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Educaçao matemática tres pilares, Trabalhos de Matemática

Educaçao matemática tres pilares do ensino de matemática

Tipologia: Trabalhos

2023

Compartilhado em 15/11/2023

gabriela-souza-l3n
gabriela-souza-l3n 🇧🇷

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Refletindo sobre
os
três pilares de sustentação
das universidades: ensino-pesquisa-extensão*
MARiA
HElENA
SilvA
COSTA
SIEUTJES**
A universidade deve ser capaz de manter-se
permanentemente
no
contexto dos desafios,
das mudanças e de suas convicções.
SUMÁRIO:
1. Introdução;
2.
Funções da universidade; 3. Situando apenas o
ensino; 4. Situando apenas a pesquisa;
S.
Situando apenas a extensão;
6.
Con-
siderações finais.
PALAVRAS-CHAVE:
universidade; ensino superior; pesquisa universitária;
extensão universitária.
Este artigo conceitua ensino, pesquisa e extensão como funções pelas quais
a missão
da
universidade se realiza, enfatizando que estas funções fazem
parte
da
dialética que caracteriza uma universidade viva. Realça a necessi-
dade de continuar insistindo na importância deste tripé para a sustentação
da
universidade, sendo a busca da sincronização entre essas funções o
grande desafio
da
universidade hoje
em
dia,
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virtude
da
alteração de
muitos valores na pós-modernidade, entre os quais os que questionam a
importância da universidade
da
pesquisa.
Reflecting
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the
universities'
three
pillars: teachiog-research-exteo-
sioo
This paper presents the concepts
of
teaching, research, and extension as
functions through which the university realizes itself. It emphasizes
that
those functions are part
of
the dialectics that characterizes a lively univer-
*
Artigo
recebido em
abro
e aceito
em
maio 1999.
** Mestre
em
administração pública pela
EBAP/FGV,
especialista
em
instituições
de
ensino supe-
rior pela
PUC-MG
e assessora
do
reitor da
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JANEiRO
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Refletindo sobre os três pilares de sustentação

das universidades: ensino-pesquisa-extensão*

MARiA HElENA SilvA COSTA SIEUTJES**

A universidade deve ser capaz de manter-se permanentemente no contexto dos desafios, das mudanças e de suas convicções.

SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Funções da universidade; 3. Situando apenas o ensino; 4. Situando apenas a pesquisa; S. Situando apenas a extensão; 6. Con- siderações finais.

PALAVRAS-CHAVE: universidade; ensino superior; pesquisa universitária; extensão universitária.

Este artigo conceitua ensino, pesquisa e extensão como funções pelas quais a missão da universidade se realiza, enfatizando que estas funções fazem parte da dialética que caracteriza uma universidade viva. Realça a necessi- dade de continuar insistindo na importância deste tripé para a sustentação da universidade, sendo a busca da sincronização entre essas funções o grande desafio da universidade hoje em dia, em virtude da alteração de muitos valores na pós-modernidade, entre os quais os que questionam a importância da universidade da pesquisa.

Reflecting 00 the universities' three pillars: teachiog-research-exteo- sioo This paper presents the concepts of teaching, research, and extension as functions through which the university realizes itself. It emphasizes that those functions are part of the dialectics that characterizes a lively univer-

  • Artigo recebido em abro e aceito em maio 1999. ** Mestre em administração pública pela EBAP/FGV, especialista em instituições de ensino supe- rior pela PUC-MG e assessora do reitor da UFRRJ.

RAP Rio dE JANEiRO np)99-111. Mllio/JUN. 1999

sity. It stresses the need for insisting on the relevance of this tripod to sus- tain the university. The search for synchronization of these three funcúons is the university's current great challenge, due to the changes on many post-modem values, among which those questioning the importance of the research university.

