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Uma revisão narrativa de estudos clínicos que investigaram a efetividade do treinamento excêntrico na prevenção de lesões isquiotibiais em jogadores de futebol. Os estudos indicam que o treinamento excêntrico reduz a incidência de lesões por estiramento isquiotibial, sendo uma alternativa eficaz para reduzir o número de estiramentos musculares em jogadores de futebol. No entanto, a literatura aponta a necessidade de considerar a relação entre as capacidades individuais dos jogadores e a demanda imposta a eles em sua prática esportiva. As lesões isquiotibiais são uma das lesões mais comuns no futebol, constituindo 62% de todos os afastamentos por lesões no futebol profissional masculino. A prevenção deve ser planejada considerando fatores de risco como lesões anteriores e idade. O treinamento excêntrico é eficaz em aumentar a força e a área de secção transversa do músculo, otimizando sua funcionalidade e reduzindo a ocorrência de lesões por esforço dos músculos isquiotibiais.
Tipologia: Notas de aula
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Keilisson Aparecido Souza
Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional/UFMG 2015
Keilisson Aparecido Souza
Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional/UFMG 2015
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Fisioterapia da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de especialista em Fisioterapia Esportiva.
Orientadora: Dr.ª Luciana De Michelis Mendonça
O presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão narrativa da literatura com o intuito de verificar a efetividade do fortalecimento excêntrico na prevenção de estiramento muscular dos isquiotibiais em jogadores de futebol. Para tanto, foram realizadas buscas de artigos nas bases de dados MEDLINE/PubMed, LILACS e SciELO nos idiomas Inglês e Português. Os termos utilizados foram: soccer , prevention e injuries bem como seus correlatos em Português. Para seleção dos estudos, eles deveriam: (a) ser ensaios clínicos; (b) ter como população de estudo os jogadores de futebol; (c) conter o treinamento de força excêntrico direcionado aos músculos isquiotibiais; (d) apresentar como desfecho ocorrência/incidência de lesões isquiotibiais e a sua gravidade. A data de publicação dos estudos não foi delimitada. Foram selecionados cinco estudos ( n=5 ) em um total de 121 dos encontrados. Os estudos revisados demonstraram que o fortalecimento excêntrico reduziu a incidência das lesões por estiramentos isquiotibiais. Em relação à efetividade desse fortalecimento sobre a gravidade, a maioria dos trabalhos (quatro deles) relatou não haver diferença estatisticamente significativa entre os grupos experimental e controle. No entanto, um estudo recente verificou diferenças substanciais entre os grupos pesquisados. Diante do exposto, os estudos analisados sugerem que a incorporação de treinamentos de força excêntrica pode ser uma alternativa efetiva para redução do número de estiramento muscular dos isquiotibiais em jogadores de futebol. Torna-se também necessário que a prevenção seja pensada levando em conta a relação entre as capacidades individuais do jogador e a demanda imposta a ele em sua prática esportiva.
Palavras-chave: Isquiotibiais. Futebol. Lesões. Prevenção. Excêntrico.
The current essay had as goal to achieve a literature’s narrative review in order to verify the eccentric strengthening’s effectiveness in the muscular stretching’s prevention of the hamstring when dealing with soccer players. For this, had been done articles’ searches in the databases MEDLINE/PubMed, LILACS and SciELO in English and Portuguese languages. The terms that had been used were: soccer, prevention and injuries and also their correspondents in Portuguese. To the studies’ selection, they should be: a) should be clinical essays; b) should have as study’s population the soccer players; c) should include the strength’s eccentric training targeted to the hamstring muscles; d) should present as conclusion the hamstring injuries’ event/incidence and its seriousness. The studies’ edition date hasn’t been defined. It had been selected five studies (n=5) in a total of 121 among the found. The reviewed studies have showed that eccentric strengthening has reduced the injuries’ evidence for hamstring stretching. Relative to the effectiveness of this strengthening at par the seriousness, the studies’ majority (four of them) have showed that there is no statistically relevant difference among the experimental and control groups. However, one late study has showed consistent differences between the researched groups. In front of this, the considered studies have suggested that the strengthening’s incorporation of eccentric force can be an effectiveness alternative to the muscular stretching numbers’ reduction of the hamstring in the soccer players. It’s also necessary that the prevention be seen considering the relation between the soccer player’s individual capacities and the imposed demand in his sporting practice.
Keywords: Hamstring. Soccer. Injuries. Prevention. Eccentric.
