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Manual de Experimentos de Bioquímica: Apoio Didático para Professores de Ensino Médio, Notas de estudo de Bioquímica

Este manual, avaliado por 22 professores de biologia do ensino médio, é um material de apoio didático projetado para favorecer e estimular a inserção de atividades experimentais na prática pedagógica de ensino de bioquímica no ensino médio, com foco em temas como fotossíntese, fermentação e enzimas. O manual visa facilitar o planejamento de atividades experimentais e motivar professores a incluir a experimentação de forma mais representativa em suas aulas.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Cunha10
Cunha10 🇧🇷

4.5

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ELABORAÇÃO DE UM MANUAL DE EXPERIMENTOS DE
BIOQUÍMICA PARA PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO
- Material de Apoio Didático
Macroprojeto de Pesquisa:
Produção e avaliação de recursos didático-pedagógicos para o ensino de Biologia
Aline Gisele Costa Almeida
BRASÍLIA-DF
2020
Universidade de Brasília
Instituto de Ciências Biológicas
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Baixe Manual de Experimentos de Bioquímica: Apoio Didático para Professores de Ensino Médio e outras Notas de estudo em PDF para Bioquímica, somente na Docsity!

ELABORAÇÃO DE UM MANUAL DE EXPERIMENTOS DE

BIOQUÍMICA PARA PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO

- Material de Apoio Didático –

Macroprojeto de Pesquisa: Produção e avaliação de recursos didático-pedagógicos para o ensino de Biologia

Aline Gisele Costa Almeida

BRASÍLIA-DF

Universidade de Brasília

Instituto de Ciências Biológicas

Aline Gisele Costa Almeida

ELABORAÇÃO DE UM MANUAL DE EXPERIMENTOS DE

BIOQUÍMICA PARA PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO

- Material de Apoio Didático –

Macroprojeto de Pesquisa: Produção e avaliação de recursos didático-pedagógicos para o ensino de Biologia Trabalho de Conclusão de Mestrado apresentado ao Mestrado Profissional em Ensino de Biologia em Rede Nacional - PROFBIO, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ensino de Biologia. Orientadora: Prof.a^ Dr.a^ Consuelo Medeiros Rodrigues de Lima BRASÍLIA-DF 2020

“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher” Cora Coralina

RELATO DA MESTRANDA

Em 2007, ingressei na Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, polo de Unaí, através do processo seletivo PAES, iniciando minha vida acadêmica no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Entre 2009 e 2011, antes de concluir a minha graduação, lecionei os conteúdos de Matemática e Ciências Naturais no Ensino Fundamental nos anos finais, em escolas municipais da cidade de Unaí. Nesse período, ainda muito inexperiente como professora, aprendi muito com meus alunos e colegas de trabalho. Acredito que cometi muitos erros, e ainda cometo, mas sei que a dedicação e a determinação têm sido fundamentais para a minha formação profissional e o aprimoramento da minha prática pedagógica. Após concluir minha graduação, em 2011, ingressei na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEE-DF), atuando como professora temporária; neste contexto, pude perceber um ambiente totalmente diferente do que estava acostumada em Minas Gerais, seja do ponto de vista estrutural, disponibilidade de materiais didáticos e na liberdade de desenvolver projetos pedagógicos. Sentindo-me despreparada para lidar com a nova realidade, decidi modificar um pouco a minha prática pedagógica, desenvolvendo atividades experimentais para ministrar parte do conteúdo programático. Para tanto, tomei por base experiências positivas realizadas ao longo do curso de graduação; também realizei buscas na internet e no livro didático. Vivenciando esse período, pude ver, nitidamente, que a minha vocação era o ensino, a sala de aula; trabalhar no contexto da Educação. Em 2013, fui aprovada no concurso da SEE-DF e, no ano seguinte, fui convocada para assumir uma vaga de professora definitiva de Biologia em 40 horas semanais, ingressando no Centro Educacional do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (CED PAD- DF) da Regional do Paranoá, instituição na qual trabalho até a presente data. Após ocupar vaga definitiva na SEE-DF, concluí duas especializações na modalidade a distância: uma de Educação Ambiental e a outra na área de Ensino Especial. Ao término do estágio probatório, ainda em busca de aprimoramento profissional, entendi que seria essencial realizar uma pós- graduação e comecei a pesquisar a disponibilidade de Mestrados na área de Educação. Nessa busca, descobri a possibilidade de cursar o Mestrado Profissional em Ensino de Biologia (ProfBio); acompanhei os estágios de aprovação do curso, a seleção dos polos e a liberação do processo seletivo. Fiquei muito feliz da UnB ter sido um dos polos a ofertar este Mestrado,