1. Introdução

Todas as transformações que estão ocorrendo devem levar a refletir sobre o papel das universidades no mundo contemporâneo para que não se perca, através da distorção de valores que está ocorrendo na pós-modernidade, uma das mais interessantes formas de adquirir conhecimento: a universidade da pesquisa. A universidade da pesquisa é uma feição do ensino superior que consa- grou o grande desenvolvimento da ciência e, conseqüentemente, da tecnologia e que tem sua origem na Fundação da Universidade de Bolonha, há aproxima- damente mil anos. Sua característica essencial é ser detentora do saber, além de guardiã do conhecimento, formadora das elites dirigentes, motor propulsor da história, da ciência e, depois, da tecnologia, encontrando-se agora em fase de desorientação quanto à sua verdadeira missão. A universidade, tal como a concebemos hoje, é uma instituição recentís- sima que já passou por inúmeras transformações. Foi pensada como a universi- dade da consciência, aquela que Ortega y Gasset 1 e Humboldt 2 consideravam ter como missão principal formar a consciência humana. Foi pensada também como a universidade do trabalho, sob inspiração americana, principalmente após os anos 50, e hoje tudo indica que estamos caminhando para um modelo que tem a ver com a cidadania, os direitos do homem e a grande necessidade de realizar justiça e eqüidade. Diante dos contornos da pós-modernidade e da conseqüente fragmenta- ção de valores, as transformações que estão ocorrendo na sociedade humana provocam mudanças consideráveis em todos os setores, chegando até a banali- zar valores até então importantes. Assim, verificamos que atualmente o termo universidade passou a ser usado indistintamente, e este uso vem-se generali- zando, algumas vezes numa tendência de volta à origem destas instituições, ou- tras vezes na tentativa de encontrar uma nova concepção de universidade, descaracterizando a concepção existente:

1 Escritor e pensador espanhol (1883-1955). 2 Filósofo, filólogo e diplomata alemão (1767-1835); foi ministro da Educação, fundador da Uni- versidade de Berlim e seu primeiro reitor.

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Esta sincronização tem sido muito discutida e pouco objetivada na rea- lidade da maioria das universidades brasileiras. Ultimamente, tem sido qua- se que empurrada para fora das discussões sobre a crise das universidades, em virtude de preocupações mais prementes com a questão do finan- ciamento dessas instituições. Entretanto, a necessidade de ajuste dessa sin- cronização não pode ser esquecida e, neste contexto, se transforma em opção estratégica importante na busca de solução eficaz para o ensino uni- versitário, estando muito longe de significar um ideal inatingível e, portan- to, uma questão superada. Sleutjes (1997) afirma que "na realidade, os três fatores se encontram dissociados na maioria das universidades federais brasileiras. Quando o tripé funciona, funciona apenas em algumas áreas, embora o trabalho de pesquisa desenvolvido pelas Ifes possa ser considerado significativo". Por falta de pesquisas nesta área, conhece-se pouco sobre o grau de correlação ensino-pesquisa, ensino-extensão, pesquisa-extensão e pesquisa-en- sina-extensão, mas é fácil constatar que as atividades de extensão quase sem- pre se restringem a uma atividade sociocultural, mantida muitas vezes a título de obrigação, que não estende os conhecimentos gerados e formulados nessas universidades, mas funciona como atividade extracurricular para os discentes ou como uma pequena amostra que visa a atender aos interesses populacionais circunvizinhos, mesmo que estes nada tenham a ver com o que se desenvolve de fato na instituição. Evidentemente, não é fácil realizar esta articulação, pois ela exige, so- bretudo, equilíbrio e estabilidade, num período da história onde o homem está quase sendo vencido pelo sentido de fragmentação contido na pós-mo- dernidade, onde todas as coisas ficam meio soltas, meio estanques, ao sabor de toda a sorte de mudanças. A universidade, pela busca de conhecimento que deve realizar constan- temente e que abrange quase todas as áreas do saber, sente com mais inten- sidade este reflexo e os apelos da pós-modernidade, através do aumento significativo de áreas de interesse. Esses interesses não são mais apenas cien- tíficos e tecnológicos; aliam-se ao fantástico desenvolvimento da teleinformá- tica e ao conseqüente aumento de informação disponível no mundo, que conduzem o pensamento universitário a se distanciar da estabilidade necessá- ria ao equilíbrio do tripé. É difícil para a maioria pensar a universidade em seu sentido maior de universalidade pós-moderna, equilibrando de forma adequada essas ativida- des e fazendo a perfeita sincronização dessas funções. É difícil buscar a articulação entre o valor do ensino, a dosagem entre a pesquisa pura e a aplicada, os compromissos necessários à livre investigação e seu planejamento - por mínimo que seja - e a adoção de meios ou de uma sistemática mais eficiente para que o conhecimento gerado possa ser aquele

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que interessa à nossa sociedade. Mas este deveria ser o grande desafio das universidades, para que pudessem preservar sua essência.