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O futebol possui um total de 265 milhões de jogadores em todo o mundo de acordo com a Federação Internacional de Futebol (FIFA, 2006), sendo o esporte mais praticado do planeta. Essa modalidade esportiva exige constantemente dos atletas alta velocidade de corrida, boa habilidade para saltar e força explosiva dos músculos dos membros inferiores (SILVA, 2000). Os músculos isquiotibiais contribuem no controle da estabilidade do joelho nas situações que envolvem mudanças de direção ou desarme do adversário e atuam também no momento de passe de bola ou chute (CARVALHO; CABRI, 2007). Devido essa alta demanda, dentre as lesões mais comuns no futebol, o estiramento dos músculos isquiotibiais é a mais prevalente, constituindo 62% (WOODS et al., 2004). Lesões isquiotibiais pregressas e idade são tidos como fatores de risco para a ocorrência de lesões isquiotibiais (HÄGGLUND; WALDE´N; EKSTRAND, 2006; CLOKE et al., 2012; FRECKLETON et al., 2013 ; VAN BEIJSTERVELDT et al., 2012). Outros potenciais fatores de risco relatados são o aumento do pico de torque do quadríceps (FRECKLETON et al., 2013), posição do jogador (CLOKE et al., 2012 ) , flexibilidade, força, estabilidade do centro, fadiga e arquitetura muscular (MENDIGUCHIA; ALENTORN-GELI; BRUGHELLI, 2012). A maior parte das lesões no futebol acontece durante o arranque ou numa corrida em velocidade máxima, sem existir qualquer impacto ou contato com outro jogador que as provoque (JUNGE et al., 2004). Sendo mais provável ocorrer durante o balanço terminal como consequência de uma contração excêntrica. (SCHACHE et al., 2009). O termo excêntrico é caracterizado como “uma carga muscular que envolve a aplicação de uma força externa com aumento de tensão durante o alongamento físico da unidade músculo-tendínea” (ALBERT, 2002). Estudos epidemiológicos classificam lesões isquiotibiais como um dos fatores mais prevalentes para o afastamento prolongado de jogadores de futebol da prática esportiva, por requerer longos períodos de reabilitação. (HÄGGLUND; WALDÉN; EKSTRAND, 2009; VAN BEIJSTERVELDT et al., 2012; EKSTRAND; HÄGGLUND; WALDÉN, 2011; ORCHARD et al., 1998). Foi demonstrado por um estudo que uma média de 90 dias e 15 partidas foram perdidos em decorrência de estiramentos dos isquiotibiais, por clube em cada temporada. (WOODS et al., 2004). Esses afastamentos constituem quase um terço de todo tempo perdido por lesões no futebol profissional masculino e são um problema significativo
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Para a elaboração da presente revisão narrativa da literatura foram realizadas buscas de artigos científicos nas bases de dados MEDLINE/PubMed, LILACS e SciELO nos idiomas Inglês e Português. Realizada por um pesquisador, a busca ocorreu no período compreendido entre abril e maio de 2015. Os termos utilizados foram: soccer , prevention e injuries bem como seus correlatos em Português. Para seleção dos estudos, eles deveriam: (a) ser ensaios clínicos; (b) ter como população de estudo os jogadores de futebol; (c) conter o treinamento de força excêntrico direcionado aos músculos isquiotibiais; (d) apresentar como desfecho ocorrência/incidência de lesões isquiotibiais e a sua gravidade. A data de publicação dos estudos não foi delimitada. O acesso ao texto completo se deveu através do link disponível nas bases de dados pesquisadas, busca no portal CAPES e no site de busca Google. A seleção procedeu a partir da leitura prévia dos títulos e, em seguida, dos resumos. Os resumos que previamente atenderam aos critérios de inclusão tiveram seus respectivos artigos lidos na íntegra. Outros estudos foram encontrados a partir das referências daqueles selecionados, obtendo assim, o total de artigos utilizados para a realização da revisão.
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Potenciais (n = 14)
Excluídos com base no título (n = 107)
Excluídos com base no resumo (n = 10)
Foram retornados um total de 121 artigos, sendo 89 desses do MEDLINE/PubMed, 23 do LILACS e 9 do Scielo. Os artigos selecionados com base nos critérios de inclusão foram retirados da base MEDLINE/PubMed (n=3), não sendo selecionado nenhum artigo das bases LILACS e SciELO. A partir das referências dos artigos selecionados, foram encontrados mais dois trabalhos ( n=2 ), totalizando cinco estudos ( n=5 ). Estão apresentados na Figura 1 os passos para seleção dos estudos utilizados nesta revisão e na Tabela 1 as características e os resultados dos estudos selecionados.