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a Deus, pela força a mim concedida ao longo de toda trajetória acadêmica, me dando a graça de poder concluir esse trabalho com saúde e alegria. Agradeço aos meus familiares, em especial a Paulo Francisco, Fernanda e Emanuel, pela paciência e sempre estarem ao meu lado, incentivando-me e fazendo acreditar que seria possível concluir esse Mestrado, mesmo com todas as dificuldades. Agradeço aos professores do CED PAD-DF em especial o Anésio, a Vanusa e o Ricardo, meus companheiros de viagem, que presenciaram meus momentos de tristeza e vitória, aconselhando e dando força para seguir em frente. Agradeço ao diretor do CED PAD-DF, o Prof. Gildinei, sem a ajuda dele, não teria sido possível finalizar este curso. Deixo aqui o meu carinho e agradecimento aos meus nobres colegas do ProfBio, da Turma 1 e da Turma 2 (que me acolheram com muito carinho), com os quais pude compartilhar vitórias e frustrações; foi um privilégio ter dividido as minhas sextas-feiras com vocês. Obrigada a todos pelas palavras de incentivo, pelas dicas daqueles que já passaram por essa etapa; foi um prazer ter conhecido cada um de vocês. Agradeço, em especial, aos meus companheiros de viagem das sextas-feiras, Ana Claudia, Malu e Fernando, pela paciência, pelos conselhos e risadas de cada dia. Agradeço aos professores Ana Júlia Pedreira, Christiano Gati e Élida Campos pelas importantes contribuições na etapa de Qualificação deste trabalho. Agradeço à minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Consuelo Medeiros Rodrigues de Lima, pela paciência e cuidado que teve comigo durante cada etapa deste curso. Mesmo em momentos de muita adversidade me incentivou e não deixou que eu fraquejasse e desistisse. E aos professores da Universidade de Brasília, integrantes do programa do ProfBio, pela dedicação, seriedade e competência em suas aulas, fazendo toda a diferença em minha prática pedagógica. Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro ao Programa de Mestrado Profissional em Ensino de Biologia em Rede Nacional (ProfBio).