É mais fácil pensar a universidade, como muitos vêm fazendo, como reprodutora de um conhecimento pronto e acabado, que permita aos nos- sos jovens uma inserção qualquer na sociedade. Talvez por aí se explique a proliferação de universidades que atendem aos anseios imediatos da pós- modernidade, feição que passará a existir consistentemente, onde o sistema de avaliação e de recredenciamento de cursos terá um papel extremamente importante.

A grande questão da universidade neste momento é definir que tipo de ensino de terceiro grau irá abraçar, pois o enfoque está mudando rapidamen- te. Tudo indica que no futuro existirão dois tipos de terceiro grau: o univer- sitário e o profissionalizante, devendo o universitário se restringir apenas às universidades que já podem ser consideradas, hoje, no Brasil, centros de exce- lência, com estrutura para desenvolver pesquisa de forma significativa para o país. Tudo indica, também, que estes estudos serão mais prolongados e de- senvolvidos por pessoas com condições de se dedicarem inteiramente ao estu- do e à pesquisa. Se assim for, no futuro, cursar uma universidade de pesquisa será um grande privilégio.

Souza (1996:31) afirma que "a partir da autonomia, cada instituição deverá repensar-se, redefinir seu caráter e sua vocação. Algumas procurarão uma maior vinculação regional, orientando para essa direção suas pesquisas e seus cursos; outras procurarão enfatizar o ensino de graduação; outras assu- mirão mais claramente o seu papel de líderes do sistema, desenvolvendo pes- quisas em áreas de ponta de interesse nacional". No entanto, nada disso exclui a necessidade de buscar a articulação en- sino-pesquisa-extensão que pode ser realizada em áreas específicas do conhe- cimento, não pela universidade como um todo, mas por grupos de trabalho que ensinam, pesquisam e disseminam conhecimentos e que devem-se orga- nizar para exercer esta articulação da forma que lhes for mais conveniente. O importante é que os resultados alcançados sejam significativos para a área, a instituição e, conseqüentemente, para a sociedade. Estimular esta atitude docente significa dar vida à universidade, pro- vocando, em alguns de seus pontos, o feedback constante tão necessário ao sentido de transformação que encerra a essência do fazer universitário, por menor que seja o grupo. Ensino, pesquisa e extensão se iniciam naturalmente na atividade dos docentes verdadeiramente vocacionados e devidamente apoiados para exer- cerem sua opção de vida e trabalho. Neste caso, é importante que os diri- gentes possibilitem que grupos já existentes se organizem, ultrapassem o caos da desesperança e construam pequenas ilhas de competência, que, jun- tas, se transformarão na universidade da pesquisa.

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PilARES dE SUSTENTAÇÃO dAS UNiVERSidAdES: ENSiNO-PESQuisA-ExTENSÃO 1 O~ I

É preciso também que as universidades aprendam a selecionar profis- sionais verdadeiramente vocacionados para o magistério. Além disso, é fun- damental analisar e acompanhar a prática docente, procurando conhecer de que forma cada professor realiza sua atualização e aperfeiçoamento e quais são os meios de que dispõe na instituição para tal. Possibilitar o aperfeiçoa- mento do professor universitário nada mais é que investir corretamente na qualidade da universidade. Podemos afirmar, sem temor, que o ensino ministrado nas Ifes 3 brasi- leiras é de boa qualidade, mas não resta a menor dúvida de que ainda é feito de forma tradicional ou pouco condizente com as necessidades de mudanças das sociedades contemporâneas e do próprio homem, que continua adquirin- do conhecimento de forma pouco relacionada com sua realidade. Ainda aprisionado por padrões centenários, o ensino necessita urgente- mente ser reformulado. Desta forma, pensamos que o ensino a ser ministrado hoje nas universidades é aquele que compromete o homem com o meio em que vive, para que se eleve o nível de reflexão crítica da realidade. Assim, os agentes deste ensino serão capazes de refletir sobre a condição de sujeito e agente de seus contextos sócio-histórico-culturais. Saviani (1986) já dizia que "o ensino que não levar em consideração o meio social e histórico do homem e, ao mesmo tempo, a contribuição do co- nhecimento científico, tem poucas condições de eficácia e certamente se tor- nará uma forma de alienação". Conforme Kourganoff (1990), "o ensino-educação pode ser caracteriza- do pelos quatro seguintes aspectos:

." formação do juízo (onde a educação mais se aproxima da instrução); ." formação da arte de aprender sem instrutor;

." formação do comportamento e do caráter (no nível universitário trata-se de ensinar ao estudante a se adaptar ao trabalho de equipe); ." formação de motivações;

." despertar do sentido de investigação".