Figura 1 – Fluxograma mostrando os passos para seleção dos artigos
Resultados da busca:
Resumos selecionados para avaliação completa do artigo (n=4)
Artigos encontrados com base nas referências dos artigos selecionados (n=2)
Artigos selecionados após leitura completa (n=3)
Total de artigos utilizados no estudo (n=5)
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Em outro estudo que analisou o efeito do exercício excêntrico utilizando um equipamento YoYo em duas equipes da Suécia, foi registrado um número significativamente (P <0,05) menor de lesões no grupo de treinamento, sendo 3 lesões em 15 jogadores, em comparação ao grupo controle onde foram registradas 10 lesões em 15 atletas (ASKLING; KARLSSON; THORSTENSSON, 2003). Também utilizando equipamentos adicionais, de Hoyo et al. (2015) por meio de dois dispositivos YoYo, realizaram um programa de fortalecimento excêntrico composto por agachamento em YoYo Squat (Figura 3) e flexão/extensão de joelho em YoYo Prone Leg Curl (Figura 4) a fim de investigar a incidência de lesões isquiotibiais em jogadores de futebol de elite júnior da Espanha. Logo, encontraram uma incidência possivelmente menor (23,7%; IC: 90%, -115,0; 72,9) por 1.000 horas de partidas de jogo no grupo experimental em comparação ao controle. No entanto, não foram averiguadas melhorias substanciais na incidência em qualquer grupo em comparação com o pré-teste.
Figura 3 – Exercício meio-agachamento em YoYo Squat
Fonte: DE HOYO et al., 2015
Figura 4 - Exercício em YoYo Prone Leg Curl
Fonte: DE HOYO et al., 2015
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Os estudos em questão demonstraram benefícios obtidos por meio dos exercícios excêntricos quanto ao efeito preventivo sobre a redução da incidência das lesões por distensões isquiotibiais.
3.2 Gravidade dos estiramentos isquiotibiais
A gravidade das lesões nos esportes é geralmente descrita na literatura com base em 6 critérios, sendo eles: (1) natureza da lesão esportiva; (2) natureza e duração do tratamento; (3) tempo esportivo perdido; (4) tempo de trabalho perdido; (5) danos permanentes; e (6) custo monetário (VAN MECHELEN; HLOBIL; KEMPER, 1992). Nos estudos revisados, a gravidade foi classificada em categorias de acordo com o tempo esportivo perdido, incluindo o treinamento e os jogos, considerando o número de dias decorrido desde a data da lesão (dia 0) até a data em que os jogadores retornaram à participação plena em suas atividades. No estudo de Horst et al. (2015) as lesões foram classificadas em subcategorias como leve (0 dias), mínimo (1-3 dias), suave (4-7 dias), moderada (8-28 dias), grave (> dias) de acordo com Fuller et al. (2006). Foi averiguado que após o período de intervenção, os jogadores ficaram ausentes dos jogos numa média (±DP) de 15-31 dias no grupo treinamento e 19-28 dias no controle. Dessa forma, a diferença na gravidade da lesão entre os grupos intervenção e controle não foi estatisticamente significativa (P = 0,342). Petersen et al. (2011) relataram no grupo intervenção um total de 454 dias de ausência do futebol. Já das 52 lesões no grupo controle, 51 puderam ser avaliadas de acordo com a gravidade e resultaram em um total de 1.344 dias de ausência do futebol. Os autores em questão não classificaram a gravidade em categorias, restringindo apenas aos dias de afastamento. Já em outra pesquisa, a gravidade das lesões foi categorizada em: (I) ferimentos leves (ausência de prática/jogo menos de uma semana), (II) moderada (mais de uma semana a um mês), ou (III) grave (ausência por mais de 1 mês) (ASKLING; KARLSSON; THORSTENSSON, 2003). Das dez lesões do grupo controle, 7 foram leves e 3 moderadas. No grupo intervenção foram 3 lesões; uma em cada categoria de gravidade. No geral, 8 das lesões (62%) foram classificadas como “leves”, 4 (31%) como “moderadas” e uma (7%) como “grave” (ASKLING; KARLSSON; THORSTENSSON, 2003).