RESUMO

A metodologia tradicional de ensino, em que o professor expõe o tema e o aluno é um mero ouvinte, tem sido questionada quanto a conduzir a uma aprendizagem efetiva. Nesse contexto, os resultados apresentados na literatura apontam a abordagem prática dos conteúdos integrada à teoria como uma estratégia que contribui para tornar os processos de ensino e de aprendizagem mais eficazes. Muitas são as barreiras que inviabilizam a inserção de atividades experimentais na rotina pedagógica; em particular, a indisponibilidade de tempo para o professor para buscar informações e planejar aulas experimentais. Com base nessas ponderações, elaboramos um manual de experimentos de Bioquímica para dar subsídios a professores do Ensino Médio da Rede Pública no planejamento, organização e execução de experimentos de Bioquímica. O “Currículo em Movimento da Educação Básica do DF – Ensino Médio” da Secretaria de Estado de Educação do DF foi utilizado como referência para buscar o conteúdo de Bioquímica a ser abordado no Manual. Os critérios para seleção dos experimentos foram: contemplar os conteúdos de Fotossíntese, Fermentação e Enzimas estudados no Ensino Médio, ser possível de executar em 1 hora/aula ou poder ser realizado em etapas passíveis de interrupção (permitindo a retomada em outras aulas) e utilizar materiais disponíveis na escola ou de fácil aquisição e de baixo custo. O Manual, “batizado” com o nome “Com as Mãos na Massa”, foi organizado em três capítulos: No capítulo 1 são apresentadas regras gerais de segurança no “Espaço Laboratório”. O capítulo 2 apresenta uma breve introdução sobre aulas práticas e o ensino de Biologia/Bioquímica e a abordagem experimental, considerando características do ensino investigativo e a base teórica referente aos temas dos experimentos apresentados no manual: fotossíntese, fermentação e enzimas. O capítulo 3 apresenta orientações para a realização de atividades experimentais, o fluxograma de organização dos experimentos e os experimentos, sendo 6 de fotossíntese, 5 de fermentação e 4 de enzimas. O Manual foi avaliado por 22 professores de Biologia do Ensino Médio que lecionam em escolas públicas do DF, sendo que desses 18 são (ou foram) discentes do Mestrado Profissional em Ensino de Biologia em Rede Nacional (PROFBIO) da UnB. Esses professores receberam, em formato digital, o manual e o questionário on-line contendo 11 questões de múltipla escolha e 1 questão discursiva (opcional), cujo propósito maior foi avaliar o potencial do manual para constituir apoio didático para o ensino de Bioquímica no Ensino Médio, mas também saber se o acesso ao manual seria um fator motivador para incluir atividades experimentais na prática pedagógica desses professores.

out experimental activities, the flowchart of the organization of the experiments and the experiments, being 6 photosynthesis, 5 fermentations and 4 enzymes. The Manual was evaluated by 22 high school biology teachers who teach in public schools in the Federal District, and of these 18 are (or were) students of the Professional Master's Degree in Biological Education in National Network (PROFBIO) of UnB. These teachers received, in digital format, the manual and the online questionnaire containing 11 multiple-choice questions and 1 discursive question (optional), whose main purpose was to evaluate the potential of the manual to constitute didactic support for the teaching of Biochemistry in Teaching. Medium, but also whether access to the manual would be a motivating factor to include experimental activities in the pedagogical practice of these teachers. The analysis of the questionnaire data was done using the Google Forms tool. Overall, most reviewers (> 90%) found the manual excellent or very good with regard to clarity, objectivity, organization and content. Regarding motivation, 68.2% answered that access to the manual would motivate them to insert experimental biochemistry activity in their pedagogical practice and 27.3% answered that they would most likely also be motivated. The results suggest that the manual is suitable for the proposed purpose. The manual will be available in print and also online, through a website, which will enable the integration between biology teachers and also the exchange of ideas. Keywords: Experimental Activities, Biochemistry Experiments, High School, Photosynthesis, Fermentation, Enzymes.

LISTA DE ABREVIATURAS

BNCC Base Nacional Comum Curricular TCM Trabalho de Conclusão de Mestrado SEE DF Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal PNLD2018 Programa Nacional do Livro Didático 2018 P Pergunta CED PAD DF Centro Educacional do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultados, em porcentagem, da avaliação dos professores, com relação à adequação de cada experimento a uma característica investigativa............................................................. Tabela 2 – Resultados, em porcentagem, da avaliação dos professores, com relação à aquisição dos materiais e reagentes de cada experimento......................................................................... Tabela 3 - Grau de importância, em porcentagem, de alguns fatores na aplicação de atividades experimentais............................................................................................................................4 5

SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................
    • 1.1 AULAS PRÁTICAS E O ENSINO DE BIOLOGIA ...............................................
    • 1.1.1 Atividades experimentais de biologia e o ensino investigativo.............................
    • 1.2 O VALOR DO ERRO PARA O APRENDIZADO................................................
    1. JUSTIFICATIVA................................................................................................................
    1. OBJETIVOS........................................................................................................................
    • 3.1 Objetivo Geral.........................................................................................................
    • 3.2 Objetivos Específicos..............................................................................................
    1. METODOLOGIA...............................................................................................................
    • 4.1 ELABORAÇÃO DO MANUAL.............................................................................
    • 4.1.1 Estrutura organizacional do manual......................................................................
    • 4.1.2 Organização dos experimentos no contexto do ensino investigativo.....................
    • 4.2 ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO E AVALIAÇÃO DO MANUAL............
    • 4.3 DESENVOLVIMENTO DO SITE ..........................................................................
    1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA.............................................................................
    • 5.1 ASPECTOS ÉTICOS..............................................................................................
    • 5.2 RELEVÂNCIA SOCIAL........................................................................................
    • 5.3 PARTICIPANTES DA AVALIAÇÃO DO MANUAL...........................................
    1. RESULTADOS....................................................................................................................
    • 6.1 O MANUAL DE EXPERIMENTOS DE BIOQUÍMICA.......................................
    • 6 .2 RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DO MANUAL, ANÁLISE E DISCUSSÃO..
    1. CONSIDERAÇÕES FINAIS E EXPECTATIVAS
  • 8 REFERÊNCIAS...................................................................................................................
  • FACULDADE DE SAÚDE – CEPFS/UnB............................................................................5 ANEXO 1- PARECER FINAL DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA
  • APÊNDICE 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) …..
  • GOOGLE FORMS .................................................................................................................... APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO COMPLETO COM GRÁFICOS DISPONÍVEIS NO
  • NA MASSA” – Material de Apoio Didático............................................................................ APÊNDICE 3 – MANUAL DE EXPERIMENTOS DE BIOQUÍMICA “COM AS MÃOS

efetivos do processo de aquisição de conhecimento, podendo conduzi-los a uma aprendizagem efetiva e também edificar e consolidar valores essenciais ao trabalho colaborativo (POSSOBOM et al ., 2003; FALA et al., 2010). Lima (2011) relata a importância de aulas práticas no processo de ensino e de aprendizagem dos temas da Biologia, tanto do ponto de vista do educador como do educando, mas enfatiza a existência de limitações que terminam inviabilizando a implementação dessas atividades. Dentre essas limitações podemos citar: a falta de estrutura e equipamentos para a execução de aulas práticas, a falta de interesse por parte de alguns alunos nesse tipo de atividade e turmas muito grandes, dificultando o acompanhamento pelos professores. A aprendizagem envolve a integração entre a base de conhecimentos pertinentes adquiridos anteriormente e os recém adquiridos, podendo agregar conhecimento novo e também resultar em alteração ou consolidação do conhecimento adquirido anteriormente. Essa aprendizagem habilita o sujeito a buscar esse conhecimento, quando requerido, por meio de diferentes processos cognitivos (MOREIRA, 2012). O conteúdo de Bioquímica do Ensino Médio requer a aplicação de novas e diversificadas metodologias e a elaboração de materiais de apoio ao conteúdo apresentado nos livros didáticos, pois emprega conceitos abstratos, que muitas vezes são de difícil compreensão (FRANCISCO JUNIOR, 2007). Dessa forma, os professores de Biologia que abordam esses conteúdos são chamados a repensar a forma de ensinar e a abandonar os antigos métodos, nos quais os alunos são conduzidos a uma resposta pré-estabelecida. A utilização de diferentes estratégias e recursos pedagógicos poderá despertar o interesse dos estudantes e tornar o conteúdo mais compreensível, aceitável e significativo. De acordo com a BNCC (2018, p. 16) é importante “contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas”. Segundo BUSATO (2001, p. 41), “Usar as diferentes mídias (jornais, TV, vídeo, internet, CD educativo, música, videoclipe) como aliados ao ensino é um dos maiores desafios para o professor”. Isso, provavelmente, porque exige conhecimento e habilidade em informática; dessa forma, cabe a esse profissional informatizar-se e acompanhar os avanços tecnológicos disponíveis. Para BUSATO (2001) esse conhecimento técnico deve ser usado como ferramenta para aprimorar as práticas em sala de aula, tornando possível adequar o conhecimento teórico à realidade do contexto social dos educandos.