A questão do ensino interessa diretamente à sociedade e, como bem co-

locou Sartori (1996), "a sociedade está carente de condições mínimas para que seus integrantes possam ter uma vida digna; de um lado faltam condi- ções materiais e, de outro, falta postura ética". O ensino continua sendo o maior e o melhor meio de transformar a so- ciedade, e o professor deve ter consciência de que é o artífice da transforma-

3 Instituições federais de ensino superior.

PilARES dE SUSTENTAÇÃO dAS UNiVERSidAdES: ENSiNO-PESQuisA-ExTENSÃO (^105)

ção sócio-político-educacional das sociedades futuras, mas isto só não basta: é preciso dar a ele uma condição mais digna. A própria Capes^4 reconhece a necessidade de implantação de uma política nacional de recuperação da dig- nidade da universidade, passando necessariamente pela questão salarial e por

uma carreira docente que valorize a titulação e a produção acadêmica (Info-

capes, 1996), mas é preciso que o governo e a sociedade se alertem para a ne- cessidade de ações mais concretas que criem esta condição.

  1. Situando apenas a pesquisa

Pode-se dizer que a pesquisa é um produto natural do amadurecimento do ensino. É o aprofundamento do conhecimento já existente, nascido da busca por soluções, da busca pelo novo, do gosto pela investigação, pela descober- ta. Em síntese, a pesquisa é, na verdade, um excelente exercício de maturida- de científico-sociocultural. Não é possível refletir sobre a pesquisa sem compreender que ela foi concebida a partir da idéia da ciência como modelo de realidade, construído de forma metodológica para explicar o mundo. Este conceito, embora tenha- se ampliado um pouco, concentra toda a arte de realizar uma investigação ci- entífica de fato. É preciso, no entanto, entender que a ciência, por sua vez, desorienta-se seguidamente, e, quando isto ocorre, quando os cientistas não podem mais se esquivar das anomalias que subvertem a tradição já existente na prática científica, iniciam-se as investigações chamadas por Kuhn (1992) de extraordinárias, que finalmente conduzem a um novo conjunto de com- promissos e a uma nova base para a prática da ciência. É a atualmente deno- minada mudança de paradigma, isto sem esquecer de dizer que a ciência não é mais a única verdade, o que significou uma das maiores mudanças de para- digma de nossa história. Pesquisar significa, efetivamente, participar de um universo qualitativa e constantemente transformado e quantitativamente enriquecido pelos novos conhecimentos que se vão somando ao longo desse processo. Portanto, a pes- quisa é a atividade que dá sustentação ao ensino universitário, o que significa dizer, literalmente, que não existe universidade sem pesquisa. A pesquisa pode ser pura ou aplicada. A pesquisa pura ou básica pode ser entendida de duas formas: aquela que constitui a base do saber em todas as áreas do conhecimento humano e aquela que resulta da atividade do pro- fessor que se recic1a. A pesquisa pura como base do saber é essencial para que o conheci- mento científico avance e não pode ser planejada de forma a cercear a liber-

4 Fundação Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

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estão submetidos muitos povos e sociedades. Por isso mesmo, será extrema- mente importante. Conforme Martins Filho (1997), "o primeiro compromisso da pesquisa universitária é com a geração de conhecimento novo e com a transmissão desse conhecimento às salas de aula, o que só é possível com a detenção de saber próprio e a qualificação científica progressiva de seus professores". A produção de conhecimento é extremamente relevante na pós-mo- dernidade e possui uma dimensão mais forte, mais abrangente, que deve ser entendida pela universidade contemporânea, especialmente nos países em desenvolvimento, que possuem a espinhosa tarefa de adequar cada vez mais suas pesquisas às transformações científicas e tecnológicas, para que pos- sam influenciar de alguma forma a economia mundial e a vida cotidiana das pessoas. Infelizmente, a diminuição sistemática do fomento à pesquisa nos países semi-industrializados é uma ação perversa e desastrosa, pois o corre- to seria aumentar, jamais diminuir. No Brasil, segundo Guareschi (1987), "foram feitos investimentos de vulto em pesquisa, em face da imposição da lei e também por decisões gover- namentais, como os incentivos das agências de fomento, como a implantação de centros de pós-graduação, de laboratórios de pesquisa, de recrutamento de pesquisadores em tempo integral. Os resultados alcançados é que algumas universidades se transformaram hoje em centros de excelência em pesquisa mas existem outros problemas como o despreparo de um grande número de professores convocados à pesquisa, quase à força, ou a implantação de cursos de mestrado de forma prematura, que mostram que houve experiências não bem-sucedidas ou fracassadas". Todas estas verdades e particularidades ajudam a examinar com mais clareza a situação das universidades brasileiras e, sem dúvida, mui- tas são as questões a serem respondidas. Entre elas, duas precisam de res- postas imediatas:

... Que linhas de pesquisa precisam ser apoiadas consistentemente para transformar a instituição em centro de excelência com destaque regional, nacional ou mundial? ... Que linhas de pesquisa poderão ser desenvolvidas de forma rápida e efi- caz, capazes de fazer diferença e merecer destaque e apoio no cenário re- gional, nacional ou mundial?

5. Situando apenas a extensão

Freire (1988), tentando definir o sentido da expressão "extensão universitá- ria", afirmou que extensão universitária significa educar e educar-se na práti-

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cu da liberdade. Explicando melhor este pensamento, ele afirma que "educar e educar-se na prática da liberdade é tarefa daqueles que sabem que pouco sa- bem - por isso sabem que sabem algo e podem assim chegar a saber mais - em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem em saber que poucos sabem, possam igualmente saber mais". A extensão universitária seria, portanto, a atividade que, vinculada ao ensino e à pesquisa, disseminaria os conhecimentos gerados pela universida- de, repassando-os à sociedade. Evidentemente, os conhecimentos ou técnicas a serem disseminados precisam representar uma diferença significativa na vida das pessoas ou de parte da sociedade para que haja interesse genuíno em sua transferência. A falta de extensão eficiente nas universidades federais brasileiras pode ser considerada como causadora dos inúmeros transtornos que as conduzi- ram a um distanciamento da sociedade. Segundo Durham (1996), "a exten- são constitui a área mais heterogênea e diversificada das universidades. É também aquela para a qual não foram desenvolvidos ainda instrumentos ade- quados de avaliação, nem no Brasil nem no exterior". Outra questão polêmica com relação à extensão universitária é a da prestação de serviços, tão fortemente rejeitada pela cultura acadêmica clássi- ca. Certamente, sempre que possível, é melhor que a universidade faça exten- são propriamente dita em lugar da prestação de serviços. Mas é interessante tentar responder às seguintes questões:

... Que mal existe em prestar serviço de qualidade quando isto realmente contribuir para o aperfeiçoamento do ensino e da pesquisa?

... Não seria esta prestação de serviços uma forma de estender os conheci- mentos gerados na universidade?

O que não se pode fazer é inverter o sentido do serviço prestado, fazen- do com que se torne um fim em si mesmo, uma forma apenas de gerar recur- sos e nada mais. Conforme Moraes (1995), a interface com o setor produtivo deve ser fei- ta através de dois requisitos absolutamente indispensáveis: "tem que haver pes- quisa, tem que envolver estudantes para que não seja um mero balcão de vendas, que não leva a nada, pois, mesmo que renda dinheiro, não leva a nada". A atividade de extensão é chave para resolver o maior problema das universidades brasileiras: o relacionamento da universidade com a socieda- de. Basta apenas que os dirigentes universitários se conscientizem disto com ações que permitam ao grupo que realiza extensão crescer em número, em criatividade e em coragem para fazer educação fora dos padrões rotineiros. Assim, estas instituições colocarão pelo menos um pé no século XXI, saindo

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Ospina, G. L. Definição de uma agenda para o ensino superior nos anos 90. In: Crub. Uni- versidade, Estado e sociedade na década de 90. Brasília, 1990.

Sartori, J. Avaliando a construção da atitude científica do educador. Ensaio. Brasília, 4(10):39-50, 1996. Saviani, D. Ensino público e algumas falas sobre universidade. São Paulo, Cortez, 1986.

Sleutjes, M. H. S. C. Uma avaliação estratégica da situação de crise e mudança das univer- sidades federais brasileiras. Rio de Janeiro, EBAP/FGV, 1997. (Dissertação de Mestra- do.) Souza, P. R. Por uma nova universidade. Infocapes. Brasília, 4(4), 1996.

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