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Tabela 1 – Características e Resultados dos estudos selecionados Autores Amostra Intervenção Resultados
Arnason et al. (2008)
Média entre 18 e 24 jogadores profissionais por equipe, dos campeonatos da Islândia e da Noruega. Grupo antes da Intervenção: Em 1999: 17 equipes da Islândia. Em 2000: 15 equipes da Islândia e 14 equipes da Noruega. Grupos durante a Intervenção: Em 2001:
Em 2001, os dois grupos experimentais realizaram:
A incidência global de lesões isquiotibiais foi 65% menor entre as equipes que usaram o programa de força excêntrica, comparado às que não o utilizaram. Comparando a distribuição da gravidade das lesões entre os grupos, não houve diferença estatisticamente significativa, o que também ocorreu para a proporção de lesões recorrentes (P=0.88).
Askling et al. (2003)
Trinta jogadores de futebol de elite da Suécia foram selecionados aleatoriamente. Grupo intervenção: n= 15 jogadores. Grupo controle: n= 15 jogadores.
Ambos os grupos realizaram o protocolo de treinamento habitual (não descrito). O grupo intervenção obteve treinamento adicional. Duração: 10 meses. Fase 1: pré-temporada; 16 sessões por 10 semanas. Treinamento adicional: sobrecarga excêntrica através do equipamento YoYo. Cada sessão consistiu em 4 séries de 8 repetições. Fase 2: temporada de competição, com duração de 35 semanas.
Incidência: Ocorreu um número significativamente menor de lesões isquiotibiais no grupo intervenção (3/15) em comparação ao grupo controle (10/15). Gravidade: Dentre as 10 lesões do grupo controle: 7 foram leves e 3 moderadas. No grupo intervenção ocorreu uma lesão em cada categoria de gravidade (leve, moderada e grave). Em geral, oito (62%) lesões foram classificadas como “leves”, quatro (31%) como “moderadas” e uma (7%) como “grave”.
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De Hoyo et al. (2015)
36 jogadores de futebol de elite júnior, espanhóis (sub- 17 a sub-19).
O grupo experimental executou o treinamento de costume e um programa de treinamento concêntrico- excêntrico (exercícios de meio agachamento em YoYo Squat e flexão/extensão de joelho em YoYo Prone Leg Curl) durante 10 semanas, 1 ou 2 vezes por semana, 3 a 6 séries de 6 repetições. O grupo controle desempenhou seu treino habitual, evitando treinamento de força durante a temporada.
Foi encontrada uma incidência possivelmente menor (23,7%; IC: 90%) por 1.000 horas de partidas no grupo experimental comparado ao controle. A diminuição na gravidade dos estiramentos foi substancialmente maior no grupo experimental em relação ao controle.
Horst et al. (2015)
40 equipes de jogadores de futebol amador holandês; idade entre 18 e 40 anos foram alocadas em dois grupos. Grupo experimental: (n = 20 equipes, 292 jogadores). Grupo controle: (n = 20 equipes, 287 jogadores).
O grupo intervenção realizou 25 sessões do exercício nórdico dos isquiotibiais em um período de 13 semanas além do treinamento regular. Já o grupo controle executou somente seu treino regular.
Houve diferença significativa nas taxas de incidência entre o grupo intervenção (0,25; IC 95%) e o grupo controle (0,8; IC 95%), P = 0,005. Na gravidade das lesões, a diferença entre os grupos intervenção e controle não foi estatisticamente significativa: t (22) = 0,374, P = 0,342.
Petersen et al. (2011)
Cinquenta equipes de futebol dinamarquês profissional e amador ( jogadores), alocados em dois grupos: Experimental: ( equipes, 461 jogadores; 56 profissionais em 3 equipes e 405 amadores em 20 equipes). Controle: ( equipes, 481 jogadores; 62 profissionais, em 3 equipes e 414 amadores em 24 equipes).
Além do treinamento de costume as equipes do grupo experimental realizaram 27 sessões do exercício nórdico isquiotibiais em um período de 10 semanas. O grupo controle executou apenas o treinamento de costume.
Foram registradas 15 lesões no grupo experimental ( novas e 3 recorrentes) e 52 lesões no grupo controle ( novas e 20 recorrentes). As taxas globais de lesão muscular aguda por 100 jogadores da temporada foram de 3,8 versus 13. (proporção ajustada: 0,293; IC: 95; P<0,001). Taxas de nova lesão foram de 3,1 contra 8,1 (proporção ajustada: 0,410; IC: 95%; P = 0,034), enquanto as taxas de lesões recorrentes foram de 7,1 versus 45.8 (proporção ajustada: 0,137; IC: 95%, P = 0,003). Foram registrados 454 dias de ausência do futebol no grupo experimental e 1. dias no grupo controle.
