ˆ v · ˆe v ∂h v ∂u

f u *^0 h v e ˆ v · ∂ˆe v ∂u

ˆe v h v

∂v (f uu ) = f u h v h u

∂h v ∂u

o que, de maneira análoga, nos permite afirmar que

ˆe w h w

∂v (f uu ) = f u h w h u

∂h w ∂u

Juntando todas as parcelas, o cálculo para o diverte da componente u do campo vetorial f~ é dado por

∇ · (f uu ) =

h u

∂f u ∂u

f u h v h u

∂h v ∂u

f u h w h u

∂h w ∂u

Esta última equação pode ser compactada por um regra da cadeia, ou seja,

∇ · (f u ˆe u ) =

h u h v h w

∂u (f u h v^ h w )^ ,^ (36)

o que de forma análoga nos permite escrever a divergência para os demais componentes do campo vetorial f~

∇ · (f v ˆe v ) = 1 h u h v h w

∂v (f v h u h w ) , (37)

∇ · (f w ˆe w ) =

h u h v h w

∂w (f w h u h v ). (38)

Sendo assim, a divergência em coordenadas curvilíneas ortogonais generalizadas é dada por

∇ · f~ =

h u h v h w

[

∂u (f u h v^ h w ) +^

∂v (f v^ h u h w ) +^

∂w (f w h u h v^ )

]

1.3 Rotacional

Vamos começar reconhecendo que o rotacional de um campo vetorial f~ , em coordenadas curvilíneas ortogonais, é dado por

∇ × f~ =

u h u

∂u

ˆe v h v

∂v

ˆe w h w

∂w

× (f u ˆe u + f v ˆe v + f w ˆe w ). (40)

Para simplificar o trabalho algébrico, vamos calcular inicialmente apenas a componente na direção de eˆ u , ou seja, os termos provenientes de ( ˆe v h v

∂v

× (f w ˆe w ) , (41) ( ˆe w h w

∂w

× (f v ˆe v ). (42)

Calculando inicialmente o primeiro termo temos ( ˆe v h v

∂v

× (f w ˆe w ) = ˆe v h v

×

[

e ˆ w^ ∂f w ∂v

  • f w^ ∂ˆe w ∂v

]

ˆe v h v

∂v

× (f w ˆe w ) = ˆe v h v^ ×^ eˆ w

∂f w ∂v +^

f w h v^ ˆe v^ ×^

∂v

h w

∂~r ∂w

v h v

∂v

× (f w ˆe w ) = eˆ u h v

∂f w ∂v

f w h v e ˆ v ×

[

h^2 w

∂~r ∂w

h w

∂^2 ~r ∂w∂v

]

ˆe v h v

∂v

× (f w ˆe w ) = ˆe u h v

∂f w ∂v

  • f w h v ˆe v ×

[

− ˆe w h w

h w

∂w (h v ˆe v )

]

ˆe v h v

∂v

× (f ww ) = ˆe u h v

∂f w ∂v +^

f w h v^ ˆe v^ ×

[

ˆe w h w^ +^

h v h w

∂ˆe v ∂w +

ˆe v h w

∂h v ∂w

]

v h v

∂v

× (f ww ) =

h v

∂f w ∂v

f w h v h w

ˆe u , (48)

onde usamos o fato que ˆe v × eˆ w = ˆe u , ˆe v × eˆ v = 0 e ˆe v × ∂ˆe v ∂w

Calculando o segundo termo^1 temos ( ˆe w h w

∂w

× (f vv ) = ˆe w h w

×

[

ˆe v ∂f v ∂w

  • f v ∂ˆe v ∂w

]

ˆe w h w

∂w

× (f vv ) =

h w

∂f v ∂w

f v h w h v

ˆe u , (50)

de tal forma que o componente vetorial u do rotacional de f~ é dada por

( ∇ × f~

u e ˆ u =

f v h w h v^ −^

f w h v h w^ +^

h v

∂f w ∂v −^

h w

∂f v ∂w

e ˆ u , (51)

( ∇ × f~

u ˆe u =

h v h w

[

∂v (h w f w ) −

∂w (h v f v )

]

ˆe u , (52)

e de forma análoga para as demais componentes do rotacional,

( ∇ × f~

v ˆe v = 1 h u h w

[

∂w (h u f u ) − ∂ ∂u (h w f w )

]

ˆe v , (53)

( ∇ × f~

w ˆe w =

h u h v

[

∂u (h v^ f v^ )^ −^

∂v (h u f u )

]

ˆe w , (54)

Concluímos então que o rotacional de um campo vetorial f~ em coordenadas curvilíneas ortogonais é dado por

∇ × f~ =

h v h w

[

∂v (h w f w ) −

∂w (h v f v )

]

ˆe u +

h u h w

[

∂w (h u f u ) −

∂u (h w f w )

]

e ˆ v + 1 h u h v

[

∂u (h v^ f v^ )^ −^

∂v (h u f u )

]

e ˆ w.