1.1.1 Atividades experimentais de biologia e o ensino investigativo

Durante muitos anos, o processo de aprendizagem foi fundamentado no sistema tradicional de ensinar, restringindo a qualidade do ensino à ideia de supervalorização dos conteúdos, baseada na repetição, memorização, treinamentos, exposição oral e à negação do valor do erro, e utilizando como únicos meios para a comunicação o quadro negro, os livros didáticos e o giz. Mesmo nos dias atuais, com todos os avanços tecnológicos e a facilidade de acesso a uma gama enorme de informações, ainda existem professores que mantêm a concepção tradicional de ensino (DELIZOICOV e ANGOTTI, 2009). O cenário atual é outro e muitos são os desafios a serem enfrentados pelos professores. KRASILCHIK (2004) assume uma postura crítica diante desse cenário: (...) o docente, por falta de autoconfiança, de preparo, ou por comodismo, restringe- se a apresentar aos alunos, com o mínimo de modificações, o material previamente elaborado por autores que são aceitos como autoridades. Apoiado em material planejado por outros e produzido industrialmente, o professor abre mão de sua autonomia e liberdade, tornando – se simplesmente um técnico KRASILCHIK (2004, p. 184). De acordo com BUSATO (2001): Torna-se essencial ao educador abrir-se a esta nova visão, superando as dificuldades trazidas pela educação tradicional, adquirindo novas posturas e abrindo-se à necessidade de atualizar-se no uso das novas práticas pedagógicas e de novas tecnologias para implementá-las em suas aulas. Apenas o uso de técnicas motivadoras de aprendizagem não garante um ensino inovador; é preciso também repensar as competências técnicas, os ambientes de aprendizagem, as concepções teóricas, como também despertar nos professores a necessidade de reverem sua postura de “transmissores de conhecimento” e de se reeducarem para o conhecimento integrado (BUSATO, 2001, P.11). A inclusão de atividades experimentais no planejamento pedagógico dos professores das diferentes áreas, particularmente nas Ciências da Vida, como a Biologia, apresenta-se como fator muito importante para tornar o conteúdo mais compreensível, menos abstrato para os educandos. As atividades experimentais constituem um recurso didático que pode auxiliar o professor em suas estratégias de ensino, o que foi apresentado na teoria, favorecendo a aquisição de novos conceitos, tornando o conteúdo mais representativo e próximo da realidade, o que pode despertar no educando o gosto pela disciplina (KRASILCHIK, 2016).