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O fato de o exercício nórdico ser de fácil execução, não consumir muito tempo para sua realização e não demandar a utilização de nenhum equipamento adicional, permite a sua implementação como um exercício geral na maioria dos programas de treinamento de futebol (PETERSEN et al., 2011). No entanto, é importante realizar o exercício progressivamente, seguindo a prescrição recomendada com um aumento gradual de carga e número de repetições (MJOLSNES et al., 2004). Além dos estudos que investigaram o efeito do treinamento excêntrico utilizando o exercício nórdico, os estudos de Askling, Karlsson e Thorstensson (2003) e De Hoyo et al. (2015) que realizaram como treinamento adicional programas usando equipamentos YoYo, também encontraram uma redução da incidência de lesões dos isquiotibiais. Apesar desses resultados positivos, os autores mencionaram que a indicação dos efeitos preventivos associados com estes dispositivos ainda é restrita (DE HOYO et al., 2015). Por sua vez, Askling, Karlsson e Thorstensson (2003), além de encontrarem um número significativamente menor de lesões, verificaram um aumento significativo do pico de torque dos flexores do joelho no grupo intervenção em comparação ao grupo controle. Também mencionaram que não foi possível afirmar se o efeito preventivo sobre as lesões isquiotibiais pode ser atribuído à sobrecarga excêntrica. No entanto, Moore et al. (2005) dentro dessa temática, demonstraram que músculos submetidos à contração muscular excêntrica, exibem um aumento mais rápido na síntese protéica miofibrilar do que músculos que são subordinados à contração muscular concêntrica e Paddon-Jones et al. (2005) elucidaram que músculos submetidos a um treinamento excêntrico são mais fortes ao realizarem ações excêntricas. Quanto à gravidade das lesões, a maioria dos estudos observaram que não houve diferença significativa no que diz respeito ao efeito do treinamento de força excêntrica sobre este desfecho, com exceção dos resultados obtidos por De Hoyo et al. (2015). Estes autores concluíram que o programa de exercícios de 10 semanas por eles adotado, baseado na força máxima de carga concêntrica e sobrecarga excêntrica, foi eficaz na redução da gravidade dos estiramentos isquiotibiais em jogadores de futebol de elite júnior. Cabe ressaltar que a amostra utilizada foi pequena (DE HOYO et al., 2015) e o IC foi de 90%. Não foram encontradas explicações ou mesmo hipóteses nos trabalhos revisados bem como em outros, que justifiquem a existência de efeitos do fortalecimento excêntrico sobre a gravidade das lesões.
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Além das lesões primárias, a recorrência de estiramentos também é considerada elevada (WOODS et.al., 2004; PETERSEN et.al., 2011). Tal fato é confirmado por outros estudos; como o de Gabbe et al. (2006) que citaram níveis de reincidência de aproximadamente 30% por temporada bem como por Petersen et al. (2010) que, pesquisando a respeito do futebol profissional dinamarquês encontraram que 25% dos jogadores com uma lesão no tendão apresentam uma lesão recorrente na próxima temporada. Já Hägglund, Walde´n e Ekstrand, (2006) mencionaram uma taxa de recorrência de 22% dentro dos primeiros 2 meses após a lesão. Nessa revisão de literatura, três dos cinco estudos relataram sobre a recorrência de lesões após a execução de exercícios excêntricos. Petersen et al. (2011) observaram que a intervenção baseada em exercícios excêntricos é altamente eficaz para reduzir a taxa de lesões recorrentes, que em seu trabalho foi reduzida em, aproximadamente 85%. No trabalho de Askling, Karlsson e Thorstensson (2003) também mencionaram que dos seis jogadores re- lesionados, dois pertenciam ao grupo treinamento e quatro ao controle. No entanto, no estudo de Arnason et al. (2008) a proporção de reincidência de lesões não foi diferente entre os grupos intervenção (36%) e controle (39%, P=1.0). A partir do estudo desenvolvido por Petersen et al .(2011) foi concluído que o fortalecimento excêntrico dos músculos isquiotibiais usando o exercício nórdico pode ser bastante recomendado, uma vez que o efeito preventivo é particularmente eficaz em atletas com lesões isquiotibiais anteriores. Os resultados averiguados no trabalho de Proske et al. (2004) estão em conformidade com os achados do estudo anterior quando relata que o uso de treinamento excêntrico na prevenção das lesões musculares por estiramento se torna uma alternativa pertinente frente aos altos índices de reincidência deste tipo de lesão.