1.4 O Laplaciano

O Laplaciano pode ser determinado através da expressão da divergência. Basta fazer f~ = ∇ϕ na expressão 39. Ou seja,

∇^2 ϕ =

h u h v h w

[

∂u

h v h w h u

∂ϕ ∂u

∂v

h u h w h v

∂ϕ ∂v

∂w

h u h v h w

∂ϕ ∂w

)]

(^1) Deixo o leitor fazer o desenvolvimento.

2.1 Elementos de volume e área

Para um volume infinitesimal dV , defino pelas curvas u, v e w, temos que

dV = ds u ds v ds w. (68)

Usando as equações 9, 10 e 11 para as coordenadas cilíndricas, podemos escrever que o elemento de volume infinitesimal nestas coordenadas é dado por

dV = h u duh v dvh w dw = h ρ h φ h z dρdφdz = ρdρdφdz. (69)

Figura 3: Sistema de coordenadas cilíndricas.

Os elementos de área são obtidos fazendo um dos incrementos diferenciais ds igual a 1 e sua respectiva coordenada uma constante na equação acima. Por exemplo, para uma superfície cilíndrica com eixo de simetria coincidindo com o eixo z, ρ = R, com R sendo o raio do cilindro e dρ = 1. Neste caso, o elemento de área é dado por

da 1 = Rdφdz. (70)

Para uma superfície defina por qualquer plano onde z = cte, dz = 1, temos que o elemento de área é dado por

da 2 = ρdρdφ. (71)

Para uma superfície defina por qualquer plano onde φ = cte, ρdφ = 1, temos que o elemento de área é dado por

da 3 = dρdz. (72)

3 Coordenadas esféricas

Deixemos como exercício para o leitor mostrar que os parâmetros h r , h θ e h φ são dados por

h r = 1 h θ = r h φ = r sin θ, (73)

e que podemos escrever o gradiente, divergente, rotacional e Laplaciano como se segue,

∇ϕ = ∂ϕ ∂r rˆ +^1 r

∂ϕ ∂θ θˆ + 1 r sin θ

∂ϕ ∂φ φ ,ˆ (74)

∇ · f~ =

r^2

∂r

r^2 f r

r sin θ

∂θ (f θ^ sin^ θ) +^

r sin θ

∂f φ ∂φ ,^ (75)

∇ × f~ =

r sin θ

[

∂θ (f φ sin θ) − ∂f θ ∂φ

]

ˆr +

r sin θ

[

∂f r ∂φ − sin θ

∂r (rf φ )

]

ˆθ +^1 r

[

∂r (rf θ ) − ∂f r ∂θ

]

φ ,^ ˆ (76)

∇^2 ϕ =

r^2

∂r

r^2 ∂ϕ ∂r

r^2 sin θ

∂θ

sin θ ∂ϕ ∂θ

r^2 sin^2 θ

∂^2 ϕ ∂φ^2

3.1 Elementos de volume e área

De forma análoga ao que foi feito em coordenadas cilíndricas, mostre que o volume infinitesimal dV em coordenadas esféricas (veja a figura 4 a seguir) é dado por

dV = h u h v h w dudvdw = h r h θ h φ drdθdφ = r^2 sin θdrdθdφ, (78)

e que os elementos de área são,

  • Para superfície esférica de raio R, dr = 1, da 1 = R^2 sin θdθdφ.
  • Para cones definidos por θ = cte, rdθ = 1, da 2 = r sin θdrdφ.
  • Para planos definidos por φ = cte, r sin θ = 1, da 3 = rdrdθ.

(a) (b)

Figura 4: Em (a) temos as coordenadas esféricas e seus versores. Em (b) temos o elemento infinitesimal de volume em coordenadas esféricas.