formas em diferentes áreas do conhecimento, podendo abordar aspectos ligados ao trabalho, questões morais e éticas, entre outros (SASSERON, 2015). Nesse contexto, o Conselho Nacional de Pesquisa ( National Research Council - NRC) elaborado no ano 2000, nos Estados Unidos, propõe cinco aspectos fundamentais para que uma atividade seja reconhecida como investigativa: a) Deve engajar os estudantes com problemas de orientação científica; b) Incentivar a análise de evidências em resposta ao problema proposto; c) Elaborar explicações por meio de evidências coletadas; d) Levar em consideração as explicações diferentes da sua, referente ao problema estudado; e) Promover a comunicação e justificativas construídas em resposta ao problema a ser investigado (NATIONAL RESEARCH COUNCIL,2000). As características supracitadas colocam o aluno no centro do processo, torna-o protagonista no desenvolvimento do seu próprio conhecimento, fazendo com que busquem respostas para o problema em questão, valorizando a atividade, a argumentação e a comunicação científicas. Com base no exposto e considerando que a literatura nessa área indica que a aplicação de atividades experimentais apresenta um grande potencial para ajudar os estudantes a consolidarem e a ampliarem os significados dos conceitos, entendemos que a elaboração de um manual de experimentos de Biologia voltado para o professor do Ensino Médio de escolas públicas poderia auxiliá-lo no planejamento de atividades experimentais, facilitando seu trabalho e, quem sabe, motivando-o a inserir a experimentação de forma mais representativa no seu planejamento pedagógico. Mais ainda, que a inclusão de atividades experimentais na perspectiva do ensino investigativo poderia contribuir positivamente tanto no desempenho do professor, que é um dos principais atores na difusão do conhecimento científico, quanto no aprendizado dos estudantes, que estarão imersos em ambiente propício para pensar sobre a Ciência a relacioná-la ao seu cotidiano. Esse cenário fértil deverá conduzir a um aprendizado profícuo, que pode resultar em maior interesse nos temas abordados e em temas correlatos e, inclusive, desdobrar-se em novas hipóteses e proposições.

1 .2 O VALOR DO ERRO PARA O APRENDIZADO

É oportuno enfatizar que nem sempre o resultado dos experimentos está de acordo com o esperado. Às vezes, um erro de manipulação – quantidade ou troca de reagentes, alteração na sequência de substâncias que serão misturadas, tempo de reação, dentre outros pode gerar um resultado diferente. É fundamental que o professor “use bem” o “erro”; isto é, oportunize a discussão do valor desse resultado inesperado, conscientizando os alunos sobre o quanto se aprende analisando-o e, enfatizando a importância de levarmos em conta nossas possíveis “falhas”. As hipóteses, quando testadas experimentalmente, proporcionam aos alunos a oportunidade de refletirem sobre seus resultados. Como explica Carvalho, [...] “os alunos precisam errar, isto é, propor coisas que pensam testá-las e verificar que não funcionam” (CARVALHO, 2019, p.12). Cabe ao professor, nesse momento, apenas orientar seus alunos e verificar se eles entenderam a proposta, não interferindo no desenvolvimento do trabalho. O professor precisa dar espaço a seus alunos para que discutam seus próprios resultados e aprendam a ouvir, debater os resultados apresentados pelos colegas, para assim identificarem possíveis erros, analisando e chegando a novas conclusões. O erro e o acerto devem ser encarados como um caminho necessário para o desenvolvimento intelectual: “O erro, quando trabalhado e superado pelo próprio aluno, ensina mais que muitas aulas expositivas quando o aluno segue o raciocínio do professor e não o seu próprio” (CARVALHO, 2019, p. 3). É importante que o professor seja prudente ao avaliar o “erro” de seus alunos para que, de fato, sirva de instrumento norteador para um ensino de qualidade. Dessa forma, qualquer atitude indevida por parte do docente pode interferir de forma negativa no processo de aprendizagem. O professor não deve encarar o erro como falha, mas sim como parte de um processo natural do aprendizado: “O erro não é um corpo estranho, uma falha na aprendizagem. Ele é essencial, faz parte do processo” (DEMO, 2001, p. 50). O professor pode valorizar o erro, demostrando que é possível o aluno se apropriar do erro para chegar a novos conhecimentos ou novos resultados. Dessa forma, a partir da experiência com o erro, o aluno tem a oportunidade de ampliar e/ou consolidar seu aprendizado. Assim, é pertinente considerar que a visão estratégica do professor é essencial para enxergar o potencial educativo que cada resultado traz e não o descarte apenas por não estar de acordo com o previsto. Todo resultado é passível de discussão e cabe a nós professores buscarmos a melhor forma de abordá-lo, sempre em sintonia com o propósito educacional.